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MICHAEL VANDESTEEN SILVA SOUTO

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO

ANÁLISE MULTITEMPORAL DOS ELEMENTOS GEOAMBIENTAIS DA

DINÂMICA COSTEIRA DA REGIÃO DA PONTA DO TUBARÃO, MUNICÍPIO

DE MACAU/RN, COM BASE EM PRODUTOS DE SENSORIAMENTO

REMOTO E INTEGRAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Autor:

MICHAEL VANDESTEEN SILVA SOUTO

Orientador/Supervisor:

Prof. Dr. Venerando Eustáquio Amaro (DG / UFRN)

Co-Orientadora:

Profa. Dra. Helenice Vital (DG / UFRN)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO

ANÁLISE MULTITEMPORAL DOS ELEMENTOS GEOAMBIENTAIS DA

DINÂMICA COSTEIRA DA REGIÃO DA PONTA DO TUBARÃO, MUNICÍPIO

DE MACAU/RN, COM BASE EM PRODUTOS DE SENSORIAMENTO

REMOTO E INTEGRAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Autor:

MICHAEL VANDESTEEN SILVA SOUTO

Relatório de Graduação do Curso de Geologia, financiado pelo projeto MARPETRO (FINEP/PETROBRAS/ CTPETRO) e pelo PRH-22/ANP.

Comissão Examinadora:

Prof. Dr. Venerando Eustáquio Amaro (DG / UFRN - Orientador)

Profa. Dra. Helenice Vital (DG / UFRN)

Miriam Cunha do Nascimento (SMS / UN-RNCE / PETROBRAS)

(3)

i

RESUMO

A área de estudo está inserida na região de Macau no litoral setentrional do Estado do Rio Grande do Norte, composta por sedimentos terciários e quaternários. Esta região é caracterizada pela intensa ação dos processos costeiros, ocasionando a instabilidade morfológica em boa parte da área, além da interferência de atividades antrópicas, destacando-se o pólo industrial petrolífero, salineiro e a expansão da carcinicultura na região. O que justifica a integração de estudos científicos multidisciplinares e multitemporais detalhados na avaliação do comportamento evolutivo desse ambiente costeiro. Este estudo de caracterização ambiental é fundamental na identificação de áreas para proteção e recuperação, principalmente aquelas que sofrem intervenção sócio-econômica.

O principal objetivo deste Relatório de Graduação foi o monitoramento geoambiental por meio da análise de imagens multitemporais (1989, 2000 e 2001) de sensores orbitais georreferenciados, a partir das cartas topográficas (SUDENE D-II Macau e SB-24-X-D-III São Bento do Norte, ambas com escala de 1:100.000) e fotografias de levantamentos aéreos de baixa altitude. Esses produtos sensores foram analisados por meio de técnicas processamento digital de imagem (PDI), para produção de mapas índices (Uso e Ocupação de Solo, Geologia, Geomorfologia e Pedologia) e vulnerabilidade ambiental à ocupação sócio-econômica, visando determinar quais áreas apresentam-se mais susceptíveis e/ou danificadas. Os diversos mapas temáticos elaborados foram produzidos com escala de 1:50.000 e armazenados em banco de dados georreferenciados composto em SIG, sendo utilizado como fonte de consultas na tomada de decisões sobre a sustentabilidade ambiental da região e na elaboração de Mapas de Sensibilidade do Litoral ao Derramamento de Óleo.

A aplicação destas técnicas na área em questão possibilita a otimização e implantação de novas atividades sócio-econômicas, gerando menos impacto ambiental, resguardando áreas de proteção ambiental e beneficiando os investidores com uma melhor produtividade e segurança na seleção de áreas.

(4)

ii

ABSTRACT

The study area is inserted on the region of Macau in the northern coast of the Rio Grande do Norte State, composed of tertiary and quaternary sediments. This region is characterized by the intense action of coastal processes, causing the morphologic instability in the area beyond the interference of human activities, petroliferous industry, salt companies and the expansion of shrimp farms. This situation justifies the integration of scientific multidisciplinary and multitemporal studies to the evaluation of the changing behavior of this coastal environment. This study of environmental characterization is a basic tool to the identification of areas for protection and recovery, mainly those that suffer huge social-economic intervention.

The main goal of this Graduation Report was the geoenvironmental monitoring by the analysis of multitemporal images (from years 1989, 2000 and 2001) of georeferencing orbital sensors, from the topographic maps (SUDENE SB-24-X-D-II Macau and SB-24-X-D-III São Bento do Norte, both with 1:100.000 scale) and photos from low altitude aerial surveys. These sensors products had been analyzed by through digital image processing techniques to produce index maps (land use, geology, geomorphology and soil) and environmental vulnerability to the social-economic occupation, aiming to determine sensitive and/or damaged areas. The thematic maps had been produced on 1:50.000 scale and stored in georeferencing database composed in a GIS, being used as source of consultations in a decision making to the environmental sustainable of the region and on Oil-Spill Environmental Sensitivity Maps of the Coast Areas.

The application of these techniques in the area allowed the optimization and/or implantation of social-economic activities causing low environmental impact, avoiding environmental protected areas and benefiting the investors with better productivity and security in areas selection.

(5)

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por Ele ser meu companheiro nas horas mais difíceis da minha vida e por Ele sempre me dar força a todo instante que preciso.

A toda minha família, em especial, aos meus avós Maria Correia e Pedro Leonardo. A minha mãe que tanto amo, minhas irmãs Michelle e Alessandra (amo muito as duas), meus tios e tias, meus primos e sobrinhos, adoro vocês. Obrigado por eu fazer parte desta família.

Agradeço a minha esposa Ursula por compartilhar das minhas alegrias e tristezas. Obrigado.

Agradeço a minha filha Ingrid, a quem sou louco de paixão. Obrigado por fazer parte da minha vida. Você é e sempre será especial para mim. Beijos.

Aos meus verdadeiros amigos: Carol, Manu, Solon, Mosca, Lidiane, Alexandre, Adriana, Norberto, Mourão, Sandra, Saionara, Keise, Breno e Cecy, vocês sempre estão nos meus pensamentos. Obrigado.

Agradeço aos meus novos amigos Angélica, Alfredo e Armando pela força, ajuda e companhia, o meu obrigado.

O meu obrigado a Eugênio Pacelli por me ajudar a ingressar no Laboratório de Geoprocessamento.

Aos meus orientadores Venerando e Helenice, por acreditarem no meu potencial e na confiança que me passam. Obrigado.

A todo corpo docente do Departamento de Geologia, em especial aos excelentes professores com quem tive a oportunidade de estudar: Valéria Córdoba, Antônio Galindo, Emanuel Jardim de Sá, Francisco Pinheiro, Jaziel Sá, Zorano Sérgio, Adalton e Raquel.

Aos funcionários do departamento pela amizade e aos serviços prestados, principalmente a Dedé e Clodoaldo, valeu.

Agradeço a Miriam e Iracema que contribuíram bastante para elaboração deste relatório. Muito obrigado.

O meu obrigado também vai para Marcos, Vlademir, Flávia Taone e Marcelo Chaves da pós-graduação.

E por fim, agradeço à Agência Nacional do Petróleo (ANP) pela concessão de bolsa de iniciação científica e ao FINEP/PETROBRAS/CTPETRO pelo suporte financeiro através do projeto MARPETRO.

(6)

iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Figura de localização da área... 01 Figura 1.2 - Fluxograma da metodologia adotada para este trabalho... 04 Figura 1.3 - Índice das cartas topográficas do Estado do Rio Grande do Norte. Em destaque as Cartasutilizadas para execução deste trabalho... 06 Figura 3.1 - Mapa geológico simplificado da Bacia Potiguar. SPA, sedimentos de praia e alu- viais. Compilado de Dantas (1998)... 17 Figura 3.2 - Coluna litoestratigráfica da Bacia Potiguas (modificada de Araripe e Feijó 1994).... 20 Figura 3.3 - Evolução da separação dos continentes Sul-Americano e Africano. Compilado de Szatimari e Françolin (1987)... 22 Figura 3.4 - Evolução tectônica das Bacias do Nordeste Oriental segundo (Matos 1994)... 24 Figura 3.5 - Modelo para origem da discordância pós-Jandaíra. (A) Caracteriza a passagem do centro de espalhamento em frente à Bacia Potiguar, causando o aquecimento, o soerguimento e erosão dos sedimentos; (B) Início do resfriamento e subsidência da Bacia Potiguar após a

passagem do centro de espalhamento. Compilado de Cremonini e Karner (1995)... 25 Figura 3.6 - Coluna Crono-Estratigráfica da Área de Estudo... 26 Figura 3.7 - Falésia de Chico Martins, localizada a frente à Ilha Barreira da Ponta do Tubarão, no Ponto 23 (Anexo 03). Da base para o topo: Fm Tibau, Fm Barreiras e Fm Potengi... 28 Figura 3.8 - Material retirado para construção de tanques para salinas ou carciniculturas, lo- calizado nas margens da RN-221 no Ponto 12 (Anexo 03)... 28 Figura 3.9 - Dunas fixas por Quixabeira, ao fundo estão o Campo de Dunas Guamaré. Foto re-

tirada por Nascimento no dia 22/07/2002.Figura 6.3 - Cimento de calcita equante com textura

em mosaico... 31 Figura 3.10 - Dunas móveis com estruturas do tipo barcana. Vista do Campo de Dunas de Gua- maré. Fonte: Nascimento, sobrevôo no dia 22/07/2002... 33 Figura 3.11 - Barcanas praiais formadas pelas correntes litorâneas e pelos ventos alísios NE-E, loca- lizada entre os campos Serra e Macau no Ponto 22 (Anexo 03)... 34 Figura 4.1 - Cena 215-064 das imagens Landsat obtidas pelo Laboratório de Geoprocessamen- to/PPGG... 37 Figura 4.2 - Em destaque a composição colorida em RGB 7/1-5/1-4/1 da imagem Landsat 7-

ETM+. Fotos do campo do dia 3007/2002: 01) Corresponde o Campo Salina Cristal; 02) Vi- sualização da Salina Cristal; 03) Mostra a construção de canais para abastecimento de tanques para o cultivo do camarão; 04) Construção dos tanques para carcinicultura; 05) Prancha 01– Fi- gura 02... 41

(7)

v Figura 4.3 - Em destaque a composição colorida em RGB 7/3-5/3-4/3 da imagem Landsat 7-

ETM+ de 05/04/2001 mostrando as principais unidades geomorfológicas presentes na área em questão. Fotos do sobrevôo de 17/11/2001: 01) Detalhe das unidades geomorfológicas, destacando-se a intermaré (praia), a planície de inundação demaré/estuarina, manguezais, ao fundo a cidade de Diogo Lopes com as dunas móveis e as dunas fixas; 02) Principal des- taque da superfície de aplainamento com as dunas móveis do Campo de Dunas Guamaré

recobrindo... 42 Figura 4.4 - Detalhe da área em estudo por meio da composição colorida em RGB (743) da

imagem Landsat 7-ETM+ com a linha de costa em vermelho delimitando os corpos d'água

das áreas emersas... 43 Figura 4.5 - Composição colorida em RGB 7-5-3 da imagem Landsat 7-ETM+ destacando áreas submersa, como bancos lamosos/arenosos, delimitando os canais de maré existentes na região.. 44 Figura 4.6 - Detalhe dos manguezais, mostrando áreas densas das que possuem menor densi-

dade... 45 Figura 4.7 - Composição colorida no sistema RGB 7/4-5/3-4/2 da imagem Landsat 7-ETM+,

destacando a diferenciação dos manguezais das demais espécies vegetais. Contrubuiu para ela- boração das unidades geomorfológicas e geológicas... 46 Figura 4.8 - Composição colorida no sistema RGB 5-3-1 da imagem Landsat 7-ETM+, desta- cando algumas unidades geológicas, áreas salinizadas e a vegetação... 47 Figura 5.1 - Estrutura de um Pacote em UML... 50 Figura 5.2 - Primeira Etapa da Modelagem Conceitual do GeoFrame: definição da região geo- gráfica e dos pacotes do banco de dados geográfico desenvolvido... 50 Figura 5.3 - Segunda Etapa da Modelagem Conceitual do GeoFrame. Detalhamento do pacote dos Dados de Sensoriamneto Remoto... 51 Figura 5.4 - Detalhamento do pacote dos Dados Morfodinâmicos com a associação existente en- tre o pacote e sua classe... 51 Figura 5.5 - Detalhamento do pacote dos Dados Mapas Temáticos com a associação existente en- tre o pacote e suas classes... 51 Figura 5.6 - Esteriótipos do Modelo GeoFrame (Filho 2000)... 52 Figura 5.7 - Terceira Etapa da Modelagem Conceitual do Geoframe. Detalhamento dos atributos das classes do pacote dos Dados Sensoriamento Remoto e suas representações (dados geográfi- cos ou descritivos)... 53 Figura 5.8 - Detalhamento dos atributos das classes do pacote dos Dados Morfodinâmicos e suas representações (dados geográficos ou descritivos)... 53 Figura 5.9 - Detalhamento dos atributos das classes do pacote dos Dados Mapas Temáticos e suas representações (dados geográficos ou descritivos)... 54

(8)

vi PRANCHA – 01... 35 Figura 01 - Foto mosaico do material inconsolidado retirado para construção de tanques de salinas e/ou carcinicultura, nas margens da RN-221.

Figura 02 - Foto mosaico da planície flúvio/estuarina, ao lado a vegetação de caatinga, localizado nas margens da RN-221.

(9)

Sumário Resumo... i Abstract... ii Agradecimentos... iii Lista de Figuras... iv I - INTRODUÇÃO... 01 1.1 - Apresentação e Objetivos... 01

1.2 - Localização e Vias de Acesso... 02

1.3 - Metodologia... 02

1.3.1 - Introdução... 02

1.3.2 - Aplicação e Desenvolvimento da Metodologia Adotada... 05

II - ASPECTOS FISIOGRÁFICOS E ECONÔMICOS... 08

2.1 - Introdução... 08

2.2 - Clima... 08

2.3 - Ventos... 08

2.4 - Ondas, Correntes e Maré... 09

2.5 - Vegetação... 10 2.5.1 - Vegetação de Litorânea... 10 2.5.2 - Vegetação de Caatinga... 10 2.6 - Relevo... 11 2.7 - Hidrografia... 11 2.8 - Pedologia... 11

2.8.1 - Areias Quartzosas Distróficas... 12

2.8.2 - Solonchak Solonétzico... 12

2.8.3 - Solonetz Solodizado... 12

2.8.4 - Latossolo Vermelho Amarelo Eutrófico... 12

2.9 - Unidades Geomorfológicas... 13

2.9.1 - Superfície de Aplainamento... 13

2.9.2 - Planície de Inundação Fluvio-Estuarina... 13

2.9.3 - Planície de Maré... 14

2.9.4 - Dunas Móveis e Dunas Fixas... 14

2.9.5 - Planície Interdunar... 15

2.10 - Aspectos Sócio-Econômicos... 15

III - CONTEXTO GEOLÓGICO... 17

3.1 - Geologia Regional... 17

3.1.1 - Evolução tectono-sedimentar Mesozóica... 22

3.1.2 - Evolução tectono-sedimentar Cenozóica... 24

3.2 - Geologia da Área... 26 3.2.1 - Terciário... 27 3.2.1.1 - Formação Tibau (Tt)... 27 3.2.2 - Tércio-Quaternário... 29 3.2.2.1 - Formação Barreiras (Tb)... 29 3.2.3 - Quaternário ... 29 3.2.3.1 - Formação Potengi (Qpt)... 30 3.2.3.2 - Colúvios e Cascalheiras (Qc)... 30 3.2.3.3 - Dunas Fixas (Qdf)... 31

3.2.3.4 - Planície de Maré (Qpm e Qpi)... 31

3.2.3.5 - Dunas Móveis (Qdm)... 32

(10)

IV - SENSORIAMENTO REMOTO E TÉCNICAS DE PDI APLICADOS NO MONITORA- MENTO GEOAMBIENTAL DA REGIÃO DA PONTA DO TUBARÃO, MUNICÍPIO DE

MACAU/RN... 36

4.1 - Introdução... 36

4.2 - Aplicação das Técnicas de PDI Sobre os Produtos de Sensoriamento Remoto... 36

4.2.1 - Pré-Processamento... 37

4.2.2 - Processamento das Imagens Orbitais... 38

4.3 - Interpretação Visual das Imagens Orbitais Combinadas em Sistema RGB... 40

V - CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE UM BANCO DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA... 48

5.1 - Introdução... 48

5.2 - Modelo Conceitual do Banco de Dados Geográfico... 48

5.2.1 - Primeira Etapa do Modelo Conceitual do BDG... 49

5.2.2 - Segunda Etapa do Modelo Conceitual do BDG... 50

5.2.3 - Terceira Etapa do Modelo Conceitual do BDG... 52

5.3 - Ambiente SIG... 54

5.4 - Banco de Dados Geográfico (BDG) para Área de Estudo... 55

5.5 - Elaboração dos Mapas Temáticos para Área de Estudo... 56

5.5.1 - Mapa de Vulnerabilidade Ambiental... 57

VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES... 59

VII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 62 ANEXO – 01 Mapa Pedológico 2001

ANEXO – 02 Mapa Geológico 2001 ANEXO – 03 Mapa de Pontos

ANEXO – 04 Mapa de Uso e Ocupação do Solo 1989 ANEXO – 05 Mapa de Uso e Ocupação do Solo 2000 ANEXO – 06 Mapa de Uso e Ocupação do Solo 2001 ANEXO – 07 Mapa Geomorfológico 2001

ANEXO – 08 Mapa de Vulnerabilidade Ambiental 2001 ANEXO – 09 Artigo Submetido

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Relatório de Graduação – Capítulo 1 Michael V. S. Souto

I - INTRODUÇÃO

1.1 - Apresentação e Objetivos

Este Relatório de Graduação apresenta os resultados obtidos a partir de estudos de sensoriamento remoto (SR), processamento digital de imagem (PDI), sistema de informação geográfica (SIG), geologia costeira e geologia do quaternário, completados por duas etapas de campo numa área da Porção Setentrional do Estado do Rio Grande do Norte (Figura 1.1), no Município de Macau, próximo as cidades de Barreiras e Diogo Lopes. Bem como faz parte, do ponto de vista acadêmico, de um requisito obrigatório para a obtenção do grau de Bacharel em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

O trabalho teve o apoio financeiro do "Projeto Monitoramento Ambiental de Áreas Costeiras Sob Influência da Indústria Petrolífera – MARPETRO (FINEP/PETROBRAS/ CTPETRO)”, e atendeu os objetivos da REDE PETROMAR, por meio do Projeto Cooperativo (PETRORISCO), com participação como executor o Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG).

Lajes 38° Açu Apodi BR-304 BR-4 05 Mossoró BR-406 37° NATAL 36° 5° 6° Galinhos Macau Tibau O C E A N O A T L Â N T I C O Capital do Estado Cidade Rodovia Asfaltada Limite da Área

LEGENDA

0 25 50km Escala Gráfica Figura 1.1 - Figura de localização da área em estudo.

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Relatório de Graduação – Capítulo 1 Michael V. S. Souto

O principal objetivo deste Relatório de Graduação é o monitoramento da morfodinâmica e geoambiental da zona costeira sob influência das atividades petrolíferas, por meio da análise de imagens multitemporais de sensores orbitais georreferenciados e analisados por meio de técnicas PDI, na produção de mapas índices de sensibilidade ambiental e na avaliação das potencialidades e vulnerabilidades de ocupação sócio-econômica, visando determinar quais áreas apresentam-se mais vulneráveis e/ou danificadas na faixa costeira.

Os diversos mapas temáticos elaborados neste trabalho contempla um mapeamento com escala de 1:50.000 e estão armazenados em banco de dados georreferenciados composto em SIG, sendo utilizado como fonte de consultas na tomada de decisões sobre a sustentabilidade ambiental da região e na elaboração de mapas índices de sensibilidade ambiental do litoral ao derramamento de óleo.

1.2 - Localização e Vias de Acesso

A área apresenta uma dimensão de aproximadamente 204km2 e encontra-se limitada pelas coordenadas em UTM (Universal Translator Mercator) pelos meridianos de 769638 - 788000mE e pelos paralelos de 9430212 - 9441341mN, envolvendo o Município de Macau, próximo das cidades de Barreiras e Diogo Lopes (Figura 1.1), sendo parte da área se estende aproximadamente 4km na plataforma continental.

O acesso da área é feito, a partir de Natal, pela rodovia federal BR-406 até o Município de Macau, que dista aproximadamente 190 Km da capital (Figura 1.1), podendo também ser percorrida pela rodovia estadual RN-221 que corta a área no sentido E-W, ligando as cidades de Guamaré e Macauzinho, além de vias asfálticas e estradas de barro que permite o livre acesso por quase toda área estudada.

1.3 - Metodologia

1.3.1 - Introdução

Este trabalho tem por base a aplicação da metodologia utilizada pelo IDEMA/RN para interpretação multitemporal das imagens de satélite de diferentes períodos para análise de vários dados geoambientais, dentro de um ambiente SIG, sendo confrontados num Banco de Dados Geográfico (BDG) e multitemporal.

(13)

Relatório de Graduação – Capítulo 1 Michael V. S. Souto

As imagens empregadas são dos sensores orbitais Landsat 5-TM de 1989 e 2000, e Landsat 7-ETM+ de 2001, onde foram utilizadas parte da cena 215-064 (órbita-ponto) de 02/08/1989, 13/06/2000 e 05/04/2001, sendo os limites correspondendo ao tamanho da área estudada.

Os métodos e técnicas aplicados foram concentrados nos seguintes conjuntos de tarefas separados em três etapas (Figura 1.2):

1a. Etapa (Pré-Campo):

1) Seleção de material bibliográfico e cartográfico prévio da área em questão; 2) Digitalização dos dados cartográficos para confecção da base cartográfica;

3) Pré-processamento das imagens: georreferenciamento e registro dos conjuntos de imagens digitais do Landsat 5-TM de 1989 e 2000, e Landsat 7-ETM+ de 2001, respectivamente; 4) Processamento digital das imagens (PDI), a utilização do software ER-Mapper v.6.2:

composições coloridas em RGB, razão de bandas e métodos de índices (NDVI e NDWI); 5) Elaboração de um banco de dados geográfico (BDG), de acordo com o modelo conceitual

adotado (Geoframe);

6) Análise e interpretação preliminar para seleção de pontos alvos: confecção de polígonos e vetores em ambiente SIG, pelo software ArcView v.3.2;

7) Elaboração dos mapas temáticos. 2a. Etapa (Campo):

1) Reconhecimento das unidades de paisagens através do sobrevôo de helicóptero efetuado no dia 17/11/2001, numa altitude de 100m, com preamar de 2,4m (5h34min) e baixa-mar de 0,6m (11h51min), sendo o vôo realizado das 8 às 12h;

2) Reconhecimento das unidades de paisagens através dos trabalhos executados e coletados em campo, por meio do GPS (Global Position System).

3a. Etapa (Pós-Campo):

1) Correções e atualizações dos produtos com a integração dos dados coletados nas etapas anteriores, a partir da utilização do software ArcView v.3.2;

2) Confecção dos mapas temáticos finais, após a confirmação em campo;

(14)

Relatório de Graduação – Capítulo 1 Michael V. S. Souto

Compilação Bibliográfica e Cartográfica

Cartas

Topográficas

Imagens

de Satélite

Georreferenciamento e Registro

PDI

Composições

Coloridas

em RGB

Razões

entre

Bandas

Métodos

de Índices

SIG/BDG

Produtos Imagens

dos Elementos

de Paisagem

Polígonos

Vetores

Etapa de Campo

Sobrevôo de

Helicóptero

Trabalho

em Terra

SIG/BDG

Correções e

Integração

dos Dados

Confecção

de Mapas

Temáticos

Publicações

Científicas

Relatório

Final

1

Et

apa

a.

2 Et

apa

a.

3

Eta

p

a

a.

(15)

Relatório de Graduação – Capítulo 1 Michael V. S. Souto

1.3.2 - Aplicação e Desenvolvimento da Metodologia Adotada

A primeira etapa se configura numa etapa de preparação, onde foram realizados estudos específicos das referências bibliográficas existentes sobre a área, e até mesma sobre áreas vizinhas, com enfoque generalizando sobre os processos costeiros, geologia, geologia ambiental, geomorfologia e sensoriamento remoto. Além de pesquisas bibliografias científicas que abordem os mesmos assuntos e sobre o SIG com enfoque para as metodologias de integração de dados raster, vetoriais e alfanuméricos. A pesquisa deu-se na biblioteca setorial e em trabalhos obtidos via internet. Outras consultas foram feitas de artigos fornecidos pelos orientadores.

Foi desenvolvido e aplicado um modelo teórico simples para criação de um banco de dados geográfico (BDG) para que fossem armazenados e integrados todos dados coletados, a partir do trabalho elaborado em conjunto com Angélica Félix Castro, aluna do mestrado PPGG, para implantação e desenvolvimento de um banco de dados geográfico que envolve todos os trabalhos elaborados pelos alunos da pós-graduação ligados aos projetos de monitoramento ambiental do PPGG.

Esta etapa também envolveu a elaboração de uma base cartográfica por meio da digitalização e georreferenciamento das cartas topográficas da SUDENE (SB-24-X-D-II Macau e SB-24-X-D-III São Bento do Norte), ambas com escala de 1:100.000 (Figura 1.3). E por meio, destas também foram realizados o georreferenciamento das imagens de satélite Landsat 5-TM das datas de 02/08/1989 e 13/06/2000, e Landsat 7-ETM+ datado de 05/04/2001, sendo que todas fazendo parte da mesma cena (215-064). A partir destas imagens, foram executadas técnicas de processamento digital de imagem (PDI) para obtenção da melhor resposta que pudesse caracterizar e delimitar, individualizando, cada unidade de paisagem reconhecida na mesma. Essas técnicas correspondem as possíveis combinações de bandas e tratamento das mesmas por fórmulas matemáticas executadas através do software ER-Mapper v.6.2 (Earth Resource Mapping Pty Ltd.), onde também foi utilizado para o georreferenciamento tanto das imagens de satélite como das cartas topográficas digitalizadas.

A interpretação e vetorização destes dados foram feitos dentro de uma ambiente SIG por meio do software ArcView v.3.2 (ESRI), com o auxílio de suas ferramentas.

(16)

Relatório de Graduação – Capítulo 1 Michael V. S. Souto Touros

901

Natal

978

Pureza

900

SB-25-V-C-I SB-25-V-C-II SB-25-V-C-V São Bento do Norte

899

João Camara

977

SB-25-V-C-IV Pedro Avelino

976

SB-24-X-D-VI Macau

898

SB-24-X-D-II Açu

975

SB-24-X-D-V S.José do Mipibu

1054

SB-25-Y-A-I S.José do Campestre

1054

SB-25-Y-A-I Cerro Corá

1053

SB-24-Z-B-III Currais Novos

1052

SB-24-Z-B-II Mossoró

897

SB-24-X-D-I Augusto Severo

974

SB-24-X-D-IV

1113

SB-24-Z-D-V Jardim do Seridó Caicó

1051

SB-24-Z-B-I Areia Branca SB-24-X-B-IV Macau

825

SB-24-X-B-V Apodi

973

SB-24-X-D-VI

1049

SB-24-Z-A-II Catolé do Rocha

1050

SB-24-Z-A-III

824

Serra Negra do Norte

1130

SB-24-Z-B-IV Ferros Pau dos

SB 24 SB 25

Figura 1.3 - Índice das cartas topográficas do Estado do Rio Grande do Norte. Em destaque as cartas utilizadas para execução deste trabalho.

Na segunda etapa foram feitos reconhecimentos da área analisada por meio de sobrevôo de helicóptero e percurso realizado em terra. O sobrevôo de helicóptero foi realizado num único dia (17/11/2001), com o apoio do PROJETO MARPETRO/IDEMA-RN/PETROBRAS, numa altitude de 100 metros, onde foi possível reconhecer e determinar todas as unidades de paisagem encontradas na área estudada. O trabalho em terra teve o apoio do PROJETO MARPETRO, que custeou e disponibilizou todo equipamento necessário para que se efetivasse o campo para análise de detalhe para cada unidade vista nas imagens e nas fotografias tiradas no sobrevôo da área estudada.

A última etapa corresponde a correção de algumas unidades de paisagem e na integração dos dados obtidos nos levantamentos feitos pelas imagens de satélite e fotografias adquiridos nas etapas

(17)

Relatório de Graduação – Capítulo 1 Michael V. S. Souto

fazer a confecção de mapas temáticos, como Uso e Ocupação do Solo, Geomorfológico, Geológico, Pedológico e Vulnerabilidade. E a comparação das três datas distintas permitiu no monitoramento da linha de costa, evidenciando a dinâmica costeira da região, o que resultou na elaboração de um artigo para um evento científico especializado, bem como no acompanhamento da ação antrópica na região.

Com todos estes dados foi possível a confecção deste relatório final sobre a “Análise Multitemporal dos Elementos Geoambientais da Dinâmica Costeira de áreas sob influência das atividades petrolíferas: Região da Ponta do Tubarão, Município de Macau/RN, com base em produtos de Sensoriamento Remoto e integração em Sistema de Informação Geográfica”, que corresponde ao Relatório de Graduação do curso de Geologia/UFRN.

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Relatório de Graduação – Capítulo 2 Michael V. S. Souto

II - ASPECTOS FISIOGRÁFICOS E ECONÔMICOS

2.1 - Introdução

O litoral setentrional do Estado do Rio Grande do Norte abrange 14% da superfície total do mesmo, envolvendo 16 municípios, que são considerados pelo IDEMA/RN (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte) como “Municípios Costeiros”, compostos por: Touros, São Miguel de Touros, Pedra Grande, São Bento do Norte, Caiçara do Norte, Galinhos, Guamaré, Macau, Pendências, Alto do Rodrigues, Carnaubais, Porto do Mangue, Areia Branca, Mossoró, Grossos e Tibau. A população destes municípios é cerca de 357.093 habitantes, segundo o Censo 2000, que representa 13% da população do Estado. Esta região é caracterizada pela zona de transição entre as sub-regiões agreste e sertão (Marinho e Noronha 1991). Para um melhor entendimento das condições ambientais da área estudada, serão descritas abaixo as principais características fisiográficas da região:

2.2 - Clima

O clima da região é semi-árido a árido, apresentando, de modo geral, dois períodos definidos: um seco de período mais longo (de 7 a 8 meses), sendo este intercalado por um período pluvial curto, porém não bem definido no tempo.

A área em estudo possui, devido a proximidade a linha do Equador, uma temperatura elevada, com média anual de 27,2º C e umidade relativa média anual de 68% (IDEMA 1999), sendo também irregular sua distribuição durante o ano. Configurando-se num clima semi-árido a árido, classificando-se, segundo a classificação climática de Köppen (1948), como tipo AW’, que é caracterizado por um clima quente e úmido com chuvas no verão e precipitações máximas no outono, com períodos mais chuvosos nos meses março a abril. A precipitação pluviométrica média de 537,5 mm na área, possuindo máxima precipitação de 1.780,6 mm e o mínimo de 53,0 mm (IDEMA 1999).

2.3 - Ventos

Os ventos sopram, no litoral setentrional do Estado do Rio Grande do Norte, de E (entre os meses de setembro a abril) e NE (entre os meses de abril a setembro), como atestado por Fortes (1987) ao mapear a orientação das areias de dunas eólicas nesta região. Os ventos de SE são importantes nos

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Relatório de Graduação – Capítulo 2 Michael V. S. Souto

período de maio a agosto, acompanhando a atuação na região do Anticiclone do Atlântico Sul a partir do final do outono, marcando o término da estação chuvosa. A Zona de Convergência Intertropical, definida pela convergência dos ventos alísios dos hemisférios Norte e Sul, passa a atuar do verão ao outono. No período do verão Alves (2001) destacou a tendência de orientação E-NE das dunas no segmento E-W da linha de costa da porção oeste do Cabo do Calcanhar. Sendo assim um dos principais responsáveis pela dinâmica costeira da área de estudo.

A velocidade dos ventos no período de 1961 a 1990, medida na Estação Meteorológica de Macau, instalado a uma altura de 10m (NATRONTEC/ECOPLAN 1995), é maior durante o verão, com máximo de 8,5m/s para o mês de outubro, e menor durante o inverno, com mínimo de 0,7m/s para o mês de abril.

2.4 - Ondas, Correntes e Marés

Ao se aproximarem da zona costeira, o fluxo das ondas apresenta a mesma direção dos ventos dominantes (NE-E). De acordo com Chaves e Vital (2001), que realizaram um trabalho de monitoramento com medidas dos parâmetros do meio físico realizados na região, a altura das ondas variaram entre 0,125 a 0,722m, com máximas e mínimas nos meses de novembro e maio, respectivamente. Apresentando uma média do ângulo de incidência das ondas de 305º em relação a linha de costa (no período de novembro de 2000 a junho de 2001).

Na plataforma externa do litoral setentrional do Estado do Rio Grande do Norte, a Corrente Norte do Brasil, um ramo da Corrente Equatorial Sul, alcança velocidades superiores a 2,3m/s para W (Silva 1991). As correntes marinhas formam-se em resposta à ação combinada entre a orientação preferencial EW da linha de costa, a direção preferencial E-SE dos ventos e ao fluxo de ondas provenientes de NE-E, acarretando uma importante corrente de deriva litorânea (longshore drift) na direção oeste. Alguns trabalhos sugerem que a direção predominante desta corrente é caracterizada pela orientação EW com migração para W dos pontais arenosos costeiros (spits) e canais de maré (inlets). As correntes superficiais na região de Macau apresentam velocidades máximas de 1,103m/s e mínimas de 0,171m/s para W, nos meses de novembro e maio, respectivamente (Chaves e Vital 2001). Variando com um ângulo de incidência do trend de ondas, em relação a linha de costa, numa média de 0,637m/s.

Na região do sistema Galinhos-Guamaré (Lima et al. 2001), as marés e os gradientes de densidade são os principais fatores que afetam o fluxo e a mistura das águas, pois este sistema tem aporte mínimo de águas doces, as tempestades na região são raras, o clima e a temperatura são constantes o ano inteiro. Para esta região, a temperatura média da água do mar é de 28°C, por vezes

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com 27°C durante o fluxo de maré enchente e com 29°C na maré vazante, sendo de 28°C a temperatura em mar aberto. A salinidade nos canais é alta, cerca de 38,2%, comparada ao mar aberto (37,2%), devido à elevada evaporação.

2.5 - Vegetação

A área em estudo apresenta basicamente dois tipos principais de vegetação, de acordo com o IBAMA (1992): vegetação litorânea e vegetação de caatinga.

2.5.1 - Vegetação Litorânea

Ocupa boa parte da porção norte da área, o qual sofre influência marinha (água do mar, ventos, salinidade, temperatura, etc.). São englobados por tipos de vegetação, principalmente, de manguezal, de dunas fixas e de restinga. Os manguezais são encontrados nos trechos do litoral, em áreas protegidas, estando ligadas indiretamente pelo mar, como também no interior de lagunas e baixos cursos dos rios. A vegetação das dunas fixas é a halófica, que é constituída por plantas que toleram viver em solo com alta concentração de sais, geralmente são espécies herbáceas e rasteiras. A vegetação de restinga é de grande importância para ecologia regional por dificultar a ação dos agentes erosivos.

2.5.2 - Vegetação de Caatinga

Corresponde a vegetação que ocupa a porção sul da área, a qual é constituída por árvores e arbustos espinhosos, classificada nos tipos caatinga arbustiva-arbórea aberta, caatinga arbustiva-arbórea fechada e caatinga arbórea fechada, que durante a seca apresentam-se quase totalmente desfolhados, caracterizando a região semi-árida. A caatinga arbustivo-arbórea aberta é definida com base no porte médio das espécies, que pode alcançar até 3 m de altura, baixa freqüência de áreas de bosque, ocorrência em locais onde os solos são rasos, pedregosos e com afloramentos rochosos. O tipo caatinga arbustivo-arbórea fechada apresenta porte médio entre 3 a 4 m de altura, com alto grau de cobertura do solo. A caatinga do tipo arbórea fechada possui porte de 4 a 5 m de altura, com árvores em concentrações significativas, alto grau de cobertura do solo e presença de bosque.

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2.6 - Relevo

A região em questão apresenta um relevo predominantemente plano com suaves ondulações, com cotas altimétricas apresentando mínimas de 4m (possuindo valores inferiores a 1m por se tratar de uma região costeira) e máximas de 20 a 30m na porção Sul da área, compreendendo até os campos de dunas (SUDENE 1969). Compreendida na planície costeira e superfícies aplainadas (Lima 1993), que é constituída pelos campos de dunas sobrepostas aos tabuleiros costeiros, as planícies marinhas e flúvio-marinhas quaternária.

O modelamento geomorfológico da zona costeira é resultante da evolução geológica (regressões e transgressões marinhas) interagindo com a ação dinâmica da natureza (clima, ventos, marés, ondas e correntes marinhas) e com a ação antrópica (Farias 1997).

2.7 - Hidrografia

A rede hidrográfica da área é constituída por rios de porte pequeno a médio na porção sul da Ponta do Tubarão e parte do rio da Casqueira na porção SW da área em estudo. Trata-se de estuário, que compreende parte da bacia hidrográfica Piranhas-Açu, na porção NE do mesmo. Cuja contribuição provêm do continente nos períodos chuvosos e com vazões reduzidas, mas basicamente estão sujeitos à ação das marés, que, de acordo com Miranda (1983) sua variação máxima entre a preamar e a baixamar pode ser de 3,3 m e a mínima 0,9 m. O regime é de mesomaré, que é caracterizado pelas marés do tipo semidiurnas, apresentando desigualdade diária, com nível de maré média da ordem de 133,1cm, nível médio de maré alta de sizígia de 284,55cm e a amplitude de maré de quadratura de 127,79cm. (Hayes 1979, apud Silva 1991).

Outros rios, que se encontram na porção mais central da área (no continente) são intermitentes e quase sempre abastecem as lagoas ou os lençóis freáticos, não atingindo diretamente o oceano. Sendo que boa parte das lagoas que se encontram entre dunas correspondem a parte aflorante do lençol freático.

2.8 - Pedologia

A área em estudo apresenta, de modo geral, quatro tipos de solos (SUDENE 1971, BRASIL 1981, IDEMA 1999). E sua formação e associações estão relacionadas intimamente ao tipo de rocha, clima, relevo e vegetação (Costa Neto 1985). Esses quatro tipos se resume em: areias quartzosas

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distróficas, solonchak solonétzico, solonetz solodizado e latossolo vermelho amarelo eutrófico (Anexo 01).

2.8.1 - Areias Quartzosas Distróficas

Correspondem aos solos oriundos dos sedimentos marinhos não consolidados de textura arenosa (quartzo). Depositados pela ação dos ventos e ondas, e concentrando-se próximo à costa. Situa-se num relevo plano a suavemente ondulado, bem drenados, de raso a profundo e baixa fertilidade. Estão constituídos nas dunas móveis e fixas.

2.8.2 - Solonchak Solonétzico

É caracterizado pela alta salinidade, apresentando crostas superficiais de cristais de sal durante o período de estiagem. Situando-se em planícies de inundação (várzeas), sendo influenciado pelas águas estuarinas de supramaré. Sua textura é indiscriminada, imperfeitamente mal drenado e a vegetação chega a ser ausente em grande parte na área devido a alta salinidade.

2.8.3 - Solonetz Solodizado

Ocorre em relevo plano a suavemente ondulado nos terraços flúvio-estuarinos. Possui textura indiscriminada, pouco permeável, pouco drenável, estando sujeito a erosão hídrica, tais como laminar e em sulco.

2.8.4 - Latossolo Vermelho Amarelo Eutrófico

São solos que mostram altos valores para relação textural e relação silte/argila. Situam-se num relevo plano a suavemente ondulado da superfície de aplainamento, com vegetação dominante de caatinga. Sua textura é média, bem a fortemente drenado, espessos e porosos, desenvolvidos a partir das seqüências arenosas e areno-argilosas do Grupo Barreiras e Formação Tibau. Sua fertilidade é de média a alta permitindo o cultivo durantes os períodos chuvosos, além de pecuária extensiva de pequeno porte na região.

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2.9 - Unidades Geomorfológicas

Na paisagem costeira, o modelamento das formas de relevo é resultante da ação constante dos processos do meio físico, das condições climáticas, das variações do nível do mar, da natureza das seqüências geológicas, das atividades neotectônicas e do suprimento de sedimentos carreados pelos rios e oceano.

Para Silveira (2001, 2002) a evolução ambiental dessas feições geomorfológicas tem seu paleoambiente relacionada à feição de baía estuarina, em períodos com níveis do mar mais elevados. A modificação deste ambiente ocorreu no Quaternário, decorrente da estabilização do nível do mar em sua posição atual, promovendo a formação de barras arenosas próximas à costa e o surgimento de terraços adjacentes e/ou circunvizinhos às águas estuarinas, que têm o fluxo e refluxo ocorrendo nos diveros canais da planície estuarina. A morfologia atual da região permite o ingresso da maré nos rios e gamboas e por vezes, na fase equinocial, barras arenosas, terraços flúvio-marinho e terraços estuarinos em algumas das áreas. As condições climáticas atuais, associadas à natureza dos sedimentos, aos aspectos da dinâmica oceanográfica e ao suprimento de sedimentos, têm propiciado o desenvolvimento de feições erosivas e construtivas na faixa litorânea. A constatação destas instabilidades pela progradação da linha da costa, por meio da formação de extensos depósitos arenosos e areno-argilosos com superfície plana a suavemente ondulada; barra arenosa; zonas de estirâncio e dunas costeiras.

2.9.1 - Superfície de Aplainamento

A superfície de aplainamento é resultante da atuação de processos morfogenéticos de dinâmica variada relacionada a ciclos de espraiamento de detritos fluviais e lacustres. De acordo com Vilaça et

al. (1985) está relacionada à justaposição de sequências sedimentares do Terciário ao Quaternário,

evidenciadas por inconformidade erosiva e paleossolos, correspondentes à Formação Barreiras e aos sedimentos arenosos de cobertura recente. Na região dos estuários encontra-se ocupada por vegetação de caatinga densa e rala sobre relevo plano a suavemente ondulado com variações topográficas da ordem de 20 a 70m.

2.9.2 - Planície de Inundação Fluvio-Estuarina

Este compartimento é descrito ao longo dos rios onde formam superfícies planas e suavemente inclinadas, poucos metros acima do nível médio das águas fluviais ou estuarinas, inundáveis em

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períodos de cheias. A origem das planícies de inundação fluvial está relacionada às antigas áreas de planície de maré estuarina, atualmente sujeitas à dinâmica fluvial e transbordamentos dos canais durante as cheias.

No interior dos estuários são comuns os terraços estuarinos que constituem superfícies horizontais, ou levemente inclinadas, com altitude de 0 a 2m em relação ao nível das águas. Tais terraços, às margens dos leitos atuais e/ou no interior em forma de ilha, são vestígios de assoreamento de planícies estuarinas antigas em níveis mais elevados, caracterizados principalmente pelos depósitos aluviais.

2.9.3 - Planície de Maré

Este compartimento corresponde a áreas de baixo gradiente próximas à costa, com declividade baixa em direção ao mar e/ou canais principais de drenagem, caracterizada como área mista coberta durante as marés estuarinas enchentes e descobertas durante as vazantes e composta por três zonas: supramaré, intermaré e inframaré. A planície de maré é freqüentemente recortada por canais de maré acentuadamente curvilíneos e nas áreas estudadas apresenta cotas máximas de 5m. Os depósitos de manguezais foram definidos pelas características sedimentológicas e composições florística e faunística.

2.9.4 - Dunas Móveis e Dunas Fixas

O campo de dunas móveis está representado por depósitos de areia média a muito fina inconsolidadas, bem selecionadas, com coloração variando de cinza clara (superfície) a esbranquiçada (subsuperfície), desprovidas de cobertura vegetal, sujeitas à dissipação pelos ventos, formando bacias de deflação na base a sotavento (vertente contrária à direção dos ventos dominates) caracterizando formas de meia lua, as chamadas dunas barcanas. Por serem formas de relevo resultantes da deposição eólica, as dunas estão sobrepostas às feições de planície de deflação e, localmente, aos terraços estuarinos. Vários estágios destas feições podem ser observados, desde os depósitos praiais que remobilizados pela ação eólica dão forma aos feixes de cordões litorâneos, que retrabalhados pelo vento dão origem às dunas típicas.

As bacias de deflação, na área em estudo, são feições do relevo em forma de depressão semi-circular, por vezes acumuladoras de água pluvial, escavadas nos declives das dunas móveis. A origem

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Relatório de Graduação – Capítulo 2 Michael V. S. Souto

está relacionada à formação de redemoinhos de ventos que dissipam as areias em todas as direções (Vilaça et al. 1985).

Nas regiões onde ocorrem, as dunas são parcialmente fixadas por vegetação esparsa e, portanto, sujeitas a dissipações de areia menos intensas do que as dunas móveis. Trata-se de feições em forma de cordões longitudinais isolados em forma de grampo de cabelo, com flancos convexos e cotas altimétricas médias de até 30 metros. Por vezes ocorrem sobreposições dos cordões dando origem à forma de língua. A origem das dunas fixas está relacionada provavelmente a processos de regressão marinha, coincidentes com períodos de clima árido a semi-árido, que deixaram expostas os depósitos de areias. Estes depósitos constituíram reservas de areias que foram remobilizados pela ação eólica em direção ao continente.

2.9.5 - Planície Interdunar

Este compartimento do relevo compreende comumente à área entre a zona de praia e o campo de dunas móveis e/ou fixas, com relevo plano com ondulações suaves e declividade dominantemente para o oceano, e cotas altimétricas entre 2 a 5m. A origem desta feição está relacionada a processos de remoção e transporte de sedimentos médios a finos pela ação do vento, resultando na formação de depressões extensas, definindo esta planície como uma faixa de transição de areias e, portanto, sujeita a intensas modificações temporais. Por vezes, os terraços flúvio-estuarinos e/ou marinhos presentes nesta área encontram-se mascarados pela dinâmica dos depósitos areia eólica. Estes sedimentos são provenientes da zona de praia, de onde são remobilizados na direção do continente pela ação eólica, e realimentam o campo de dunas móveis.

2.10 - Aspectos Sócio-Econômicos

O setor mineral do Estado do Rio Grande do Norte é extremamente rico, fazendo do mesmo o segundo maior produtor mineral do Nordeste, situando-se entre os dez maiores do país. Dentre os principais bens minerais produzidos, destacam-se o sal e o petróleo, estando compreendidas algumas jazidas na área em estudo.

A atividade salineira no Estado destaca-se como maior produtor de sal marinho do Brasil, atingindo, em 1992, um volume produzido de 3.850.000 toneladas (SRHPE 2002). Estando o município de Macau em primeiro lugar na produção estadual, contando com nove empresas produtoras de sal e uma produção estimada em 1991/92 de 1.453.000 toneladas (IDEMA 1999).

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Relatório de Graduação – Capítulo 2 Michael V. S. Souto

O Estado do Rio Grande do Norte ocupa o primeiro lugar na produção nacional de petróleo em terra e o segundo em mar. O município de Macau possui poço de extração tanto em terra como em mar. Tendo uma produção de 853.000 barris em terra no Campo de Macau e em mar, pelas plataformas de Aratum e Campo de Serra, com uma produção de 346.000 barris (IDEMA 1999). Subordinada à produção petrolífera está a produção de gás natural, em 1994, um volume de 758 milhões de metro cúbico para toda região (SRHPE 2002).

Outra atividade econômica dominante na região é a pesca, destacando-se Diogo Lopes/Barreiras, com uma produção estimada de cerca de 200 toneladas em 2001 (SRHPE 2002).

Também a atividade de carcinicultura encontra-se em expansão na região, com a substituição das salinas por tanques para o cultivo de camarão, como por exemplo, a Salina da Melancia e a Salina de Sertãozinho. Como também a construção de tanques próximos ao campo petrolífero Salina Cristal.

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III - CONTEXTO GEOLÓGICO

3.1 - Geologia Regional

A área estudada está inserida na Bacia Potiguar, que se localiza no extremo nordeste brasileiro, limitando-se a oeste, pelo Alto de Fortaleza no Estado do Ceará, a sul, pelo embasamento cristalino e a norte, nordeste e leste pela cota batimétrica de -2000 metros (Figura 3.1). Sua área total é de 48000 km2, sendo 26500 km2 na porção submersa e 21500 km2 na porção emersa, as quais distribuem-se entre as cidades de Natal e Fortaleza, constituindo, respectivamente, as porções norte e nordeste dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará. Estando ela implantada na Província Borborema, de Almeida et al. (1977).

0 25 km 38° 37° NATAL 36° 36° 5° 5° 6° 37° 38° RN PB O C E A N O A T L Â N I T C O Bacia Potiguar BRASIL

Figura 3.1 - Mapa geológico simplificado da Bacia Potiguar. SPA, sedimentos de praia e aluviais. Compilado de Dantas (1998).

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Relatório de Graduação – Capítulo 3 Michael V. S. Souto

O embasamento da Bacia Potiguar foi caracterizado por Jardim de Sá (1984, 1994), como sendo constituído por diversas faixas de rochas supracrustais e domínios gnaíssico-migmatíticos, com trend NE, interceptadas a sul pela Zona de Cisalhamento Patos, com direção E-W.

A partir dos trabalhos de diversos autores (Bertani et al. 1987; Cremonini et al. 1996; entre outros), pode ser traçada uma configuração geométrica da estrutura da bacia, a qual seria constituída por um conjunto de grabens assimétricos (Apodi, Umbuzeiro, Guamaré e Boa Vista) de direção NE, levemente oblíquos aos principais lineamentos do embasamento cristalino a sul da bacia. Altos do embasamento separam os principais grabens da bacia. Esses altos consistem de cristas alongadas formadas por gnaisses, migmatitos ou xistos, soerguidos por falhas normais (Macau, Serra do Carmo e Quixaba).

Segundo Neves (1987, apud Apoluceno 1995), a bacia representa um rifte intracontinental, em sua porção emersa, e uma bacia do tipo pull-apart, em sua porção submersa. Esta bacia faz parte do Sistema de Riftes do Nordeste Brasileiro, juntamente com as bacias do Recôncavo, Tucano, Jatobá, Araripe, Rio do Peixe e Sergipe-Alagoas (Matos 1994), resultante dos esforços tectônicos decorrentes da instalação do Oceano Atlântico. Este processo iniciou no Mesozóico, com a reativação e/ou superimposição de descontinuidades estruturais pré-existentes no embasamento cristalino durante a ruptura do Gondwana, no Neocomiano (Matos 1987). Esta bacia registrou os processos que culminaram com a separação entre os continentes Sulamericano e Africano, e a formação do Oceano Atlântico Equatorial (Lima Neto 1994). Assim, o registro litológico-estrutural meso-cenozóico está representado nos terrenos sedimentares da Bacia Potiguar.

A Bacia Potiguar apresenta vários estágios tectônicos e deposicionais na sua história geológica (Farias 1997), divididos em quatro principais megasseqüências e grupos de seqüências com sedimentações correlatas: Megasseqüência Mesozóica Rift (Formação Pendências), Grupo de Seqüências Mesozóicas Transicionais (formações Pescada e Alagamar), Grupo de Seqüências Mesozóicas Fluviomarinhas Transgressivas (formações Açu, Ponta do Mel, Ubarana e Jandaíra) e Grupo de Seqüências Mesozóicas Fluviomarinhas Regressivas (formações Guamaré, Tibau e Barreiras). Os sedimentos quaternários complementam o último grupo de seqüências, subdivididos em Seqüência Quaternária Sub-recente e Seqüência Quaternária Recente (Silva e Nogueira 1995). A Seqüência Quaternária Sub-recente engloba unidades que completaram o processo de sedimentação, estando ou não litificadas (Formação Potengi, beachrocks, areias de dunas fixas, cascalheiras e colúvios), enquanto a Seqüência Quaternária Recente é composta por sedimentos que participam dos

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Relatório de Graduação – Capítulo 3 Michael V. S. Souto

processos deposicionais atuantes nos dias atuais (leques aluviais, sedimentos de praia recente, dunas móveis, aluviões e manguezais).

Vários outros trabalhos (Souza 1982; Silva 1991; Oliveira 1993; Araripe e Feijó 1994; entre outros) mostram uma coluna crono-estratigráfica (Figura 3.2), onde o processo de formação da Bacia Potiguar pode ser dividido em dois estágios evolutivos, descritos a seguir:

(1) O Estágio Rifte (subsidência tectônica) é composto por sedimentos da Formação

Pendências, de idade Neocomiana a Eoaptiana (Cretáceo inferior), depositados em sistema lacustrino, sobrepostos por arenitos deltaicos e fluviais. Estes sedimentos atingem uma espessura máxima em torno de 6000 m, tendo contato superior com a Formação Alagamar e inferior com o embasamento cristalino. Na porção submersa da bacia seu contato superior é com a Formação Pescada, que corresponde a uma cunha de sedimentos encontrada na plataforma continental depositados em sistema de leques aluviais coalescentes.

(2) O Estágio Pós-Rifte (subsidência termal) iniciou no Albiano. Esta fase pode ser dividida

em três seqüências, descritas a seguir:

(a) Seqüência Transicional (Neo-Aptiana): foi iniciada com a deposição da Formação

Alagamar, que é subdividida em Membro Upanema, Camadas Ponta do Tubarão e Membro Galinhos. Esta formação atinge em média 800 m de espessura, tendo contato basal discordante, ora com o embasamento cristalino ora com a Formação Pendências ou com a Formação Pescada. O contato superior é discordante com a Formação Açu, na porção emersa da bacia. Na porção submersa é discordante com a Formação Ubarana e concordante com a Formação Ponta do Mel.

(b) Seqüência Flúvio-Marinha Transgressiva (Albiano-Cenomaniano): iniciou com a

deposição da Formação Açu (Figura 3.1), representando depósitos fluviais e deltaico-estuarinos. Em direção ao mar, a Formação Açu grada lateralmente para as formações Ponta do Mel e Ubarana (Membro Quebradas).

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Relatório de Graduação – Capítulo 3 Michael V. S. Souto

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Relatório de Graduação – Capítulo 3 Michael V. S. Souto

A Formação Ponta do Mel ocorre somente na porção submarina da bacia, e sua maior espessura observada é de cerca de 650 m. Lateralmente esta unidade grada para a Formação Açu. Seu contato superior com a Formação Ubarana ora é discordante (erosivo), ora é concordante.

A Formação Ubarana (Albiano inferior aos dias atuais) é composta por folhelhos, siltitos, calcilutitos, arenitos, diamictitos, conglomerados e, às vezes, olistolitos. Pertencem a esta formação pelitos (folhelhos cinza) intercalados com arenitos, designados de Membro Quebradas, os quais separam a Formação Ponta do Mel da Formação Jandaíra.

A Formação Jandaíra (Turoniano a Campaniano inferior) é composta por sedimentos carbonáticos depositados em planície de maré, laguna rasa, plataforma rasa e mar aberto. Esta formação atinge sua espessura máxima em torno de 600 m. Nas porções leste e oeste da bacia essa espessura torna-se menor.

(c) Seqüência Flúvio-Marinha Regressiva (Neocampaniano ao Holoceno): iniciou com a deposição da Formação Tibau, apresentando contato inferior discordante com a Formação Jandaíra, enquanto na porção submersa da bacia apresenta-se concordante com a Formação Guamaré. O contato superior com a Formação Barreiras e sedimentos recentes é de difícil definição. Esta seqüência também envolve a deposição da Formação Guamaré, onde seus sedimentos podem ocorrer intercalados às formações Tibau, Macau e Ubarana, tendo contatos gradacionais ou discordantes em suas porções superior e inferior.

Segundo os autores acima citados, três eventos de vulcanismo ocorrem associados à evolução da bacia:

(a) Rio Ceará-Mirim (Jurássico a Cretáceo inferior): contemporâneo à instalação do rifte, é composto por diabásios de afinidade toleítica, aflorantes na borda da bacia, na forma de enxames de diques E-W. Algumas vezes encontram-se intercalados na Formação Pendência;

(b) Serra do Cuó (Santoniano a Campaniano): composto por soleiras básicas que se intercalam na Formação Açu;

(c) Macau (Oligoceno ao Mioceno – Terciário): incluindo derrames, necks e plugs de basaltos e diabásios de afinidade alcalina.

A seqüência estratigráfica da Bacia Potiguar finaliza por sedimentos quaternários (eólicos, aluvionares, beachrocks, entre outros) e sedimentos do Grupo Barreiras (Figura 3.1). Segundo Lima et

al. (1990), o Grupo Barreiras dataria do Plioceno (Terciário) na sua parte superior, enquanto na porção

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Relatório de Graduação – Capítulo 3 Michael V. S. Souto

3.1.1 - Evolução Tectono-Sedimentar Mesozóica

A origem da Bacia Potiguar tem sido estudada por vários autores que propõem modelos evolutivos que se diferenciam pela orientação dos esforços e pelos mecanismos que atuaram na época de sua geração. Dois modelos para o Mesozóico são bastante difundidos: Françolin e Szatimari (1987) e Matos (1992).

Françolin e Szatimari (1987) propuseram que, partindo do início da evolução da Bacia Potiguar, a mesma começou por uma extensa fratura originada na porção sul do supercontinente Gondwana, no Jurássico Superior com movimentação divergente E-W (Figura 3.3 - A).

POLO DE ROTAÇÃO ( LEGENDA A B C D E POLO DE ROTAÇÃO

Figura 3.3 - Evolução da separação dos continentes Sul-Americano e Africano. Compilado de Szatimari e Françolin (1987).

No Cretáceo Inferior, o afastamento continental teria sido maior a sul, imprimindo, desta forma, uma rotação horária na placa sul-americana em relação à africana. Originando um pólo de rotação no Nordeste brasileiro (Figura 3.3 - B), que promoveu, em toda Província Borborema, uma compressão de direção E-W e uma distensão N-S, reativando inúmeras falhas e possibilitando a geração da atual porção onshore da bacia (Figura 3.3 - B). Concomitantemente, as falhas de direção NE-SW (são as mais importantes, pois condicionaram a abertura do Rifte Potiguar e têm como representante principal a

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Falha de Portalegre-Carnaubais, responsável pela origem do Graben de Pendência), brasilianas, foram reativadas com movimentação transtensional em seu extremo NE e transpressional na sua porção SW. O limite entre estes dois regimes seria marcado pelo Magmatismo Ceará-Mirim (Gomes et al. 1981) de direção E-W.

Durante o Aptiano (Figura 3.3 - C), este pólo de rotação do Nordeste brasileiro teria migrado para NW, em direção ao litoral do Amapá, interrompendo a movimentação transtensional e transpressional nas falhas NE-SW, e a sedimentação na porção onshore da bacia. Segundo Bertani et al. (1990), é nesta fase que ocorrem reativações de altos internos, culminando com uma extensa discordância regional e deposição com subsidência contínua, na porção offshore, condicionada pelas falhas de direção E-W. É nesta fase que a Sequência Proto-Oceânica, de Asmus e Guazelli (1981), se instala, alternativamente denominada de Transicional por Souza (1982).

Com o rompimento de toda a crosta continental do supercontinente, ao longo da margem atual Sul-Americana (começo do Albiano), teve início a separação E-W entre a América do Sul e a África. Este fato gerou um cisalhamento lateral dextral (Figura 3.3 - D) na atual margem equatorial do Brasil, além de marcar o início da sedimentação (Albiano inferior) no extremo norte da costa leste e permitir a entrada do mar que causou a transgressão marinha que atingiu todas as bacias da margem equatorial (Albiano ao Campaniano).

A ocorrência de um evento compressivo (após o Campaniano), de direção N-S, pode ser observado na área da Bacia Potiguar. Este evento provocou soerguimento da plataforma carbonática e reativação de numerosas falhas. Françolin e Szatimari (1987) consideram ser este o último evento deformacional importante ocorrido na margem equatorial (Figura 3.3 - E).

Por sua vez, Matos (1992) propôs, baseada no modelo de Chang et al. (1988), uma evolução puramente extensional de direção NW-SE/ E-W, com três estágios tectônicos, denominados de Sin-Riftes I, II e III, que caracterizam a diferença temporal e espacial das bacias do Sistema Rifte do Nordeste Brasileiro (Figura 3.4):

(a) Fase Sin-Rifte I (Jurássico superior): formação de bacias rasas a partir do preenchimento de extensas depressões desenvolvidas em estágios iniciais distensivos;

(b) Fase Sin-Rifte II (Neocomiano inferior): desenvolvimento de riftes associados a extensos fraturamentos da porção superior da crosta e;

(c) Fase Sin-Rifte III (Barremiano superior): Fase extensional, com o desenvolvimento da geometria final das bacias da margem leste.

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Figura 3.4 - Evolução tectônica das Bacias do Nordeste Oriental segundo (Matos 1994).

No Aptiano, a bacia passou a ter uma sedimentação que variava de continental a marinha, constituindo a Megassequência Transicional. No Albiano, a Megassequência Marinha desenvolveu-se com a união dos mares Equatorial e Atlântico Sul, marcando, desta forma, a separação completa dos continentes sul-americano e africano.

3.1.2 - Evolução Tectono-Sedimentar Cenozóica

A evolução tectônica cenozóica nordestina ainda é um tema que necessita de estudos mais aprofundados. Falta um modelo definitivo, apesar de existirem trabalhos que abordem este assunto os autores não chegam a um consenso sobre esta Era no nordeste.

A transição do Mesozóico para o Cenozóico nesta bacia se deu com uma erosão generalizada atestada pela discordância sobre as formações Jandaíra e Ubarana (Figura 3.2), denominada Discordância Pré-Ubarana, que antecede uma seqüência regressiva marinha predominantemente Terciária. No intuito de explicar esta discordância, Cremonini e Karner (1995) e Cremonini (1995) propõem que a erosão generalizada que produziu a discordância nas formações Jandaíra e Ubarana foi ocasionada por um

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que se formava ao longo da margem equatorial brasileira durante o Mesocampaniano (Figura 3.5 - A). Este soerguimento regional, que reativou diversas falhas pré-existentes, também teria promovido reativações de falhamentos importantes, como a Falha de Afonso Bezerra (Cremonini e Karner 1995) e deflagrou intenso processo erosivo de alcance regional. O processo de resfriamento das litosferas oceânica e continental justapostas iniciou após a passagem deste centro (Figura 3.5 - B).

Supe rfície de er osão Espalh a-mento Centro de Nível do M ar Nível d o Mar Discordânc ia pré-Ubaran a (A) (B)

Figura 3.5 - Modelo para origem da discordância pós-Jandaíra. (A) Caracteriza a passagem do centro de espalhamento em frente à Bacia Potiguar, causando o aquecimento, o soerguimento e erosão dos sedimentos; (B) Início do resfriamento e subsidência da Bacia Potiguar após a passagem do centro de espalhamento. Compilado de Cremonini e Karner (1995).

Rolim (1985) sugere que o tectonismo positivo e energético do Neocretácio tornou-se progressivamente atenuado no Cenozóico, com movimentação epirogenética de soerguimento, com intensidade variável de local para local. Correspondentes a estes ciclos tectônicos, desenvolveram-se processos de aplainamentos, com relevos rejuvenescidos. A fase mais jovem destes aplainamentos é tida como plio-pleistocênica, chamada de Superfície Sertaneja ou Velhas, correspondendo à superfície de erosão e denudação geral da Região Nordeste, que apresenta-se no interior como uma área pediplanizada e na região costeira como um conjunto de tabuleiros sedimentares, todos reunidos no Grupo Barreiras de Bigarella (1965, apud Rolim 1985).

Barbosa (1994), estudando uma área a oeste de Macau, definiu que a evolução tecto-sedimentar cenozóica desta área está intimamente relacionada a reativações de falhas NW distensivas. A evolução tectono-sedimentar cenozóica teria início a partir da deposição dos sedimentos Barreiras, quando começou a se instalar um processo de transgressão e posteriomente regressão marinha, evidenciados por paleopraias e paleoplanícies de maré. Toda a área estaria, atualmente, submetida a um processo de progradação, controlada pela cinemática distensiva das falhas noroeste.

Costa Neto (1985), através de estudos numa área a sul de Macau, também reconheceu e sugeriu a existência de um processo de progradação que seria controlado pelas reativações de falhas NW/SE. Este

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mesmo autor considera que a intrusão de um magma básico, relacionado a Formação Macau, ocorreu durante esta reativação, no Oligoceno.

Desde 1986, quando iniciou-se de forma mais intensiva os abalos sísmicos de João Câmara, a comunidade científica vem pesquisando a região para se chegar a alguns resultados práticos. Estas atividades sísmicas demonstram que os eventos tectônicos estão presentes e atuantes até o recente. Torres (1994) estudando estas atividades reconheceu, na Bacia Potiguar, estruturas que documentam deformações recentes em unidades terciárias e quaternárias. Estas estruturas, muitas vezes, constituem-se nos principais gerenciadores do contexto morfoneotectônico regional.

3.2 - Geologia da Área

A geologia da área mapeada é constituída por rochas sedimentares e sedimentos, que compreendem desde o Terciário até o Quaternário Recente (Anexo 02). Baseado em trabalhos de campo e nas análises de imagens orbitais, foram diferenciados nove unidades litológicas, separadas de acordo com sua idade geocronológica (Figura 3.6).

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3.2.1 - Terciário

Este período compreende rochas sedimentares clásticas do Grupo Agulha (Araripe e Feijó 1994) depositadas sob ambiente de alta a baixa energia, constituído pelas formações Ubarana, Guamaré e Tibau.

3.2.1.1 - Formação Tibau (Tt)

A Formação Tibau (Silva 1966 apud Tabosa 2000) é composta por arenitos calcíferos grossos, que podem estar interdigitadas lateralmente com rochas das formações Guamaré e Barreiras. De acordo com Farias (1997) a Formação Tibau encontra-se topograficamente sobreposta aos basaltos e diabásios que compõem o Magmatismo Macau, sendo que localmente se mostra intrudido e/ou intercalada por estas rochas vulcânicas.

Os afloramentos estão presentes no extremo SW da área, na falésia de Chico Martins, localizada geograficamente na frente da escarpa da Ponta do Tubarão (Figura 3.7) e no continente às margens da RN-221 (Figura 3.8) na porção central da área estudada, no ponto 23 do Anexo 03. Este afloramento é constituído por arenito grosso, composto por grãos calcíferos dolomitizados, concreções ferrosas e por grânulos de quartzo.

Miranda (1983) descreveu nas porções topograficamente mais baixas acumularam-se seixos deste conglomerado, transportados por gravidade por águas superficiais, formando extensas cascalheiras, as quais também podem formar-se em locais relativamente planos pelo carreamento da matriz fina do conglomerado pelas águas de drenagem pluvial, deixando os seixos livres.

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Figura 3.7 - Falésia de Chico Martins, localizada a frente à Ilha Barreira da Ponta do Tubarão, no Ponto 23 (Anexo 03). Da base para o topo: Fm Tibau, Fm Barreiras e Fm Potengi.

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3.2.2 - Tércio-Quaternário

3.2.2.1 - Formação Barreiras (Tb)

Descrita primeiramente por Branner (1902 apud Silva 1999) como uma faixa contínua de sedimentos que ocorrem na porção litorânea desde o Estado do Rio de Janeiro até o Estado do Pará, com características geomorfológicas próprias formando tabuleiros que, em vários trechos do litoral nordestino, suportam falésias (vivas ou recuadas). A partir daí surgiram diversos trabalhos sobre essa formação, que culminou nas colunas estratigráficas propostas por Mabesoone et al. (1972) e Bigarella (1975).

Mabesoone (1994) afirmou que a deposição dos sedimentos da Formação Barreiras começou a partir do Mioceno. Segundo Suguio (1998), esta deposição está intimamente relacionada ao soerguimento da Cordilheira dos Andes, iniciado ainda no Terciário, que promoveu mudanças climáticas e sedimentológicas de abrangência continental, as quais explicariam a deposição dos sedimentos da Formação Barreiras por quase todo o Brasil.

As rochas desta Formação ocupam boa parte da área estudada, ocorrendo por quase toda porção sul (Anexo 02), por vezes, apresentando-se em falésias, como em frente à Ponta do Tubarão (Figura 3.7). Corresponde a um arenito grosso, com porções mais argilosas e com alguns níveis conglomeráticos. Em contato com a Formação Potengi sotoposto está marcado por uma porção lateritizada, e com a Formação Tibau, o contato é marcado, macroscopicamente, pela mudança de coloração: do esbranquiçado da Formação Tibau para uma coloração amarelada da Formação Barreiras.

3.2.3 - Quaternário

Corresponde aos sedimentos inconsolidados e rochas sedimentares compreendidos na parte

onshore área estudada, próximo à linha de costa e estuários. É constituído, da base para o topo, pela

Formação Potengi, Colúvios, Cascalheiras e Dunas Fixas (Anexo 02), além dos sedimentos de Planície de Maré, Pisos de Dunas, Dunas Móveis, Aluviões e Sedimentos de Praias Recentes. Sendo a Planície de Maré constituída por sedimentos lamosos em parte arenosos finos, que correspondem a Zona de Intermaré e de sedimentos finos inconsolidados correspondentes a Zona de Supramaré.

Referências

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