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O IDOSO E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

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Academic year: 2020

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International Scientific Journal – ISSN: 1679-9844 Nº 3, volume 14, article nº 10, July/September 2019 D.O.I: http://dx.doi.org/10.6020/1679-9844/v14n3a10

Accepted: 26/12/2018 Published: 20/06/2019

THE ELDERLY AND NEW INFORMATION AND COMMUNICATION

TECHNOLOGIES

O IDOSO E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO

Sheila Campos de Souza1, Ari Gonçalves Neto2, Ana Carolina de Oliveira Lyrio3, Shirlena Campos de Souza Amaral4

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Fisioterapeuta. Mestranda no Programa de Pós-graduação em Cognição e Linguagem da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (PPGCL/UENF).

sheilacamposdesouza@gmail.com

2Advogado. Mestrando no Programa de Pós-graduação em Cognição e Linguagem da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (PPGCL/UENF). arigneto@gmail.com

3Pedagoga. Mestranda no Programa de Pós-graduação em Cognição e Linguagem da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (PPGCL/UENF). anacarolinalyrio2@gmail.com

4Docente do Curso de Pós-Graduação de Políticas Sociais do CCH – Uenf. Doutora em

Sociologia Política. shirlenacsa@gmail.com

Abstract: When it is proposed to discuss about the elderly, it is possible to list the various barriers that hinder their social, digital and other inclusion that form a cluster of complexities often considered insurmountable. Some of these difficulties can be noted through the then existing barrier to new technological apparatus. And the demands and questions often imposed by the family itself consolidate in certain cases stereotypes that affect the elderly. In this perspective, the present article contributes to the discussions regarding the insertion of the elderly in cyberspace, characterizing its limitations through the use of new technologies and the bonuses resulting from this inclusion.

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Resumo: Quando se propõe discutir sobre a pessoa idosa, é possível elencar as várias barreiras que dificultam sua inclusão social, digital e outras que formam um aglomerado de complexidades muitas vezes consideradas intransponíveis. Algumas dessas dificuldades podem ser notadas por meio da barreira então existente em relação aos novos aparatos tecnológicos. E as cobranças e indagações impostas muitas vezes pela própria família consolidam em certos casos estereótipos que afetam sobremodo a pessoa idosa. Nesta perspectiva, o presente artigo vem contribuir para as discussões afetas à inserção do idoso no ciberespaço, caracterizando suas limitações mediante o uso das novas tecnologias e os bônus decorrentes dessa inclusão.

Palavras-chave: Idoso; Ciberespaço; Novas tecnologias.

Considerações iniciais

Ao pensar na população idosa, percebe-se um crescente aumento mundial. O envelhecimento é hoje umas das grandes preocupações das sociedades. E por que não inserir esse idoso no ciberespaço, para interagir com as novas tecnologias existentes para então conseguirem uma melhor longevidade e qualidade de vida? No dizer dos pesquisadores do envelhecimento, ele se dá através de um processo normal, contudo, específico de cada ser humano. Para alguns, esse processo é mais natural, caracterizado de especificidades como as psíquicas, social, biológica e o tratamento em que esse indivíduo teve ao longo de sua vida.

Em verdade, vive-se em uma sociedade dotada de informações e comunicações, amparadas pela sociedade da informação e comunicação, que com o advento da globalização se expandiu e foi tornando o mundo cada vez mais refém de suas tecnologias e aparatos digitais. Há tempos atrás, os meios de comunicações se prendiam as televisões, o rádio, as cartas e as boas conversas nos fins de tarde com os vizinhos e parentes. Atualmente, não é preciso ficar mais a mercês de uma comunicação interpessoal com as pessoas, pois a tecnologia proporciona um leque de interação através de suas redes sociais por meio da internet.

Neste sentido, o presente artigo busca contribuir para as discussões afetas à inserção do idoso no ciberespaço, contribuindo para uma perspectiva de melhor interação entre eles e as novas tecnologias, perpassando pelo direito de acesso as novas tecnologias, em seguida por sua inserção no ciberespaço e por fim sobre o idoso e a informática em um espaço de trocas de informações e comunicações.

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A metodologia é bibliográfica, através de autores que discutem a problemática do envelhecimento e a inserção e interação do idoso no contexto das novas tecnologias.

1. O idoso e o direito de acesso as novas tecnologias

Inicialmente, registra-se que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 traz disposições sobre os direitos dos cidadãos brasileiros. E dentre os dispositivos constitucionais tem-se o artigo 205, III (BRASIL, CRFB, 1988), o qual dispõe sobre o direito à educação, assegurando-o como um dever do Estado e da família. Ademais disso, a previsão constitucional é no sentido de que a educação deve ser promovida e incentivada também pela colaboração da sociedade.

Além da Carta Política, o Estatuto do Idoso em seu artigo 3º (BRASIL, Lei nº. 10.741, 2003) assegura a participação alternativa, bem ainda a ocupação e o convívio das pessoas idosas com as novas gerações. Já o artigo 21, parágrafo primeiro, do Estatuto (BRASIL, Lei nº. 10.741, 2003), tutela que os cursos especiais para todos aqueles que estão inseridos na idade senil inclui conteúdo correspondente às novas técnicas de comunicação, informática e todos os outros avanços tecnológicos, com vistas a efetivar a integração dos idosos na vida contemporânea.

Em verdade, ao longo dos anos o conceito do que vem a ser cidadania restou construído e modificado como, por exemplo, no contexto grego antigo, ao passo em que neste aspecto apenas parcela pequena da sociedade usufruía de condições bastantes a esse exercício. E no período da Revolução Francesa o significado de cidadania era construído de modo disciplinar e hierárquico (WOLKMER, 2003).

Contemporaneamente, entende-se por cidadania a titularização pela pessoa humana de direitos. Ressalta-se que, a pessoa com deficiência, por outro lado, não pode ser vista mais como um ser dependente de cuidados de outrem, mas sim como uma pessoa humana digna e que possui identidade e direitos próprios. Ou seja, ser sujeito de direitos quer dizer que qualquer um possui o direito de titularizar direitos (UNESCO, 2007).

Ressalta-se, por oportuno, que não se pretende igualar o idoso à pessoa com deficiência. Pelo contrário. O que se propõe e analisar que tanto o idoso quanto as pessoas com deficiência são possuidoras de direitos e devem ser respeitadas por

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esta condição, como corolário da dignidade da pessoa humana. De modo que é responsabilidade e um dever do Estado, da família e da sociedade garantir aos idosos, particularmente, não apenas o acesso mais os instrumentos de permanência à educação de qualidade (MINOZZO, 2012).

Importante, ainda, pontuar que a necessidade de garantir o direito à educação, sobretudo, as novas tecnologias digitais, aos idosos também perpassa pela imprescindível necessidade de oportunizar o exercício do vínculo jurídico-político havido com o Estado, que é a cidadania.

Assim, a promoção de políticas públicas de inclusão digital configura-se uma importante ferramenta para o exercício do direito aos idosos usufruírem de todas as benesses que as novas formas de interação social podem ofertar, contudo, essas medidas ainda necessitam de especial atenção pelos gestores políticos.

2. O idoso e sua inclusão no ciberespaço

Atualmente, a longevidade humana vem sendo festejada por muitos. Entretanto, várias transformações sociais não foram favoráveis e estão sempre sendo observadas, levando em conta o período em que a vida humana vem perpassando em virtude das atualizações das rotinas.

Pensando nisso, pode-se observar que alguns fatores como a redução da família, o distanciamento existente entre pessoas que moram no mesmo bairro (seja por alguns padrões de vida solitária, medo ao se expor em meio a tantas violências e até mesmo a dificuldade de se locomover utilizando transporte público disponível), e entre outros fatores, acabam limitando os idosos a ter uma vida social ativa, com possibilidades de trocas humanas, encontros amorosos e eventos nos quais possam contribuir para sua autoestima (MINOZZO, 2012).

Em geral, a longevidade encontrada perpassa o período em que as atividades profissionais dos idosos foram realizadas e diminui pelo final de trabalho em que gerou uma renda financeira ao longo de suas vidas. Mas, se tratando da maioria, dadas as condições, são capazes de manterem ativos através de suas responsabilidades físicas, psicológicas e de produção que durante muito tempo, foram guardadas para essa fase (MINOZZO, 2012).

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Um fator importantíssimo para a preservação da saúde mental dos idosos, diz respeito aos encontros familiares, de amigos que sempre foram próximos, visitas de caráter exploratório em clubes, academias, museus e etc, de modo a resgatar em suas memórias, lembranças de um determinado tempo que lhe foi produtivo (MINOZZO, 2012). Assim, participar de movimentos em que encontrem pessoas da mesma idade para acontecer a troca de experiências também é um fator determinante, entre tanto, participar de projetos da terceira idade, cursos livres e aulas de danças, também contribuem para esse processo (MINOZZO, 2012).

Pensando nesse mundo com diversas possibilidades, não se pode esquecer das novas tecnologias, que podem se tornar uma ferramenta muito produtiva, promovendo a integração social, cultural e efetiva. Os espaços que antigamente eram tomados por “vazios”, podem ser preenchidos por aparatos tecnológicos que despertem um interesse em querer conhecer e interagir cada vez mais (MINOZZO, 2012). Com a globalização, a evolução tecnológica está transformando o ser humano cada vez mais, desde o século XX, e atualmente faz parte incondicional da qualidade de vida dos indivíduos que as usam. Os idosos, por exemplo, podem se comunicar com mais eficácia com suas famílias, sem precisar se deslocar, deixando seus lares cada vez mais interagidos com os meios de comunicação existentes, tornando-se mais integrante de um mundo em constante atualização (MINOZZO, 2012).

A população mais antiga tende a ir se tornando cada vez mais “velha”, ou melhor, “idosa” e tendem a querer se sentir cada vez mais pertencentes ao mesmo contexto social no qual já era inserido e, principalmente, se tornam cada vez mais interativas de tudo que acontece ao seu redor.

Em verdade, interatividade, se tornou a palavra mestre para internet, tornando-se diferente dos canais de comunicações até então disponíveis, como a televisão e o rádio. Pois, na internet os indivíduos são chamados a se relacionar, a se posicionar sobre algum assunto que foi lançado, a opinar sobre o novo, e a se surpreender com o que lhe parece ser novo e entusiasmado com a nova proposta e principalmente com as fantasias que são permitidas (SCHENKEL, 2009).

Os idosos quando inseridos nesses espaços, se tornam mais alegres e disponíveis para o mundo, se sentindo inserido nesse novo contexto. As redes sociais que hoje envolvem a internet, também proporcionam um novo canal de inclusão para essas pessoas, se tornando um espaço social para todas as idades e

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peculiaridades. Algumas redes são capazes de propiciar novas descobertas, ao ponto de desenvolver algumas limitações que os indivíduos possuíam com o passar dos anos e não tinham a coragem de se abrirem com outras pessoas, e através de relatos de outras pessoas na internet, começam a interagir melhor e a se comunicar com mais abertura (SCHENKEL, 2009).

Ao se pensar em juntar os idosos com as novas tecnologias, não se deve impor sobre o que eles são capazes de desenvolver ou não, apenas apresentar um mundo de possibilidades e de um recurso fantástico para que aconteça a interatividade sem nenhum espanto, e, aos poucos, os próprios idosos começam a querer conhecer cada vez mais, se disponibilizando para a curiosidade, e, assim, cada vez mais participam dos atrativos que são ofertados (SCHENKEL, 2009).

Segundo Pierre Lévy - o filósofo da virtualidade, “... a hominização, o processo de surgimento do gênero humano, não terminou, mas acelera-se de maneira brutal” (LÉVY, 2007, p. 15). Em concordância com o pensamento otimista de Lévy, percebe-se como acontece a atual fase de evolução do ser humano, através das vivencias oportunizadas pela era da informatização.

Segundo os autores Turckle (1997) e Romão Dias & Nicolaci da Costa (2005), os quais proporcionam algumas referências sobre as novas formas de estruturação da pós-modernidade. Segundo os autores, o indivíduo dispõe das características de exploração por meio de suas vivências virtuais, e estão cada vez mais passando por mudanças que aos poucos estão descentralizando as identidades atuais.

Portanto, ao oferecer aos idosos esse mundo de informações disponíveis através de interação, socialização e harmonia, se está contribuindo para novas formas de aprendizagens e de autoestima de várias pessoas, principalmente os idosos e a dar uma continuidade a uma vida efetivamente ativa e feliz, dando-lhes a oportunidade de escolha de mudança de paradigmas e de uma melhoria da convivência.

3. O idoso e as novas redes sociais digitais

O estilo de vida atual está permeado por grandes transformações, ao passo em que se assentou ser a era da tecnologia. Não existem mais barreiras culturais, muito menos políticas, óbices nacionalistas e, sobretudo, barreiras cronológicas. Em

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verdade, a quarta revolução industrial esta posta, qual seja, a revolução digital (SCHWAB, 2019).

Em verdade, a informática e as tecnologias digitais impactaram fortemente as relações humanas até então praticáveis dada a nova forma estabelecida para a comunicação (SCHWAB, 2019). Desse modo, os novos instrumentos de condução da comunicação potencializaram também a revolução da comunicação. E a internet como o novo canal de comunicação é um sistema de redes em franca expansão, interligando milhões de pessoas em novos espaços, criando, ainda, uma nova geografia mental (SCHWAB, 2019). Essas novas interações estão modificando a forma como as pessoas pensam, a sexualidade humana, a estruturação das comunidades humanas, e por que não dizer a própria identidade humana. A esse respeito, Drucker (2000, p. 09), dispõe sobre a importância da internet:

Ela será importante canal mundial de distribuição de bens, serviços e empregos. Já sentimos sua intervenção no sentido de transformar a economia, os mercados, nos produtos, serviços, nos valores e no comportamento dos consumidores; nos mercados de trabalho e de emprego. Fica evidente o seu impacto maior sobre a sociedade, a política e, sobretudo, sobre a visão que temos do mundo e de nós mesmos (DRUCKER, 2000, p. 09).

As pesquisas realizadas por Turckle (1997) já apresentavam as mudanças que as novas tecnologias digitais causariam no cotidiano dos indivíduos inseridos nesse constante processo de transformação ao apontar que:

A tecnologia catalisa alterações não só naquilo que fazemos, mas também na forma como pensamos. Modifica a percepção que as pessoas têm de si mesmas, uma das outras, e da sua relação com o mundo. A nova máquina que está por trás do sinal digital luminoso, ao contrário do relógio, do telescópio ou da locomotiva é uma máquina 'pensante'. Desafia não apenas as nossas noções de tempo e distância, mas também as da mente (TURKLE, 1997, p. 47).

Assim, os indivíduos com o passar dos anos e com os avanços da informática, da internet e das redes sociais digitais tem a construção do seu eu frente à tela do computador um dos instrumentos mais importantes como, por exemplo, em comparação, o palco é para o artista (SCHWAB, 2019). Além disso, essas inovações no campo da comunicação proporcionam o aumento das transformações do ser humano no todo. De modo que se tornou possível conectar-se ao computador subjetivo (SCHWAB, 2019).

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Veja-se que os computadores não se limitam a interagir com os usuários apenas pelos toques e formas de uso, mais também propõem formas de atuação segundo as preferências do usuário. Nesta perspectiva, indaga-se se o processo de construção da identidade dos indivíduos quando conectados ao mundo virtual passam a vivenciar múltiplas atribuições culturais, bem ainda como as referências passam a significar mais do que apenas estruturas externas (SCHWAB, 2019).

Selaibe nesta linha de intelecção, especialmente, no que se refere à multiplicidade de identidades e as novas subjetividades aborda que:

Os agenciamentos são múltiplos e se formam independentes de um modelo. Conforme vão se formando, vão-nos constituindo, vão constituindo o mundo, vão produzindo territórios existenciais (...) e o mundo, os existentes no mundo, são esses modos diversos. Assim, cada indivíduo na realidade são inúmeros indivíduos, são inúmeros modos de fluxos agenciados diferentemente a cada vez. Um indivíduo não é uma substância, uma lógica que possui uma identidade, um modelo que ele deveria repor constantemente no decorrer de sua existência. A identidade aqui é a re-petição da potência de agenciar diferentemente a cada vez, de expandir a potência (...) aí estamos no campo da produção, um campo onde o presente se produz e onde o devir está totalmente implicado (SELAIBE, 1988, p. 154).

Nesse momento, o indivíduo deixa de reproduzir a identidade e passa a se produzir e reproduzir. E surgem novas formas de pensar sobre as evoluções e relações entre os indivíduos, sobre a sexualidade, política e identidade.

Ademais disso, as novas formas de conceituação da importância do computador, da internet e das novas redes digitais no cotidiano e acerca das maneiras como este instrumento atua na (re) construção da identidade está a concepção trazida por Turkle:

Quando as pessoas adotam uma identidade on-line penetram num território prenhe de significados e implicações. Algumas experimentam uma sensação desconfortável de fragmentação, outras uma sensação de alívio. Algumas pressentem as possibilidades de auto-descoberta ou até autotransformação que se lhes oferecem (...) o número de pessoas que fazem experiências em torno da multiplicidade é maior do que nunca (...) a profusão de manifestações de multiplicidade na nossa cultura, incluindo a adoção de personalidades on-line, está a contribuir para uma revisão generalizada das noções unitárias, tradicionais, de identidade (TURCKLE, 1997, p. 108).

Assim, e considerando as novas possibilidades de multiplicação da identidade, o mundo virtual não é e não pode ser concebido como algo que aprisiona

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o indivíduo, mas como uma ferramenta de transposição a um novo espaço de maior liberdade. No entanto, a vida virtual não pode ser considerada como uma alternativa à vida cotidiana. Em verdade, deve ser utilizada a internet e as redes sociais digitais como um espaço de crescimento, bem ainda num ambiente onde se torna possível a projeção daquilo que se é na vida cotidiana. Arantes corroborando essa ideia escreve que em relação aos idosos:

A aprendizagem da informática pelos indivíduos mais velhos está se tornando um novo fenômeno social que vai merecendo espaço nos meios de comunicação. Cabe aqui um estudo sobre o tema, que não terá a pretensão de ser algo acabado, mas sim uma interpretação sobre a qual se poderá desenvolver outra, na medida em que se perceber a sua importância (ARANTES, 2000, p. 163).

Em verdade, são nas situações mais difíceis, de perda, tristeza e solidão que os idosos procuram soluções criativas para se regenerarem. E o computador, a internet, as novas tecnologias e o uso das redes sociais digitais são o instrumento mais utilizado a fim de alcançar essa finalidade. Messi, por sua vez, analisando este aspecto, afirma que o envelhecimento trata-se, sim, de um processo de idas e vindas, ganhos e perdas significativas, ao pontuar que:

O envelhecimento é um processo que se inscreve na temporalidade do indivíduo do começo ao fim da vida. É feito de uma sucessão de perdas e de aquisições (...) e uma perda não é sempre um término, muitas vezes engendra uma nova aquisição (MESSI, 1993, p. 179).

Assim, o idoso que possui os meios necessários que o permita substituir, sobretudo, as perdas, tem a possibilidade de encontrar uma nova oportunidade de um futuro melhor, rearticulando a existência e sendo um sujeito de desejos e autor de sua própria história. Somente assim a pessoa já inserida na idade senil apresentará condições para enfrentar as perdas, respeitando, sempre, as particularidades e singularidades de cada sujeito (MINOZZO, 2012).

Desse modo, aqueles que durante o processo de busca pela transformação se ocuparam em aprender sobre o uso das novas tecnologias digitais acabam, por consequência lógica e sequencial, rompendo com o estigma de velho e velhice. De modo que se engredram na busca de novas aquisições ofertas pelas novas tecnologias digitais (MESSI, 1993).

Percebe-se, assim, que em relação a todos aqueles já inseridos na fase senil da vida o acesso e uso das novas tecnologias propõem novos comportamentos e regras que não se encontram limitadas pelo tempo cronológico, pela idade. Pelo

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contrário. Forma-se um círculo de atuação no qual não há discriminação ou qualquer óbice de acesso, apenas interações sociais e constantes descobertas (MINOZZO, 2012). Assim, tudo o que foi e é construído de forma estereotipada em relação ao que supostamente é velho passa a ser renovado.

Em verdade, o que se observa pela realidade fática é que os idosos que veem nas novas tecnologias digitais oportunizadas pela internet um novo campo de descobertas e interações não pretendem mais retornar ao anterior estado de solidão, passividade e perdas (MINOZZO, 2012).

Assim sendo, a internet e todas as novas tecnologias trata-se de elementos da cultura do computador que apresenta a identidade como multiplicidade. Em verdade, a internet funciona como um lugar de bate-papo para os idosos, um lugar onde estes se sentem melhores e ativos.

A virtualidade, no entanto, não pode ser vista como algo aprisionador para o idoso, ou seja, o idoso não pode atuar apenas no mundo virtual. Isso não significa que o mundo virtual não seja um lugar de maior liberdade de atuação para o idoso, mas não pode ser o único lugar onde esse se expressa em todas as suas características particulares (MINOZZO, 2012).

As novas tecnologias não se referem a uma vida alternativa. Mais sim a um lugar de crescimento no qual é possível compreender melhor o que se projeta na vida cotidiana. Ao passo em que assim como um bom viajante, que, após regressar de uma terra longínqua, habitada por culturas diferentes e instigantes, retorna a sua vida real fortificado para compreender seus próprios obstáculos.

Considerações finais

Observa-se que a população mundial está envelhecendo a passos largos, proporcionalmente aos grandes avanços conquistados pelas novas tecnologias.

Assim, uma importante discussão que se impõe refere-se à inserção desta população envelhecida no mundo digital. Em verdade, sabido é das grandes dificuldades para este fim ser alcançado.

No entanto, as novas tecnologias digitais tem se apresentado como grandes e importantes instrumentos de socialização dos idosos, ao passo que neste ambiente há a possibilidade de interação, pesquisas, relacionamentos interpessoais, de modo

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que o idoso acaba sendo estimulado a descobrir tanto a forma como utilizar dessas novas redes sociais, bem ainda a se inserir de fato neste contexto.

É importante pontuar, que, políticas públicas efetivas nesse sentido são necessárias. A atuação do Estado em conjunto com as famílias de todos aqueles que estão inseridos na fase senil, bem ainda toda a sociedade é imprescindível para esta consecução.

Assim sendo, o que se propõe é garantir que o idoso viva não apenas as primeiras fases de sua vida ligado e interligado com o mundo e suas inovações, mais também quando na última fase da existência humana consiga usufruir dos mesmos direitos, como a máxima da preservação do axioma da dignidade da pessoa humana.

Referências

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DRUCKER, Peter (2000) “O Futuro já chegou”. Revista Exame, ano 34, n.º 6, São Paulo.

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MESSY, Jack (1993) A pessoa idosa não existe. São Paulo: Aleph.

MINOZZO, Leandro. Um novo envelhecer: tempo de ser feliz. Porto Alegre: Editora WS, 2012.

ROMÃO-DIAS, D.; NICOLACI-DA-COSTA, A. M. Eu posso me ver como sendo

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SCHENKEL, Cristiane Carla. Uso das tecnologias de informação e comunicação

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