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Figuras 32 e 33: Loteamento colonial típico. Fonte: RIMA, Figura 31: Loteamento colonial típico. Fonte: RIMA, 1990.

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6. A região afetada pela uhe itá

6. A região afetada pela uhe itá

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6.1. SUA HISTÓRIA

6.1. SUA HISTÓRIA

As diferentes fases de ocupação do território do Alto Uruguai, cada qual com suas peculiaridades culturais e econômicas, levaram a um processo de ocupação visivelmente influenciador nas características dos municípios atingidos pela UHE Itá.

De acordo com o RIMA (1990), a primeira fase é caracterizada pela presença de grupos nômades, seguidos por representantes das nações Kaigangue e Tupi-Guarani.

Sabe-se que os padres jesuítas, foram os primeiros homens brancos a passarem por estas terras. No ano de 1663 chegaram os bandeirantes, mais tarde , no século XVIII é a vez dos paulistas criadores de gado chegarem ao Alto Uruguai.

Uma ocupação cabocla proveniente da miscigenação indígena com luso-brasileiros, é visível até o século XX, e tinham como atividades a agricultura de subsistência, o corte da erva-mate e o troperirismo.

O início de colonização induzida, ou seja, quando o governo passou a custear a vinda de europeus, foi em 1894. Essa atitude fez com que fossem introduzidas novas características na economia e no modo de vida das pessoas da região.

O processo de colonização do Alto Uruguai, intensificou-se mesmo após a Guerra do Contestado, a partir de 1917. Os motivos que levaram a esse movimento armado (1912-1916) foram: a luta pela posse dos ricos ervais da região fator econômico , e a reação dos caboclos expulsos das terras fator social - devido à ocupação de companhias colonizadoras estrangeiras, como a Brazil Railway Company. responsável pela construção da estrada de ferro São Paulo Rio Grande do Sul, resultando na expulsão de diversos posseiros, para posteriores loteamentos.

Desta forma, é em 1917 que se inicia, efetivamente, a colonização da área de estudo. Foram introduzidos, por empresas estrangeiras, colonos de origem italiana e alemã, polonesa e russa, as duas últimas em menor escala.

O povoamento da área para exploração agrícola pautou-se no lote colonial, uma característica da região até os dias atuais. A maioria desses lotes possuía uma área de 21,1ha a 29ha, onde se tinha o uso intensivo da terra e uma exploração baseada no t ra b a l h o f a m i l i a r. O s l o t e a m e n t o s , geralmente, beiravam as estradas e seguiam uma curva de nível, locando-se no fundo de vales ou no alto dos espigões. Entende-se que o pequeno tamanho dos lotes bem como sua proximidade, facilitava a formação de aglomerações, de onde surgiam a escola, a igreja e a venda. Algumas dessas aglomerações, se tornaram sedes distritais ou sedes dos atuais municípios da área (ver figuras 31,32 e33).

Figura 31: Loteamento colonial típico Fonte: RIMA, 1990.

Figuras 32 e 33: Loteamento colonial típico Fonte: RIMA, 1990.

Um aspecto importante é a influência da estradadeferro São Paulo Rio Grande do Sul, na formação da rede urbana atual. Com o fim da função econômica dessa ferrovia (utilizada atualmente penas para eventual transporte de carga), a cidade de Marcelino Ramos, por exemplo, começou perder sua importância (antes, porta de entrada do Rio Grande Sul).

Simultaneamente com a exploração agrícola dessas terras, as florestas que recobriam a região eram intensamente exploradas. Toras de cedro, pinheiros, entre outros, eram levados pelo rio Uruguai e Pelotas, inclusive, até a Argentina. Sendo assim, na década de 1940 diversas madeireiras se instalaram na área, extraindo e acabando com os recursos naturais, o que as levou a deixar a região.

Foi, também, na década de 40 que apareceram as indústrias de carne suína e aves. Mas, somente a partir de 1960, passam a se destacar no mercado nacional de alimentos. Estabelecendo o sistema de integração com o produtor, essas agroindústrias dinamizaram a economia da região, levando ao aumento da produção e da produtividade da suinocultura, introduzindo ainda, a avicultura.

O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

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O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

6.2. Área de influência e

Características

6.2. Área de influência e

Características

A população rural, basicamente de origem européia, possui suas atividades diárias ocupando todo o grupo familiar. Nas pequenas propriedades, que são em número expressivo, é comum o desenvolvimento da suinocultura e da avicultura. Neste sentido, há uma integração com as grandes indústrias cooperativas da região, constituindo-se numa economia, já na década de 90, bem consolidada. Como fruto das relações de vizinhança ou de etnia desenvolvida por essa população rural, percebeu-se em meados dos anos 80 e 90, que o nível de saúde e de escolaridade eram bons, repercutindo num forte sentimento comunitário.

Já naquela época, as redes de núcleos urbanos e rurais distribuíam-se de forma homogênea pelo território. De acordo com o RIMA (1990), no entorno mais próximo ao atual lago formado, encontra-se a cidade de Concórdia, considerada um centro polarizador de atividades como comércio e serviços, diferentemente de outros núcleos que atendiam às necessidades mais imediatas da população. Quando elaboraram o RIMA Relatório de Impacto Ambiental percebeu-se que os sistemas de infra-estrutura de apoio às relações sócio-econômicas e culturais da região eram bastante densos e eficientes.

A área de influência é aquela que foi direta ou indiretamente afetada pela implementação do empreendimento. O RIMA (1990), dividiu esse estudo em três itens fundamentais: área de estudos dos meios físico e biológico que totalizam cerca de 9.000Km²; área de estudos sócio-econômicos, compreendendo os nove municípios afetados; e a área diretamente afetada localizada no entorno imediato do futuro reservatório

A região onde foi implantada a UHE foi considerada, na época da construção da usina, uma área de fragilidade natural, levando-se em consideração aspectos relacionados ao relevo, à rede de drenagem, ao clima, aos ecossistemas e à ocupação humana com as suas atividades. Devido à combinação de relevo muito acentuado, solos favoráveis à erosão e ocupação e uso intensivo da terra, as relações ecológicas e humanas acabam sendo bastante vulneráveis a situações de desequilíbrio.

“Da antiga cobertura florestal restam hoje fragmentos de mata ao longo dos vales encaixados dos rios e nas encostas mais íngremes que o homem não conseguiu ocupar, o que agrava o panorama de fragilidade ambiental.” (RIMA, 1990)

É certo que o rio Uruguai apresenta-se como elemento estruturador da paisagem regional. Seu percurso de leste a oeste, é caracterizado por curvas sinuosas, com morros margeando o leito e encostas abruptas, o que lhe confere uma certa discrição, sendo apenas percebido, em pontos de travessia ou em algumas curvas (ver figura 34).

Figura 34: Rio Uruguai, 1920. Fonte: LOCATELLI, 2000.

6.3. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO /

BASE ECONÔMICA

6.3. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO /

BASE ECONÔMICA

De acordo com o RIMA (1990), as propriedades rurais da região, na década de 80 e 90, ainda guardavam as características iniciais de implantação e a forma de exploração da terra pelo grupo familiar. A forma de ocupação de cada propriedade rural, com suas respectivas benfeitorias, áreas de plantio, reservas de lenha, entre outros, traduzia a idéia da utilização total da área.

Ao comparar as dimensões dessas propriedades, com as dos lotes originais, percebeu-se que os mais recentes alteraram-se, seja pela incorporação de terras entre vizinhos, seja pela subdivisão entre os herdeiros. Em 1990, existiam 2.036 propriedades rurais que seriam diretamente afetadas pelo empreendimento, sendo que 70% dessas propriedades possuíam área inferior a 20ha e somente 5% área superior a 50ha.

Ressalta-se que o setor agropecuário, ainda é a base da economia da região e empregava em 1980, em torno de 60% da população economicamente ativa do Alto Uruguai.

O “Sistema de Integração”, um tipo de organização econômica bastante comum na área de estudo, estabelece e já estabelecia em meados dos anos 90, uma forte relação de produção e comercialização entre os produtores rurais e o complexo agroindustrial. Sendo assim, as agroindústrias acompanham tecnicamente grande parte da produção de suíno e aves, além de fornecerem o material genético, ração, medicamentos e sobretudo, assistência técnica e veterinária. Fica por conta da agroindústria a comercialização das carnes industrializadas e resfriadas, atendendo o mercado interno e externo.

Segundo o RIMA (1990), o complexo industrial na região de Itá era muito importante, tanto que entre os produtores rurais da área que foi diretamente atingida com a construção do empreendimento, 47% estavam integrados às agroindústrias e 38% às cooperativas.

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O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

6.3. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO /

BASE ECONÔMICA

6.3. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO /

BASE ECONÔMICA

Nos anos 80 e início dos anos 90, época da elaboração do RIMA, cerca de 80% do milho produzido na região era consumido nas próprias propriedades rurais, como ração, estando, portanto, intimamente ligado à suinocultura. Soma-se a isso, o fato do milho ocupar a maior parte da área cultivada e responder por 70% do valor da produção agrícola. Também tomam posições de destaque na região, a criação de gado (corte e leite) e a produção de soja.

Os chamados núcleos de linha, eram os locais onde se encontravam as atividades produtivas, de convivência social, as necessidades básicas de abastecimento e de serviços desta população rural. Mesmo apresentando poucos equipamentos comunitários e pouca ou nenhuma população, eram de suma importância na manutenção da vida social e econômica do meio rural. Alguns desses núcleos tiveram um crescimento significativo, o que os tornou num primeiro momento sedes distritais e depois, sedes municipais.

Os núcleos de linha e as sedes distritais conformavam uma rede urbana de apoio, já na época bem consolidada, formada pelas sedes dos municípios atingidos Itá, Concórdia, Peritiba, Arabutã, Alto Bela Vista, Ipira e Piratuba, em Santa Catarina; Aratiba, Mariano Moro, Severiano de Almeida e Marcelino Ramos, no Rio Grande do Sul e também, por outras cidades que exerciam influência polarizadora na área, uma vez que abrigavam atividades de comércio e serviços mais especializados.

Os centros polarizadores regionais considerados para a elaboração do RIMA, eram: “Erechim, atraindo a porção da margem gaúcha e Joaçaba, o lado catarinense”. Já, Concórdia foi hierarquizada como um centro sub-regional, polarizando mais diretamente os municípios de Santa Catarina. Destaca-se que as cidades de Seara e Campinzal também exerciam forte influência na área, prestando serviços e comércios mais simples, caracterizando-se como centros locais. Do lado gaúcho, a cidade de Marcelino Ramos assume o papel de centro local (ver figura 35).

Figura 35: Rede de Polarização Fonte: RIMA, 1990.

Todas as onze sedes municipais atingidas pela UHE Itá possuem uma forte ligação com o meio rural, desenvolvendo atividades voltadas para o atendimento das necessidades de população rural ou ligadas ao complexo agroindustrial, o qual, por sua vez, influencia bastante na estrutura de emprego do meio urbano.

A cidade de Concórdia sempre se destacou por sediar as instalações administrativas e industriais do Grupo Sadia cuja importância com relação ao desenvolvimento é significativa para expansão do comércio e serviços, desenvolvendo fisicamente a área urbana. É nessa cidade, também, onde se concentrava e se concentra o maior número de estabelecimentos industriais se comparada com os outros municípios afetados pela implantação da usina. Além disso, Concórdia detém o maior número de estabelecimentos comerciais, de prestação de serviço e pessoal ocupado.

A cidade de Marcelino Ramos, também merece destaque. Além de possuir, na época, um contingente populacional considerável, apresentava funções urbanas desenvolvidas e um potencial turístico tendo em vista o seu balneário de águas termais. Destaca-se que a implantação da usina, afetou de forma expressiva o balneário da cidade, que teve que ser deslocado, proporcionando reflexos negativos para a economia. Atualmente, a cidade vem retomando sua importância turística na região, tanto pelas águas termais quanto pela passagem da estrada-de-ferro São Paulo- Rio Grande.

Com relação às outras sedes municipais Aratiba, Mariano Moro e Severiano de Almeida, no Rio Grande do Sul e, Itá, Peritiba, Arabutã, Alto Bela Vista, Ipira e Piratuba, em Santa Catarina pode-se dizer que, na década de 90, eram consideradas “sedes urbanas de pequeno porte, com baixa densidade populacional, pouca infra-estrutura e reduzido orçamento municipal” (RIMA, 1990). Ressalta-se ainda a polarização turística exercida por Piratuba, que possui instalações no seu balneário de águas termais, superiores às encontradas em Marcelino Ramos.

Os núcleos populacionais da área afetada pela UHE Itá, geralmente, se localizam em fundos de vale, numa apropriação harmoniosa do sítio. Entretanto, na cidade de Concórdia, que se iniciou de acordo com as características da região comentadas acima, já se observava na década de 90 - um adensamento desfavorável das áreas planas e uma ocupação inadequada das encostas íngremes.

Com exceção de Concórdia, os núcleos urbanos afetados pela UHE Itá, encontravam-se sem atrativos que favorecessem a instalação de indústrias, por exemplo. Isto pode ser conseqüência da localização desfavorável destas cidades em relação aos principais eixos viários regionais, quanto pela reduzida infra-estrutura urbana.

Os sistemas de infra-estrutura viário, de transmissão e distribuição de energia elétrica, bem como de telefonia, segundo o RIMA (1990), já em 1990, atendiam à região de estudo de forma satisfatória. A rede viária principal constitui-se pelas rodovias federais BR-153 e BR-283, ambas pavimentadas. Essas rodovias constituem-se como os principais eixos rodoviários regionais da área afetada pela UHE. Soma-constituem-se a essa rede viária, as onze rodovias estaduais, sendo cinco delas pavimentadas e a ferrovia RFFSA-153 (ver figura 36) .

Vale dizer que a BR-153 constitui-se como um importante eixo de ligação da Região Sul do país e da área, uma vez que conecta os dois principais centros polarizadores Erechim e Concórdia passando sobre o Rio Uruguai através de uma ponte de concreto (ver figura 37). A ferrovia federal RFFSA-153, também atravessa o rio Uruguai através de uma ponte (ver figura 38). Um aspecto interessante é perceber a importância histórica que esta rede ferroviária teve na consolidação da cidade de Marcelino Ramos. Atualmente, a ferrovia encontra-se semi-desativada.

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O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

Figuras 37 e 38:

Fonte: LOCATELLI, 2000.

Nova ponte da BR 153 / Ponte rodoferroviária sobre o rio Uruguai

Figura 36: Sistema Viário Fonte: RIMA, 1990.

6.3. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO /

BASE ECONÔMICA

6.3. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO /

BASE ECONÔMICA

6.4. AMAUC

6.4. AMAUC

Fundada em 1976 e com sua sede no município de Concórdia, no oeste do estado, a Associação dos Municípios do Alto Uruguai Catarinense é uma entidade cujo objetivo centra-se no fortalecimento de políticas de desenvolvimento municipal e regional, visando a melhoria da qualidade de vida da população da Microrregião do Alto Uruguai Catarinense.

A base econômica dessa região, não é diferente da encontrada por todo o Oeste de Santa Catarina, caracterizando-se, como já mencionado anteriormente, pela agricultura familiar. Desta forma, a agropecuária é a principal responsável pelo movimento econômico dos municípios, estando diretamente ligada às atividades comerciais e de serviços. Destaca-se ainda, a grande quantidade de indústrias agro-alimentares, ratificando a vocação agropecuária dessa região. Contudo, algumas atividades rurais não agrícolas vêem apresentando um significativo potencial de crescimento, dentre elas destaca-se: a indústria moveleira, a produção de salgados e doces, a indústria metal mecânica, a construção civil e o turismo.

A AMAUC conta, atualmente, com 16 municípios associados: Alto Bela Vista, Arvoredo, Concórdia, Ipira, Ipumirim, Irani, Itá, Jaborá, Lindóia do Sul, Paial, Peritiba, Piratuba, Presidente castello Branco, Seara e Xavantina. Desses, sete tiveram suas terras atingidas pelo reservatório da UHE Itá: Itá, Concórdia, Arabutã, Ipira, Piratuba, Peritiba e Alto Bela Vista.

Destaca-se que o Sistema Viário que interliga os núcleos urbanos e propriedades rurais da área, é o reflexo do tipo de ocupação do solo, caracterizado por uma alta densidade, resultando numa rede de estradas complexa e extensa. Portanto, as estradas municipais, em maior número em razão das características da ocupação da área, se interligam ao sistema viário principal, o que permite o acesso aos centros comerciais e a manutenção das relações sócio-econômicas da área rural. Essa rede viária completa-se, também, por pontes secundárias e balsas, uma vez que há muitos rios na região.

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7. A CIDADE DE ItÁ

7. A CIDADE DE ItÁ

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O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

7.1. RELOCAÇÃO DA SEDE

MUNICIPAL DE ItÁ - NOVA ItÁ

7.1. RELOCAÇÃO DA SEDE

MUNICIPAL DE ItÁ - NOVA ItÁ

Com o represamento do rio Uruguai para a construção da Usina Hidrelétrica Itá, a maior parte de Itá foi inundada até a cota 370. Assim, a partir de gestões da administração municipal de Itá junto à Eletrosul, definiu-se como conveniente a relocação da cidade antecipadamente à construção da Usina. O sítio escolhido - Altos de Itá - situa-se a 4km da cidade antiga em terras relativamente planas de um espigão, característica rara em todo o município. Além disso, a Nova Itá relaciona-se com todo o território municipal e possui condições de acesso bastante razoáveis.

Desta forma, os estudos de planejamento urbano da cidade, foram, então, elaborados na Divisão de Urbanismo do Departamento de Projetos de Edificações da ELETROSUL, contando com a participação da administração municipal e representantes da comunidade de Itá além de técnicos do governo estadual.

A elaboração do diagnóstico da situação da “antiga cidade” no sentido de definir e compreender as necessidades básicas da população na nova cidade, se deu a partir da realização de uma pesquisa direta com a população, envolvendo profissionais das áreas sociológicas, econômicas, de arquitetura e urbanismo e representantes da administração municipal.

Neste momento, são abordadas primeiramente questões acerca do Diagnóstico da Antiga cidade, visando compreender as ações de projeto urbano e arquitetônico efetuadas na Nova Itá. Logo após, relata-se os estudos, ações e as proposições de projeto implantadas na cidade nova.

7.2. DIAGNÓSTICO DA ANTIGA

CIDADE

7.2. DIAGNÓSTICO DA ANTIGA

CIDADE

O início da ocupação da área onde se formou a cidade, ocorreu no início do século XX, quando tropeiros procedentes do Rio Grande do Sul chegam ao local. Em 1919, tendo em vista a pauperização das terras na colônia gaúcha de Monte Veneto, colonos se deslocam para a área.

Sua ocupação efetiva, se dá por volta dos anos 20, quando a Companhia Luce Rosa realiza um loteamento ocupado por colonos descendentes de italianos e alemães, com raízes nas “colônias velhas” do Rio Grande do Sul. No ano de 1924, a localidade de Itá é elevada a Distrito e, somente em 1956, tem-se a emancipação do município a partir do desmembramento do município de Seara.

Os traços que melhor caracterizam os processos de transformação da história do município de Itá são: “a unidade de produção agrícola, as relações de parentesco, as relações de vizinhança, o sentimento de localidade, a utopia comunitária e a autonomia do trabalho”. (SILVA e REGO, 1986)

7.3. ASPECTOS REGIONAIS E

MUNICIPAIS

7.3. ASPECTOS REGIONAIS E

MUNICIPAIS

Localizada à margem do rio Uruguai, na então, denominada microrregião do rio do Peixe (ver figura 39), Itá possuía um território de forma alongada no sentido leste-oeste, limitado ao sul pelas barrancas do rio Uruguai. Possuía um relevo acidentado, com desníveis bastante expressivos, da ordem de 270m. A localização da sede da cidade, estabelecia poucas relações com as extremidades do território uma vez que o sistema viário não era eficiente (ver figura 40).

Figuras 39 e 40: Localização da Micro-região do Rio do Peixo - Município de Itá Fonte: SILVA E REGO, 1986.

A produção agropecuária, composta por pequenas unidades produtivas autônomas, caracterizava-se como a principal atividade econômica da cidade. Essas unidades autônomas eram em sua maioria ocupadas e exploradas pelos proprietários que se dedicavam, principalmente, à avicultura e às culturas de soja e milho. Pequenos núcleos ou “linhas” ficavam distribuídos de forma regular pelo território. Eram, na verdade, os pontos de apoio para o desenvolvimento das atividades rurais: igreja, venda, escola, entre outros.

Vale ressaltar que as necessidades funcionais do município ensino, saúde e fornecimento de insumos para as atividades agropecuárias - eram supridas pelas cidades de Concórdia pólo sub-regional (como já foi falado) e Chapecó.

O emprego pode ser considerado como a dificuldade crucial na antiga cidade de Itá. Naquela época, meados de 1980, a oferta mal atendia o crescimento vegetativo da população. Entendia-se, então, que somente o aumento de emprego poderia romper o equilíbrio estático que lá existia.

Nesta época (início dos anos 80), a cidade contava com 940 habitantes, diluídos por 200 famílias, que em sua maioria, mantinham seus descendentes ligados ao passado de tradições e hábitos. Uma característica marcante das relações sociais, é o papel expressivo desempenhado pela idéia de parentesco, onde todos os moradores se consideravam vizinhos.

7.4.SITUAÇÃO ECONÔMICA E

SOCIAL

7.4.SITUAÇÃO ECONÔMICA E

SOCIAL

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O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

Embora a maior preocupação da população da cidade antiga estivesse ligada às questões de indenização e distribuição dos lotes na nova cidade, tinha-se a expectativa de melhoria na qualidade de vida, melhores condições de saúde e lazer e novos empregos.

Ressalta-se que a maioria dos moradores preferia que Eletrosul se responsabilizasse pela construção das novas casas, em lotes parecidos aos que possuíam na cidade antiga.

Caracterizada como uma cidade de vale, assim como a maioria dos núcleos urbanos vizinhos, Itá possuía terras férteis e protegidas dos ventos e geadas (ver figuras 41 e 42).

Figura 41: Vista aérea da cidade antiga Fonte: www.ita.sc.gov.br

Detinha vários equipamentos institucionais que atendiam à população e ainda, rede de água e de energia elétrica em quase toda a área urbana.

Durante os estudos, procurou-se saber o tamanho e os usos dos lotes (residencial, comercial, com ou sem cultivo e para a criação de animais), analisou-se também a densidade populacional bem como a apropriação dos espaços pela população local, assim como os materiais de construção usados e os tipos de edificações. Quanto à apropriação dos espaços pela população, tem-se que as suas características semi-rurais refletiam numa baixa intensidade de fluxos, de veículos e pedestres, no centro urbano. Faltavam pontos de encontro em espaços abertos - praças, por exemplo - o que de certa forma, contribuía para a diminuição do movimento no centro da cidade.

A prefeitura da cidade antiga não possuía regimento interno e estrutura organizacional formalmente definida. A coordenação e articulação da participação da comunidade se davam por comitês comunitários coordenados pelo conselho comunitário. Encontravam-se desatualizados, tanto o código de posturas quanto o código tributário municipal, o que resultava em uma legislação inadequada prejudicando as ações administrativas. Era de suma importância, portanto, criar um sistema de apoio gerencial, fiscalizador e controlador à prefeitura de Itá, de modo a orientar as ações para a construção da nova cidade e demolição da antiga.

7.7. PLANO DE MUDANÇA

7.7. PLANO DE MUDANÇA

O estudo preliminar urbano, foi submetido à população para discussão e coleta de sugestões, e a partir dessas contribuições foi elaborado o plano diretor urbano, aprovado em janeiro de 1982. Em junho desse mesmo ano, inicia-se a implantação da nova cidade.

Durante todo esse complexo processo, formou-se o Grupo Operacional para Relocação de Itá grupo GORI composto por representantes da Prefeitura Municipal de Itá, Governo do estado de .Santa Catarina, Superintendência de Desenvolvimento da Região Sul SUDESUL e Centrais Elétricas do Sul do Brasil ELETROSUL. Compartilhando saberes e experiências, o grupo elaborou o documento nomeado “Relocação da Sede Municipal:Plano de Mudança”, em 1984, que tinha como função estabelecer as diretrizes que norteariam a relocação da Cidade de Itá.

Esse Plano de Mudança pautava-se em referências conceituais, como por exemplo: “a preservação dos usos e costumes, apesar da impossibilidade e inconveniência de reproduzir a situação física atual; perdas irrecuperáveis (referências afetivas versus espaço e culturas agrícolas); preservação da memória da cidade a ser inundada; configuração urbana da cidade nova.” (Revista Projeto, 1985)

Figura 42: Vista da cidade antiga Fonte: Acervo CDA, 2006.

7.4.SITUAÇÃO ECONÔMICA E

SOCIAL

7.4.SITUAÇÃO ECONÔMICA E

SOCIAL

7.5.ORGANIZAÇÃO ESPACIAL

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O Rio Uruguai e a cidade de Itá: Articulação da cidade com sua orla

7.8. URBANISMO E ARQUITETURA

DA NOVA CIDADE

7.8. URBANISMO E ARQUITETURA

DA NOVA CIDADE

Quando o traçado viário e a locação dos edifícios públicos na nova área foram definidos, cada proprietário escolheu o seu lote, podendo inclusive trocar a casa antiga por uma nova. O proprietário que não tivesse interesse em trocar a casa por uma nova, seria indenizado em dinheiro.

Para a concepção da nova casa, um acordo entre os arquitetos da Eletrosul e a comunidade, estipulou alguns padrões básicos de construção, para tornar o trabalho mais viável. Há de se destacar o atendimento personalizado prestado pelos arquitetos com o objetivo de individualizar o projeto, pretendendo não perder o vínculo que a população tinha com a casa original, numa contra-proposta aos conceitos da Arquitetura Modernista de Le Corbusier, na sua mais alta funcionalidade e moradias padrões.

A ordem de chamada para escolha dos lotes da cidade nova, se deu proporcionalmente às distâncias entre as propriedades e o centro da cidade antiga.

A principal preocupação do plano proposto para a cidade de Itá era oferecer espaços e equipamentos que permitissem a manutenção das atividades desenvolvidas pela população, procurando suprir eventuais carências de modo a incitar o desenvolvimento dos indivíduos e da comunidade em termos sociais, econômicos, culturais e físicos. Em mais uma crítica ao chamado modernismo, pode-se dizer que “o projeto da cidade foi desenvolvido para indivíduos específicos e não a uma massa anônima”. (BASTOS, 2003)

O projeto foi elaborado procurando compreender o quanto a população, ao ser obrigada a se transferir, perdia de referências afetivas, numa ruptura violenta com seu passado, lugar, história. O importante é perceber que a população foi ouvida, sendo priorizadas suas necessidades básicas, seja na elaboração do plano urbano, seja na definição das unidades habitacionais.

Como condicionantes, ou premissas principais, tinha-se: a forma alongada do terreno, assim como as condições topográficas de declividades acentuadas; as

massas de vegetação nativa existentes que deveriam ser preservadas; a busca por uma relação com os equipamentos urbanos; e o fato da transferência da cidade, ser anterior à construção da usina. Estas características acabaram ratificando três

momentos de ocupação da cidade: “relocação, construção da usina e desmobilização do seu canteiro de obras”. (Revista Projeto, 1985)

Procurou-se colocar no centro urbano os principais equipamentos de uso comunitário. Esses equipamentos foram dispostos de forma centralizada em relação às diversas áreas habitacionais, buscando integrá-los à vegetação nativa existente no sítio.

Na área da praça são encontrados o museu, o bar, a quadra e o ginásio de esportes (ver figura 45), um parque infantil. Ao redor dela tem-se a prefeitura, a galeria comercial e de serviços, a igreja (ver figura 46).

O Projeto Urbano da nova cidade

O Projeto Urbano da nova cidade

O projeto urbano da Nova Itá, a qual foi inaugurada em 1996, pode ser entendido, também, como o resultado de uma crítica ao urbanismo moderno. Os monumentos ganham importância num sentido de resgate, ou recuperação da idéia de monumento que os prédios públicos possuíam anteriormente, independente da escala humana. As intenções de projeto mostram a preocupação de caracterização da cidade pelos seus prédios públicos, criando referenciais fortes e garantindo a lembrança por parte dos habitantes.

Foi definido um os fluxos mais intensos de veículos e pedestres (ver figura 43). Essa via liga-se no extremo leste com o trevo de acesso à cidade e no oeste com a estrada de acesso às antigas obras da barragem, completando-se por estradas vicinais que a ligam ao interior do município.

eixo viário que atravessa a cidade e organiza

Figura 43: Vista aérea da cidade

Fonte: Imagem cedida pela Prefeitura de Itá, 2006 - alterada pela autora.

EIXO VIÁR IO PARA USINA CENTRO URBANO IGREJA MATRIZ, PRAÇA, PREFEITURA, GALERIA COMERCIAL CENTRO URBANO IGREJA MATRIZ, PRAÇA, PREFEITURA, GALERIA COMERCIAL

N

Figuras 44, 45 e 46: Praça - Ginásio de esportes - Igreja Matriz Fonte: autora, 2005/2006.

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7.8. URBANISMO E ARQUITETURA

DA NOVA CIDADE

7.8. URBANISMO E ARQUITETURA

DA NOVA CIDADE

O Projeto Urbano da nova cidade

O Projeto Urbano da nova cidade

Na avenida central, também foi implantado um “calçadão” para o passeio de pedestres por caminhos arborizados e dotados de uma infra-estrutura com mesas, bancos, pérgolas, etc., têm-se os hotéis, bancos e sindicatos, entre outros (ver figura 47). Completando ainda os equipamentos centrais tem-se: o hospital, a igreja evangélica e alguns lotes para uso residencial.

A praça e o calçadão da avenida central são os espaços estruturadores do centro, onde se localizam os principais prédios públicos (ver figura 48). A praça e o calçadão podem ser caracterizados como o lugar do encontro social e político, do lazer e das manifestações culturais e religiosas.

Vale ressaltar que o projeto previu um grande crescimento na cidade, tendo em vista a construção da barragem. Assim, a quantidade de lotes para comércio em toda a área prevista para o centro urbano tem uma folga em relação à situação inicial da cidade.

Figura 48: Galeria Comercial e de Serviços Fonte: autora, 2006.

Figura 47: Avenida Arborizada Fonte: autora, 2006.

Arquitetura da nova cidade

Arquitetura da nova cidade

As referências iniciais do projeto, para as edificações e espaços abertos, tinham como premissa básica o barateamento dos custos, procurando usar materiais da região, tentando diminuir o uso de concreto armado, evitando-se materiais de industrialização complexa, e o interesse de adotar técnicas construtivas que empregassem de forma intensiva a mão-de-obra regional. Houve também, um reaproveitamento de materiais de demolição, destacando-se alguns elementos expressivos da cidade antiga, como os vitrais da igreja. Neste sentido, as coberturas são constituídas por telhas francesas e os arcos e pilares foram construídos em alvenaria estrutural, resgatando a técnica construtiva regional.

Na construção das residências destacam-se as relações estabelecidas entre o arquiteto e o morador. De modo a auxiliar essa relação elaborou-se um catálogo com elementos detalhados, entre detalhes de madeira, guarda-corpos, escadas, esquadrias, e outros.

A todo tempo os arquitetos se preocupavam em estabelecer uma identificação formal dos moradores com as novas residências. Preocupavam-se em manter o modo de morar da comunidade, respeitando o valor cultural dos materiais e ornamentos. Na verdade, a formação colonial da região bem como sua expressividade arquitetônica, estimulou os arquitetos a buscarem uma arquitetura vernacular local, quase que mimetizando as novas e antigas residências (ver figuras 49 e 50).

Figuras 49 e 50: Edificação da cidade antiga, à esquerda - edificação da cidade nova, à direita. Fonte: Arcevo dos arquitetos responsáveis pelo projeto.

A solução encontrada para a concepção das residências é bem distinta da encontrada para os edifícios públicos. “As habitações representavam o rebatimento de uma expressão popular, fielmente seguida pelos arquitetos que dialogaram com os habitantes (...).” (SEGAWA apud BASTOS, 2003, p. 116)

Devido a simplicidade das plantas e dos elementos construtivos, foi possível desenvolver inúmeras soluções para as residências. No geral, são casas simples, ornamentadas, coloridas, com guarda-corpos, empenas e treliças em madeira, elementos que remetem à tradição local. Diferentemente das residências, nos prédios públicos percebe-se o uso de arcos de alvenaria, os panos de telhados extensos, as paredes são brancas e possuem detalhes em alvenaria aparente .

Por fim, vale a pena comentar o que Gutiérrez falou a respeito do compromisso cultural do arquiteto, o qual além do domínio do espaço deve ter domínio do tempo. Segundo Gutiérrez (1986), deve-se ter a convicção de que a tarefa criativa do homem, em especial, do arquiteto, se insere num processo histórico que depende do passado, mas ao mesmo tempo condiciona o futuro. Desta forma, o compromisso que se tem com a cultura local, não precisa ser o resultado de uma renúncia à modernidade, pode sim, responder às demandas sociais de cada lugar, se utilizando dessa modernidade e adaptando-a à realidade, que naturalmente, faz parte da história e é concreta.

Referências

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