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O DISCURSO PAULINO E A FORMAÇÃO DE CONCEITOS NA COMUNIDADE DE CORINTO: A QUESTÃO DA LIBERDADE

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O DISCURSO PAULINO E A FORMAÇÃO DE CONCEITOS NA COMUNIDADE DE CORINTO: A QUESTÃO DA LIBERDADE

Camila Karina Marcelo da Cruz Orientadora: Prof.ª Dr.ª Monica Selvatici

RESUMO

O Império Romano é, no século I d.C.,detentor do poder político sobre grande parte do mundo antigo: impõe determinações, governos, regras sociais e hierárquicas rígidas.

No aspecto religioso, o mundo romano se divide entre adeptos do politeísmo, que participam das festas, cultos e sacrifícios ao panteão de deuses romanos e os judeus que possuíam o direito ao culto monoteísta.

Personagem deste período, a figura que elegemos para este estudo é Paulo de Tarso, um judeu que se converte ao cristianismo, de perseguidor se torna o maior divulgador da mensagem cristã a várias cidades da Ásia Menor e do litoral do mar Egeu.

Seu escrito à comunidade cristã de Corinto é a fonte que analisamos para compreender os conceitos de liberdade e escravidão, presentes no discurso por ele elaborado na divulgação da fé cristã.

Ao estudarmos o discurso paulino, encontramos na documentação escrita material para análise de questões sociais vivenciadas por pessoas que com Paulo conviviam, quer fosse de forma pacífica ou entre debates acalorados. Palavras chave: Discurso, Religiosidade, Liberdade.

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Ao fazer história, o historiador, bem como o artesão que molda a obra, se propõe a interpretar os fatos do passado, usando em seu próprio tempo, ferramentas próprias, desconhecidas dos protagonistas iniciais, dos sujeitos históricos, a fim de responder algumas perguntas e, ao realizar sua obra, percebe que novas dúvidas surgem. Nesse constante inacabamento, surge à pesquisa histórica, são definidos os objetos, são analisadas as fontes e a historiografia sobre o tema e, assim, a história é escrita. Sempre como um observador pós-fato, essa narrativa não se torna isenta, visto que a interpretação do autor já existe com a narrativa e o trabalho historiográfico que realizamos recebe a narrativa interpretada.

Para interpretar os fatos históricos, uma das perspectivas que temos hoje são os estudos orientados pela chamada nova história. Jacques Le Goff, um dos seus maiores difusores, demonstra o conceito da história nova como sendo:

[...] A história nova ampliou o campo do documento histórico; ela substituiu a história [...] fundada essencialmente nos textos, no documento escrito, por uma história baseada numa multiplicidade de documentos: escritos de todos os tipos, documentos figurados, produtos de escavações arqueológicas, documentos orais, etc. Uma estatística, uma curva de preço, uma fotografia, um filme, ou, para um passado mais distante, um pólen fóssil, uma ferramenta, um ex-voto são para a história nova, documentos de primeira ordem. [...] (LE GOFF, 2005, p.36-37).

À medida que os estudos históricos se apropriam destas ferramentas, a junção entre as ciências humanas torna-se mais próxima, dando ao historiador a chance de aplicar métodos de diversas disciplinas, tais como, antropologia, sociologia, literatura, entre outros. Essas técnicas e seus métodos de estudos nos auxiliarão na interpretação dos escritos paulinos, textos estes que serão nossa fonte de estudo.

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Dentre as várias divisões da escrita histórica em correntes historiográficas, nosso enfoque é a nova história cultural.

Nossa visão acerca de cultura é a definição do antropólogo Clifford Geertz (1973, p.15) que nos diz:

O conceito de cultura que eu defendo, (...) é essencialmente semiótico. Acreditando, como Marx Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e sua análise, portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa à procura do significado.

Uma aplicação do conceito de cultura para o tratamento de textos de história antiga é a que lemos a partir de Pedro Paulo Funari (2010: 13) que diz:

Partindo do pressuposto que as pessoas de um mesmo grupo compartilham valores, dos quais se sentem partícipes, formulou–se o conceito de “pertencimento” (belonging). Essas abordagens foram chamadas de normativas por pressuporem que as pessoas aceitam normas de conduta do grupo humano do qual fazem parte.

A partir deste ponto de vista tais pessoas estão produzindo cultura no seu tempo e espaço1.

Para analisar a questão do discurso, a opção adotada é a obra de Foucault que versa sobre o tema, pois Foucault não analisa o discurso – falado ou escrito – simplesmente como uma junção ocasional de palavras, ele analisa o complexo contexto que origina tais discursos. Em uma aplicação direta as nossas fontes de estudo, seguindo a leitura de Foucault, o apóstolo Paulo não estava simplesmente escrevendo cartas, mas sim numa relação

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entre texto e realidade social, se comunicando com a sociedade e, pelos seus escritos, sendo capaz de produzir práticas.

As digressões histórico-filosóficas de Foucault sobre a ‘ordem do discurso’, denotando a natureza discursiva ou textualizada da realidade, transformaram a questão da relação entre texto e contexto no centro das atenções dos assim chamados historiadores culturais ou pós-estruturalistas exatamente porque diluíram ou, ainda mais drasticamente, porque aboliram as fronteiras entre texto e mundo social. Este mundo social se tornava agora um universo textualizado. (SELVATICI, 2010, p. 260).

Para estudarmos os textos e extrairmos dele a análise interpretativa recorrendo à análise do discurso, utilizaremos as obras Michel Foucault que versam sobre o tema. Para Foucault:

...gostaria de mostrar que o discurso não é uma estreita superfície de contato, ou de confronto entre uma realidade e uma língua, o intricamento entre um léxico e uma experiência; gostaria de mostrar por meio de exemplos precisos, que, analisando os próprios discursos, vemos se desfazerem os laços aparentemente tão fortes entre as palavras e as coisas, e destacar-se um conjunto de regras, próprias da prática discursiva. [...] não mais tratar os discursos como conjunto de signos (elementos significantes que remetem a conteúdos ou a representações), mas como práticas que formam sistematicamente os objetos de que falam. Certamente os discursos são feitos de signos; mas o que fazem é mais que utilizar esses signos para designar coisas. É esse mais que os tornam irredutíveis à língua e ao ato da fala. É esse mais que é preciso fazer aparecer e que é preciso descrever. (FOUCAULT, 1986, p. 56)

Sob essa perspectiva de Foucault, o tratamento do discurso paulino torna-se capaz de revelar a sociedade, com suas ligações e inter-relações entre os personagens deste momento histórico e a cultura por eles

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produzida tendo como fim a comunidade (ekklesia) cristã de Corinto no primeiro século.

Se Paulo é controverso em seus relatos, pois uma parte de seus escritos apresenta temas polêmicos, as cartas aos coríntios compõem um material amplo para a análise desta comunidade em específico, pois mostram o discurso utilizado por Paulo para remediar conflitos internos, que consequentemente refletem conflitos sociais mais amplos existentes na cidade de Corinto.

Sobre a comunidade cristã de Corinto temos a maior documentação escrita por Paulo, duas dessas cartas encontram-se no Novo Testamento. Durante sua terceira viagem missionária, estando Paulo em Éfeso, recebe notícias da comunidade de Corinto, de três fontes distintas2, que narram dissensões e interpretações discrepantes dos ensinamentos ministrados. De posse destas informações, Paulo escreve uma carta por volta de 55 d.C.

Paulo escreve novamente aos coríntios provavelmente entre o fim do verão e início do outono de 55 d.C., quando deixa Éfeso partindo para a Macedônia, onde Tito traz a ele notícias da repercussão da primeira carta na comunidade3. Após essa carta Paulo visita novamente Corinto por volta de 56 d.C. quando escreve a carta aos Romanos4.

Muitos estudos foram realizados para verificar a autenticidade da escrita paulina, bem como da quantidade de cartas escritas pelo missionário cristão. A própria documentação propõe a existência de outras duas cartas. Segundo Murphy–O’Connor (2000), em 1776 com a declaração de que a carta de 2º Coríntios eram, na verdade, duas cartas independentes, as hipóteses acerca desta documentação tornaram-se cada vez mais complexas

2 As fontes de informações de Paulo descritas na documentação são: “os da casa de Cloé” (1Co 1,11), a

carta enviada pelos coríntios (1Co 7,1) e a delegação composta por Estéfanas , Fortunato e Acaio (1Co.16,17).

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se a proposição de que originalmente a correspondência coríntia contava com nove cartas. Como referencial ao nosso estudo adotamos a documentação da forma que aparece na compilação bíblica, duas cartas escritas à comunidade e os textos como aparecem na ordem dos assuntos tratados.

Corinto não é escolhida por acaso, neste período conforme nos relata Crossan (2007: 49) “a fluidez de pessoas, ideias e expressões religiosas do leste para oeste e vice-versa, o que certamente contribuiu para a escolha de Corinto como um importante centro das atividades missionárias cristãs de Paulo”. Ao deixar Atenas e se dirigir a Corinto, Paulo já possui experiências acumuladas em outras comunidades5, porém os problemas enfrentados por Paulo nesta comunidade, em específico, derivam em grande parte da vida social da cidade.

A cidade de Corinto é destruída pelos romanos em 146 a.C. e uma colônia romana é fundada no mesmo espaço geográfico por Júlio César em 44 d.C. ganhando destaque na região da Acaia e estreitando os laços entre Roma e o Oriente. Corinto não herda somente a arquitetura ou os costumes romanos, em sua reconstrução também estão presentes as estruturas de organização política.

Sobre a composição da sociedade, alguns relatos mostram a presença de escravos, libertos, comerciantes – dado o perfil portuário e o desenvolvimento comercial no período – pessoas de vários níveis de riqueza, bem como gentios e judeus. O próprio apóstolo nos mostra essas características quando escreve em 1º Co 1:26 “Não há entre vós nem muitos sábios aos olhos dos homens, nem muitos poderosos, nem muita gente de família distinta.” Nestas informações, o quebra-cabeça historiográfico começa a se delinear. Com análises socioeconômicas e religiosas podemos penetrar a história da comunidade cristã de Corinto no primeiro século.

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Dentro da cidade de Corinto encontramos várias práticas religiosas convivendo ao mesmo tempo: o os cultos politeístas, o judaísmo e o movimento cristão. A reelaboração da identidade dos membros da comunidade cristã em face de essa miscelânea de religiões ocorre de forma fluída e elástica.

Paulo usa seu discurso com a função de criar dentro da comunidade a crença em Jesus como o Cristo, o messias esperado e agora revelado, ele afirma isso e diferencia a sabedoria humana utilizada tanto por gregos como judeus e exalta a sabedoria espiritual que aceita esse fato (1ºCo 1:21-25). Porém Paulo não abandona, de forma alguma, os ensinamentos judaicos, ele reelabora as profecias judaicas, várias vezes com o uso de textos judaicos que tratam da expectativa messiânica, mas atestando que o cumprimento dessa profecia ocorre com a crucificação e ressurreição de Jesus. Bem como uma nova realidade para os membros desta comunidade manifesta na aceitação de Jesus como messias, seu discurso estabelece normas para a vida dentro do mundo romano. Não que seu interesse primordial fosse criar uma série de restrições como as encontradas no judaísmo, fato esse que não combinaria com a característica acolhedora do cristianismo primitivo, mas com práticas morais e ideológicas que se fundamentam na religiosidade e espiritualidade da ekklesia cristã que integra a cidade de Corinto.

A partir deste momento histórico refletimos sobre os conceitos, entre eles, a escravidão e liberdade da Roma Antiga e os valores sociais agregados ao tema6, e sobre o conceito de liberdade espiritual instituído por

Paulo através do abandono de práticas pagãs e do seguimento de doutrinas e regras morais da ekklesia – em grande parte presentes no judaísmo em confronto às práticas romanas. A cultura é, desta forma, interpretada na relação entre os acontecimentos descritos e o tratamento estabelecido através do discurso paulino.

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Os conflitos existentes nas cartas aos coríntios não apresentam somente uma conotação, tratam-se de assuntos variados onde a junção de valores originados na concepção judaica é reelaborada, revista e aplicada na interpretação7 de Paulo para resolver as situações problemáticas que

aparecem naquela comunidade.

Entre os temas que merecem destaque é uma referência constante a utilização dos termos liberdade, escravo e servo na escrita paulina. Por exemplo, o termo liberdade é utilizado no tratamento a assuntos como: fornicação, circuncisão, comidas sacrificadas a ídolos, vida apostólica, edificação dos novos convertidos.

O estudo se propõe, assim, a analisar o conceito de liberdade usado por Paulo em suas cartas a Corinto, nos aspectos sociais (escravidão X liberdade) e também ideológicos (vontade X escolha).

Para compreender essa noção de liberdade nos escritos paulinos é necessário efetuar a interpretação de diversas ocasiões em que a palavra liberdade aparece, e qual o sentido que é dado à liberdade.

Os relatos paulinos nos mostram que os conflitos normalmente são gerados neste ponto: a questão da interpretação sobre os novos ensinamentos que estão sendo ministrados, por exemplo, a carne sacrificada aos ídolos. Partindo de um questionamento proveniente da comunidade, Paulo elucida a questão através da sua interpretação do fato. Ele orienta aos fiéis da comunidade a alimentar-se de tal carne se necessário, mas desde que essa prática não se torne escândalo. Em seu texto encontramos a seguinte referência: 1ºCo 8:7-9 “7 Mas nem todos têm a ciência. Alguns habituados há

pouco, ao culto dos ídolos, comem a carne do sacrifício como se fosse realmente oferecida aos ídolos, e sua consciência, que é fraca, mancha-se.

8Não é um alimento que nos fará comparecer para julgamento diante de Deus:

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O tema é discutido em minha monografia. Ver CRUZ, Camila K. M. da. A fluidez da identidade nos

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se deixamos de comer nada perdemos; e, se comemos nada lucramos. 9Tomai

cuidado, porém para que essa liberdade não se torne ocasião de queda para os fracos.”

Muito além de um jogo de estilo literário, o uso dos termos liberdade e escravidão compreendem regras de conduta, concessões e restrições por parte de Paulo que devem se fazer presentes na comunidade cristã de Corinto durante o primeiro século. Duas de suas passagens na primeira carta aos coríntios mostram essa situação: 1ºCo 6:12 “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo me é permitido mas não me deixarei escravizar por coisa alguma” e 1ºCo 10:23 “Tudo é permitido, mas nem tudo convém. Tudo é permitido, mas nem tudo edifica.”

Paulo possui nesse momento o seu discurso para transmitir sua reinterpretação das práticas religiosas – práticas essas de origem judaica, mas com a crença de que Jesus era verdadeiramente o messias esperado – e, por meio da pregação realizada e das cartas enviadas, transmite seus valores.

Baseado nos valores que integram sua identidade – elástica e fluída como já mencionamos – o apóstolo Paulo usa o discurso como forma de disseminação das práticas aceitas por ele às comunidades. A riqueza encontrada nas epístolas aos coríntios, em especial, se deve a variedade de situações, acontecimentos, questionamentos que permitem a elaboração da teologia aplicada a ekklesia de Corinto.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Fonte:

Bíblia de Jerusalém. Nova edição revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2008. Bibliografia:

CROSSAN, J. Dominic; REED, Jonathan L. Em busca de Paulo. São Paulo: Paulinas, 2007

CRUZ, Camila K. M. da. A fluidez da identidade nos escritos paulinos: uma análise das evidências nas epístolas aos Gálatas e Romanos: UEL, 2011 (monografia de Especialização).

FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense, 1986. FUNARI, Pedro Paulo. O Jesus Histórico e a contribuição da Arqueologia. In: CHEVITARESE, A., CORNELLI, G. & SELVATICI, M. (orgs.) Jesus de Nazaré: Uma outra história. São Paulo: Annablume/FAPESP, 2006.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das Culturas. Zahar: Rio de Janeiro, 1973. HUNT, Lynn. A Nova História Cultural. Trad. Jefferson Luis Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1992.

JOLY, Fábio Duarte. A escravidão na Roma antiga: política, economia e cultura. São Paulo: Alameda Editorial, 2005.

LE GOFF, Jacques (dir.). A história nova. Trad. Eduardo Brandão. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

MURPHY–O’CONNOR, Jerome. Paulo: Biografia Crítica. São Paulo: Loyola, 2000.

SELVATICI, Monica. Judeus helenistas cristãos e judeus helenistas não cristãos. In: NOGUEIRA, FUNARI, COLLINS (orgs.), Identidade Fluídas no Judaísmo Antigo e no Cristianismo Primitivo. São Paulo: Annablume; FAPESP, 2010.

Referências

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