Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20077-20088 oct. 2019 ISSN 2525-8761
Um currículo transdiciplinar possibilita saberes plurais e competências na
formação profissional de bombeiros militares no Tocantins
The transdisciplinary curriculum enables multiple knowledge and skills in
the professional qualification of military firefighters in Tocantins
DOI:10.34117/bjdv5n10-206
Recebimento dos originais: 10/09/2019 Aceitação para publicação: 17/10/2019
Cléber Borges Sobrinho
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente da UFT. Mestre em Educação pelo PPGE/ UFT. Major do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins. Endereço: Quadra 706 Sul Avenida NS 4 Número 21 Ap 205 Cep: 77.022-368 Palmas-TO
E-mail:cleberborgess@yahoo.com.br Damião Rocha
Pós-Doutor pela UEPA. Doutor em Educação pela UFBA. Mestre em Educação pela UFG. Coordenador do PPPGE/UFT. Docente do Doutorado em Educação da Amazônia – Rede
EDUCANORTE.
Endereço: Quadra 306 Sul Alameda 3 Lote 15 Ap. 1501 Cep: 77.021-034 Plamas-TO E-mail:damiao@uft.edu.br
Marcos Irondes Coelho
Mestre em Educação pelo PPGE/UFT. Especialista da Secretaria de Estado de Educação do Tocantins – SEDUC/TO.
Endereço: Quadra 508 Norte alameda 11 Lote 2 Cep: 77.006-652 Palmas-TO Email:marcos.irondes@gmail.com
RESUMO
Apresentamos uma experiência curricular desenvolvida no curso da disciplina de Treinamento Físico Militar no Curso de Formação de Soldados da Escola do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins em 2016. Colocamos em discussão a formação profissional planejada com foco na correlação de saberes e competências por meio de estratégias de ensino e procedimentos avaliativos embasados na transdisciplinaridade. Na perspectiva de um currículo transdisciplinar desenvolvemos a experiência integrando atividades físicas aos demais componentes teóricos da formação e essa prática possibilitou desenvolver saberes plurais e competências cotidianas do Soldado Bombeiro Militar. A formação profissional dos bombeiros militares ganhou nessa acepção nas aulas teóricas introdutórias, nas aulas práticas com atividades físicas, saúde mental, e aplicações avaliativas diversificadas e em nível cada vez mais progressivo e integradas. Metodologicamente partiu-se de uma observação informal, não-estruturada, depois observação participante, criamos os dados e analisamos de forma quali-quanti, na tentativa da abordagem transdisciplinar, do pensar complexo. Nos ancoramos em autores como: Abreu Junior (1996), Altet (2001), Borges Sobrinho (2014), Machado
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20077-20088 oct. 2019 ISSN 2525-8761 (2002), Moraes (2010), Morin (2003, 2009, 2010), Tardif (2002), Ramos (2006). Para o conhecimento transdisciplinar não somente e apenas, os saberes científicos sustentam nossas ações, mas a interrelação destes com a experiência, com o micro e o macro, com a complexidade da vida, possibilitando-nos o entendimento de que conhecer não é só aprender, é viver para além dos dualismos, abertos a relações circulares, complementares. Formar-se não é treinar, é processo de construção e de transformar-se.
Palavras-chave: Formação profissional; Conhecimento transdisciplinar; Currículos do Corpo de Bombeiros.
ABSTRACT
We present a curricular experience developed in the course of the Military Physical Training course in the Soldier Training Course of the Tocantins Military Fire Brigade School in 2016. We discuss the planned vocational training focused on the correlation of knowledge and skills through strategies. teaching and evaluation procedures based on transdisciplinarity. From the perspective of a transdisciplinary curriculum we developed the experience by integrating physical activities with the other theoretical components of the training and this practice made it possible to develop plural knowledge and daily skills of the Military Firefighter Soldier. The training of military firefighters gained in this sense in introductory lectures, practical classes with physical activities, mental health, and diverse and increasingly progressive and integrated assessment applications. Methodologically we started from an informal, unstructured observation, then participant observation, we created the data and analyzed in a quali-quanti way, in the attempt of the transdisciplinary approach, of complex thinking. We are anchored by authors such as: Abreu Junior (1996), Altet (2001), Borges Sobrinho (2014), Machado (2002), Moraes (2010), Morin (2003, 2009, 2010), Tardif (2002), Ramos (2006 ). For transdisciplinary knowledge not only and only, scientific knowledge supports our actions, but their interrelationship with experience, with micro and macro, with the complexity of life, enabling us to understand that knowing is not just learning, It is to live beyond dualisms, open to circular, complementary relationships. Forming is not training, it is a process of construction and transformation.
Keywords: Vocational training; Transdisciplinary knowledge; Fire Department Resumes.
1 INTRODUÇÃO
A educação transdisciplinar pode alcançar diferentes áreas do conhecimento por buscar a aglutinação de saberes plurais desenvolvidos em prol de objetivos congruentes, o que possibilita, durante a realização de um curso, que uma disciplina específica possa contribuir com outras disciplinas que integram o referido curso.
Para Moraes (2010), a transdisciplinaridade valoriza o pensamento crítico, a criatividade e as relações interpessoais diante de um cenário educacional marcado pela hipercomplexidade estrutural, que deve ser enfrentada em uma dimensão epistemológica por meio de novos fundamentos científicos e filosóficos.
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20077-20088 oct. 2019 ISSN 2525-8761 Pensar o currículo na perspectiva não disciplinar é um desafio, visto que não fomos educados para o enfrentamento da “complexidade”. Habituados ao uso do senso comum, ao invés reconhecermos o fenômeno, ou seja, aquilo que se manifesta, traçamos valores sobre ele. Somos normalmente condicionados a nos afastar dos fenômenos, ditos, complexos, pois no uso comum do termo, aparecem como confusos e complicados. Esses preconceitos geram um afastamento reverencial e no afastamento criamos “nossos fantasmas” que nos inibem e fazem emitir atestados de incompetência no confronto a eles. (MAGALHÃES, ROCHA, DAMAS, 2009: 36).
Nesta experiência, a perspectiva de um currículo transdisciplinar tornou-se a base da nossa experiência no Curso de Formação de Soldados de 2016, na disciplina de Treinamento Físico Militar, com carga horária de 120 horas-aula e avaliada em quatro avaliações da aprendizagem.
O curso foi desenvolvido na Escola de Bombeiros Militar de Palmas – TO, sendo as atividades teóricas em sala de aula na Escola, e as atividades práticas na ao ar livre na orla das praias de rio: da Graciosa e da Prata, além da utilização da piscina da Federação Aquática do Estado do Tocantins e áreas abertas da Escola de Bombeiros.
Os trabalhos desenvolvidos ao longo deste curso não possuíam como foco preparar o corpo discente para as avaliações, mas correlacionar os novos saberes com as atividades que seriam desenvolvidas na formação profissional de Soldado do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins, bem como possibilitar aos sessenta e cinco alunos, inicialmente divididos em duas turmas, equidade na valoração avaliativa dos saberes e capacidades de aprendizagem.
Para o exercício da docência foram elencados com antecedência em um plano didático-pedagógico, e durante seu planejamento foram desenvolvidos de forma que correlacionasse as atividades físicas com as demais fundamentos do curso de formação profissional, associando saberes disciplinares, saberes curriculares, saberes profissionais às competências de atuação cotidianas do soldado bombeiro militar, incentivando a busca contínua pela qualidade de vida. Conforme a concepção de Altet (2001, p. 28), “no ensino, as competências profissionais abrangem os saberes plurais trazidos pelo planejamento, pela organização, pela preparação cognitiva da aula e pela experiência prática advinda das interações em sala de aula”.
Nossa experiência buscou-se vincular saberes plurais e produzir competências profissionais, de inspiração transdisciplinar, uma vez que a intenção docente era trabalhar uma prática educativa que possibilitasse por meio da formação profissional, novas abordagens
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20077-20088 oct. 2019 ISSN 2525-8761 duais e não dualistas, que segundo Le Boterf (2003), conduziria à profissionalização e a profissionalidade. Neste sentido, buscamos experimentar a transdisciplinaridade.
Nessas circunstâncias, os fundamentos epistemológicos, ontológicos e metodológicos da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade vêm se constituindo como possibilidade de mudanças nas ações e nas práticas pedagógicas desenvolvidas no âmbito formativo, as quais, tendo por base esse referencial, podem deixar de ser mecânicas e reprodutivas, para serem pensadas e repensadas como uma construção complexa e que possam envolver “[...] diferentes áreas do conhecimento [...] um olhar mais amplo e abrangente sobre as situações que aflora no contexto [...]” (PEREIRA, F; PINHO, 2015, p.51) educativo. De tal modo, as ações pedagógicas são visualizadas como fatores essenciais para o desenvolvimento de novos conhecimentos, de novas competências pessoais e profissionais, e das relações intersubjetivas. (SOUSA & PINHO, 2017: 94).
Portanto, o curso do componente curricular objetivou, por meio da transdisciplinaridade, substanciar a formação profissional dos bombeiros militares tocantinenses, que se deu por meio de aulas teóricas introdutórias, aulas práticas com abordagens em atividades físicas e saúde mental, avaliadas de forma processual, diagnostica e formativa, no intuito de promover a reformulação e a renovação dos fundamentos epistemológicos do ofício dos futuros soldados.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este relato de experiência teve suas fontes de pesquisa em campo durante as aulas do curso da disciplina de Treinamento Físico Militar do Curso de Formação de Soldados da Turma 2016, assumindo a condição docente e pesquisador participante, utilizando-se a observação participante e análise compreensiva e interpretativa.
O estudo possui caráter quali-quanti, uma vez que há descrição do fenômeno experiencial docente diante da prática educativa participante, bem como análise de uma amostragem dos índices alcançados pelos discentes. A abordagem qualitativa é subsidiada pela pesquisa bibliográfica e pela análise documental, enquanto a abordagem quantitativa apresenta o comparativo dos índices avaliativos mensurados ao longo do curso (CRESWELL, 2010).
Trata-se de observação participante por meio de uma observação informal, não-estruturada, depois pesquisa-ação no qual os dados elaborados foram analisados por meio de
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20077-20088 oct. 2019 ISSN 2525-8761 um processo indutivo, interpretativo e compreensivo, com técnica de pesquisa: a observacional (FGF, 2010).
3 EXPERIMENTANDO UM CURRÍCULO QUE SER QUER TRANSDISCIPLINAR Nas corporações de bombeiros militares a formação profissional é multidisciplinar e se desenvolvem por meio de curso específico de formação profissional, composto de componentes curriculares das áreas de segurança pública, saúde, educação, direito e administração, uma vez que o profissional recém-formado deve atuar em diferentes frentes da segurança pública.
As grandes áreas de atuação desempenhada pelos bombeiros militares brasileiros, segundo Borges Sobrinho (2014b), são denominadas como: combate a incêndios, busca e salvamentos, atendimento pré-hospitalar, serviços técnicos e defesa civil. Nesta perspectiva, o currículo de formação propõe diversas “escadas” de atuação profissional para o bombeiro militar.
A formação profissional de um soldado deve ser específica e estar vinculada a diferentes atividades que exigem saúde física e mental em suas práticas profissionais. Todavia, o vigor e a saúde física são requeridos na maioria das intervenções do Bombeiro Militar. Neste caso, o curso da disciplina de Treinamento Físico Militar pode ser de um dos componentes que mais requer trabalho transdisciplinar (MORAES, 2010). Neste sentido, buscamos entender o currículo transdisciplinar
Um currículo interdisciplinar, pluridisciplinar, transdisciplinar etc. continua a ser, antes de tudo, um currículo disciplinar. E embora aparentemente essas ações em princípio pareçam significar um avanço pedagógico importante, temo que sua ação seja bastante perniciosa, pois, dando a ilusão de que superam os problemas do currículo disciplinar, garantem sua continuidade. Penso que se trata, na verdade, de ousarmos pensar a possibilidade de currículos não disciplinares (GALLO, 2001, p. 174).
Nesta compreensão, o curso da disciplina Treinamento Físico Militar correlacionou e buscou integrar o bem-estar físico para o desempenho nas diferentes frentes profissionais, promovendo e incentivando a prática regular de atividades físicas para o fortalecimento da saúde mental.
Em uma compreensão didático-pedagógica, “o Treinamento Físico Militar está relacionado aos desenvolvimentos físico, social e comportamental dos bombeiros militares
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20077-20088 oct. 2019 ISSN 2525-8761 brasileiros, em relação às diferentes atividades desenvolvidas por estes” (BORGES SOBRINHO, 2014a, p. 18).
Logo, o curso da disciplina Treinamento Físico Militar integrou, articulou-se aos outros conteúdos de outros componentes curriculares da formação profissional de bombeiros militares. Esta integração curricular na concepção de Antunes (2010), exige do docente novas estratégias de ensino, novos procedimentos para avaliações, gestão diferenciada em sala de aula, e se fazer do resultado das avaliações discentes para diagnosticar limitações individuais. Requer o que curriculistas abordam ao problematizarem o curso de uma disciplina, de um componente curricular, ao dizerem que, os saberes disciplinares precisam ser pensados:
[...] não apenas no lugar que ocupa ou ocuparia na grade, mas nos saberes que contemplam, nos conceitos enunciados e no movimento que esses saberes engendram, próprios de seu lócus de cientificidade. Essa cientificidade, então originada das disciplinas, ganha status de interdisciplina no momento em que obriga o professor a rever suas práticas e a redescobrir seus talentos, no momento em que ao movimento da disciplina seu próprio movimento for incorporado (FAZENDA, 2008, p.18).
Tais exigências vinculam as ações docentes a um planejamento prévio, o qual Ramos (2006, p. 221) apresenta como um plano pedagógico, que possibilitará “organização e a legitimação da passagem de um ensino centrado em saberes disciplinares a um ensino definido pela produção de competências verificáveis em situações e tarefas específicas”.
Esta concepção é ratificada por Machado (2002), pois diante de uma ação docente substanciada pelo planejamento e com a intenção de aproveitamento dos processos avaliativos, os conhecimentos ministrados não são focados na aplicação de conteúdos e nos saberes disciplinares, mas no desenvolvimento das competências.
A ideia de que a meta principal da escola não é o ensino dos conteúdos disciplinares, mas sim o desenvolvimento das competências pessoais, está hoje no centro das atenções.
[...]
Na escola, as ações docentes, desde o planejamento das aulas até os processos de avaliação, centram as atenções, como não poderia deixar de ser, na dimensão explícita do conhecimento. Em geral, são examinados os conteúdos disciplinares, expressos por meios linguísticos ou lógico-matemáticos, permanecendo ao largo todas as motivações inconscientes, todos os elementos subsidiários que necessariamente sustentam tais conteúdos (MACHADO, 2002, p. 137-148).
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20077-20088 oct. 2019 ISSN 2525-8761 É nesta percepção que o planejamento docente pode possibilitar o caráter transdisciplinar por meio de uma disciplina específica, desde que o professor oportunize o desenvolvimento de competências pessoais e profissionais durante o período da formação profissional, e levante e analise os dados obtidos nas ações formativas e nos procedimentos avaliativos.
4 EXPERIMENTOS DE AVALIAR A FORMAÇÃO INTEGRADA
A aplicabilidade de conhecimentos educacionais em uma disciplinar transversal como o Treinamento Físico Militar possibilitou a transdisciplinaridade, tanto na abordagem formativa quanto na avaliativa; uma vez que as avaliações foram multifocais e buscaram comparar o desempenho do início e término do curso, abordar a simultaneidade das atuações terrestre e aquática, desenvolver de forma separada a organização, a formalização escrita e a prática social. Isto é, rompendo com as lógicas cartesianas e dualistas, entendendo-se que:
A transdisciplinaridade propõe-se a transcender a lógica clássica, a lógica do “sim” ou “não”, do “é” ou “não é”, segundo a qual não cabem definições como “mais ou menos” ou “aproximadamente”, expressões que ficam “entre linhas divisórias” e “além das linhas divisórias”, considerando-se que há um terceiro termo no qual “é” se une ao “não é” (quanton). E o que parecia contraditório em um nível da realidade, no outro, não é. (SANTOS, 2008: 74).
[...]
O conhecimento transdisciplinar associa-se à dinâmica da multiplicidade das dimensões da realidade e apoia-se no próprio conhecimento disciplinar. Isso quer dizer que a pesquisa transdisciplinar pressupõe a pesquisa disciplinar, no entanto, deve ser enfocada a partir da articulação de referências diversas. Desse modo, os conhecimentos disciplinares e transdisciplinares não se antagonizam, mas se complementam. (SANTOS, 2008: 75).
Cada avaliação foi planejada, descrita em um Plano de Avaliação, apresentada aos discentes, aplicada e valorada. As quatro avaliações se deram de seguinte forma: a primeira e a quarta foram testes de aptidão física, a segunda uma atividade de aquathlon – natação e corrida simultâneas, e a terceira avaliação foi dividida em ação filantrópica de doação de roupas, alimentos e brinquedos, para finalmente elaborar um texto dissertativo com temática abordada no curso da disciplina Treinamento Físico Militar.
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20077-20088 oct. 2019 ISSN 2525-8761 A principal avaliação do curso de formação de Bombeiros Militar é o Teste de Aptidão Física (TAF), que realiza os seguintes testes físicos: barra fixa, abdominal infra, flexão de solo, natação de cem metros e corrida de 2.400 metros. A média do TAF se dá pela média aritmética de cada teste físico, com aprovação quando esta média for maior ou igual a 6,00 pontos e em cada teste físico obtiver no mínimo 5,00 pontos, conforme a tabela apresentada aos discentes. Caso a média do TAF seja menor ou igual a 5,99, o discente realizará uma Avaliação em Segunda Época, na qual executará somente os testes em que não atingiu índice mínimo e deverá alcançar 5,00 pontos ou mais.
A seguir apresentamos os resultados da primeira avaliação conforme a tabela abaixo:
Tabela 01: Primeira avaliação da disciplina de TFM – CFSD BM Turma 2016.
Ordem Menção Índices Quantitativo Análise (%)
01 A 9,01 a 10,00 17 26,15
02 B 8,01 a 9,00 29 44,61
03 C 7,01 a 8,00 12 18,46
04 D 6,01 a 7,00 06 9,23
05 E ≤ 6,00 01 1,55
Fonte: Elaborada pelo Autor.
Nesta avaliação, sete discentes tiveram seus índices em observação, quarenta e um em alcance de melhoras e dezessete em menção máxima. Em observação pormenorizada, quinze discentes ficaram em Segunda Época, dos quais cinco foram no teste de natação e dez no teste de barra fixa; ao final todos foram aprovados.
A segunda avaliação foi uma prova de aquathlon realizada na praia da Graciosa em Palmas, e consistiu em realizar por duas vezes consecutivas e ininterruptas uma natação de trezentos metros seguida de uma corrida de dois quilômetros, cuja valoração se daria de dois pontos para cada teste concluído, que ao final somariam oito pontos, e os últimos dois pontos por ordem de chegada, com variação de três centésimos por colocação.
Esta distribuição de pontos foi apresentada aos discentes que concordaram em caráter unânime, uma vez que as notas variariam de oito a dez pontos, desde que todas as etapas fossem concluídas. Todavia, dois discentes completaram parcialmente a primeira etapa da natação, e alcançaram notas menção D, enquanto os demais resultaram em uma análise de 52,30% na menção A e 44,61% na menção B.
A terceira avaliação foi composta por três etapas, na qual a primeira se tratou de uma ação organizacional do 1º Batalhão de Bombeiros Militar com valor máximo de três pontos e caráter coletivo, a segunda etapa foi uma prática social de arrecadação de alimentos, roupas e
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20077-20088 oct. 2019 ISSN 2525-8761 brinquedos com valor máximo de cinco pontos e caráter coletivo, e, a terceira etapa foi a elaboração de uma dissertação de temática correspondente à disciplina de TFM com valor máximo de dois pontos e caráter individual. Como resultado desta terceira avaliação todos os discentes alcançaram menção A.
A última avaliação foi uma nova aplicação do TAF, o que permitiu estabelecer um comparativo com os resultados iniciais e verificar os níveis de desenvolvimento coletivo da turma. Os dados são apresentados conforme a tabela abaixo:
Tabela 02: Quarta avaliação da disciplina de TFM – CFSD BM Turma 2016.
Ordem Menção Índices Quantitativo Análise (%)
01 A 9,01 a 10,00 44 67,69
02 B 8,01 a 9,00 17 26,15
03 C 7,01 a 8,00 03 4,61
04 D 6,01 a 7,00 01 1,55
05 E ≤ 6,00 00 0,00
Fonte: Elaborada pelo Autor.
Nesta etapa, um discente teve seu índice em observação, vinte em alcance de melhoras e quarenta e quatro em menção máxima. Em observação pormenorizada, três discentes ficaram em Segunda Época, dos quais dois foram no teste de barra fixa e um no teste de natação; ao final, todos foram aprovados.
Em uma análise comparativa do primeiro com o último TAF, diante do público-alvo de sessenta e cincos discentes do Curso de Formação de Soldados da Turma 2016, a menção A foi alcançada inicialmente por 17 alunos, e por meio de uma docência curricular1 planejada, alcançou 44 alunos na última avaliação, o que correspondeu a uma melhora numérica de 158,82%, e impacto positivo de 41,53% da amostragem total.
De posse das mensurações das quatros avaliações, foi realizada a média aritmética dos valores alcançados, e ao final da disciplina de TFM, todos os discentes foram aprovados e em suas médias finais não houve menções D e E, cinco discentes alcançaram a menção C, dezesseis a menção B, e quarenta e quatro a menção A; logo, 67,69% tiveram menção máxima na disciplina.
Nessa experiência de pesquisa-ação nos pautamos no planejamento para o exercício atividades que teriam como base a valorização dos saberes plurais e das competências, na busca de oportunizar o trabalho de um currículo transdisciplinar por meio da oferta da
1 TORRE; BARRIOS, 2002.
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20077-20088 oct. 2019 ISSN 2525-8761 disciplina Treinamento Físico Militar do Curso de Formação de Soldados da Turma 2016, do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins.
A partir desse pressuposto a formação profissional específica de um soldado, no curso da disciplina Treinamento Físico Militar possibilitou uma abordagem transdisciplinar ao correlacionar o incentivo de práticas físicas à qualidade de vida e o exercício das diversas funções possíveis de serem desempenhadas. Uma prática educativa que exigiu do docente novas estratégias para gestão das aulas e novos procedimentos para as avaliações da aprendizagem e de performance física.
As avaliações foram divididas em quatro aplicações, sendo a primeira a aplicação de um Teste de Aptidão Física, a segunda uma prova de aquathlon, a terceira um misto de ação organizacional, prática social e elaboração de texto dissertativo, e, a última avaliação foi um novo Teste de Aptidão Física.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendemos com essa experiência de observação participante que “o movimento de integração não se constitui ainda em uma mudança curricular substantiva nos modelos e nas práticas pedagógicas. Estamos falando da possibilidade de integração”, todavia, nossa experiência demonstrou que ao trabalharmos nessa perspectiva os discentes apresentaram índices evolutivos e alcançaram aprovação na disciplina Treinamento Físico Militar, devido o
design curricular que optamos implementar, correlacionando e buscando integrar a prática de
atividade física com as demais componentes curriculares do curso de formação profissional, associando saberes disciplinares às competências cotidianas do soldado bombeiro militar, demonstrando maior interesse pela busca contínua da qualidade de vida e pela melhoria ou manutenção dos índices físicos alcançados, numa atividade que por si só é estressante e cansativa, mas, na concepção moriniana “a cabeça bem-feita” permite o ingresso nesse novo patamar curricular de um currículo que ser quer transdisciplinar, tentando o diálogo entre certeza e incerteza, separação e inseparabilidade, uma nova atitude diante do ato de conhecer, de pensar, trabalhar e viver mais abrangente que a soma de partes ou objetos distintos.
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