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Identificação partidária no Brasil: Mudanças no eleitorado entre 1993 e 2010

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Identificação partidária no Brasil: Mudanças no

eleitorado entre 1993 e 2010

Oswaldo E. do Amaral (DCP-Cesop/Unicamp)

Monize Arquer (Mestranda em Ciência Política/Unicamp)

Paper preparado para o IX Encontro Nacional da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), Brasília, 4-7 de agosto de 2014

Favor não citar sem permissão (please, do not cite without permission)

Contato: oswamaral@gmail.com

Resumo

O tema da identificação partidária é um dos mais importantes para o estudo do comportamento eleitoral e da estruturação da competição política. Neste paper, buscamos descobrir variações no perfil sociodemográfico e nas opiniões e atitudes dos que se identificavam com os principais partidos políticos brasileiros em 1993 e em 2010, bem como avançar na discussão sobre a existência de um tipo de eleitor que não se identifica com nenhum partido, mas que acompanha os temas políticos, que defende a democracia e que prefere formas diretas de ação política. Tentamos, dessa forma, responder às seguintes perguntas: Os petistas, os peemedebistas e os tucanos, em 1993, tinham perfis diferentes dos de 2010? É possível identificarmos no Brasil, assim como nos Estados Unidos, a ampliação de um tipo de eleitor interessado por política, mas distante dos partidos políticos? Os resultados, por meio de análise estatística inferencial, mostram importantes variações nos perfis dos que se identificavam com o PMDB, o PSDB e com o PT entre 1993 e 2010 e que cresceu, no Brasil, a porcentagem de eleitores sofisticados politicamente e sem preferência partidária.

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Introdução

O tema da identificação partidária é um dos mais importantes para o estudo do comportamento eleitoral e da estruturação da competição política. Desde meados do século passado, tanto a abordagem da Escolha Racional quanto a psico-sociológica mobilizaram a identificação partidária como um elemento central para a explicação do comportamento dos eleitores. Mais recentemente, o debate sobre os sistemas partidários que emergiram após a Terceira Onda Democrática tratou os níveis de identificação partidária como uma das medidas cruciais para analisar o enraizamento dos partidos na sociedade, aspecto fundamental para a institucionalização dos sistemas partidários (Mainwaring; Scully, 1995; Mainwaring; Torcal, 2005).

No Brasil, os últimos trabalhos sobre identificação partidária seguem os caminhos trilhados pela literatura internacional. Em recente trabalho, Samuels e Zucco demonstram que a identificação partidária no Brasil afeta a opinião dos eleitores (2014). Carreirão e Barbetta (2004) e Ribeiro, Carreirão e Borba (2011) também indicam que a preferência partidária tem impacto significativo sobre o comportamento do eleitor. Outros autores se preocuparam em descobrir os determinantes da identificação partidária no País. Essa perspectiva ganhou espaço com a ascensão do Partido dos Trabalhadores (PT) à presidência da República, em 2003, e o crescimento da preferência por esse partido nos últimos anos. Samuels (2004; 2008) concentrou-se nas "bases do petismo". Para o autor, entre 2002 e 2007, poucas mudanças aconteceram entre os que se identificavam com o partido. O petista médio vivia em centros urbanos desenvolvidos, participava ativamente da política e era mais informado do que a maioria dos brasileiros. Segundo Veiga (2007, 2011), Venturi (2010) e Singer (2010), o PT apresentou, desde os anos 1990, um processo de nacionalização, com a redução na proporção de simpatizantes da região Sudeste, berço do partido, e ampliou sua penetração nos segmentos de menor renda e escolaridade. Singer chega a afirmar que o PT teria se transformado no “partido dos pobres”, ocupando um lugar vago na política brasileira desde o final da década de 1980 (2010, p. 100).

Por sua vez, Ribeiro, Borba e Gimenes (2013) mobilizaram conceitos e análises desenvolvidos por Dalton (2008; 2013) e trataram de identificar, no caso brasileiro, a emergência, entre 2006 e 2012, de um novo perfil de eleitor, o apartidário,

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caracterizado por alta mobilização cognitiva, forte apoio à democracia, posicionamento crítico em relação às instituições e preferências por formas diretas de ação política.

Este trabalho está mais vinculado a essas duas últimas abordagens. Dessa forma, não estamos diretamente preocupados em analisar o impacto da identificação partidária sobre o comportamento do eleitor, mas em descobrir variações no seu perfil sociodemográfico e nas suas opiniões e atitudes ao longo do tempo, bem como avançar na discussão sobre a existência de um tipo de eleitor que não se identifica com nenhum partido, mas que acompanha os temas políticos, que defende a democracia e que prefere formas diretas de ação política.

Partimos aqui de duas constatações empíricas já apontadas por outros autores e que servem de base para as questões que orientam este artigo. A primeira delas é uma tendência de queda, ainda que moderada, nos níveis de identificação partidária no atual período democrático. Segundo dados do Instituto Datafolha, a preferência por algum partido político no Brasil caiu de cerca de 50%, em meados dos anos 1990, para cerca de 40% nos últimos anos (Gráfico 1)1. Além disso, é possível observarmos a queda nos níveis de preferência pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e a ampliação da identificação dos eleitores com o PT. O Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), apesar de ter comandado o Executivo nacional por oito anos, nunca conseguiu atingir níveis expressivos de identificação partidária.

Fonte: Instituto Datafolha

1 O Gráfico 1 foi construído a partir da média anual das respostas à seguinte pergunta: Qual é o seu partido político de preferência? (Espontânea/Única).

0 10 20 30 40 50

60 Gráfico 1. Identificação partidária no Brasil (1989-2014)

PT PMDB PSDB Total Id. Partidária

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Diante desse quadro, buscamos responder às seguintes perguntas: Os petistas, os peemedebistas e os tucanos, em 1993, tinham perfis diferentes dos de 2010? É possível identificarmos no Brasil, assim como nos Estados Unidos, a ampliação de um tipo de eleitor interessado por política, mas distante dos partidos políticos? Ao respondermos a essas perguntas reavaliamos os achados de Samuels (2008), Veiga (2007; 2011), Venturi (2010), Singer (2010) e Ribeiro, Borba e Gimenes (2013) em uma análise que contrasta dois momentos relativamente distantes. Dessa forma, buscamos contribuir para a discussão a respeito da relação entre eleitores e partidos políticos no Brasil e, consequentemente, da qualidade da democracia no País.

Para isso, usamos análises estatísticas multivariadas a partir de dois surveys realizados em 1993 e 2010. O primeiro foi realizado pelo Instituto Datafolha em parceria com o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) em março de 1993, em todo o País, com uma amostra de 2526 eleitores. O segundo foi executado pela Corporación Latinobarómetro, em setembro de 2010, também em todo o Brasil, com uma amostra de 1204 eleitores2. A escolha desses surveys para a análise deve-se ao fato de que ambos realizaram as mesmas perguntas sobre identificação partidária e interesse por política, fundamentais para o desenvolvimento desse estudo, e por contarem com outras questões iguais ou semelhantes para a elaboração dos perfis de opinião, atitudinal e sociodemográfico dos eleitores que possuem preferências partidárias.

O artigo está organizado da seguinte forma: Na próxima seção apresentamos os resultados referentes aos perfis de petistas, tucanos e peemedebistas tanto em 1993 quanto em 2010. Depois, discutimos os dados sobre os vários tipos de eleitor (Independente Apolítico, Partidário Ritual, Partidário Cognitivo e Apartidário) conforme caracterização elaborada por Dalton (2008; 2013) e seus efeitos para a competição política. Por fim, apresentamos nossas considerações finais.

2 Agradecemos ao Centro de Estudos de Opinião Pública da Universidade Estadual de Campinas (Cesop/Unicamp) por disponibilizar a pesquisa do Instituto Datafolha/Cedec e também à Corporación Latinobarómetro.

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Perfil dos que se identificam com partidos

Começamos esta seção com uma série de advertências metodológicas. A primeira diz respeito aos tamanhos das amostras das duas pesquisas, o que pode afetar a comparação. A segunda está ligada ao fato de que nem sempre as variáveis mobilizadas derivaram de perguntas idênticas, o que inviabiliza a comparação dos tamanhos dos efeitos entre os surveys (mas não dentro deles). Por fim, é necessário lembrar que a pergunta que utilizamos aqui para mensurar a identificação partidária é diferente da utilizada na série histórica do Instituto Datafolha. Dado o caráter exploratório da análise, acreditamos que os ganhos analíticos com a identificação de efeitos estatisticamente significativos são superiores a eventuais limitações no aspecto comparativo.

Em 1993, 59,1% dos entrevistados afirmaram sentirem-se próximos a algum partido político. Em 2010, a porcentagem caiu para 27,5%3. Apesar da variação ser maior do que a encontrada na série histórica do Instituto Datafolha, o sentido é o mesmo. Em 2006, pesquisa realizada pelo Nupes/Cesop encontrou dados semelhantes: 25,5% dos entrevistados afirmaram sentirem-se próximos a algum partido político. Em 1993, PMDB e PT eram os partidos com maiores níveis de identificação junto ao eleitorado. Em 2010, apenas o PT contou com um nível elevado de identificação (Tabela 1). Esses dados confirmam o que outros autores já haviam encontrado: redução nas taxas de identificação partidária e predominância dos petistas entre os que se identificam com algum partido (Carreirão e Kinzo, 2004; Kinzo, 2007; Venturi, 2010; Veiga, 2011).

3 A pergunta utilizada na pesquisa de 1993 foi: Poderia me dizer de que partido político você se sente habitualmente mais próximo? (Espontânea). Em 2010, a pergunta foi: De qual partido político você se sente mais próximo? (Espontânea).

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Tabela 1. Proximidade com os partidos políticos em 1993 e 2010 (%) 1993 2010 PMDB 19,7 2,6 PT 14,2 17,4 PDT 5,4 0,2 PFL 5,1 0,2 PDS/PP 5 0,2 PSDB 4,3 4,1 Outros 5,5 2,9 Sem id. 40,9 72,4 N 2470 1199

Fonte: Datafolha/Cedec; Latinobarómetro

A partir de trabalhos anteriores, como os de Carreirão e Kinzo (2004), Veiga (2007; 2011), Samuels (2008) e Ribeiro, Carreirão e Borba (2011), construímos uma análise multivariada que combina variáveis sociodemográficas, atitudinais e de opinião com o objetivo de traçar o perfil dos eleitores próximos ao PT, ao PMDB e ao PSDB tanto em 1993 quanto em 2010. A técnica foi a regressão logística multinomial na qual a categoria de referência foi o conjunto de brasileiros que não se identificam com nenhum partido. O modelo inclui as seguintes variáveis sociodemográficas: Escolaridade, Idade, Sexo, Etnia, Região do País e Tipo de Município. Para Etnia, recodificamos as respostas em dois grupos: Brancos e não brancos. Para Região, buscamos observar se viver no Sudeste impacta nos níveis de identificação, dessa maneira separamos os entrevistados também em dois grupos: aqueles que vivem no Sudeste e os que vivem nas outras regiões do Brasil. Para Tipo de Município, em 1993, separamos os respondentes em dois grupos: os que viviam em regiões metropolitanas e os que não viviam. Em 2010, a recodificação deu-se entre os moravam em capitais e os que viviam no interior.

Já as variáveis atitudinais e de opinião foram as seguintes: Preferência pela Democracia, Eficácia Política Subjetiva, Informação Política, Participação Cívica, Ativismo Político e Autolocalização Ideológica. A Preferência pela Democracia foi operacionalizada a partir da afirmação dos entrevistados de que "a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo". A Eficácia Política Subjetiva, a partir da afirmação de que "é possível entender a política". A variável Informação Política foi operacionalizada de maneiras distintas nos surveys. Na pesquisa Datafolha/Cedec, separamos os entrevistados entre aqueles que "leem ou assistem notícias sobre política

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frequentemente" e os que não têm esse hábito. Na pesquisa realizada pelo Latinobarómetro, separamos os que assistem ao noticiário político na televisão entre cinco e sete dias por semana e os que veem com menos frequência. A Participação Cívica foi também mensurada de maneira distinta nas pesquisas. No survey realizado em 1993, separamos os entrevistados entre aqueles que "votariam nas próximas eleições presidenciais se o voto não fosse obrigatório" daqueles que não compareceriam às urnas. Na pesquisa de 2010, dividimos os entrevistados entre os que sentem "satisfação ao votar" e os que não possuem esse sentimento. A variável Ativismo Político foi elaborada, no survey realizado em 1993, a partir da divisão dos entrevistados entre aqueles que participam com alguma frequência ou muita frequência de "manifestações contra ou a favor do governo ou por alguma causa" daqueles que raramente ou nunca participam. Já na pesquisa de 2010, separamos aqueles que afirmaram que a "maneira mais eficaz para influenciar uma decisão do governo é organizar uma manifestação" dos que citaram outras formas. A autolocalização ideológica foi mensurada da mesma maneira em ambas as pesquisas, a partir da escala de zero a dez, na qual zero significa esquerda e dez, direita.

Tabela 2. Modelos para a identificação partidária (1993)

PT PMDB PSDB

B Exp (B) Sig. B Exp (B) Sig. B Exp (B) Sig. Escolaridade ,024 1,025 ,630 -,205 ,815 ,000 ,168 1,183 ,023 Idade -,032 ,968 ,000 -,005 ,995 ,323 -,011 ,989 ,239 Sexo ,513 1,671 ,001 ,567 1,763 ,000 1,096 2,993 ,000 Etnia -,244 ,784 ,142 -,049 ,952 ,731 ,230 1,258 ,408 Região ,222 1,249 ,168 -,218 ,804 ,119 ,352 1,422 ,158 Tipo de Mun. ,247 1,280 ,127 -,474 ,622 ,001 ,313 1,367 ,212 Pref. Dem. ,535 1,708 ,003 ,493 1,638 ,001 ,546 1,727 ,059

Efic. Pol. Sub. ,048 1,049 ,798 -,028 ,972 ,869 -,192 ,825 ,490 Info. Política ,578 1,782 ,001 ,465 1,592 ,002 1,593 4,920 ,000

Part. Cívica ,509 1,663 ,002 ,185 1,203 ,186 ,708 2,030 ,008

Ativismo Pol. ,889 2,432 ,000 ,448 1,566 ,040 ,510 1,665 ,094

Autoloc. Id. -,246 ,782 ,000 ,060 1,062 ,038 -,019 ,981 ,719 N = 1755; Pseudo r2 = ,257; Log pseudolikelihood = 4662,92;

Ref. Não se identificam com nenhum partido

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Os resultados mostram existir certa congruência entre os fatores que explicam a identificação com o PT, o PSDB e o PMDB em 1993. A identificação partidária mostrou-se impactada pelo sexo do entrevistado (masculino) para as três agremiações. Além disso, petistas, peemedebistas e tucanos tinham mais informação política, preferiam a democracia a qualquer outra forma de governo e eram mais ativos politicamente do que os que não se identificavam com nenhum partido. Com relação às diferenças, podemos observar que a participação cívica ajudava a explicar a identificação com o PT e o PSDB, mas não com o PMDB. Estar no interior predizia o peemedebismo, mas não o petismo ou a identificação com o PSDB. Além disso, os petistas estavam mais à esquerda do que os que não se identificavam com nenhum partido. É interessante notar ainda que a variável "Região" não se mostrou estatisticamente significativa para nenhum tipo de identificação partidária em 1993.

Tabela 3. Modelos para a identificação partidária (2010)

PT PMDB PSDB

B Exp (B) Sig. B Exp (B) Sig. B Exp (B) Sig. Escolaridade -,035 ,966 ,574 -,078 ,925 ,563 ,125 1,133 ,246 Idade ,010 1,010 ,133 ,018 1,018 ,223 ,016 1,016 ,200 Sexo -,136 ,873 ,514 ,680 1,973 ,159 -,068 ,934 ,855 Etnia -,082 ,921 ,701 ,132 1,141 ,778 ,671 1,957 ,093 Região ,488 1,629 ,025 -1,014 ,363 ,049 ,368 1,445 ,349 Tipo de Mun. ,384 1,468 ,098 ,113 1,120 ,829 -,007 ,993 ,988 Pref. Dem. ,432 1,540 ,054 ,169 1,184 ,723 ,677 1,968 ,121 Efic. Pol. Sub. ,239 1,270 ,263 -,259 ,772 ,568 -,275 ,759 ,474 Info. Política ,638 1,893 ,003 1,133 3,104 ,016 ,725 2,066 ,061

Part. Cívica 1,269 3,557 ,000 1,240 3,456 ,007 1,230 3,422 ,001

Ativismo Pol. ,810 2,248 ,000 ,578 1,783 ,204 ,462 1,588 ,228 Autoloc. Id. ,019 1,019 ,685 ,250 1,285 ,019 ,072 1,075 ,403 N = 626; Pseudo r2 = ,229; Log pseudolikelihood = 1205,79;

Ref. Não se identificavam com nenhum partido

Fonte: Autores a partir de dados do survey do Latinobarómetro

Para 2010, a variável sexo não é mais capaz de predizer a identificação com os três partidos. Esse é um dado interessante que indica uma maior equidade entre os sexos nos níveis de preferência partidária. O nível de congruência entre os que se identificam com os três partidos diminuiu. Em comum, autoidentificados com PT, PSDB e PMDB

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têm maior aquisição de informação política e um maior nível de participação cívica do que os que não preferem nenhuma agremiação. Os petistas são caracterizados ainda pela preferência à democracia e pelo maior nível de ativismo político. Além disso, viver em capitais e na região Sudeste aparecem como preditores da identificação com o partido. É importante ressaltar que, diferentemente do que encontramos para 1993, eles não estão mais à esquerda daqueles que não se identificam com nenhum partido. Os fatores que ajudam a explicar o peemedebismo são também estar fora da região Sudeste e à direita dos que não se identificam com nenhum partido. Já a etnia (Branco) ajuda a predizer os tucanos. É necessário notar que o Ativismo Político e a Preferência pela Democracia não são mais capazes de predizer peemedebistas e tucanos.

Sobre o petismo, nossos resultados confirmam alguns dos achados de Samuels (2008), Ribeiro, Carreirão e Borba (2011) e Veiga (2011). No entanto, ao recuarmos a análise para 1993, é possível identificamos um maior grau de estabilidade em muitas das características daqueles que demonstram preferência pelo PT. Vejamos: ao comparar os dados de dois surveys realizados em 2002 e em 2007, Samuels concluiu que o retrato do petista médio em 2007 diferia pouco do obtido em 2002 (2008, p. 313). Segundo o autor, tanto em 2002 quanto em 2007, os petistas viviam em municípios altamente desenvolvidos, acreditavam que o voto fazia diferença na política e possuíam um conhecimento sobre política maior do que o brasileiro médio que não se identificava com nenhum partido. A principal diferença residia exatamente no fato de que a ideologia não era mais capaz de predizer o petismo (2008, p. 312). Já Ribeiro, Carreirão e Borba encontraram associações entre o petismo e a adesão à democracia (2011) e Veiga também demonstrou um deslocamento dos petistas rumo ao centro do espectro político.

Os dados apresentados aqui apontam para a estabilidade em muitas das características que separam os petistas daqueles que não se identificam com nenhum partido. A maior quantidade de informação política, a preferência pelo regime democrático e a maior participação cívica são marcas dos petistas ao longo do tempo, denotando uma clara estabilidade no seu perfil com relação a opiniões e atitudes políticas. Além desses três achados, que já se encontravam também em outros trabalhos, pudemos identificar que os petistas são mais ativos politicamente do que os brasileiros que não se identificam com nenhum partido, diferentemente do que havia encontrado Samuels (2008). Estas evidências ressaltam a importância da moderação ideológica por

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parte dos petistas, pois essa parece ser, como já havia indicado Samuels (2008), a principal transformação entre eles.

Já com relação aos tucanos e peemedebistas, é importante destacarmos que, entre 1993 e 2010, ampliou a diferença entre eles e os petistas. A preferência pela democracia e o ativismo político não são mais variáveis capazes de predizer a identificação com o PMDB e o PSDB. Nesse sentido, tucanos e peemedebistas ficaram mais parecidos com aqueles que não se identificam com nenhuma agremiação. Voltaremos a essas questões nas Considerações Finais.

Tipos de eleitores

A queda nos níveis de identificação partidária nos impõe analisar se ela viria acompanhada apenas de desinteresse pela política, ou se estaríamos presenciando também o surgimento de um novo tipo de eleitor no Brasil, politicamente sofisticado, mas desalinhado em relação aos partidos políticos.

Segundo Dalton (2008), mudanças sociais e políticas nas sociedades industriais contemporâneas, na segunda metade do século XX, aumentaram as habilidades políticas dos cidadãos. O aumento no grau de escolaridade, de interesse por política e a ampliação da mídia de massa proporcionaram um crescimento do que o autor chama de

mobilização cognitiva. Para o autor, o cidadão com alta mobilização cognitiva tem mais

habilidade e interesse em tomar decisões sem utilizar atalhos, como os partidos políticos.

Para Dalton (2008; 2013), essas mudanças resultaram na possibilidade, no caso norte-americano, de separar os eleitores em quatro tipos: Independentes Apolíticos, Apartidários, Partidários Rituais e Partidários Cognitivos. Esses tipos se dão a partir da combinação de três variáveis: nível de escolaridade, interesse por política e simpatia partidária (Tabela 4). Os Independentes Apolíticos não têm preferência por nenhum partido e não possuem sofisticação cognitiva. Os que integram esse grupo são menos preocupados com temas políticos e menos propensos a se envolverem em atividades políticas. Os Apartidários também são politicamente independentes. No entanto, possuem as habilidades e os recursos necessários para se orientarem e agirem politicamente sem dependerem dos partidos políticos. Os Partidários Rituais são

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guiados por sua identidade partidária. Não são cognitivamente sofisticados e suas atividades políticas são quase sempre mediadas pelas agremiações. Por fim, os Partidários Cognitivos possuem identificação partidária e são cognitivamente sofisticados. São capazes de analisar a política e agir para além das indicações fornecidas pelos partidos políticos (Dalton, 2013, pp. 40-41).

Tabela 4. Índice de cognição partidária

Mobilização cognitiva (escolaridade + int. pol)

Mobilização partidária

Sem identificação partidária Com identificação partidária

Alta Apartidários Partidários Cognitivos

Baixa Independentes apolíticos Partidários Rituais

Fonte: Adaptado de Dalton (2013, p.40)

No caso brasileiro, Ribeiro, Borba e Gimenes (2013) utilizaram a tipificação de Dalton (2008; 2013) e buscaram descobrir se o fenômeno do apartidarismo no País teria contornos parecidos ao encontrado em democracias consolidadas. Ou seja, se estaríamos presenciando a emergência de um tipo de eleitor sofisticado cognitivamente, mas desalinhado com relação às agremiações políticas. Utilizando dados de survey realizado pelo Latin American Public Opinion Project (Lapop) em 2012, os autores concluíram haver no Brasil dois tipos de não identificação partidária no País. De um lado, os independentes apolíticos (cerca de 60% do eleitorado), com baixa informação política, baixo sentimento de eficácia política e menores níveis de adesão à democracia. De outro, os apartidários (cerca de 6% do eleitorado), mais informados, com maior nível de sentimento de eficácia política e de adesão à democracia (Ribeiro, Borba e Gimenes, 2013).

Neste paper utilizamos estratégia parecida à de Ribeiro, Borba e Gimenes (2013) com a vantagem de que ao analisarmos os dados dos surveys do Datafolha/Cedec e do Latinobarómetro conseguimos captar as variações entre os tipos de eleitores em uma distância temporal maior (1993-2010) e a capacidade preditiva dos perfis sobre atitudes e sentimentos políticos em dois momentos distintos do atual período democrático no País.

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Os tipos partidários foram construídos exatamente como indicou Dalton (2013) e como fizeram Ribeiro, Borba e Gimenes (2013). Separamos os entrevistados em dois grupos: os que se sentem próximos a algum partido e os que não se sentem4. Criamos

um índice de mobilização cognitiva agregando os níveis de escolaridade e o de interesse por política, dividindo os entrevistados entre os que possuem alta e baixa mobilização cognitiva. Depois, combinamos a proximidade (ou não) a algum partido com o índice desenvolvido5, resultando nos quatro tipos de eleitores.

No Gráfico 2 é possível observarmos o aumento significativo dos Independentes Apolíticos, que passaram de 37,2%, em 1993, para 65,5% em 2010. De maneira inversa, os Partidários Rituais caíram de 49,9% para 22,5%. Mudança semelhante aconteceu entre os Partidários Cognitivos e os Apartidários, embora com menor variação. Os Partidários Cognitivos caíram de 9,5%, em 1993, para 5%, em 2010, e os Apartidários subiram de 3,4% para 6,9%. É importante destacar que os números encontrados para 2010 são muito parecidos com os verificados por Ribeiro, Borba e Gimenes (2013) para o período 2006-2012. Aqui, porém, avançamos ao mostrarmos a variação no período e os resultados demonstram a importância de avaliar as diferenças de opiniões e atitudes dos diferentes tipos partidários no Brasil.

4 A pergunta utilizada na pesquisa de 1993 foi: Poderia me dizer de que partido político você se sente habitualmente mais próximo? (Espontânea). Em 2010, a pergunta foi: De qual partido político você se sente mais próximo? (Espontânea).

5 O índice de mobilização cognitiva foi operacionalizado da seguinte forma: Os entrevistados foram divididos em quatro grupos segundo sua escolaridade (Até o ensino fundamental completo; até o ensino médio completo; ensino superior incompleto; ensino superior completo). Cada grupo recebeu, de forma ascendente, uma pontuação de 1 a 4. Procedimento semelhante foi realizado com a as respostas à pergunta "E quanto ao seu interesse por política, você diria que é? (muito interessado, interessado, pouco interessado, nada interessado). A adição das duas respostas resultou em um gradiente de 2 a 8. Os entrevistados que somaram de 2 a 5, foram qualificados como portadores de baixa mobilização cognitiva. Os que somaram de 6 a 8, como portadores de alta mobilização cognitiva. O procedimento e as perguntas foram os mesmos para os dois surveys utilizados.

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Fonte: Autores a partir de Datafolha/Cedec (1993) e Latinobarómetro (2010)

Para avaliarmos os possíveis impactos dos diferentes perfis sobre atitudes e opiniões políticas realizamos uma série de testes multivariados. A técnica utilizada foi a regressão logística e as variáveis dependentes foram as seguintes: Preferência pela Democracia, Eficácia Política Subjetiva, Informação Política, Participação Cívica e Ativismo Político6. Como variáveis independentes, utilizamos os perfis partidários e as seguintes variáveis de controle: Sexo, Idade, Etnia e Tipo de Município7. Com relação aos perfis, utilizamos como categoria de referência os Independentes Apolíticos para conseguirmos contrastar os efeitos dos outros tipos de eleitor nos mesmos modelos.

Os testes foram realizados tanto para 1993 quanto para 2010. Como nossa preocupação está vinculada ao crescimento dos eleitores sem identificação partidária, optamos por analisar sistematicamente apenas os dados relativos a 2010. No entanto, é necessário destacar que, em 1993, os perfis partidários foram capazes de predizer todas as variáveis dependentes, ou seja, exerceram impactos estatisticamente significativos. Para a Preferência pela Democracia, a Informação Política, a Participação Cívica e o Ativismo Político, os partidários rituais e os cognitivos, assim como os apartidários, apresentaram impactos positivos quando comparados com os Independentes Apolíticos. Isso significa que pertencer a um desses grupos elevava a possibilidade de apoiar a democracia, buscar informação sobre política, comparecer às urnas se o voto não fosse

6 As variáveis dependentes foram operacionalizadas da maneira descrita na seção anterior do trabalho. 7 As variáveis de controle foram operacionalizadas da maneira descrita na seção anterior do trabalho.

37.2 65.5 3.4 6.9 49.9 22.5 9.5 5 0 10 20 30 40 50 60 70 1993 2010

Gráfico 2. Perfil do eleitorado brasileiro (1993 e 2010, em %)

Independente apolítico Apartidário

Partidário ritual Partidário cognitivo

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obrigatório e participar de protestos com alguma frequência. Ou seja, os tipos partidários possuíam distintas opiniões a atitudes sobre a política8.

Os dados de 2010 mostram que o perfil dos eleitores impacta em quatro das cinco opiniões/atitudes analisados (Preferência pela Democracia; Eficácia Política Subjetiva; Informação Política e Participação Cívica). A única que não sofreu impacto foi o Ativismo Político (Tabela 9). O quadro geral está de acordo com o que sugeriram Ribeiro, Borba e Gimenes (2013) e demonstra a importância de separar os tipos para melhor compreendermos os valores e as atitudes políticas dos brasileiros. No entanto, com relação ao comportamento e às opiniões dos apartidários, os resultados que encontramos não se mostram tão robustos quanto os apresentados pelos autores. Fazer parte do grupo Apartidário não eleva a possibilidade de preferir o regime democrático. Por sua vez, ser um Partidário Ritual ou Cognitivo eleva em 63% e 99% a possibilidade de preferir a democracia a qualquer outro regime (Tabela 5). Para Informação Política, aconteceu algo semelhante: os apartidários não têm mais chance de assistir ao noticiário político com mais frequência do que os independentes apolíticos. Os partidários rituais e cognitivos têm, respectivamente, 88% e 434% mais chance de se informar politicamente com frequência pela televisão do que os independentes apolíticos (Tabela 7). É necessário destacarmos aqui que a restrição à informação adquirida pela televisão pode ter causado algum desvio na análise – o que não aconteceu com a pesquisa Datafolha/Cedec (1993).

Já os dados para a Eficácia Política Subjetiva, variável fundamental para mensurarmos a competência política dos cidadãos, foi impactada pelos três tipos de eleitores. Partidários rituais têm 38% mais chances de afirmarem que conseguem entender a política do que os independentes apolíticos. Para os apartidários e partidários cognitivos, as porcentagens sobem para 113% e 162%, respectivamente (Tabela 6). Descobrimos efeito semelhante com relação à Participação Cívica. Os três tipos demonstraram possuir mais chances de sentirem satisfação ao votarem do que os independentes apolíticos: 66% para os apartidários, 268% para os partidários rituais e 346% para os cognitivos (Tabela 8).

8 As tabelas com as regressões relativas ao survey Datafolha/Cedec, realizado em 1993, encontram-se no Apêndice 1.

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Tabela 5. Preditores de Preferência pela Democracia

entre o eleitorado brasileiro (2010)

B Sig. Exp(B) Perfil ,003 Apartidário ,372 ,141 1,451 Partidário Ritual ,489 ,002 1,630 Partidário Cog. ,692 ,023 1,997 Sexo(Masculino) ,160 ,216 1,173 Idade ,013 ,002 1,013 Etnia(Branco) ,122 ,353 1,129 Munic.(Capital) ,105 ,468 1,110 Constante -,377 ,051 ,686

Categoria de Ref.: Perfil (Independente Apolítico); Fonte: Latinobarómetro

Tabela 6. Preditores de Eficácia Política Subjetiva

entre o eleitorado brasileiro (2010)

B Sig. Exp(B) Perfil ,000 Apartidário ,757 ,002 2,132 Partidário Ritual ,327 ,026 1,387 Partidário Cog. ,964 ,001 2,623 Sexo(Masculino) ,377 ,002 1,458 Idade -,003 ,477 ,997 Etnia(Branco) ,224 ,073 1,251 Mun.(Capitais) -,033 ,809 ,967 Constante -,503 ,006 ,604

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Tabela 7. Preditores de Informação Política entre o eleitorado brasileiro (2010) B Sig. Exp(B) Perfil ,000 Apartidário ,315 ,196 1,370 Partidário Ritual ,633 ,000 1,883 Partidário Cog. 1,677 ,000 5,349 Sexo(Masculino) -,011 ,927 ,989 Idade ,005 ,156 1,005 Etnia(Branco) -,458 ,000 ,633 Mun(Capitais) ,052 ,709 1,053 Constante -1,015 ,000 ,362

Categoria de Ref.: Perfil (Independente Apolítico); Fonte: Latinobarómetro

Tabela 8. Preditores de Participação Cívica entre o eleitorado brasileiro (2010)

B Sig. Exp(B) Perfil ,000 Apartidário ,509 ,066 1,664 Partidário Ritual 1,303 ,000 3,682 Partidário Cog. 1,497 ,000 4,467 Sexo(Masculino) ,369 ,009 1,447 Idade ,000 ,964 1,000 Etnia(Branco) -,208 ,151 ,812 Mun.(Capitais) -,540 ,001 ,583 Constante -1,427 ,000 ,240

Categoria de Ref.: Perfil (Independente Apolítico); Fonte: Latinobarómetro

Tabela 9. Preditores de Ativismo Político entre os eleitores brasileiros (2010)

B Sig. Exp(B) Perfil ,120 Apartidário -,241 ,326 ,786 Partidário Ritual ,291 ,049 1,338 Partidário Cog. ,171 ,531 1,187 Sexo(Masculino) ,105 ,398 1,110 Idade -,010 ,009 ,990 Etnia(Branco) -,008 ,950 ,992 Mun.(Capitais) ,235 ,086 1,264 Constante -,049 ,792 ,952

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Quando comparados aos dados do survey Datafolha/Cedec, é possível afirmarmos que os apartidários em 2010 estão mais próximos dos independentes apolíticos do que em 1993. No entanto, agora compõem um contingente expressivo de eleitores, algo que não acontecia há 20 anos. Os resultados indicam também, ainda que de maneira não tão forte como os encontrados por Ribeiro, Borba e Gimenes (2013), que a ampliação dos níveis de não identificação partidária não denotam, em si, crise de representação e do próprio regime democrático. A emergência dos eleitores apartidários, que sentem satisfação ao votar e que acreditam compreender a política está em linha com a noção de cidadania crítica e sugere que a não identificação com partidos políticos não é, necessariamente, algo que se opõe ao funcionamento de regimes democráticos consolidados.

Considerações Finais

Neste paper buscamos responder, de forma exploratória, a duas perguntas importantes a respeito dos eleitores brasileiros. A primeira estava relacionada à variação nos perfis sociodemográfico, atitudinal e de opinião dos que se identificam com os três mais importantes partidos políticos brasileiros no atual período democrático: o PT, o PSDB e o PMDB. A segunda estava vinculada à emergência de um novo perfil de eleitor no Brasil, o apartidário, fenômeno já identificado em algumas democracias consolidadas. Uma das novidades da análise, apesar das limitações metodológicas, foi comparar dados com um distanciamento no tempo.

Com relação à primeira preocupação, descobrimos um razoável grau de congruência no que toca a opiniões e atitudes políticas entre petistas, peemedebistas e tucanos em 1993. Ou seja, do ponto de vista da sua percepção sobre o regime democrático e formas de atuação dentro dele, os três grupos possuíam visões semelhantes em contraste com os que não se identificavam com nenhum partido. É possível que os primeiros anos do regime democrático tenham exercido um impacto nesse sentido, fazendo com que aqueles que se envolviam mais diretamente com temas políticos tivessem opiniões mais fortes sobre o próprio regime e formas de atuação dentro dele. Em 2010, descobrimos que a distância entre os que se identificavam com as três agremiações aumentou, sendo que os petistas foram os únicos que mantiveram boa parte das características apresentadas 17 anos antes. Esse é um dado relevante que

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indica que a identificação com o PT apresenta razoável grau de estabilidade no que toca às características de seus apoiadores. Por fim, descobrimos que, em 1993, os petistas estavam à esquerda dos que não se identificavam com nenhum partido político, o que havia sido sugerido por Samuels (2008) e Veiga (2007), mas não efetivamente demonstrado por meio de análises multivariadas.

Já com relação á segunda pergunta, fomos capazes de descobrir que é possível falarmos em distintos perfis de eleitor para o caso brasileiro, assim como sugeriu Dalton (2013) para o caso norte-americano. Além disso, nossa análise também indica que a emergência do eleitor apartidário pode estar em consonância com as perspectivas democráticas. Ou seja, apesar de não estar identificado com nenhum partido, esse eleitor não se mostra contrário ao ato de votar ou incapaz de entender os temas políticos em debate. A ampliação desse tipo de eleitor traz novidades para o mundo da competição política, pois ele não segue indicações partidárias, o que significa que está mais aberto a estímulos diversos e contraditórios produzidos durante as campanhas eleitorais, por exemplo. Isso pode embaralhar um pouco mais o jogo político-eleitoral brasileiro. Apesar do crescimento do contingente de apartidários, é fundamental lembrarmos que 65,5% dos entrevistados, em 2010, foram caracterizados como independentes apolíticos. Comparado com outros países europeus e com os EUA, esses números são elevados e parecem condicionar a qualidade da democracia no País.

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Apêndice 1

Preditores de Preferência pela Democracia entre o eleitorado brasileiro (1993)

B S.E. Wald df Sig. Exp(B)

Perfil 41,173 3 ,000 Apartidário ,484 ,264 3,368 1 ,066 1,622 Partidário Ritual ,444 ,108 16,719 1 ,000 1,558 Partidário Cog. 1,205 ,203 35,102 1 ,000 3,338 sexo(Masculino) -,089 ,101 ,769 1 ,381 ,915 Idade ,005 ,003 1,879 1 ,170 1,005 Etnia(Branco) ,064 ,102 ,398 1 ,528 1,067 Mun(Reg. Met.) ,184 ,102 3,247 1 ,072 1,202 Constante ,182 ,169 1,163 1 ,281 1,200

Categoria de Ref.: Perfil (Independente Apolítico); Fonte: Datafolha/Cedec

Preditores de Eficácia Política Subjetiva entre o eleitorado brasileiro (1993)

B S.E. Wald df Sig. Exp(B)

Perfil 72,604 3 ,000 Apartidário 1,151 ,256 20,268 1 ,000 3,161 Partidário Ritual ,041 ,130 ,098 1 ,754 1,041 Partidário Cog. 1,221 ,174 49,486 1 ,000 3,391 sexo(Masculino) ,489 ,114 18,446 1 ,000 1,630 Idade -,009 ,004 5,132 1 ,023 ,991 Etnia(Branco) -,008 ,115 ,005 1 ,942 ,992 Mun(Reg. Met.) ,109 ,113 ,932 1 ,334 1,115 Constante -1,572 ,195 65,018 1 ,000 ,208

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Preditores de Informação Política entre o eleitorado brasileiro (1993)

B S.E. Wald df Sig. Exp(B)

Perfil 217,464 3 ,000 Apartidário 2,376 ,276 74,056 1 ,000 10,766 Partidário Ritual ,696 ,111 39,387 1 ,000 2,005 Partidário Cog. 2,485 ,188 174,409 1 ,000 11,996 sexo(Masculino) ,517 ,100 26,946 1 ,000 1,677 Idade ,017 ,003 25,837 1 ,000 1,017 Etnia(Branco) ,275 ,100 7,496 1 ,006 1,317 Mun(Reg. Met.) ,470 ,099 22,445 1 ,000 1,600 Constante -2,567 ,180 202,785 1 ,000 ,077

Categoria de Ref.: Perfil (Independente Apolítico); Fonte: Datafolha/Cedec

Preditores de Participação Cívica entre o eleitorado brasileiro (1993)

B S.E. Wald df Sig. Exp(B)

Perfil 98,935 3 ,000 Apartidário 1,246 ,262 22,570 1 ,000 3,477 Partidário Ritual ,567 ,097 34,362 1 ,000 1,764 Partidário Cog. 1,662 ,189 77,601 1 ,000 5,272 sexo(Masculino) ,143 ,091 2,497 1 ,114 1,154 Idade -,003 ,003 ,697 1 ,404 ,997 Etnia(Branco) ,307 ,091 11,370 1 ,001 1,360 Mun(Reg. Met.) -,022 ,092 ,059 1 ,808 ,978 Constante -,544 ,151 12,976 1 ,000 ,580

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Preditores de Ativismo Político entre os eleitores brasileiros (1993)

B S.E. Wald df Sig. Exp(B)

Perfil 121,322 3 ,000 Apartidário 1,583 ,312 25,765 1 ,000 4,872 Partidário Ritual ,980 ,175 31,346 1 ,000 2,665 Partidário Cog. 2,275 ,210 116,845 1 ,000 9,732 sexo(Masculino) ,188 ,131 2,047 1 ,153 1,206 Idade -,038 ,006 47,258 1 ,000 ,963 Etnia(Branco) -,058 ,135 ,187 1 ,666 ,943 Mun(Reg. Met.) ,329 ,131 6,312 1 ,012 1,389 Constante -1,699 ,250 46,042 1 ,000 ,183

Categoria de Ref.: Perfil (Independente Apolítico); Fonte: Datafolha/Cedec

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Referências

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