Referência: Processo 50300.000928/2016-53
Interessado: Coordenadoria de Serviços Gerais – CSG
Assunto:
Contratação de serviços de limpeza e conservação na sede da
ANTAQ.
Ementa: Resposta ao Pedido de
Impugnação
interposto
pela
empresa
AGROSERVICE
EMPREITEIRA AGRICOLA LTDA.
.
Trata-se de Pedido de Impugnação apresentado pela empresa Agroservice Empreiteira
Agrícola contra o Edital de Pregão Eletrônico nº 01/2016, referente à contratação de
empresa especializada para prestação de serviços de limpeza e conservação na sede da
ANTAQ.
DAS RAZÕES RESUMIDAS DO PEDIDO:
1-
Alega que o subitem 4.2.1.4.3 do termo de referência, o qual prevê a atividade
de dedetização, desratização e controle de vetores em geral, está submetido a
legislação específica, qual seja a Resolução nº 52 da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária.
2-
Alega que a atividade de serviço de controle de vetores e pragas urbanas é
eminentemente poluidora, razão pela qual existe legislação e fiscalização
específica para evitar danos ao meio ambiente.
3-
Requer adequação do edital à legislação vigente, no que concerne o controle
de pragas e vetores.
DA FUNDAMENTAÇÃO DA RESPOSTA
4-
Com fito na realização de uma análise técnica e sistêmica da legislação aplicável
às licitações, mais especificamente ao pregão eletrônico e à atividade objeto do
certame, faz-se necessária a combinação de diversos instrumentos legais.
5-
A Lei de Licitações e Contratos (Lei 8.666/93, art.27) estabelece um rol taxativo
da documentação a ser exigida dos licitantes para fins de habilitação. Em seu
artigo 28, ao tratar da habilitação jurídica, prevê que esta consistirá em:
“V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para
funcionamento expedido pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir.”
Ainda nesta seara, o Estatuto (art. 30, IV) determina que a qualificação técnica
limite-se a, dentre outros:
“IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for
o caso.”
6-
Ante o exposto, infere-se que há a possibilidade de, em determinados casos,
exigir documentação que atenda a legislação especial. Esse entendimento se
coaduna com a jurisprudência do Tribunal de Contas da União, exarada nos
seguintes acórdãos:
9.2. com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, c/c o art. 45 da Lei 8.443/1992, fixar o prazo de quinze dias para que a Academia Militar das Agulhas Negras adote as providências necessárias ao saneamento da irregularidade identificada nestes autos, procedendo à alteração do edital do Pregão Presencial 052/2008 e sua republicação, de modo a contemplar o atendimento à legislação ambiental, notadamente, no que se refere à exigência de apresentação da licença de operação concedida pelo órgão ambiental do estado onde a licitante esteja localizada e/ou daquele onde os serviços serão prestados, conforme for o caso, e segundo dispuser a regulamentação ambiental específica, contemplando a autorização para o funcionamento de suas instalações e a prestação do serviço licitado, ou, alternativamente, proceda à anulação da licitação, em vista das irregularidades caracterizadas pela inobservância ao disposto nos arts. 28, inciso V, e 30, inciso IV, da Lei 8.666/1993, verificadas na elaboração do edital, o qual desprezou, para as atividades licitadas, a exigência da apresentação da
licença ambiental pelas empresas interessadas; 9.3. determinar à Academia Militar das Agulhas Negras que, nas futuras
licitações, observe o disposto nos arts. 28, inciso V, e 30, inciso IV, da Lei 8.666/1993, atentando para que as situações que envolvam aspectos referentes à legislação ambiental, especificamente no que se refere à exigência de apresentação da licença de operação concedida pelo órgão ambiental do estado onde a licitante esteja localizada e/ou daquele onde os serviços serão prestados, conforme for o caso, e segundo dispuser a regulamentação ambiental específica, contemplando a autorização para o funcionamento de suas instalações e a prestação do serviço licitado; (Data da Sessão: 18/2/2009 – Ordinária, AC-0247-07/09-P, AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI)
4.De fato, a exigência de alvará emitido pela vigilância sanitária e de licença ambiental de operação (respectivamente, alíneas “d” e “f” do subitem 12.9 do edital do Pregão Eletrônico nº 7/2010) encontra amparo na legislação pertinente e na jurisprudência desta Casa, não se constituindo em descumprimento ao referido acórdão, que vedou, entre outras exigências, a solicitação de licença ambiental para todos os licitantes do anterior Pregão Eletrônico nº 20/2009, enquanto tal item no Pregão Eletrônico nº7/2010 é exigido apenas do licitante vencedor, em conformidade com o art. 20, §1º, da Instrução Normativa – IN nº 2, de 30 de abril de 2008, da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação – SLTI do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que dispôs sobre regras e diretrizes para a contratação de serviços, estabelecendo em seu art. 20, § 1º (ACÓRDÃO Nº 125/2011 – TCU – Plenário, Ministro-Substituto André Luís de Carvalho)
7-
A Lei 6.360/76 dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os
medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos,
saneantes e outros produtos, e dá outras providências. A norma estatui:
Art. 1º Ficam sujeitos às normas de vigilância sanitária instituídas por esta Lei os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, definidos na Lei nº 5.991 de 17 de dezembro de 1973, bem como os produtos de higiene, os cosméticos, perfumes, saneantes domissanitários, produtos destinados à correção estética e outros adiante definidos.
Art. 2º Somente poderão extrair, produzir, fabricar, transformar, sintetizar, purificar, fracionar, embalar, reembalar, importar, exportar, armazenar ou expedir os produtos de que trata o art. 1º as empresas para tal fim autorizadas pelo Ministério da Saúde e cujos estabelecimentos hajam sido licenciados pelo órgão sanitário das Unidades Federativas em que se localizem.
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, além das definições estabelecidas nos incisos I, II, III, IV, V e VII do art. 4º da Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973, são adotadas as seguintes:
VII - Saneantes Domissanitários - Substâncias ou preparações destinadas à higienização, desinfecção ou desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos e/ou públicos, em lugares de uso comum e no tratamento da água compreendendo:
a) Inseticidas - destinados ao combate, à prevenção e ao controle dos insetos em habitações, recintos e lugares de uso público e suas cercanias;
b) Raticidas - destinados ao combate a ratos, camundongos e outros roedores, em domicílios, embarcações, recintos e lugares de uso público, contendo substâncias ativas, isoladas ou em associação, que não ofereçam risco à vida ou à saúde do homem e dos animais úteis de sangue quente, quando aplicados em conformidade com as recomendações contidas em sua apresentação;
c) Desinfetantes - destinados a destruir, indiscriminada ou seletivamente, microorganismos, quando aplicados em objetos inanimados ou ambientes; d) Detergentes - destinados a dissolver gorduras e à higiene de recipientes e vasilhas, e a aplicações de uso doméstico.
Art. 50. O funcionamento das empresas de que trata esta Lei dependerá de autorização da Anvisa, concedida mediante a solicitação de cadastramento de suas atividades, do pagamento da respectiva Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária e de outros requisitos definidos em regulamentação específica da Anvisa.
Parágrafo único. A autorização de que trata este artigo será válida para todo o território nacional e deverá ser atualizada conforme regulamentação específica da Anvisa. (Artigo com redação dada pela Lei nº 13.097, de 19/1/2015)
Art. 51. O licenciamento, pela autoridade local, dos estabelecimentos industriais ou comerciais que exerçam as atividades de que trata esta Lei, dependerá de haver sido autorizado o funcionamento da empresa pelo Ministério da Saúde e de serem atendidas, em cada estabelecimento, as exigências de caráter técnico e sanitário estabelecidas em regulamento e instruções do Ministério da Saúde, inclusive no tocante à efetiva assistência de responsáveis técnicos habilitados aos diversos setores de atividade.
Parágrafo único. Cada estabelecimento terá licença específica e independente, ainda que exista mais de um na mesma localidade, pertencente à mesma empresa.
8-
Por conseguinte, faz-se imperiosa a análise da legislação aplicável ao objeto
impugnado. Primeiramente, cabe a observância da Lei Distrital nº 3.978/07, a
qual prevê:
Art. 1º. Sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis, os estabelecimentos que executam as atividades dedicadas ao combate a insetos e roedores, limpeza e higienização de reservatórios de água, bem como manipulação de produtos químicos para limpeza e conservação, dependerão, para o desenvolvimento dessas atividades, da Licença para Funcionamento expedida pelo órgão competente de vigilância sanitária do Distrito Federal.
9-
Nessa mesma linha, aplica-se o disposto na Resolução nº 52 da ANVISA, in
verbis:
Art. 1º Fica aprovado o regulamento técnico para funcionamento de empresas especializadas na prestação de serviço de controle de vetores e pragas urbanas.
Art. 2º Este regulamento possui o objetivo de estabelecer diretrizes, definições e condições gerais para o funcionamento das empresas especializadas na prestação de serviço de controle de vetores e pragas urbanas, visando o cumprimento das Boas Práticas Operacionais, a fim de garantir a qualidade e segurança do serviço prestado e minimizar o impacto ao meio ambiente, à saúde do consumidor e do aplicador de produtos saneantes desinfestantes.
Art. 3º Este regulamento se aplica às empresas especializadas na prestação de serviço de controle de vetores e pragas urbanas, nos diversos ambientes, tais como indústrias em geral, instalações de produção, importação, exportação, manipulação, armazenagem, transporte, fracionamento, embalagem, distribuição, comercialização de alimentos, produtos farmacêuticos, produtos para saúde, perfumes, produtos para higiene e cosméticos para a saúde humana e animal, fornecedores de matéria-prima, áreas hospitalares, clínicas, clubes, "shopping centers", residências e condomínios residenciais e comerciais, veículos de transporte coletivo, aeronaves, embarcações, aeroportos, portos, instalações aduaneiras e portos secos, locais de entretenimento e órgãos públicos e privados, entre outros. Art. 4º Para efeito deste regulamento técnico, são adotadas as seguintes definições:
III - empresa especializada: pessoa jurídica devidamente constituída, licenciada pelos órgãos competentes da saúde e do meio ambiente, para prestar serviços de controle de vetores e pragas urbanas;
V - licença ambiental ou termo equivalente: documento que licencia a empresa especializada a exercer atividade de prestação de serviços de controle de vetores e pragas urbanas, que é concedida pelo órgão ambiental competente;
VI - licença sanitária ou termo equivalente: documento que licencia a empresa especializada a exercer atividade de prestação de serviços de controle de vetores e pragas urbanas, que é concedida pelo órgão sanitário competente; Art.5º A empresa especializada somente pode funcionar depois de devidamente licenciada junto à autoridade sanitária e ambiental competente.
Art. 6º A contratação de prestação de serviço de controle de vetores e pragas urbanas somente pode ser efetuada com empresa especializada.
10- Logo, percebe-se que, embora a atividade em pauta não se mostre a principal
do objeto, sua execução não pode deixar de observar as exigências legais que a
ela se aplicam.
DA DECISÃO DO PREGOEIRO
11- Em virtude dos fatos ora apresentados, julga-se PROCEDENTE a impugnação
tempestivamente interposta, por restar comprovada a exigência de
cumprimento de legislação específica atinente a parte do objeto da licitação.
12- Em atendimento à Lei Distrital 3.978/07, inserir-se-á os seguintes subitens no
tocante à habilitação:
8.7.5 Apresentar licença de funcionamento expedida pelo Órgão de Vigilância Sanitária do Distrito Federal, conforme Lei Distrital nº 3.978 de 29 de março de 2007.
8.7.6 Declaração de que cumpre o disposto na RDC nº 52/2009 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), bem como toda a legislação aplicável à execução das atividades presentes no plano de trabalho, especialmente no que tange os aspectos ambientais.