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O CORDEL ENCANTADO E TODA SUA MAGIA SOB O DISCURSO / CHARMED CORDEL AND ALL HIS MAGIC UNDER SPEECH

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Academic year: 2020

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O CORDEL ENCANTADO E TODA SUA MAGIA SOB O DISCURSO

CHARMED CORDEL AND ALL HIS MAGIC UNDER SPEECH

DOI:10.34117/bjdv5n11-374

Recebimento dos originais: 07/10/2019 Aceitação para publicação: 29/11/2019

Márcia Xavier de Moura Lima

Graduada em Pedagogia pela FFPNM- Faculdade de Formação professores Nazaré da Mata-UPE pós-graduada em em Psicopedagogia FFPNM- Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da

Mata-UPE

e-mail: secmarciaxavier@gmail.com

Maria Eliene Pessôa Assunção

Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Caruaru- FAFICA

Especialista em Psicopedagogia pela FATEC, Especialista em Gestão Escolar pela Universidade Federal de Pernambuco UFPE, Especialista em Coordenação Pedagógica pela Universidade Federal

de Pernambuco-UFPE e Especialista Gestão Escolar-PROGEPE E-mail: mariaelienelela@Yahoo.com.br

Diogenes José Gusmão Coutinho

Professor Orientador Doutor em Biologia pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE E-mail: alphadiogenes@gmail.com

RESUMO

A literatura de cordel é um elemento vivo da cultura pernambucana. Representa um material muito viável para o estímulo da educação escolar. Como o gênero ressalta características muito ricas ao contexto social, sua exploração pelo universo educacional gera uma gama de possibilidades interdisciplinares, garantindo não só o rompimento de uma ideologia centrada apenas em gêneros conceituados pela gramática normativa como o estabelecimento do senso crítico. Conceitos e informações formam o ato de transmissão do conhecimento no universo educacional, papel do educador, mas, esse papel também está ligado à ampliação da visão de mundo formando uma ponte entre a sociedade e os conteúdos oferecidos. Dentro desta proposta o artigo traz à tona a reflexão da metodologia através do uso do cordel na sala de aula e seus benefícios.

Palavras – chave: Cordel, Reflexão, Sociedade. ABSTRACT

The chap-book is a living element of the culture of Pernambuco. Represents a very viable material for the encouragement of education school. How the genre emphasizes rich features to the social, educational universe by their exploitation generates a range of interdisciplinary possibilities, ensuring not only the disruption of an ideology focused only on the normative grammar loosely termed as the establishment of critical thinking. Concepts and information form the act of transmission of knowledge in educational universe, the role of educator, but this role is also connected to the expansion of world view forming a bridge between society and the content offered. Within this proposal the article back to the surface reflection of the methodology through the use of the string in the classroom and their benefits

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1 INTRODUÇÃO

A educação encara muitos desafios, principalmente no que se refere à forma de lecionar para se atingir objetivos positivos. Por vezes, o método (caminho para se chegar a um determinado fim) é constantemente questionado, como se existisse uma fórmula mágica para atingir a aprendizagem do aluno.

Mediante várias leituras teóricas, surgiu esta pesquisa que pretende demonstrar que há mudanças sociais que alteram significantemente a necessidade educativa. Assim sendo, torna-se importante ressaltar que a ação educativa atual é voltada, principalmente, a uma abordagem crítico-reflexiva, que visa tornar a aprendência uma arma para que se viva bem em sociedade.

Muito se fala na possibilidade e no despertar da aprendência. Espera-se que por vezes novos métodos possam resolver todas as dificuldades e que surja uma fórmula mágica que tornem proficientes até classes heterogêneas.

A proposta estabelecida de pesquisa quer fazer uma ponte entre o resgate do cordel demonstrando seu auxilio na formação do ser em desenvolvimento (aluno). Assim, o principal alvo é a democratização do cordel como uma fonte de oportunidade de apoio ao desenvolvimento tanto da interação quanto da preservação da historicidade.

Através do gênero cordel, o aluno entra em contato com outro universo interativo e foge de uma realidade tecnológica baseada em uma interação apenas mecânica. Desenvolver o lado crítico reflexivo nos alunos é torná-los conscientes de suas potencialidades é fator decisivo para a formação de um cidadão consciente

2 A ESPECIFICIDADE DA ANÁLISE DO DISCURSO E OS SENTIDOS ENVOLVIDOS EM SUA AÇÃO

Os sentidos atuam diariamente sobre o ser humano. Dialogar é a forma mais prática de interação social proporcionando aos indivíduos materiais suficientes para o levantamento de hipóteses, questões ou até mesmo reflexões sobre fatos passados ou acontecimentos ainda por acontecer.

Em resultado disso, todo discurso foge da linha de núcleo rígido, que se ocupa do estudo da língua como se a mesma fosse unicamente dotada de regras ou contextos históricos determinados.

A AD localiza-se na região de contornos estáveis, referindo-se a linguagem apenas à medida que esta faz sentido para os sujeitos. Para a AD, não deixa de ser revelante o caráter formal das línguas, embora não faça parte de sua linha de estudo. Segundo Pêcheux (1975): “Existe uma base linguística regida por leis internas (conjunto de regras fonológicas, morfológicas e sintáticas) sobre a

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qual se constituem os efeitos de sentido”. (p. 75). Existem muitas formas da preservação da cultura, mas a memória e o repasse informativo são realmente os mais importantes para o estabelecimento desse elo com a memória histórica local. Segundo Arendt (1997, p.70):

A história desempenhava o papel de imitadora da ação, realizando a reconciliação do homem com a realidade por meio das lágrimas da recordação, fruto da catarse, quando ator, autor e espectador são uma mesma pessoa. A solução da historiografia grega não era filosófica, mas poética — os poetas e historiadores conferiam fama imortal aos feitos e palavras fazendo-os perdurarem mesmo após a morte de seu autor. Isso gerou uma separação entre os historiadores e os filósofos, que atingiu seu ponto alto com a filosofia de Platão, para quem imortalizar significava estar entre as coisas que existem para sempre, ou seja, entre as ideias, que não dependem das palavras e feitos para serem apreendidas.

As xilogravuras são, juntamente com o cordel, um forte apoio à formação e preservação da memória histórica nordestina. Não se pode menosprezar a cultura uma vez que ela é marca definidora de um povo. Xilogravura é uma técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz possibilitando sua reprodução em papel. A xilogravura transcreve a mensagem do cordel sendo marcada pelo dia a dia e o contexto social do nordestino.

Vamos observar a xilogravura abaixo:

Imagem 1: blogtelevisual.com/20/06/19/abertura-cordel-encantado

O ambiente escolar tem muito dessa responsabilidade de transmissão de conceitos e valores, por isso a exploração e conhecimento dos elementos do cordel são necessários. Observa-se também que nas imagens xilogravadas há uma repercussão muito forte do desenvolvimento crítico, observando a vida do nordestino. De acordo com Bácia (1984, p.45):

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Em resumo, se tudo que vem do Cordel é bom. Porque ele, que inspira e alimenta tudo isto, não é bom também. Portanto, preservar o Cordel e o repente, é mais que preservar a cultura regional, é valorizar uma parte significativa da cultura brasileira e um quinhão representativo da cultura mundial.

A verdadeira cultura está na valorização do que é nosso e não em falsas noções de modismo infrutíferos a longo prazo. Assim sendo, o cordel deve ser destacado também como material de apoio para uso universitário. De acordo com Belo (1987, p. 35):

Há ênfase a diversos clássicos da Literatura de Cordel, os quais são estudados com seriedade em importantes academias espalhadas mundo a fora, não obstante ser recente o estudo desse gênero em Universidades Brasileiras.

A preservação do cordel garante não só uma mudança de atitude que se funda nas concepções ideológicas como também desmascara o poder incutido aos gêneros prestigiados. Talvez essa desvalorização do cordel se deva principalmente por mostrar uma realidade que a sociedade procura omitir e consequentemente mascarar a desigualdade. A força do cordel mostra uma vertente de possibilidades e deve ser preservada. Segundo Benjamin (1983, p. 56):

O cordel tinha decisiva importância na formação do povo nordestino em razão que o advento do rádio e da televisão era pouco enfático. A mídia ainda não havia contaminado efetivamente o imaginário do povo nordestino. A fim de que recuperemos nossa identidade vilipendiada pelos rumos da globalização, o autor frisa a importância de que cada biblioteca estruture seu cordel teça como fonte de saber. Aviso singular quanto à utilidade do cordel está contido na necessidade da observância da métrica, rima e oração que cada folheto deve conter, visto que, na brilhante advertência do autor, deve existir sequência lógica para que o estudo seja contemplado de êxitos. A influência da avó é destacada intensamente no folheto, como forma de exaltar a importância do cordel na sala de aula, pois conforme o autor, esta teria sido sua mais completa fonte de inspiração para que se desabrochasse o amor pelo gênero mais identificador da verdadeira cultura nordestina.

A influência do cordel em sala de aula ainda é pouca, mas começa-se a despertar no educador o reconhecimento vivo da cultura, não só dos antigos, mas nossa por natureza e sendo assim, deve-se ter um valor bem maior.

É importante deixar claro que não há apenas uma análise do discurso, existem diferentes ADs. Classicamente, considera-se que uma delas teve certo privilégio com a história, enquanto as demais privilegiam a relação com as ciências sociológicas, interessando-se por enunciados mais flexíveis, como uma conversa informal. De acordo com Possenti (1996, p.199): “Não é porque os eventos de discurso de tipo ‘linguagem ordinária’ foram objetos de descrições ‘convencionais’ ou ‘intencionais’ que eles não são discursos, que eles não podem ser tomados em conta numa AD”.

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Essas tendências têm em comum o estudo da discursivização que une os ideais em busca de uma análise satisfatória e pertinente.

2.1 O CONCEITO DE DISCURSO

O discurso é ligado por uma cadeia de fatores discursivas que se unem e se renovam ao longo do tempo. Esses fatores discursivos, muitas vezes, provocam uma cadeia de conflitos em busca da supremacia da opinião ou tese apresentada. Existem inúmeros fatores que podem reger as condições de produção do discurso. Como parte constitutiva do discurso, pode-se citar o contexto histórico-social; ele considera as condições em que o texto foi produzido e seu efeito na época cronológica vivenciada.

O contexto histórico-social, também intitulado contexto de enunciação, garante parte do sentido do discurso e não apenas um anexo que pode ser deixado de lado. Dito assim, fica claro que o contexto histórico constitui os sentidos ao longo do tempo. O discurso, como já foi explicitado, é um aparelho ideológico. Uma formação ideológica comporta mais de uma posição capaz de se confrontarem umas com as outras. Isso não quer dizer que as formações discursivas não possam interagir, elas podem comportar entre si relação de aliança ou de dominação da corrente mais forte. Segundo Bakhtin (2000, p.87) “Considera-se que a verdadeira substância da língua é constituída pelo fenômeno social da interação verbal e que o ser humano é inconcebível fora das relações que o ligam ao outro”.

Rompe-se com o pressuposto do estruturalismo, prorrogando o socialismo e a historicidade como prática comprometida com o discurso e com o sujeito. Com essa mudança no estudo do discurso, fica clara que a sua heterogeneidade não é marcada unicamente na superfície. A AD tenta defini-la formulando teses a partir da pressuposição da presença constante do Outro.

Dessa forma, a partir da heterogeneidade do discurso, percebe-se que o mesmo não é livre. Devem-se Devem-seguir pressupostos do que pode Devem-ser enunciado por um sujeito que está demarcado em um contato discursivo.

Apesar dos sentidos estarem pré-estabelecidos, só serão constituídos à medida que se constitui o discurso. Os discursos serão escritos e reescritos, e os sentidos, então, vão sendo constituídos no próprio processo da formulação do discurso. Isso, no entanto, não quer dizer que qualquer sentido pode ser inserido em uma formulação discursiva (FD).

A FD dependerá do sujeito enunciador de seu contexto ideológico. Pode-se analisar um discurso de um senador ou deputado ou até mesmo um candidato do PT dizer algo como “Abaixo o fome zero!”. Seria inaceitável! Ou um candidato do PFL dizer; “O fome zero veio como apoio aos necessitados”. É evidente que os discursos são regidos pela aceitação por parte do sujeito ouvinte. De acordo com Orlandi (2009, p.56):

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Eis outra via possível de se pensar a historicidade na perspectiva em que estamos colocando: história do sujeito e do sentido. E esta dimensão histórica, pois é história que provê a linguagem de sentido, ou melhor, de sentidos.

Todo discurso é dotado de sentido, pois o próprio ato da enunciação significa a transmissão de um olhar aberto para todas as ADs. Abra os olhos e veja a variedade dos discursos que circulam todo tempo ao redor das atividades sociais dos seres humanos.

2.2 O DISCURSO CORDELISTA E SUA AÇÃO NA ENUNCIAÇÃO

O discurso cordelista sofreu ao longo das gerações muitos preconceitos sobre sua validade como a interação discursiva.

Michel Pêcheux fala das mudanças do discurso, reiterando que esse campo discursivo estava já naquele período decididamente midiatizado. “A língua madeira” (dura e hermética), havia se transformado em “língua vento” (flexível, cotidiana, mas quase nada referencial).

Evidentemente, as condições do discurso contemporâneo englobam um grande número de razões, causas e fatores políticos que possibilitam, constrangem e caracterizam o discurso: assim encontram-se indissociavelmente relacionadas às razões antropológicas e históricas próprias à sua constituição, as causas conjunturais que condicionam sua formulação simbólica, manifestam-se em gêneros do discurso, enunciados, fórmulas, imagens e os fatores materiais que regulam sua circulação.

É importante deixar claro que toda forma discursiva conta com uma instância material. Não se pode falar em discurso melhor ou pior que outro, e sim mais prestigiado ou menos prestigiado pela sociedade. Deve-se ter em mente, como já esclarecido a historicidade do discurso. Segundo Orlandi (2009, p.116):

Do ponto de vista discursivo, e para além do proposto por Halliday, assim caracteriza a compreensão se instaura no conhecimento de que o sentido é sóciohistoricamente determinado e está ligado à forma-sujeito, que por sua vez se constitui a relação com a formação discursiva. A partir desse reconhecimento, pode-se levar em conta o chamado domínio de saber, o da constituição do sentido. E ainda através desse reconhecimento, assim caracterizado que também se pode atingir a produção do efeito de estabilidade referencial, produzido pelo interdiscurso.

O sujeito enunciador só poderá mostrar uma visão sobre o real sentido do discurso, quando realmente entender suas características. Abrir os olhos será possível analisando com um olhar crítico e reflexivo o discurso regional.

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2.3 A FALTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE O QUE É REALMENTE A FORMAÇÃO DISCURSIVA

Depois de se analisarem as características e efeitos enfocados na AD fica mais que claro que infelizmente a grande maioria das pessoas não estão preparadas para entender o seu real sentido. Muitas pessoas fazem uma leitura meramente superficial do que realmente está querendo ser esclarecido. Algumas pessoas se prendem tanto a imagem mental que fazem associação e se esquecem do que o outro tentou esclarecer ou chamar a atenção para o fato.

Observe atentamente as imagens abaixo:

Imagens 2: blogtelevisual.com/20/09/19/abertura-cordel-encantado/

Para o entendimento do contexto dos textos, é necessário o conhecimento dêitico. A trajetória e sequência das xilogravuras são mediadas pelos heróis e há a necessidade das alegorias para tornar mais atrativo o cordel.

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Fonte: letras.terra.com.br Cordel Do Fogo Encantado

O discurso empregado no cordel ressalta as mais fortes características do povo nordestino, a luta e a perseverança. Como na xilogravura vai montando todo um enredo de significação e ação de acontecimentos. Os sentidos atuam de forma estimulante ao longo do cordel. Segundo Jakobson (1970, p.47):

Sempre que se fala em discurso, está se remetendo a um processo de produção de sentidos. Os sentidos não existem por si mesmos, mas são direcionados a partir de posições ideológicas que são postas em jogo quando do processo social e histórico em que as palavras são produzidas, pois os sentidos atribuídos às palavras não são inerentes a elas.

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Nessa perspectiva, fica expressa a alienação que acompanha a formação das posições ideológicas dos brasileiros. Pode-se perceber que essa ideologia é reinante desde o tempo da monarquia, sendo transferida para os demais cidadãos ao longo dos séculos.

Para mudar essa visão, é necessário um trabalho contínuo e longo, pois uma ideologia desse nível não morre da noite para o dia.

2.4 AS INSTITUIÇÕES ESCOLARES E A PROPAGAÇÃO CONSCIENTE E INCONSCIENTE DA IDEOLOGIA VIGENTE

Embora o ideal educacional esteja voltado para a renovação de pensamentos e concepções, muitos desses preceitos encontram-se ainda no plano hipotético. Como já enfocado existe uma ideologia presente na mente de todas as pessoas, às vezes pode-se pensar que ações e pensamentos são produtos de idéias novas e geradas pelo ser, nada ilusório do que esse pensamento. Segundo Orlandi (2009, p.15):

A AD tem como pressuposto o homem na história justificando seu objetivo de compreender os processos e as condições de produção da linguagem. É de extrema importância atentar para a revelação dos sujeitos que falam e as situações que possibilitam produzir esta fala.

Nessa perspectiva, o homem não é senhor do seu discurso e sim agente da historicidade. No ambiente educacional, professor e aluno comunicam-se transmitindo suas ideologias, suas historicidades.

Mediante a esses fatores ideológicos é que fica complicada a ação de inovar. Claro que essa ação não pode ser centrada em modismo, mas como esclarecido em uma mudança de opinião, em um abrir de olhos.

O gênero humorístico político, praticamente não existe no âmbito educacional, embora se propague que a escola é um espaço político, a política é um dos assuntos mais deixados de lado. Talvez isso deva-se, como já foi enfocado anteriormente, à ideologia vigente. Com essas visões preconceituosas, tudo o que a escola consegue é alienar a criticidade dos cidadãos. Segundo Orlandi (2009, p.35):

A educação brasileira, pelo menos nos últimos 50 anos, tem sido marcada pelas tendências liberais, mas nas suas formas, ora conservadora, ora renovada. Evidentemente, tais tendências se manifestam concretamente nas práticas escolares e no ideário pedagógico de muitos professores, ainda que estes não se deem conta dessa influência.

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Desta forma, é preciso desmistificar o gênero humorístico, primeiro com os propagadores das informações “os professores”. Entretanto, não se está querendo dizer que simplesmente pela assimilação dos professores e sua transmissão para os alunos resolverá plenamente o problema.

É no começo dessa nova propagação que surgirão as dificuldades, pois uma ideologia se chocará com a outra. Para uma mudança realmente satisfatória, não se pode calcular o tempo para se colher os primeiros resultados, pois quanto mais renovadora for a mudança, mais demorada será a sua aceitação na sociedade. Mas se nunca for posta em prática, será o mesmo que cultivar a expansão e não extinção do preconceito.

A escola é um lugar da expansão de novas ideias, da mudança real. Mas para isso, a escola deve reunir teoria a prática, não só na mera fachada da aparência e sim em sua estrutura. Nesse contexto o discurso vai moldar as perspectivas do ser, comunicando sempre quem ele é. Segundo Jakobson (1970, p. 84):

O discurso de um ser mede a estatura de sua alma. Podemos usar palavras de efeito, mas comunicamos somente o que somos. Quando expressamos unicamente o conteúdo dos livros, tornado-os cópia dos autores. Porém se refletirmos criteriosamente sobre os escritos, construiremos um sólido conhecimento. A partir daí, o nosso discurso adquire características próprias que nos distingue dos demais.

A escola tem que propagar exatamente a pluralidade de discursos e para isso é preciso que o aluno tenha contato com pelo menos a maioria do tipo de gêneros. O discurso de um ser só será realmente eficiente quando o sujeito propagador tiver uma forte arma “criticidade” e não simplesmente ser um agente passivo no âmbito social.

O discurso se fortalece na medida que adquire conhecimentos, fazendo assim uma reflexão centrada na razão e não em mera especulação. Em discursos diários, deve haver uma comunicação sem essa conecção o discurso perderia a sua ação interativa. Segundo Guimarães (1985, p.43):

O uso da palavra articulada ou escrita deve ser ponderado, a fim de nos comunicarmos eficazmente com nossos semelhantes. Para que a mensagem não se dilua, emissor e receptor devem estar em perfeita sintonia. Fazendo uso dessa nova maquinaria cerebral, esforçando-nos por bem exprimir o que pensamos, somente assim criaremos o hábito de processar logicamente as ideias em nosso cérebro.

O discurso é vivo. Não se pode subjugar através de dogmas tão presentes em ideologias de classes dominantes, por isso deve-se mudar, e isso só será possível quando mudarem concepções infundadas.

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É preciso tomar as rédeas da criticidade eficientemente para uma tomada de decisão que vise à melhoria do cenário nacional. O descaso só acabará quando as cidades tomarem coragem de ação e para isso ainda se tem muito que lutar!

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo das reflexões sobre o cordel, observou-se que já existem mudanças significativas que muito influenciam as novas noções para as atividades docentes. Os livros didáticos atuais são focados, principalmente, em fato novo aprendencias significativas para a socialização dos mais diversos gêneros que encaramos em sociedade, assim, com o cordel é encarado como apoio, pois deixa um leque de atividades a serem desenvolvidas, sendo questionadas de maneira segura pelos educadores quanto ao seu uso ou não.

Os gêneros textuais também são fontes constantes no novo modelo de leitura significativa, por isso a necessidade de seu conhecimento. Uma mudança significativa que existe do educador atual é o um senso crítico para a escolha do modelo a ser escolhido e a consciência de que o cordel faz parte da cultura e deve ser preservado.

O trabalho com os gêneros muito facilita a ponte entre campo teórico e a prática do dia-a-dia do contexto escolar e social. Assim, não se pode deixar de notar que as mudanças existem e que devem ser observadas como um passo rumo ao progresso educativo.

É claro que ainda existem educadores que são presos a modelos arcaicos de ensino, mas não há como não deixar de notar que esse número já começa a diminuir significantemente.

Notadamente, a informação e a constante renovação só são significativas uma vez que se centram em bases seguras e em teorias significativas.

REFERÊNCIAS

ARENDT, Hannah. Entre o Passado e o Futuro. Tradução de Mauro W. Barbosa de Almeida. São Paulo: Perspectiva, 1997.

BÁCIA, Margot;MARQUES, José Carlos.Cordel pede passagem. Perspectiva Universitária. 1984.

BELO, Gladstone Vieira.O romanceiro nordestino: algumas informações. Brasil Açucareiro, Rio de Janeiro,1987.

BENJAMIN, Roberto Emerson Câmara. Literatura de cordel: expressão literária

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GUIMARÃES, Educardo. Limites do sentido. Um estudo histórico e enunciativo da linguagem. Campinas, Pontes, 1995.

JAKOBSON, R. Linguística. Poética. Cinema: Roman Jakobson no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1970.

ORLANDI, Eni P. Língua Brasileira e outras histórias. Campinas: RG, 2009.

POSSENTI, Sírio. Porque (Não) ensinar gramática na escola? Campinas, São Paulo: ALD: Mercado de Letras, 1996.

Referências

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