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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MÍDIA E CONHECIMENTO João Schorne de Amorim

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MÍDIA E CONHECIMENTO

João Schorne de Amorim

O PERFIL DO ALUNO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM ESTUDO SOBRE A INCLUSÃO DIGITAL NA POLÍCIA

MILITAR DE SANTA CATARINA

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João Schorne de Amorim

O PERFIL DO ALUNO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM ESTUDO SOBRE A INCLUSÃO DIGITAL NA POLÍCIA

MILITAR DE SANTA CATARINA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, da Universidade Federal de Santa Catarina, para a obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Sílvio Serafim da Luz Filho, Dr.

Co-Orientador: Prof. João Bosco da Mota Alves, Dr.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para esta pesquisa, principalmente:

Meu orientador, professor Sílvio Serafim da Luz Filho, sempre

atento para me guiar no melhor caminho da pesquisa;

Ao meu co-orientador, professor João Bosco da Mota Alves,

pelos conhecimentos compartilhados;

Ao professor José Francisco Fletes, do Departamento de

Informática e Estatística da UFSC, pelos gentis aconselhamentos na trabalhosa e imprescindível área da análise dos resultados desta pesquisa.

Ao comandante-geral da Polícia Militar de Santa Catarina, coronel Nazareno Marcineiro, pela atenção dispensada quando da autorização para a pesquisa com policiais militares da Corporação;

Ao diretor de ensino da Polícia Militar, coronel César Luiz Dalri, pela atenção dispensada no curso da pesquisa;

Às coordenadoras e tutoras do Curso de Formação de Cabo da PMSC, soldados Djenane Semensati e Cinara Aparecida Rosa, por

inestimáveis informações sobre o funcionamento do Curso e seu ambiente virutal de aprendizagem;

Aos alunos do Curso de Formação de Cabos da PMSC, pela

voluntariedade em participar da pesquisa, sem os quais nada teria sido construído;

Ao meu amigo Clayton Marafioti Martins, pelo incentivo e por ter me mostrado os caminhos para ingressar no Programa de Pós-graduação do EGC da UFSC;e

(12)
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RESUMO

As tecnologias da informação e comunicação deram um novo patamar aos processos da educação a distância. As várias possibilidades de aplicação dessas ferramentas, valendo-se dos ambientes virtuais de aprendizagem, requerem cada vez mais que o corpo discente esteja preparado para utilizá-las visando a eficácia no processo ensino-aprendizagem. Esta pesquisa, como Dissertação de Mestrado, discorre sobre o perfil dos alunos do Curso de Formação de Cabos da Polícia Militar de Santa Catarina, no ano de 2012, e sua relação com o universo digital. Foi aplicado um questionário fechado para uma população de 525 alunos, restando 424 questionários válidos. Os dados, caracterizados como números absolutos e percentuais, foram analisados estatisticamente de forma univariada e bivariada. Como resultado, a pesquisa demonstra a relação dos alunos com a inclusão digital, tão necessária para as atividades na modalidade da educação a distância. Ao final, a pesquisa apresenta sugestões para que a Polícia Militar de Santa Catarina melhore seus processos produtivos referentes a futuros cursos que empreguem essa modalidade de ensino.

(14)
(15)

ABSTRACT

Information technology and communication have processes to a

new level of distance education. The various possibilities of

application of these tools, taking advantage of virtual learning

environments, increasingly require that the student body is

prepared to use them effectively in order to teaching-learning

process. This research, as Dissertation, discusses the profile of

the students of the Training Course Cable Military Police of

Santa Catarina, in the year 2012, and its relationship with the

digital universe. A questionnaire was closed for a population of

525 students, resulting in a sample of 424 students (80% of the

population). The data, characterized as absolute numbers and

percentages, were analyzed statistically using univariate and

bivariate. As a result, the research demonstrates the relationship

of students with digital inclusion, as required for activities in the

form of distance education. At the end, the research provides

suggestions for the Military Police of Santa Catarina improve

their production processes regarding future courses that employ

this type of education.

(16)
(17)

Quadro nº. 01 – Carreira na Polícia Militar e cursos como

pré-requisito ... 29

Quadro nº. 02 – Sociedades Agrária, Industrial e do Conhecimento ... 37

Quadro nº. 03 – Tipos de Conhecimento ... 39

Quadro nº. 04 – Síntese histórica da EaD no Brasil ... 49

Quadro nº. 05 – Cursos EaD oferecidos pela SENASP em 2012 ... 71

Quadro nº. 06 – Alunos do Curso de Cabo por Pólo de EaD ... 72

Quadro nº. 07 – Grade curricular do Curso de Cabo ... 74

Quadro nº. 08 – Rank dos países na inclusão digital ... 81

Quadro nº. 09 – Rank dos estados brasileiros com internet em domicílio ... 82

Quadro nº. 10 – Rank das capitais de estados com internet em domicílio ... 83

Quadro nº. 11 – Rank dos municípios com internet em domicílio ... 83

Quadro nº. 12 – Rank dos municípios sem internet em domicílio ... 84

Quadro nº. 13 – Diferenças entre nativos e imigrantes digitais ... 88

Quadro nº. 14 – Alunos inscritos e alunos respondentes por Pólo EaD ... 91

(18)
(19)

Figura nº. 01 – Modelo SECI de conversão do Conhecimento ... 40

Figura nº. 02 – “Ba” e suas características ... 42

Figura nº. 03 – Gestão do Plano de Comando da Polícia Militar ... 44

Figura nº. 04 – Gerações de EaD ... 51

Figura nº. 05 – Modelo de Colaboração em AVA ... 60

Figura nº. 06 – Modelo de Colaboração mediado por computador ... 63

Figura nº. 07 – Página inicial de acesso ao AVA do Curso de Cabo ... 73

(20)
(21)

Tabela nº. 01 – Faixa etária

...

97

Tabela nº. 02 – Sexo

...

99

Tabela nº. 03 – Tempo de serviço

... 1

00

Tabela nº. 04 – Pólo de EaD

...

102

Tabela nº. 05 – Grau de escolaridade

...

104

Tabela nº. 06 – Computador em domicílio

...

106

Tabela nº. 07 – Acesso a internet em domicílio

...

107

Tabela nº. 08 – Uso de computador no local de trabalho

...

109

Tabela nº. 09 – Frequência de acesso a internet

...

111

Tabela nº. 10 – Participantes das redes sociais

...

113

Tabela nº. 11 – Participação em outros cursos EaD

...

114

Tabela nº. 12 – Conhecimento do termo “Convergência de

Mídias”

... 116

Tabela nº. 13 – Conhecimento do termo “Computação em

Nuvens”

...

118

Tabela nº. 14 – Receio de perder arquivos no computador

...

120

Tabela nº. 15 – Pesquisa em material impresso

... 122

Tabela nº. 16 – Anotação em agenda de papel

...

124

Tabela nº. 17 – Leitura de textos longos na tela do

computador

...

126

Tabela nº. 18 – Preenchimento de Notificação em bloco de

papel

...

128

Tabela nº. 19 – Solicitação de apoio para programação de

computador

...

130

Tabela nº. 20 – Compra de CD em loja virtual

...

132

Tabela nº. 21 – Leitura em jornal ou revista impressos

...

134

Tabela nº. 22 – Resolução de problemas pelo AVA

...

136

Tabela nº. 23 – Conhecimento pessoal da lista das redes

sociais

...

138

Tabela nº. 24 – Ligação telefônica para confirmar

e-mail

...

140

Tabela nº. 25 – Viagem programada com mapas impressos

....

142

Tabela nº. 26 – Perfil digital multitarefa

...

144

(22)

Tabela nº. 30 – Leitura de textos longos no computador e faixa

etária

...

151

Tabela nº. 31 – Ajuda para instalar programa e faixa etária

...

152

Tabela nº. 32 – Perfil multitarefa e faixa etária

...

154

Tabela nº. 33 – Frequência uso internet e escolaridade

...

156

Tabela nº. 34 – Participação em redes sociais e escolaridade

...

157

Tabela nº. 35 – Receio de perder arquivos e escolaridade

...

158

Tabela nº. 36 – Leitura de textos longos no computador e

(23)

Gráfico nº. 01 – Faixa etária ... 97 Gráfico nº. 02 – Sexo ... 99 Gráfico nº. 03 – Tempo de serviço ...100 Gráfico nº. 04 – Pólo de EaD ...102 Gráfico nº. 05 – Grau de escolaridade...104 Gráfico n. 06 – Computador em domicílio...106 Gráfico nº. 07 – Acesso a internet em domicílio...107 Gráfico nº. 08 – Uso de computador no local de trabalho...109 Gráfico nº. 09 – Frequência de acesso a internet...111 Gráfico nº. 10 – Participantes das redes sociais ...113 Gráfico nº. 11 – Participação em outros cursos EaD...114 Gráfico nº. 12 – Conhecimento do termo “Convergência de

Mídias” ...116 Gráfico nº. 13 – Conhecimento do termo “Computação em

Nuvens” ...118 Gráfico nº. 14 – Receio de perder arquivos no computador...120 Gráfico nº. 15 – Pesquisa em material impresso ...122 Gráfico nº. 16 – Anotação em agenda de papel...124 Gráfico nº. 17 – Leitura de textos longos na tela do computador ...126 Gráfico nº. 18 – Preenchimento de Notificação em bloco de papel ...128 Gráfico nº. 19 – Solicitação de apoio para programação de

computador...130 Gráfico nº. 20 – Compra de CD em loja virtual ...132

Gráfico nº. 21 – Leitura em jornal ou revista impressos

...134

Gráfico nº. 22 – Resolução de problemas pelo AVA

...136

Gráfico nº. 23 – Conhecimento pessoal da lista das redes

(24)
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1 INTRODUÇÃO ... 27

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ... 27 1.2 PERGUNTA DE PESQUISA ... 32 1.3 OBJETIVO ... 32 1.3.1 Objetivo Geral ... 32 1.3.2 Objetivos Específicos ... 33 1.4 ADERÊNCIA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO EGC ... 33 1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA ... 33

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 35

2.1 AS ORGANIZAÇÕES INTENSIVAS EM CONHECIMENTO ... 35

2.1.1 Gestão do conhecimento nas sociedades intensivas em conhecimento ... 35

2.1.2 A gestão do conhecimento na Polícia

Militar ... 43 2.2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EaD) ... 47 2.2.1 Origem, as mídias, as tecnologias, conceitos e práticas ... 47

2.2.2 Práticas relacionadas à gestão da EaD na Polícia Militar ... 64

2.3 O PERFIL DIGITAL DO ALUNO NA EaD ... 75 2.3.1 O mundo virtual e a inclusão digital: conceitos e práticas ... 75 2.3.2 Os perfis digitais ... 85

3 MÉTODO DA PESQUISA ... 91

3.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA... 91 3.2 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS ... 92

(26)
(27)

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Esta pesquisa está vinculada ao curso de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC) - na linha de pesquisa de Mídia e Conhecimento - da Universidade Federal de Santa Catarina. Busca-se, como se verá, investigar um assunto interdisciplinar que abrange a mídia e o conhecimento e suas ligações com a Educação a Distância, doravante indicada pela sigla EaD.

Em sendo o conhecimento um ativo intangível, sua gestão inclui “atividades necessárias para descobrir, adquirir, armazenar, gerenciar, desenvolver, divulgar e utilizar o conhecimento” (SCHMID e STANOEVXKA-SLABEVA, 1998). As mesmas autoras asseveram que as informações inovadoras, bem como as tecnologias de comunicação se configuram como um facilitador para que o conhecimento faça o seu ciclo. Assim como o conhecimento tem suas fronteiras alargadas a cada geração que passa, a tecnologia é caracterizada tanto pelo resultado dos conhecimentos acumulados quanto por ser a impulsionadora de novos conhecimentos (SILVEIRA, 2005).

As mídias de conhecimento apresentam características que foram aperfeiçoadas ao longo da evolução humana, como a persistência, volatilidade, facilidade de atualização e capacidade de realizar trabalho (VANZIN e DANDOLINI, 2011). Os mesmo autores citam, ainda, a existência de cinco tipos de mídia: a primeira vem a ser a codificação da vida, ou seja, o DNA, se constituindo como complexa, com muitas informações mas sem a capacidade de atualização rápida; a segunda é o cérebro, com grande capacidade de atualização, porém volátil; a terceira são as ferramentas como forma de extensão direta e funcional do corpo humano, mas também de difícil atualização; a quarta são os livros e sua capacidade de expressar raciocínios de forma impressa, porém de lenta atualização; por fim a quinta mídia de conhecimento, constituída pelo

software, permitindo a possibilidade de armazenamento e disseminação de conhecimento e constante atualização.

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pólos de educação a distância (POLÍCIA MILTAR, 2012). Importante ressaltar que o modelo de um curso na modalidade EaD deve considerar o perfil dos seus alunos, tutores e demais atores envolvidos no processo, haja vista a singularidade de cada indivíduo, ou seja, a sua subjetividade. Essa subjetividade representa um entendimento de que a psique humana é um sistema complexo com diferentes focos para os sentidos e para a significação das coisas (LUZ FILHO, 2010).

Muito embora as práticas pedagógicas do curso em questão não sejam o objeto deste trabalho, este pesquisador, a posteriori, poderá tratar desse assunto a partir dos resultados aqui obtidos, baseando-se no conhecimento da realidade encontrada na Polícia Militar catarinense. Também é importante destacar que o Curso de Formação de Cabo não era ofertado pela Polícia Militar desde o ano de 1992, sendo que esta informação tem valor imprescindível quando da análise dos resultados referentes à idade, gênero e tempo de serviço dos alunos do referido curso.

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PARA GALGAR OS SEGUINTES

POSTOS OU GRADUAÇÕES CURSO EXIGIDO

Soldado de 3ª Classe Processo seletivo (concurso público) com exigência de nível superior em qualquer área do conhecimento humano.

Soldado de 2ª Classe Depois do processo seletivo, realiza o Curso de Formação de Soldados, com duração de 9 meses.

Soldado de 1ª Classe Não há necessidade de curso, somente o devido interstício (tempo de permanência na graduação).

Cabo Curso de Formação de Cabo.

3º Sargento Curso de Formação de Sargento.

2º Sargento Não há necessidade de curso, somente o devido interstício (tempo de permanência na graduação).

1º Sargento Curso de Aperfeiçoamento de Sargento, com duração de 4 meses.

Subtenente Não há necessidade de curso, somente o devido interstício (tempo de permanência na graduação).

Cadete

Processo seletivo (concurso público) com exigência de nível superior como Bacharel em Direito, sendo que ingressa na Carreira Jurídica de Estado, conforme previsto na Constituição Estadual de Santa Catarina.

Aspirante-a-Oficial Depois do processo seletivo, realiza o Curso de Formação de Oficiais, com duração de 2 anos.

2º Tenente Não há necessidade de curso, somente o devido interstício (tempo de permanência na graduação).

1º Tenente Não há necessidade de curso, somente o devido interstício (tempo de permanência no posto).

Capitão Não há necessidade de curso, somente o devido interstício (tempo de permanência no posto).

Major

Realiza o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, com duração de 4 meses em nível de Pós-graduação em Administração de Segurança Pública.

Tenente-coronel Não há necessidade de curso, somente o devido interstício (tempo de permanência no posto).

Coronel Realiza o Curso Superior de Polícia, com duração de 4 meses em nível de Pós-graduação em Estratégias de Segurança Pública.

Quadro nº. 1 – Carreira na Polícia Militar e seus respectivos cursos como pré-requisito.

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A pesquisa de estudo de caso , quando analisada, tem o suporte da revisão bibliográfica que se faz quanto aos aspectos relacionados à inclusão digital, EaD, ambientes virtuais de aprendizagem, criação e disseminação do conhecimento e tecnologias da informação e comunicação. Todo esse referencial teórico ajuda, repita-se, a justificar as conclusões quanto ao perfil digital dos alunos no caso em estudo.

A população analisada encontra-se inserida na instituição denominada “Polícia Militar de Santa Catarina”. Necessário se faz dizer que tal instituição encontra-se incluída nos conceitos que a definem como partícipe da sociedade do conhecimento, pois - como mostra este estudo na sua revisão bibliográfica - faz a gestão do conhecimento quando dos seus processos produtivos.

No caso específico da EaD, torna-se premente o conhecimento do perfil do universo digital dos integrantes da Corporação policial militar. Além disso, há também o emprego cotidiano de modernos recursos tecnológicos nas atividades administrativas e operacionais da Corporação. Cita-se como exemplo desse emprego a utilização de

tablets para o preenchimento e inserção em tempo real dos Boletins de Ocorrência e Termos Circunstanciados; a operação de câmeras que registram em tempo real as condições dos veículos e da mobilidade nos transportes terrestres; a sala de situação e gerenciamento de crises onde, mais uma vez em tempo real, informações são analisadas por meio de diversas plataformas midiáticas objetivando-se a tomada da decisão. É de se observar que para uma melhor utilização das ferramentas tecnológicas de última geração, tanto na gestão como na operacionalização das atividades de segurança pública, há necessidade que se conheça o grau de especialização daqueles que as operam.

A evolução das tecnologias da informação e da comunicação impacta a sociedade como um todo, principalmente no aspecto da “velocidade”. Toffler (1995) vislumbrou, ainda na década de 1990, que a sociedade do século XXI viveria em um mundo dividido entre os rápidos e os lentos. As crises na história da humanidade foram, muitas vezes, resolvidas com a inclusão de pessoas ou de comunidades na esfera social daqueles que possuíam a informação e o conhecimento. Modernamente isso passa pelo domínio das tecnologias da informação e comunicação, consubstanciando-se em decisivo fator competitivo (FELICIANO, 2008).

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ativo intangível que representa o maior valor das Organizações, o mesmo deve ser devidamente gerenciado, maximizando sua utilização em conjunto com ferramentas de tecnologia da informação, o que propiciará vantagem estratégica (SOUZA BUENO et al, 2004).

Se a sociedade moderna passa por essa transformação onde a busca pelo conhecimento é fator preponderante de desenvolvimento, o mesmo ocorre com as instituições públicas que procuram melhor capacitar seus recursos humanos para que, ao aperfeiçoarem seus processos produtivos, possam melhor atender à população. Decorrente dessa evolução tecnológica tem-se a EaD que, adaptada aos tempos modernos, permite que o conhecimento seja construído e reconstruído independente do local onde se encontre o aluno (FIALHO; SPANHOL, 2008).

Especificamente para o caso da Polícia Militar de Santa Catarina, objeto deste estudo no que se refere à EaD, verifica-se que se trata de uma instituição que presta um serviço de relevância social. A preservação da ordem pública exige profissionais capacitados para lidar com as liberdades individuais e coletivas, protegendo sempre os direitos humanos. Em uma Corporação com aproximadamente onze mil integrantes1, distribuídos pelos 293 municípios catarinenses, a colocação de grandes efetivos em salas de aula para a frequência de cursos regulares torna-se contraproducente, haja vista as peculiaridades intrínsecas da atividade policial. Mas também se deve levar em conta que um contingente assim considerado não pode ficar alheio à formação continuada e necessária para bem cumprir suas missões constitucionais de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública2. Daí a utilização da EaD como uma ferramenta que, aliando tecnologias de informação e comunicação com uma sólida abordagem pedagógica, resulta na inserção da Polícia Militar de Santa Catarina na Sociedade do Conhecimento.

(32)

1.2 PERGUNTA DE PESQUISA

A Polícia Militar de Santa Catarina, para a gestão das atividades estratégicas, administrativas e operacionais, vem utilizando cada vez mais os recursos das tecnologias da informação e da comunicação (TICs). Dentro dessa realidade, ferramentas como o Business Intelligence são operacionalizadas para a gestão do Plano de Comando; viaturas estão sendo equipadas com tablets que se ligam diretamente e em tempo real com as diversas bases de dados e centros de comando e controle; centrais de videomonitoramento transmitem imagens em tempo real sobre as diversas partes das cidades catarinenses; câmeras fazem a leitura facial e identificam pessoas perdidas ou fugitivas da justiça; dentre outras inovações.

Dentro desse universo que engloba as TICs encontra-se a modalidade de EaD, onde a Corporação policial militar revela pouca experiência, sendo que em seus registros tal prática somente é verificada em três casos: o Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS) no ano de 2005; os diversos cursos oferecidos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) desde o ano de 2005 e que até o presente momento já obteve a expedição de aproximadamente 25.000 certificados de conclusão de curso; por fim, o Curso de Formação de Cabo, objeto desde estudo, com seu funcionamento no ano de 2012. Observa-se, então, que a Polícia Militar apresenta pouca experiência quando o assunto é EaD, não se conhecendo os motivos da pouca utilização dessa ferramenta. Com isso, quando da realização do curso ora estudado (Formação de Cabo na modalidade EaD), construiu-se um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) sem que se soubesse qual o perfil digital dos alunos que o utilizariam.

Diante dessa situação fática, e delimitando a pesquisa somente para o caso dos alunos no curso EaD, emerge a seguinte pergunta: qual é o perfil dos alunos do Curso de Formação de Cabo da Polícia Militar de Santa Catarina, no ano de 2012, em relação a inclusão digital e suas contradições com o ensino a distância?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

(33)

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Analisar como as TICs impactam a Polícia Militar de Santa Catarina, fazendo da mesma partícipe das sociedades intensivas em conhecimento e influenciando no perfil digital de seus integrantes; b) Discorrer sobre o universo digital de uma forma geral e sua relação com as TICs, caracterizando-o como facilitador da disseminação do conhecimento e da identificação do perfil digital dos alunos do Curso de Formação de Cabo da Polícia Militar de Santa Catarina, no ano de 2012; e

c) Identificar o perfil dos alunos do Curso de Formação de Cabo da Polícia Militar de Santa Catarina, na modalidade EaD, no ano de 2012, considerando os aspectos da “inclusão digital” e as características dos usuários das TICs classificados como “imigrantes digitais”;

1.4 ADERÊNCIA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO O Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina possui três áreas de pesquisa: “Engenharia do Conhecimento”; “Gestão do Conhecimento” e “Mídia e Conhecimento”.

No caso específico desta pesquisa, a área é a “Mídia e Conhecimento”, sendo a linha de pesquisa a “Mídia e Conhecimento na Educação”, pois enseja a resolução de problemas e a gestão estratégica no planejamento da EaD por meio da construção, comunicação e difusão do

conhecimento. Outro pressuposto pertencente ao Programa de Pós-graduação é o princípio da interdisciplinaridade, atendido nesta pesquisa com a convergência de diversas áreas estudando um mesmo objeto sob diferentes ângulos, notadamente quando se fala de mídias, educação

a distância, cultura militar e policial, gestão do conhecimento,

dentre outras.

1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA

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O primeiro capítulo traz no seu bojo a contextualização em que se encontra o tema abordado, convidando o leitor a conhecer o conteúdo do trabalho como um todo. Traz também: a pergunta de pesquisa; o objetivo geral e os objetivos específicos; a aderência ao Programa de Pós-graduação do EGC; e por fim a estrutura ora apresentada.

No segundo capítulo desenvolve-se um raciocínio que caracteriza a Polícia Militar como sendo uma organização intensiva em conhecimento, tornando-a capaz para a gestão do conhecimento por meio das tecnologias da informação e comunicação. Nesse viés tecnológico, a EaD é uma ferramenta que auxilia na gestão do conhecimento, sendo tratada conjuntamente com os conceitos dos perfis digitais e inclusão digital. Para o caso específico dos alunos do curso estudado, esse perfil digital é identificado por meio de uma pesquisa de estudo de caso, devidamente explicada na sua metodologia.

O terceiro capítulo descreve o método que dá cientificidade à pesquisa realizada, trazendo considerações sobre a estratégia metodológica escolhida, a delimitação da população e da amostra, a forma de coleta de dados e seu tratamento.

O quarto capítulo traz os argumentos sobre os resultados obtidos, descrevendo-os quanto à forma univariada e bivariada de como foram analisados. Por fim, há uma síntese do perfil digital dos alunos do Curso de Formação de Cabo.

O quinto capítulo traz as considerações finais, onde o pesquisador discorre sobre os desafios da pesquisa, suas dificuldades, as conclusões do estudo, a declaração de que os objetivos foram cumpridos, bem como algumas sugestões para o aprimoramento do processo ensino-aprendizagem para os futuros cursos que vierem a utilizar a ferramenta EaD na Polícia Militar de Santa Catarina.

(35)

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 AS ORGANIZAÇÕES INTENSIVAS EM CONHECIMENTO

Objetivando caracterizar a Polícia Militar como sendo integrante da sociedade intensiva em conhecimento, inicialmente é registrada uma síntese histórica da Corporação, facilitando o entendimento do leitor sobre o tema.

Cada estado da federação possui a sua Polícia Militar como sendo uma organização estatal de direito público. Seus objetivos e missões estão previstos em lei, todos derivados da Constituição da República Federativa do Brasil e respectivas Constituições Estaduais. Especificamente sobre a Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), a mesma é um órgão da administração direta do Governo do Estado, sendo uma instituição prestadora de serviços na área da segurança pública. Sobre a sua origem, assim está postado no site da PMSC:

Criada por Feliciano Nunes Pires, então Presidente da Província de Santa Catarina, através da Lei Provincial Nº 12, de 05 de Maio de 1835, a “FORÇA POLICIAL”, denominação que lhe foi conferida na época, substituiu os ineficazes Corpos de Guardas Municipais Voluntários, então existentes, com a missão de manter a ordem e a tranqüilidade públicas e atender às requisições de autoridades judiciárias e policiais. Sua área de atuação ficava restrita à vila de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis e distritos vizinhos (POLÍCIA MILITAR, 2012).

Para que se possa caracterizar a Polícia Militar como sendo partícipe das sociedades intensivas em conhecimento, este trabalho primeiro se reporta a um levantamento bibliográfico e construção de argumentos sobre os seguintes temas: as sociedades do conhecimento, o conhecimento e a gestão do conhecimento.

2.1.1 Gestão do conhecimento nas sociedades intensivas em conhecimento

(36)

informação e comunicação em todo o mundo. O termo ganhou espaço ainda maior quando das constantes reuniões dos países mais desenvolvidos do mundo - partícipes do grupo G8 -, bem como quando das reuniões entre organismos das Nações Unidas e do Banco Mundial (BURCH, 2006). A mesma autora ainda assevera que o conceito de sociedade da informação continha uma expressão mais ligada aos aspectos ideológicos e que primava por difundir uma “globalização neoliberal”.

Hodiernamente, é preferível o termo “sociedade do conhecimento” em detrimento ao de “sociedade da informação”, por ser o primeiro mais abrangente, não se limitando aos aspectos econômicos como se fazia crer ao segundo. Conforme Squirra (2006), na sociedade do conhecimento o capital intelectual se configura como de suma importância para o desenvolvimento econômico e social. Dessa forma,

O valor da organização passa a incluir o intangível, ou seja, o conhecimento passa a ser um dos maiores ativos da instituição, valorizado como recurso estratégico e assim identificado na cadeia de valor (GONÇALO e BORGES, 2010).

Com isso, Choo (2003) elenca os princípios que norteiam uma organização intensiva em conhecimento, asseverando que nesses casos a gestão encontra-se focada nos resultados e não simplesmente nas tarefas; que o gerenciamento deve ter como foco a agregação de valor aos produtos e serviços; que deve haver comprometimento de todos os atores envolvidos nos mais diversos processos, levando-se em conta suas competências individuais e suas capacidades de relacionamentos; que a tomada de decisão deve levar em conta àqueles que trabalham na ponta produtiva da organização; e que a flexibilidade deve ser fator preponderante para que a organização possa rever seus rumos sempre que necessário.

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potencializado quando a ele se soma o entendimento de que o conhecimento pode garantir um desenvolvimento social mais sustentável, englobando aqui os fatores ambientais, políticos, sociais, demográficos, tecnológicos, governamentais e de gestão empresarial (SANTOS, 2008). Essa melhoria do nível de vida das populações, com a crescente utilização das tecnologias da informação e comunicação, impactando ainda mais os meios produtivos, é que está sendo tratado como a economia do conhecimento (SQUIRRA, 2006).

Outra consideração que pode ser feita sobre as diferenças entre a sociedade atual e a sociedade industrial, por exemplo, está na tese de que também findou o chamado “emprego industrial” como força motriz no mundo do trabalho. O fim do trabalho industrial é destacado como sendo

[...] positivo e necessário, pois, tanto na modernidade líquida quanto na segunda modernidade3 [...] os trabalhadores estão entrando no reino da liberdade, uma vez que se sentem desobrigados das amarras perniciosas do emprego de longa duração (CHAVES, 2006).

Para se ter uma visão mais abrangente de como a sociedade do conhecimento impacta a vida na atualidade, o quadro a seguir traz em seu bojo os atributos das diferentes fases da caminhada humana:

ATRIBUTOS SOCIEDADE AGRÁRIA INDUSTRIALSOCIEDADE CONHECIMENTOSOCIEDADE DO

PROCESSO Semear para colher Produzir e operar Compreender para criar

MOTE Residir onde se trabalha Trabalhar onde se reúne Trabalhar enquanto pensa

ORIENTAÇÃO Passado e tradição Presente e imediato Futuro e inovação

INSTITUIÇÃO

PREVALENTE Família Organização Indivíduo

ORGANIZAÇÃO Hierárquica Massificação Rede

VALOR Recursos naturais e humanos Capital e tecnologia Competência e sabedoria

SÍMBOLO Terra Cidade Mente

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Como se depreende do quadro acima, a sociedade do conhecimento prima pela prevalência dos aspectos cognitivos ligados à inovação. O integrante dessa sociedade trabalha focado em melhorar os processos produtivos que venham a impactar a vida das pessoas de forma que haja uma melhor qualidade de vida no futuro. Muito embora haja uma predominância do indivíduo como centro da criação e irradiação do saber, na sociedade do conhecimento isso somente terá valor se esse indivíduo estiver interligado - em rede - com outras pessoas e com os agentes tecnológicos auxiliadores da difusão do conhecimento. Ao se falar na interligação em rede, citam-se os argumentos de Castells (2003):

A revolução da tecnologia da informação e a reestruturação do capitalismo introduziram uma nova forma de sociedade, a sociedade em rede. Essa sociedade é caracterizada pela globalização das atividades econômicas decisivas do ponto de vista estratégico: por sua forma de organização em rede; pela flexibilidade e instabilidade de emprego e da individualização da mão-de-obra; por uma cultura da virtualidade real construída a partir de um sistema de mídia onipresente, interligado e altamente diversificado.

Ora, se o conhecimento se propaga com enorme velocidade nos dias atuais, então é possível afirmar que não há certeza de quem o criou. Até porque derivando de uma inovação vem outra que, interligada em rede, cria outra ou outras dinamicamente aperfeiçoáveis. É o resultado da conectividade entre as pessoas, que uma vez já foi previsto por Schumpeter (1985) com a denominação de “destruição criadora” ao tratar de assuntos da macroeconomia. Diante dessa realidade, Lucci (2006) diz que estão se tornando comum o surgimento de grupos especializados em discutir idéias - os catalisadores de idéias4 -, já que se encontra bem caracterizado que o conhecimento é, de fato, uma fonte de riqueza exponencial.

(39)

Para que se possa definir o que vem a ser a “gestão do conhecimento”, primeiro há necessidade de se reportar ao que diz a literatura sobre os diversos tipos de “conhecimento” elencados pelos autores nas últimas décadas. Isso poderá ser visualizado no quadro a seguir, elaborado por Frantz (2011).

AUTOR TIPOS DE CONHECIMENTO

Polanyi (1966) Tácito e Explícito

Boisot (1995) Privado, Público, Pessoal e Senso Comum

Blackler (1995) Pessoal, Incorporado, Cultural, Embutido e Codificado Spender (1998) Explícito, Implícito, Individual e Coletivo

Nonaka e Takeuchi Tácito e Explícito Lastres e Albagli (1999) Codificáveis e tácitos

Lundvall (2000) O que saber, Porque saber, Como saber e Onde buscar o saber Capra (2002) Tácito e Explícito

Davenport e Prusak (2003) Tácito e Explícito Sabbag (2007) Propositivo e Competente Choo (2010) Tácito, Explícito e Cultural

Quadro 3 – Tipos de “conhecimento” segundo os diversos autores. Fonte: Frantz (2011).

Para esta pesquisa optou-se pelo conceito de Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi, professores que conceberam a teoria da espiral do conhecimento retratada no livro “The Knowledge-Creating Company”. Nessa teoria, o conhecimento é entendido como a interação entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito.

Em sendo o conhecimento uma “crença verdadeira justificada”, podendo gerar novos conhecimentos e difundi-los de modo que se incorporem aos produtos, serviços e até mesmo aos sistemas (NONAKA E TAKEUCHI, 1997), asseveram esses autores que o conhecimento tácito está ligado àquilo que conhece o indivíduo por si só, levando-se em conta suas crenças, valores e sua vivência pessoal. Diferente do conhecimento explícito, que pode ser codificado e com isso ser transmitido de modo que muitos possam dele se apropriar.

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Dos Santos (2006) explica melhor esse conceito da seguinte forma:

Nonaka e Takeuchi desenvolveram um modelo dinâmico de criação do conhecimento ancorado no pressuposto crítico de que o conhecimento humano é criado e expandido por meio da interação social entre o tácito e o explicito. Eles chamaram essa interação de "conversão do conhecimento" com acentuado destaque para o fato de este ser um processo social que envolve os indivíduos. Os autores indicam que "na visão racionalista, a cognição humana é um processo dedutivo de indivíduos, mas um indivíduo nunca é isolado da interação social quando percebe as coisas". Portanto, por meio do processo de "conversão social, o conhecimento tácito e o conhecimento explicito se expandem tanto em termos de qualidade quanto de quantidade"

A figura, que logo após será explicada, mostra o chamado modelo SECI: Socialização, Externalização, Combinação e Internalização do conhecimento.

Figura 1 – Modelo SECI, mostrando a processo de conversão do conhecimento. Fonte: Dos Santos (2006).

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modelo oriental vê o conhecimento como um resultado da subjetividade de todos os indivíduos que compõem uma organização, ou seja, o conhecimento tácito. Dessa forma, o processo se dá em forma de uma espiral do conhecimento, englobando o tácito e o explícito, mas também envolvendo o indivíduo, a organização e o ambiente que a tudo insere. Assim, esse processo ocorre pela:

 Socialização: se dá pelo compartilhamento do conhecimento tácito, sendo esse compartilhamento através da observação de ações funcionais, onde as experiências são aprendidas pela observação, imitação e prática;

 Externalização: ocorre com a transferência do conhecimento tácito para o explícito, sendo este processo considerado um dos mais importantes por se constituir na oportunidade onde quem sabe algo o traduz de forma codificada para os demais, multiplicando o conhecimento;

 Combinação: é quando ocorre a troca de conhecimentos explícitos, utilizando-se de processos sistemáticos que, ao se combinarem, se reconfiguram, dando origem a um novo saber; e  Internalização: se dá quando ocorre a conversão do conhecimento explícito em tácito, ligado ao conceito de “aprender fazendo”, agregando valor e potencializando o conhecimento tácito.

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Essa descrição acima retratada pode ser visualizada no quadro a seguir:

Figura 2 – “Ba” e suas quatro características. Fonte: adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997).

Como se observa na figura 2, os conhecimentos tácitos e explícitos interagem entre si de forma “contínua e dinâmica”, sendo que os diversos modos de conversão do conhecimento são influenciados por fatores externos e internos da organização, resultando no que Nonaka e Takeuchi chamam de “espiral do conhecimento” (ZABOT e SILVA, 2002).

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Dentro desse raciocínio, denota-se que

[...] a gestão precisa ter uma visão clara das necessidades da organização e ao tipo de criação do conhecimento que deve ser gerido para que se possa, posteriormente, ser utilizada como estratégia, mudança de paradigmas e diferencial competitivo. [...] a gestão do conhecimento torna-se primordial para facilitar o processo de criação, partilha e utilização do conhecimento, tendo a finalidade de obter mudanças nos métodos de trabalho dos indivíduos, buscando a eficiência e eficácia nas técnicas e processos geridos na organização. (WILLERDING, 2011)

Diante dessa assertiva, é possível dizer que a gestão do conhecimento envolve as pessoas, as tecnologias e os processos (SERVIN, 2005). De todos esses atores, o mais importante vem a ser as pessoas, pois são elas que possuem a capacidade cognitiva de criar o conhecimento. Os processos servem para organizar procedimentos, e a tecnologia vem a ser o suporte às pessoas e processos. Ainda sobre as pessoas, estas representam o capital humano da organização e conforme Machado (2012),

O capital humano é a parte que pensa [...]. São as competências e habilidades acumuladas, capacidades individuais e dos grupos, as experiências e os conhecimentos pessoais na organização, a educação, a agilidade intelectual, a capacidade criativa de inovação, os valores e a motivação/atitudes.

A gestão do conhecimento leva à aprendizagem organizacional, impactando a evolução do pensamento humano, a inovação das tecnologias da informação e comunicação, a gestão das pessoas, resultando em uma mudança cultural toda dinamizada pela já citada espiral do conhecimento (FIALHO; MACEDO, SANTOS; et al, 2003). Com isso há o aumento da riqueza a partir da gestão do conhecimento quando a coisa valorizada se encontre nas pessoas, mesmo que derivando dos processos, tecnologias, sistemas ou da cultura organizacional (BUKOWITZ e WILLIAMS, 2005).

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diversas necessidades, ou seja, protegendo-a através das quatro fases do poder de polícia6: ordem de polícia, consentimento de polícia, fiscalização de polícia e sanção de polícia (BRASIL - PARECER GM 25, 2001).

Para que isso ocorra, o risco real ou a percepção de risco, da violência e da desordem devem ser aqueles que a sociedade julga como aceitáveis para que se viva em paz. Objetivando prestar serviços de excelência, a Corporação passou a adotar em 2011 um Plano de Comando que contempla uma forma de gestão baseada no conhecimento. Nele estão evidenciados os princípios, valores e eixos estruturantes da atuação policial, passando pelas prioridades, objetivos e metas institucionais. Todo esse trabalho é aferido por 109 indicadores focados nas ações voltadas para a sociedade, cidadãos, suporte administrativo e operacional, bem como também voltado para o atendimento das expectativas dos policiais como trabalhadores de segurança pública (POLÍCIA MILITAR, 2011). A seguir, uma figura que apresenta a lógica do Plano de Comando e sua gestão:

Figura 3 – Lógica de gestão do Plano de Comando da Polícia Militar de Santa Catarina.

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O esperado, com o alcance dos objetivos do citado Plano de Comando, é que a Corporação preste os seus serviços com legitimidade, efetividade, excelência, confiança e respeito aos direitos humanos. Mas que também seja criativa nas suas ações sem esquecer suas tradições; criteriosa na utilização dos recursos públicos; focada na sua missão constitucional; e intransigente com a ilegalidade. E isso tudo se dará se a polícia estiver próxima ao cidadão, atuando com proatividade, agindo sobre as causas e não sobre os efeitos, bem como estando sempre apta a promover parcerias com a comunidade para a qual devota os seus serviços.

Como se observa, a Polícia Militar não se vale do conceito

stricto sensu da competitividade, pois como órgão público com missão constitucional definida não “compete” com outras organizações. Mas é verdade que para a gestão estratégica das suas ações, se vale dos conceitos da competitividade, utilizando a gestão do conhecimento para prestar um serviço com qualidade, agregando valor através da inovação e sendo flexível ante os desafios que a todo instante aparecem. A sociedade enquanto em constante mutação, obriga que as forças policiais realinhem suas ações, devendo, portanto, ser resilientes e obrigando que os gestores organizacionais se valham do capital intelectual para que as estratégias estejam de acordo com um cenário condizente com a atualidade (MORETTI, 2004).

A sociedade do conhecimento, segundo Druker (2001), vem a ser a soma dos três setores – público, privado e social – valendo-se da complementaridade entre eles. Por isso o foco nas pessoas como sendo um dos indicadores a serem analisados no Plano de Comando. Pois uma vez focado no indivíduo e no social, o conhecimento devidamente socializado contribuirá não somente para o aumento da produtividade, mas também para o fortalecimento da cidadania com o reconhecimento dos direitos e deveres das pessoas, contribuindo, assim, para o equilíbrio e a paz social.

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preocupação dos tempos modernos quando o assunto é a gestão do conhecimento (PEREIRA e HERSCHAMANN, 2002): as informações devidamente processadas devem ser empregadas antes de se tornarem obsoletas, pois a capacidade de reprodução permitida pela digitalização, somada à volatilidade que a velocidade imprime, exige uma constante produção e reprodução do conhecimento. Em função disso, várias são as estratégias de atualização, sendo uma delas a participação da Corporação no conceito de Governo Eletrônico.

A inserção da Polícia Militar na sociedade do conhecimento passa, então, por sua capacitação como integrante do Governo Eletrônico (e-Gov), pois tal concepção estratégica dinamiza a gestão da coisa pública quando introduz a tecnologia da informação e comunicação para aumentar a relação da instituição com os receptores do serviço público. A utilização dessas tecnologias vem permitindo, em relação aos serviços prestados, uma melhoria da qualidade, a simplificação de procedimentos, a transparência e a facilidade no que se refere ao acesso às ações da força policial. Aliás, vem ao encontro de uma bem aceita consideração sobre o “e-Gov”:

Os principais fatores motivadores [...] são: melhoria da qualidade, segurança e rapidez dos serviços para o cidadão; simplificação dos procedimentos e diminuição da burocracia; avanço da cidadania; democracia da informação; transparência e otimização das ações de governo; facilidade de acessar o governo; integração dos órgãos de governo; aproximação com o cidadão; universalização do acesso à informação; [...]. (HOESCHL, 2002).

A prática da gestão estratégica do conhecimento na Polícia Militar de Santa Catarina se constitui em assunto organizacional novo, sendo que:

A questão da gestão do conhecimento no ambiente da Segurança Pública nunca foi abordada de forma contundente. Diversos fatores dificultaram o avanço dessa tecnologia, podendo ser afirmado que o mais importante está relacionado à questão cultural e comportamental das organizações que não sabem compartilhar conhecimento (FURTADO, 2002).

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organizacional é constituída pelos valores que ao longo do tempo foram construídos de forma coletiva e/ou individual. Essa mudança cultural deve envolver todos os atores na gestão do conhecimento, sendo que deve ser propiciado aos mesmos sentir que fazem parte de um processo sistêmico que ao final gerará ainda mais conhecimento. As pessoas envolvidas deverão perceber que o impacto das mudanças propiciará alterações políticas, estratégicas e comportamentais, tudo de forma organizada (SOUZA BUENO et al, 2004).

Com o entendimento de que a mudança cultural - para que se possa processar a gestão do conhecimento na forma descrita neste trabalho - passa pelo aprimoramento da tecnologia e da educação, esta Dissertação foca, a partir deste momento, nesses dois pontos. Sobre isso, assim diz o Plano de Comando (2011):

Reestruturar o modelo de gestão da tecnologia da informação, no sentido de que não apenas responda às demandas apresentadas, mas prospecte e apresente soluções tecnológicas que aprimorem a atividade operacional e administrativa da Corporação.

Ampliar a oferta de formação continuada (cursos, estágios e treinamentos presenciais e a distância).

Serão estes dois assuntos – tecnologia da informação e comunicação, bem como a educação a distância – o ponto nevrálgico da pesquisa a partir deste momento, buscando-se aglutiná-los para embasar a resposta à pergunta de pesquisa.

2.2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EaD)

2.2.1 Origem, as mídias, as tecnologias, conceitos e práticas

Uma síntese histórica no Brasil e no mundo

(48)

de Boston poderiam aprender suas lições em casa da mesma forma com que seus outros alunos o faziam em sua escola.

Moore e Kearsley (2007) citam o caso de um curso por correspondência na Suécia em 1833, além de outras experiências pelo mundo, dentre elas o serviço postal norte americano que, com a expansão das ferrovias a partir de 1880, deu confiabilidade a periodicidade do envio de materiais impressos. Traz também o caso específico da concessão de diplomas de bacharéis por correspondência pela Universidade do Estado de Nova Iorque – EUA no ano de 1883. Mas também há os casos como o de Chicago, no ano de 1881, quando a Universidade daquela cidade organizou um curso de Hebreu por correspondência. Logo em seguida, em 1889, agora no Canadá, o “Queen´s College” ofertou uma série de cursos a distância, pois os baixos custos e as grandes distâncias daquele país justificavam essa modalidade de ensino (LOYOLLA e PRATES, 1998). Ainda de acordo com Landim (1997), diversos autores asseveram que ensinar a distância pode ter surgido muito antes, quando Platão escrevia para Dionísio, ou então quando o Apóstolo Paulo escrevia suas epístolas para os primeiros cristãos.

De qualquer forma, a utilização de formas de ensino a distância, no século 19, tem sua ligação com a Era Industrial e com a descoberta de novas tecnologias e crescimento do conhecimento científico, que obrigava a formação de mão-de-obra qualificada para os desafios sociais e econômicos que surgiam (FRANCO et al, 2006).

Especificamente no Brasil, a educação a distância é relatada na bibliografia como tendo sua origem e disseminação no início do século XX, com a crescente proliferação dos meios de comunicação, como o rádio na década de vinte daquele século.

(49)

Ano Fatos importantes 1904 Cursos por correspondência: escolas internacionais. 1923 Criação da Rádio sociedade do Rio de Janeiro. 1934 Rádio-escola Municipal do Rio de Janeiro.

1937 Serviço de radiodifusão educativa do Ministério da Educação.

1939 Instituto Monitor, com oferta sistemática de cursos profissionalizantes a distância.

1941 Instituto Universal Brasileiro. Considerado o maior propagador de cursos profissionalizantes a distância. Universidade do Ar (RJ). Formação de professores leigos pelo rádio. 1943 A Voz da Profecia. Voltado para a evangelização.

1957 Sistema Rádio-educativo Nacional (SIRENA).

1961 Movimento de Educação de Base. Com material impresso de apoio para grupos locais 1967 Fundação do Centro Brasileiro de Televisão Educativa – MEC.

1970 Horário Educativo Nacional, com 30 minutos por dia. Sistema Nacional de Ensino por Correspondência.

1971 Criação da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional. Supletivo de 1º grau. 1972 Programa Nacional de Tele-educação do MEC.

1976 Sistema Nacional de Tele-educação do SENAC. 1978 Telecurso 2º grau.

1979 Alfabetização de adultos com o MOBRAL. Programa de Pós-graduação Tutorial a Distância. 1981 Telecurso 1º grau.

1987 Lançada a Universidade Vídeo pelo CNPq.

1988 Grupo de trabalho do MEC para tratar da educação a distância. 1990 Projeto piloto de utilização de satélite na educação (antena parabólica). 1992 Institucionalização do EAD pelo MEC no Brasil.

1993 Criação do Sistema Nacional de EAD. 1995 Criação da Associação Brasileira de EAD. Laboratório de EAD na UFSC.

1996 Lei ref. Diretrizes e Bases da Educação Nacional, incluída a EAD: Lei Federal nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

1999 Universidade Virtual Pública do Brasil (UNIREDE), com a união de 18 universidades públicas. 2000 Universidades Privadas passam a integrar a UNIREDE.

2003 Escola Digital Interativa.

2005 Decreto Federal nº. 5.622 que regulamentou a Lei Federal nº. 9.394. Criação da Universidade Aberta do Brasil. 2006 Início da oferta de cursos de graduação a distância.

2007 Documento para avaliação da Qualidade para o Ensino Superior a Distância.

Quadro nº. 4 – Síntese histórica da EAD no Brasil. Fonte: Lenzi (2010).

(50)

televisão, utilização de satélites e por fim o uso da internet e mídias modernas que alcançam as pessoas a qualquer tempo ou lugar. É o que os autores definem como as diversas gerações de EaD, sendo elas:  1ª Geração: tem sua origem com a descoberta da escrita, evidenciando-se com a troca de documentos entre pessoas que desejavam ter conhecimento de algo. Em um primeiro momento as informações eram colocadas de maneira manuscrita, passando, após a descoberta a imprensa, a ser impressas. A partir de 1880 dissemina-se a modalidade como sendo “Estudo por correspondência”, individualizando, efetivamente, o aprendizado (MOORE e KEARSLEY, 2007).

 2ª Geração: segundo Spanhol (2007), tem seu ponto forte no início do século XX com o surgimento das tecnologias de radiodifusão e televisivas. Em 1921 ocorreu a primeira autorização para transmissão radiofônica como emissora educacional na Universidade de Salt Lake City, em Utha –EUA. Em 1934 foi a vez da TV Educativa foi utilizada

no Estado de Iowa –EUA. Em 1938 ocorreu a primeira Conferência Internacional sobre Educação por Correspondência, na cidade de Vitória, capital de British Columbia, Canadá.

 3ª Geração: tem início nos anos de 1960, quando da criação da Universidade Aberta, como o caso da Inglaterra, onde se deu com sucesso e foi responsável pela propagação pelo mundo todo. Eram utilizadas técnicas que se valiam do áudio, vídeo, correspondência e, em alguns casos, da orientação presencial, sendo utilizada principalmente para e educação corporativa (MOORE e KEARSLEY, 2007).

 4ª Geração: deu-se a partir dos anos 1980, com a utilização das diversas plataformas midiáticas disponíveis na época, como a teleconferência. Havia uma interação síncrona entre os diversos atores do processo (alunos, professores e administradores (MOORE e KEARSLEY, 2007).

(51)

Resumidamente, a figura a seguir mostra as cinco gerações de EAD:

Figura nº. 4 - As cinco gerações de EAD. Fonte: Moore e Kearsley (2007).

Com essas considerações sobre os aspectos históricos da EaD, necessário se faz uma ambientação sobre a relação dessa modalidade de aprendizagem com as mídias e suas tecnologias. É o que se vê na continuação desta pesquisa.

As Mídias, as tecnologias e a Educação nos dias atuais

A educação de jovens e adultos sempre foi um tema posto em discussão ao longo da história. É preponderante a afirmação das pessoas de forma geral de que uma nação forte, independente e produtiva está intimamente ligada ao grau de educação de seu povo. Também é senso comum que de todas as atividades de responsabilidade do Estado, a educação deveria ocupar o primeiro lugar, sendo que, estando esta em patamar elevado, diminuir-se-iam os problemas com a saúde e segurança pública. Sobral (2000) diz que:

A educação é importante para o país enquanto condição de competitividade, no sentido de permitir a entrada no novo paradigma produtivo que é baseado, sobretudo, na dominação do conhecimento. Porém, a educação também é considerada relevante no que se refere ao seu papel de diminuição das desigualdades sociais, ou seja, como promotora de cidadania.

(52)

encontram-se sob nova ótica de gestão no que se refere ao preparo das pessoas para participar de um mundo cada vez mais globalizado. Sobre isso, Bohn (2011) assim se refere aos gestores da educação contemporânea, dizendo que os mesmos vêm

[...] realizando diversos estudos a respeito da necessidade de rediscutir métodos, avaliar processos de aprendizagem e direcionar o olhar para um prisma mais abrangente e flexível, buscando valorizar a totalidade, abstraindo a ótica ortodoxa e adentrando ao campo de pesquisa que esteja efetivamente condizente com as expectativas do público imerso às novas tecnologias da informação e que atenda a necessidade de resolução dos problemas das organizações.

Tori (2010) traz dois pontos de vista sobre a influência da mídia na aprendizagem. Em um primeiro momento discorre sobre a possibilidade de que não haja qualquer tipo de influência da mídia que possa contribuir para melhorar a aprendizagem, citando o raciocínio de Richard Clark que separa a mídia do método e da aprendizagem. Outro argumento, discordante de Clark e de autoria de Roberto Kozma, é de que o aluno impacta e é impactado ativamente pela mídia na construção do conhecimento. A corrente majoritária de pensadores, incluindo Tori (2010) entende que é difícil dissociar método de mídia, “o que a torna parte integrante, e influente, desse processo.”

O preparo das pessoas para lidar com a tecnologia é, nos dias atuais, assunto recorrente e que direciona os esforços para se ver o indivíduo incluído no que se refere à cidadania e democracia, diminuindo as desigualdades sociais. Freire (2008) assevera que os avanços tecnológicos empregados em prol da educação poderão formar indivíduos éticos e críticos na sociedade. O desafio reside em educar para uma realidade que não se encontra tão somente no mundo palpável, mas também no virtual, numa mistura incessante entre o real e o virtual (FANTIN, 2006).

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[...] aproveitando ao máximo as potencialidades comunicacionais e pedagógicas dos recursos técnicos: criação de materiais e estratégicas, metodologias, formação de educadores como professores, comunicadores, produtores, tutores, e produção de conhecimento.

A realidade brasileira, quando o assunto é inclusão digital, (assunto que será tratado neste trabalho logo adiante) revela existir distorções e dificuldades para a utilização das tecnologias da informação e comunicação disponíveis nos tempos modernos. As políticas públicas na área da educação têm buscado incluir alunos, escolas, professores e até mesmo suas famílias nesse processo. Mas as dificuldades encontradas residem na resistência ao uso dessas novas tecnologias, quer por falta de capacitação técnica, quer por restrições financeiras e até mesmo por má gestão dos recursos públicos (BOHN, 2010).

O ensinamento das novas tecnologias não deve se constituir em uma disciplina isolada. O desafio está em fazer com que sejam inseridas de forma transdisciplinar, maximizando o processo de ensino-aprendizagem, familiarizando o aluno com o mundo digital, sua interpretação das mensagens, sua estética e seu design (SAMPAIO, 1999).

Quando se fala em tecnologias da informação e comunicação ligadas ao processo ensino-aprendizagem, isso não quer dizer que somente se refere à EaD. Mas de uma forma geral, quando o aluno está utilizando tais tecnologias quase sempre se encontra caracterizado como um partícipe ativo concentrado naquilo que pretende aprender e, portanto, efetivamente individualizado. Por isso que o assunto invariavelmente é remetido aos conceitos da EaD. E é dessa forma que este estudo passa a tratar do assunto.

Dessa forma, as mídias estão se constituindo em um diferencial para as instituições de ensino, já que os recursos da informática passam a potencializar os ambientes de aprendizagem, em uma constante interação entre o aluno, o computador e seu ambiente virtual de aprendizagem. Nas palavras de Schruber Junior (2009),

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Como observado, a palavra chave é “integração” entre o ser humano e os agentes tecnológicos que o auxiliarão na busca do conhecimento. Com isso, elimina-se qualquer pensamento maniqueísta para se ver obrigado a decidir entre recusar a tecnologia ou aceitá-la incondicionalmente (GULARTE, 2007). Os recursos midiáticos disponíveis7 é que definirão o formato e a infraestrutura a ser empregados em um curso de EaD, incluindo a capacitação de profissionais e, muito importante, o perfil do universo digital de quem está aprendendo nesse ambiente virtual (VIDAL, 2002).

Explorando, então, a imersão do aluno nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), é de se considerar que uma das principais características desses ambientes está relacionada ao fato de que os agentes - aqui entendidos como alunos, professores e tutores - podem estar geograficamente separados. A mediação entre os agentes se dá através de um ambiente virtual de aprendizagem e o artefato de colaboração dinâmica - o conteúdo pedagógico (BASTOS, 2003). Uma definição de AVA é dada por Pereira (2007), quando diz que são “mídias que utilizam o ciberespaço para veicular conteúdos e permitir interação entre os agentes no processo de ensino e aprendizado”.

A implantação de um AVA possibilita a interação entre as diversas instituições de ensino, entre uma determinada instituição de ensino e seus alunos, e a comunicação e colaboração entre os alunos e professores. A interação entre aqueles que se conectam a rede mundial de computadores para aprender, passa a constituir um “todo orgânico”, onde os indivíduos são constantemente modificados e modificam a rede, construindo e reconstruindo relacionamentos. (DA COSTA E FRANCO, 2006).

Ampliando o conceito de AVA, Pereira (2007), afirma que: [...] a qualidade do processo educativo depende do envolvimento do aprendiz, da proposta pedagógica, dos materiais veiculados, da estrutura e qualidade de professores, tutores, monitores e equipe técnica, assim como das ferramentas e recursos tecnológicos utilizados no ambiente.

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pela restrição da atuação dos órgãos sensoriais humanos. (GEROSA, FUKS E DE LUCENA, 2003)

Para que se possa analisar a interação aluno” e “aluno-professor” nos AVA, se contextualizam os princípios teóricos da aprendizagem colaborativa como “inter-relação e interdependência dos seres humanos” que deverão ser solidários ao buscar caminhos para seu aprendizado (MORAN, 2009). Este processo privilegia uma relação dialógica e permite aos alunos e professores aprenderem a aprender, num processo coletivo para a construção do conhecimento. Técnicas pedagógicas sugerem que, além das concepções subjetivistas8, “o conhecimento passa a ser percebido na relação entre pessoas e não mais entre sujeito e objeto”, exigindo, portanto, “novas posturas e práticas educativas” (PEREIRA, 2007). Essa concepção inclui o diálogo como ferramenta indispensável no processo ensino-aprendizagem para favorecer a interação entre os agentes.

Segundo a compreensão dada pela teoria Vygotskyana, a intersubjetividade é: “o processo que denota o movimento de transformação, no qual o transformado passa a ser algo diferente sem excluir o que foi, e esse movimento na sua gênese parte do social para o sujeito” (VYGOTSKY, 1993). Ainda pela abordagem sócio-interacionista de Vygotsky, a aprendizagem é concebida pelo fenômeno da interação, por meio da internalização dos processos internos de desenvolvimento mental, que toma o corpo quando o sujeito-aluno interage com objetos e sujeitos em cooperação. Depois de internalizados, os conhecimentos passam a fazer parte do processo de desenvolvimento cognitivo do sujeito.

Vygotsky (1993) argumenta que a interação entre os pares se constitui em fator preponderante para a aprendizagem, notadamente quando cita a ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal9 como propiciadora da aprendizagem colaborativa. A interação social apresenta um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo, sendo que a aprendizagem colaborativa poderá ser robustamente fortalecida nos ambientes virtuais de aprendizagem se as atividades que favoreçam a socialização do conhecimento e a interação se baseiem nos pressupostos de Vygotsky.

Para tanto, pode ser destacada a preocupação com a elaboração dos materiais didáticos disponibilizados na rede, bem como com a facilitação para que ocorra a interação entre alunos através de fóruns,

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potencializadas quando, por exemplo, um aluno vir a modificar e contribuir na modalidade wiki (CORDEIRO e MOTTA, 2010).

Palazzo (2002) informa que a interação entre os agentes e o entendimento do conteúdo disponibilizado no AVA, pode ser facilitada pelos sistemas de hipermídia adaptativas, capazes de “promover a adaptação de conteúdos e recursos de hipermídia ao perfil de seus usuários”. A idéia central é que o AVA possa oferecer uma interface modelada de acordo com as necessidades de cada agente, adaptando estilos, conteúdos, recursos e links.

Após essas considerações, a pesquisa segue tratando mais especificamente da EaD a Distância com sua historiografia, conceitos, princípios, sistemas, bem como seus alcances e limitações.

Conceitos de EaD e sua aplicabilidade colaborativa

A definição legal, portanto jurídica, do termo EaD é encontrado no Decreto Federal nº. 5.622, de 10 de dezembro de 2005, que regulamenta a Lei Federal nº. 9.394, de 20 de dezembro de 2006, mais precisamente o seu artigo 80. Lá há a seguinte definição para a EaD:

[...] como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos BRASIL, 2005).

Além dessa definição, há as diversas outras cunhadas por estudiosos nacionais e estrangeiros, mas todas quase nada diferem em seus conceitos, partindo sempre da premissa de que se trata de um processo assíncrono, embora delimitado em um determinado período de tempo, e estando alunos e professores em locais diferentes.

Imagem

Figura 1 – Modelo SECI, mostrando a processo de conversão do conhecimento.
Figura 2 – “Ba” e suas quatro características.
Figura 3 – Lógica de gestão do Plano de Comando da Polícia Militar de Santa  Catarina
Figura nº. 7 – Página inicial de acesso ao AVA do Curso de Cabo.
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