• Nenhum resultado encontrado

Caso para a Quinta Competição Interamericana de Direito ao Desenvolvimento Sustentável

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Caso para a Quinta Competição Interamericana de Direito ao Desenvolvimento Sustentável"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

Caso para a Quinta Competição Interamericana de Direito ao Desenvolvimento Sustentável

Caso da Comunidade Rural de Candela versus Federação da Clonalia Caso No. 042114/RLJ/0415 - Corte Interamericana de Direitos Humanos

Faculdade de Direito da Universidade de “Los Andes” Grupo do Direito de Interesse Público

Bogotá, Colômbia

FGV Direito Rio

Centro de Direito e Meio Ambiente Rio de Janeiro, Brasil

Tulane University Law School Moot Court and

Payson Center for International Development [Competição Moot Court na

Faculdade de Direito da Universidade de Tulane e o Centro Payson para o Desenvolvimento Internacional]

Faculdade de Direito da Universidade de Tulane New Orleans, Estados Unidos de América

Março de 2015 Río de Janeiro

(2)

Os fatos do caso

Seção I: O Estado do Marsili

1. A República do Marsili localiza-se no Oceano Pacífico, a 280 milhas náuticas da Federação da Clonalia, o país continental mais próximo. A República do Marsili é uma nação de ilhas, composta de 16 atóis naturais e uma ilha principal. Chama-se de Theodore a ilha principal do Marsili, a qual, de acordo com os dados oficiais da independência, tem uma área de 289 quilômetros quadrados (km2) de terra, medida desde o menor nível do mar. A Ilha Theodore é um território de uma planície muito fértil, extensa e semitropical, com um centro urbano chamado Samantha.

2. A República do Marsili ganhou a sua independência em 1967 mediante um referendo, pelo qual seus habitantes declararam a sua independência da Federação da Clonalia e, atualmente, é uma república democrática, independente e centralizada.

3. O clima da República do Marsili é determinado, predominantemente, por um sistema de monções características de certas regiões tropicais. Em termos climáticos, há duas estações climáticas nesta área. A primeira é a estação das monções (conhecida também como as “monções de verão”) entre os meses de maio e novembro. Esta é a época mais fria do ano com poucas chuvas e ventos fortes. A segunda é a estação das monções úmidas (ou “monções de inverno”) entre os meses de novembro e abril. Esta última época caracteriza-se por ventos mais violentos e fortes chuvas, representando uma estação úmida com condições climáticas complicadas.

4. A República do Marsili é um país pequeno que, de acordo com os dados oficiais da independência, tem uma área total de terra de 358 quilômetros quadrados (km2). Além disso, o censo de 1987 concluíu que o país tinha cerca de 317.230 habitantes, dos quais 263.300 (83% da população) moram em Theodore. Na Ilha de Theodore, a cidade de Samantha tem aproximadamente 184.310 habitantes (70% dos habitantes da Ilha) e os restantes 78.990 habitantes ficam localizados em áreas rurais do território da Ilha.

5. A topografia da Ilha é única. Em virtude da profundidade das áreas em volta e da formação vulcânica, desde a primeira época da Era Paleozoica, a altura natural máxima de todo o território é de 2,3 metros, tornando-o o país com a menor altura acima do nível do mar. Durante a Era Paleozóica, a superfície do oceano foi formada na Região do Pacífico e vastas planícies de águas semiprofundas consolidaram-se como um resultado da desintegração do granito vulcânico nas áreas marinhas.

(3)

6. A organização política do Marsili é de uma república centralizada. O Presidente nomeia um funcionário chefe de administração para cada ilha. Cada um dos funcionários administrativos age como presidente quanto a assuntos nacionais, mas tem funções locais autônomas em cada área insular.

7. A economia do país depende, principalmente, da pesca e da agricultura, na planície da Ilha de Theodore, e do turismo, devido às suas belas praias e águas ricas em corais. É um país que têm níveis altos de extrema pobreza. Estima-se que aproximadamente 35% da população vive com um dólar por dia e ao redor do 70% da população vive com menos de dois dólares por dia.

8. Desde o século 18, quando ainda era uma parte da Federação da Clonalia, o Marsili teve um longo processo de miscigenação racial e étnica. A população indígena, nativa da Ilha, varia de três (3%) a quatro (4%) da população total. Como não se fez, pelo Governo, o reconhecimento dos territórios coletivos, os habitantes indígenas estão espalhados entre as diversas ilhas.

Seção II: Contexto Internacional

9. Em 1970, a comunidade internacional identificou a necessidade de ter um corpo científico que pudesse obter provas empíricas para decifrar um fenômeno climático que estava começando a ser o foco da comunidade internacional, especificamente, o fenômeno da mudança climática.

10. Em 1988, as Nações Unidas organizaram o Grupo de Mudanças Climáticas Globais (G2C2). A finalidade principal deste Grupo foi fornecer avaliações científicas para a comunidade internacional, a fim de elaborar políticas públicas e estratégias legais para identificar e mitigar os impactos das mudanças climáticas ao nível nacional. 11. Em 1992, o G2C2 entregou seu Primeiro Relatório sobre Mudanças Climáticas, no

qual provas científicas incontestáveis foram encontradas a respeito do aumento nas temperaturas médias globais desde 1880, o ano em que se fizeram tais medições pela primeira vez. O G2C2 determinou que as mudanças climáticas eram um fenômeno global, causado possivelmente por atividades antropogênicas, e que a emissão de certos gases, denominados de gases de efeito estufa, era a fonte principal das mudanças climáticas globais que estavam ocorrendo.

12. De acordo com o Primeiro Relatório, variações climáticas isoladas, identificadas no Relatório, estavam gradualmente se transformando em transformações globais. As consequências das mudanças climáticas seriam variadas e de uma escala ampla, abrangendo a subida dos níveis do mar, a perda de ecosistemas decorrente de

(4)

variações climáticas, o derretimento generalizado de glaciares e de montanhas cobertas de neve nos picos e a desertificação, entre outras coisas.

13. Devido aos problemas globais, identificados pelo G2C2 no seu Primeiro Relatório, a comunidade internacional assinou a Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), em 1994. O objetivo da Convenção é estabilizar a concentração de gases de efeito estufa (GHG) num nível que impeça a interferência antropogênica grave com o sistema climático. A Convenção requer dos países implementar todas as medidas, a nível nacional, a fim de lhes permitir estabilizar as emissões de GHGs e facilitar a cooperação internacional para atingir estratégias concretas de adaptação. As Partes concordaram em realizar um processo de negociações a fim de elaborar um protocolo, com limites nacionais para emissões, que pudesse ser ratificado internacionalmente. Este documento internacional foi ratificado por quase 98% da comunidade internacional, abrangendo a Federação da Clonalia e a República do Marsili, ambas as quais ratificaram a Convenção Marco em 1995.

14. Em 1997, as Partes da UNFCCC concordaram sobre o texto do Protocolo de Kyoto. No documento, as Partes concordaram em reduzir emissões específicas de seis tipos de gases de efeito estufa, numa percentagem aproximada de, pelo menos, cinco por cento (5%) abaixo dos níveis de emissões de 1990. O Protocolo de Kyoto estabelece como prazo final para cumprir esta obrigação o período entre 2008 e 2012. Este Protocolo organiza os países em dois blocos, de acordo com sua contribuição histórica de emissões de GHG. O primeiro grupo, que consta no Anexo 1 do Protocolo, corresponde aos países cujas emissões têm sido baixas na acumulação histórica, enquanto o segundo grupo de países, aqueles incluídos no Anexo 2 do Protocolo, são os países com maiores contribuições históricas de emissões. O Protocolo começou a vigorar para os países signatários a partir de 2005.

15. A República do Marsili ratificou o Protocolo de Kyoto em 1999. No entanto, a Federação da Clonalia decidiu não ratificá-lo argumentando que, de acordo com este documento, os países que não eram emissores históricos não assumiam compromissos específicos de redução, embora no futuro a maioria dos países produziria mais emissões de GHG. Não obstante, numa declaração apresentada para a comunidade internacional, a Clonalia aceitou responsabilidade de implementar medidas nacionais a fim de atingir resultados similares ou comparáveis àqueles definidos pelo Protocolo de Kyoto.

16. Após o Primeiro Relatório de 1992, o G2C2 entregou outros subsequentes em 1995, 2001, 2007 e, recentemente, em 2014. No seu último relatório, o G2C2 concluiu que "a evidência científica tem demonstrado, com uma certeza acima de 95%, que o fenômeno das mudanças climáticas está ocorrendo e sua causa principal é a

(5)

atividade humana, primordialmente a emissão de gases de efeito estufa (GHG), a qual abrange metano, óxido nitroso e dióxido de carbono".

17. O G2C2 tem salientado o efeito especial do aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2). De acordo com este Grupo, a concentração atmosférica global de dióxido de carbono aumentou de um valor pré-industrial de aproximadamente 280 ppm a 379 ppm em 2005, atingindo 400 ppm em 2014, que é o nível máximo desde que isso começou a ser registrado. O G2C2 já denotou que, em 2005, a concentração atmosférica de dióxido de carbono durante esse ano (180 até 379 ppm) ultrapassou a variação natural dos últimos 650.000 anos segundo aquilo determinado desde núcleos de gelo. Contudo, o valor de 400 ppm de CO2 em 2014 implica em mudanças irreversíveis nas condições climáticas globais, causadas diretamente pela presença deste gás na atmosfera. Segundo o G2C2, a razão principal pelo aumento na concentração atmosférica de dióxido de carbono, desde a época pré-industrial, é o uso de combustíveis fósseis.

18. A tendência geral de níveis máximos acima dos recordes históricos é repetida da mesma maneira para todos os outros gases de efeito estufa. Isto foi salientado e comprovado no último relatório do G2C2.

19. Em 2007, o G2C2 estimou que, por volta do final do século, ocorrerá um aumento nos níveis de mar entre 0,19 e 0,58 metros. No entanto, as estimativas foram conservadoras demais. De acordo com o G2C2, no seu mais recente relatório (2014), até 2012 o nível do mar elevou-se aproximadamente 0,78 metros e, nos últimos relatórios atualizados em 2014, um aumento de mais de 1,59 metros, no nível médio dos oceanos, é estimado que acontecerá perto do fim da terceira década do século 20.

20. A evidência empírica quanto ao aumento do nível do mar, e a etapa e a velocidade com as quais este fenômeno está ocorrendo, nunca foram consideradas nas simulações e, portanto, isto tem causado grande preocupação dentro da comunidade internacional. Os modelos climáticos mediante computadores foram corrigidos e fornecem evidência de graves mudanças na natureza vinculadas diretamente com mudanças climáticas.

21. De acordo com o último relatório do G2C2, um grupo de cinco (5) países produzia aproximadamente 53% dos GHGs da acumulação histórica. De um lado, a Federação da Clonalia, que apresenta as maiores emissões quando comparadas com qualquer país, é responsável por 21% das emissões históricas de GHG e, atualmente, também emite aproximadamente 18% dos GHGs globais. Por outro lado, salienta-se no relatório que, na acumulação histórica, a República do Marsili produziu 0,4% dos GHGs globais. Atualmente, eles emitem 0,3% de tais gases.

(6)

Seção III: História e Situação Atual na República do Marsili

22. De acordo com dados oficiais, à época da independência, Theodore, a ilha principal do Marsili, tinha uma área de 289 quilômetros quadrados (km2) de terra. Não obstante, o último censo e a medição oficial, realizada em 2013, descobriu que a ilha perdeu aproximadamente 78 quilômetros quadrados (km2) de terra, os quais, na maré alta, sempre estiveram acima do nível do mar. Estima-se que a linha costeira da ilha reduziu-se em 16 quilômetros, e que aproximadamente 27% do território nacional e cerca de 38% das praias está atualmente abaixo do nível do mar.

23. Na atualidade, a Ilha de Theodore tem uma área de 211 quilômetros quadrados (km2), medidos a partir do nível do mar. Deste território, somente 120 km2 são dedicados a produções agrícolas importantes tais como arroz, batatas, frutas e verduras. O resto da área rural da ilha sofre de alagamentos constantes durante a época do inverno. Em tais áreas que se inundam continuadamente, a terra tornou-se acidificada devido a concentrações de sal e não é adequada para cultivo de alimentos. A extensão da área rural para a produção de alimentos tem sido a mais afetada pela perda de terra sofrida pela Ilha durante a segunda metade do século 20 e as primeiras décadas do século 21. Atualmente, o país não pode atender a demanda de produtos agrícolas básicos e, em decorrência disto, deve importar cerca de 60% deles.

24. Na área norte da Ilha Theodore fica a capital do Marsili e sua cidade com o maior número de habitantes, Samantha. O número de habitantes da Ilha reduziu dramaticamente nas décadas recentes. O censo de 2013 estimou que a população atual da Ilha é de menos de 133.682 pessoas, o qual representa uma diminuição de quase 50% da população total de Ilha. Dos 133.682 habitantes, aproximadamente 14.000 pessoas estão morando em 16 acampamentos temporários, nos subúrbios de Samantha, esperando serem transferidas. Estas pessoas foram deslocadas das suas terras em decorrência da crise ambiental na Ilha. Das outras 15 ilhas, estima-se que mais de 15.000 pessoas não moram mais nos locais.

25. O Governo do Marsili estima que, desde meados da década de 1990, houve um êxodo massivo de pessoas cujos territórios foram afetados pelas inundações causadas pelo aumento do nível do mar e pela razão da retração da linha costeira das diversas ilhas que compõem a República do Marsili. De acordo com números oficiais, o fenômeno de migrações massivas tem sido calculado segundo uma taxa de redução da população de quatro por cento (4%) por ano. O relatório oficial de 2010 do Comitê Conjunto de Assuntos Exteriores da República do Marsili e da Federação da Clonalia (JCFAMC) declara que aproximadamente 67% dos migrantes, desde 1990, chegaram da Clonalia, Em fevereiro de 2011, a Federação da Clonalia decidiu impor o

(7)

requerimento de visto para todos os residentes da República do Marsili como uma medida para controlar as migrações futuras.

26. Nos últimos 10 anos a Ilha sofreu 47 desastres naturais, abrangendo inundações em regiões costeiras, deslizamentos de terras em áreas urbanas, furacões, tufões e aumento na média histórica de chuvas. Na última década, o país investiu cerca de 24% do seu Produto Interno Bruto para projetos de reconstrução e adaptação como resposta a perigos naturais e para a proteção da área urbana de Samantha. Frequentemente, os planos de adaptações não são completados e estima-se que, ao longo dos próximos cinco (5) anos, a despesa pública nesta área deverá aumentar seis por cento (6%) ao ano a fim de poder terminar os projetos planejados. Isto levou a uma redução dos investimentos públicos em assuntos sociais, tais como educação, saúde e programas de moradias. Além disso, a despesa militar, a fim de assegurar a segurança da Ilha, devido aos constantes motins e revoltas vinculados com o deslocamento e a transferência para outras áreas, em decorrência das condições ambientais, aumentou também aproximadamente 3,6 pontos percentuais por ano. 27. As autoridades da Ilha, em repetidas ocasiões e em diversos foros internacionais,

solicitaram ajuda da comunidade internacional a fim de enfrentarem os constantes perigos naturais. Atualmente o país pediu às Nações Unidas a intervenção das suas forças mantenedoras da paz a fim de assegurar condições humanitárias mínimas nos 16 acampamentos temporários, para onde as famílias deslocadas foram transferidas e estão aguardando ter novas residências.

28. Em 2002, o Presidente Nasheed Ospina foi eleito democraticamente pelos cidadãos do Marsili. Sua plataforma principal foi combater as mudanças climáticas que estão afetando o território do Marsili. No seu discurso inaugural, ele disse que "A maior ameaça, com a qual se defrontam atualmente os habitantes do Marsili, é o seu desaparecimento e o sumiço do nosso território como resultado do aumento nos níveis do mar; esta é a razão pela qual eu prometo lutar de modo que os países desenvolvidos e em desenvolvimento, que produzem a maior quantidade de gases de efeito estufa, aqueles gases que estão nos destruindo, paguem e assumam responsabilidade pelo que está ocorrendo aos habitantes do Marsili". No seu discurso, o Presidente também convocou a comunidade internacional a ajudar a impedir o desaparecimento do seu país.

29. Considerando a crise ambiental que a Ilha tem experimentado em anos recentes, em 2011 a comunidade rural de Candela, localizada na área norte da Ilha, que é aquela que mais tem sido afetada pela perda de território, organizou um grupo de diálogo de cidadãos chamado de Justiça pelo Clima Global. Este grupo de cidadãos fez contatos com a ONG internacional Climate Change Action (CCA) a fim de que esta

(8)

lhes ajudasse a pensar a respeito de estratégias legais para tratar a crise atual e encontrar uma localidade permanente para os habitantes deslocados de Marsili. 30. De acordo com o Relatório de 2014, o G2C2 estabelece que em razão de ser Marsili o

país de menor altitude no mundo e em decorrência das correntes oceânicas circundantes, este é o país mais vulnerável para o fenômeno do aumento nos níveis do mar causado pelas mudanças climáticas. Também consta no Relatório que o país terá uma perda estimada de até 89% do seu território atual, com variações menores na percentagem entre as diversas ilhas. Segundo o G2C2, provavelmente, Marsili ficará totalmente submerso ao redor do ano de 2005.

31. Similarmente, este fenômeno faz parte de uma dinâmica maior de risco iminente para territórios baixos de ilhas, especialmente os territórios insulares do Pacífico e o Caribe. Nas palavras do G2C2: "De acordo com as simulações preparadas pelos grupos oceanográficos, tendo sido concluído que sob cenários de condições não alteradas, os territórios das ilhas do planeta têm um grau extremamente alto de vulnerabilidade quanto à elevação dos níveis do mar causada pelo derretimento de glaciares, a perda de barreiras naturais oceânicas e terrestres, e novas condições climáticas que estão surgindo pelo mundo inteiro (...). Estima-se que pequenos países insulares estão espalhados em 52 nações no Caribe, o Pacífico, a costa do Leste da África e o Oceano Índico. No total, aproximadamente 62 milhões de pessoas habitam nestas ilhas e a maioria destes territórios ficará submerso devido ao ameaçador aumento do nível do mar causado pelas mudanças climáticas. Ainda devem ser determinados o período no qual este fenômeno ocorrerá e a percentagem de territórios submersos. Não obstante, estima-se que mais do oitenta por cento (80%) destes territórios insulares ficará submerso, o que acontecerá ao longo das próximas três décadas."

32. Em março de 2012, O Presidente eleito do Marsili, Luava Ginberg, abriu um debate nacional com organizações de base e entidades públicas a fim de delinear uma estratégia legal para programar um êxodo organizado dos habitantes das Ilhas do Marsili, devido à perda iminente deste território insular. Este debate nacional foi aberto depois que uma Comissão de Especialistas em Assuntos Climáticos realizou uma reunião no país do Marsili, em fevereiro de 2012, e concluíu que "o desaparecimento do território insular do Marsili é inevitável. Por este motivo, tanto as autoridades nacionais como as estrangeiras devem começar a considerar que este território não tem condições de ser habitado por todas as razões legais e políticas."

Seção IV: Antecedentes e Situação Atual referente à Federação da Clonalia

33. A Federação da Clonalia tem sido uma emissora histórica de gases de efeito estufa e, na atualidade, emite ao redor de 41% dos GHGs no mundo, representando a maior

(9)

emissora dos gases de efeito estufa no globo. Aproximadamente, 76% destas emissões são provenientes de fontes fixas, tais como indústrias e companhias que geram energia a partir do carvão.

34. A Federação da Clonalia é composta de 34 Estados dos quais seis (6) produzem ao redor de oitenta e oito por cento (88%) dos GHGs porque toda a sua energia elétrica é gerada queimando carvão. Além do mais, estes seis (6) Estados servem como bases para a maioria das empresas privadas que também contribuem para a concentração de emissões, especialmente de gás carbônico.

35. Considerando estes antecedentes, em 2009 cinco (5) Estados da Federação da Clonalia, conjuntamente com um grupo de cidadãos organizados pela CCA, moveram uma ação judicial contra o Ministério do Meio Ambiente da Clonalia (MEC), que é o órgão governamental responsável pela proteção ambiental. Estes Estados são aqueles que têm movido ações judiciais, em anos recentes e em nível local, contra as mudanças climáticas, e são Estados com os menores níveis de emissões de GHGs na Federação.

36. No processo judicial alega-se que o Ministério do Meio Ambiente (MEC) não tomou ação para regular as emissões de GHGs a nível federal. O principal argumento do processo judicial é que segundo o Artigo 56 da Lei 34 de 1993 (a Lei que define a estrutura organizacional e as funções deste órgão), a principal função do Ministério do Meio Ambiente "é regular e controlar a emissão de qualquer poluente atmosférico de qualquer tipo que, na opinião do órgão, contribua para a poluição do ar até um nível que poderia colocar em risco a saúde ou o bem-estar públicos."

37. Baseados nesta Lei, os demandantes argumentam que: "As evidências científicas, coletadas nos níveis nacionais e internacional, têm provado que as mudanças climáticas têm vínculos diretos com as emissões de gases de efeito estufa. As mudanças climáticas geram consequências ambientais que colocam em risco a saúde pública e o bem-estar geral alterando as condições ambientais, pondo em perigo os ecosistemas nos quais nós vivemos e criando condições de vida que contêm riscos excessivos para os habitantes, especialmente aqueles que têm menos recursos econômicos para se adaptar a novas condições ambientais."

38. A demanda judicial foi rejeitada em todos os processos nos tribunais de primeira instância. Em 2011 a Corte Suprema da Clonalia decretou que: "O MEC não está errado e este último órgão considera, com base em interpretação fundamentada, que a possibilidade de modificar o risco potencial para a saúde pública ou o bem-estar geral, produzido pelas emissões de gases de efeito estufa, é marginal com este tipo de regulamentos parciais. O órgão público procura, licitamente, regular somente uma parte dos efeitos dos gases de efeito estufa, tornando este processo judicial

(10)

uma decisão política sem real efeito legal e, portanto, o foro apropriado para mover a ação é o nível político internacional e não o tribunal judicial nacional."

39. Além disso, a Corte Suprema sentenciou que: "De acordo com o MEC, a relação entre mudanças climáticas e emissões de gases de efeito estufa, por si própria, não prova a iminência ou a presença real de qualquer risco para a saúde pública ou o bem-estar geral, devido á existência de concentrações destes gases. Como tal, o vínculo causal fica enfraquecido pela falta de evidência empírica e a intervenção ambiental do órgão não está provada como sendo requerida, senão como aleatória ou discricionária."

40. Após a notificação da sentença da Corte Suprema, os demandantes declararam o seguinte num comunicado de imprensa: "A relutância da Federação da Clonalia em regular os gases de efeito estufa que estão causando mudanças climáticas, ameaça seus habitantes assim como a comunidade internacional. A falha em agir, após ter sido apresentada evidência clara e convincente, não é um ato discricionário de um órgão público, senão um ato de Estado e uma política pública que pode e deve atrair responsabilidade internacional para esta nação. Negar a evidência empírica, referente às consequências decorrentes das mudanças climáticas sobre a vida humana, não pode ser considerado pelas autoridades governamentais como uma opção viável para tratar este problema, senão como uma forma de violação de direitos humanos, e isto altera negativamente a possibilidade de que diversos grupos sociais empreendam projetos satisfatórios de vida. A falha em agir é uma forma direta de intervenção do Governo e esta luta pela defesa do meio ambiente não termina hoje."

41. Em março de 2012, a CCA moveu uma ação de nulidade contra a decisão administrativa do MEC da Federação da Clonalia, pela qual este órgão decidiu que não deve regular a emissão de gases de efeito estufa porque isto é um fenômeno global, cuja legislação, no nível nacional, é somente indireta e não pode produzir efeitos claros sobre a qualidade do ar na Federação. Em março de 2014, a reclamação foi rejeitada com a justificativa de que a ação de nulidade era uma reiteração de uma disputa judicial já decidida e, como tal, não ficava dentro da competência do sistema legal administrativo para emitir, de novo, regras sobre o assunto.

42. De acordo com o Relatório de 2014 da "Amnesty Environmental", uma ONG responsável por pesquisar, organizar e informar para a comunidade internacional o marco legal referente aos assuntos ambientais de todos os países, a Federação da Clonalia "não tem um marco legal apropriado para regular o assunto das mudanças climáticas, e a inatividade e a falta de respostas legais de este Governo tem sido as mais notórias de todas as legislações nacionais estudadas por esta organização."

(11)

43. Paralelamente a este processo judicial, movido em 2009, a Federação da Clonalia começou atividades de exploração de petróleo na região costeira do país através da sua companhia pública. Esta atividade foi realizada em águas que fazem parte da área de exploração econômica exclusiva do país.

44. Em outubro de 2011, as maiores reservas de petróleo neste país foram encontradas nessa área costeira. A reserva foi chamada de "Square" e estima-se que esta descoberta poderá aumentar a produção de petróleo neste país em aproximadamente de quatro (4) milhões a doze (12) milhões de barris por dia, a partir de 2016. Esta produção permitiria ao país atingir independência de energia e começar a exportar quase quatro (4) milhões de barris por ano a partir de 2016. 45. Esta descoberta foi definida pelo Presidente da Federação da Clonalia como a maior

transformação energética do país nas décadas recentes. Nas suas palavras, "Eu tenho muita satisfação em que, sob minha liderança, posso dar certeza aos cidadãos deste país que nós atingimos estabilidade de fontes de energia para o país assim como a independência política do país dos debates internacionais referentes a formas de produção de energia e a preços do petróleo."

Seção V: A Comunidade Rural de Candela e a Federação da Clonalia

46. Em março de 2011, a CCA decidiu representar as 52 famílias, na comunidade rural de Candela, no seu esforço para encontrar uma solução legal a respeito da crise ambiental em Theodore.

47. Em outubro de 2013, um grupo de 23 famílias da comunidade rural de Candela viajaram de bote, desde a República do Marsili à Federação da Clonalia e entraram no país de uma maneira irregular sem o devido registro de imigração.

48. Em 13 de abril de 2014, os migrantes estavam morando numa situação irregular e apresentaram uma petição para reconhecimento do seu status como refugiados ambientais. A CCA entregou uma solicitação formal para a Federação da Clonalia, baseada na Lei 715 de 1989, que é a Lei de Migração e Asilo promulgada pelo Congresso da Clonalia. A solicitação do status de refugiados foi apresentada porque a vida e a integridade de tais famílias estão em risco devido ao fato de que a Ilha Marsili está em iminente processo de desaparecer. Além disso, suas condições físicas para viver têm virado arriscadas demais para seus habitantes e, como tais, não é possível garantir a vida e a integridade destas pessoas, no caso que elas devessem voltar ao Marsili.

(12)

49. O primeiro artigo da Lei 715 de 1989 determina: "Esta Lei é promulgada para estabelecer o sistema de proteção de refugiados e de quem procurar asilo, baseado na Constituição do País, a Convenção sobre a Situação de Refugiados de 1951 e seu Protocolo de 1967 assim como outros documentos internacionais sobre direitos humanos ratificados pela Federação da Clonalia".

50. A Federação da Clonalia assinou, em 1955, a Convenção sobre a Situação de Refugiados assim como seu Protocolo Adicional de 1967. Ambos os documentos foram incluídos na legislação nacional mediante a Lei de Imigração de 2009.

51. Além disso, o artigo quarto estabelece que: "Esta Lei é aplicável a qualquer pessoa estrangeira na situação de refugiado ou procurando asilo no território da Federação da Clonalia. O reconhecimento de uma pessoa como um refugiado é um ato humanitário e não político, com efeitos declaratórios e envolve a abstenção de se comprometer em qualquer atividade política. Nenhuma pessoa, em tal situação de refugiado ou procurando asilo, cuja solicitação esteja pendente de uma decisão final, pode ter de voltar ao seu país de origem ou a outro país onde sua vida, segurança pessoal ou liberdade estariam em risco por quaisquer das causas que levaram ao reconhecimento ou à solicitação da situação de refugiado assim como quaisquer outras condições externas que podem estar ocorrendo no país de origem. Para a finalidade de aplicar este artigo, a denegação de entrada na fronteira assim como a extradição são consideradas como formas de devolver a pessoa”.

52. O Ministério das Relaciones Exteriores (MRE) é o órgão responsável pelos assuntos internacionais e de imigração da Federação da Clonalia. Em 28 de fevereiro de 2014, o órgão determinou que não consideraria a solicitação para decidir sobre a situação de refugiados das 23 famílias da comunidade rural de Candela quem estavam, naquela data, no território da Clonalia. As famílias não tiveram autorização para apresentar seu caso perante o MRE, nem suas razões para a sua solicitação. O MRE considerou que os assuntos ambientais não podem e não devem ser misturados com as questões de migrações. Como tal, a solicitação não seria tratada para nada, senão decidida pela falta de validade na solicitação e, portanto, as autoridades de imigrações deviam ativar os apropriados procedimentos administrativos visando a expulsão das pessoas envolvidas no processo.

53. Em 5 de março de 2014, o MRE ordenou a detenção das famílias. O mandado de prisão abrangeu as crianças e os idosos, e requereu a localização dos migrantes a fim de iniciar o processo de deportação destas pessoas, de volta para a República do Marsili. Após receber informações sobre o mandado pela imprensa, ao redor de oito (8) das famílias de Candela foram até a Embaixada da República do Marsili na Clonalia e refugiaram-se lá, enquanto outras famílias fugiram. Aproximadamente

(13)

metade deles foram capturados e levados até uma prisão temporária, enquanto começaram os processos de deportação.

54. De acordo com a legislação nacional da Federação da Clonalia, a decisão administrativa para não conceder o status de refugiados assim como a ordem de deportação, ficam sujeitas à apelação perante o MRE. Em 8 de março de 2014 as decisões foram apeladas pela CCA, mas o MRE reconfirmou suas decisões reiterando os argumentos já utilizados. Em 10 de março, devido à sua importância e atenção muito difundida, a decisão foi anunciada numa conferência de imprensa.

55. Em 20 de março de 2014, o Embaixador do Marsili deu uma declaração informando que: "A República do Marsili fica surpresa pela decisão da Federação da Clonalia de expulsar as famílias, da região rural de Candela, que não mais podem ter um território para dar suporte ao seu sustento e subsistência. A decisão, que nega a situação de refugiados e descarta a conexão entre migração e extremas condições climáticas, causadas pelas mudanças climáticas, é nada mais que um ato do estado de perseguição, de acordo com a Convenção sobre Refugiados. Tal discriminação deve gerar responsabilidade internacional porque põe em perigo a vida dos peticionários. Por estas razões, dentre outras, nós manteremos os membros da comunidade rural de Candela sob refúgio na Embaixada até os órgãos internacionais tomarem uma decisão."

56. Em 9 de maio de 2014, devido à tensão política gerada pela decisão do MRE, o Presidente da Federação da Clonalia optou por nomear um Comitê Nacional de

Especialistas (CNE) para apresentar uma proposta levando em conta os possíveis

vínculos futuros entre assuntos de migrações, mudanças climáticas e degradação ambiental. Em particular, a questão inicial, que deveria orientar a proposta, seria: Se houver um risco, para a vida e a integridade dos cidadãos dos territórios da Ilha, suficiente como para justificar uma potencial petição de asilo por razões ambientais, deveria ser denegada tal solicitação?

57. Em 7 de julho de 2014, o Comitê entregou sua proposta diretamente ao Ministério das Relações Exteriores. Devido ao interesse público causado pela proposta, o MRE convocou uma conferência de imprensa a fim de fornecer algumas conclusões gerais. 58. A conclusão principal, informada pelo MRE, foi que o Comitê tinha dado argumentos defendendo a decisão já tomada pela Federação da Clonalia e que tais argumentos seriam publicados no seu devido tempo quando o assunto não mais envolvesse um risco potencial de segurança nacional para a Federação. O MRE argumentou que as conclusões do Comitê poderiam pôr em perigo a segurança nacional, a integridade do território, a população civil e a estabilidade social e diplomática do País.

(14)

59. A CCA tentou obter o texto da proposta do CNE, mas isso foi negado pelo MRE, baseado em fundamentos de segurança nacional. A ONG apelou da decisão do MRE. Não obstante, a decisão foi confirmada por um juiz administrativo, baseado no fato de que as informações sobre assuntos de migrações estão vinculadas diretamente às questões de segurança nacional e, portanto, o conteúdo ambiental das conclusões do Comitê perde valor legal para o interesse público que deve ser protegido.

Seção VI: CCA e o Sistema Interamericano de Direitos Humanos

60. A CCA considerou que havia um esgotamento de remédios jurídicos administrativos e judiciais porque tanto a legislação nacional sobre regulação das mudanças climáticas assim como o MRE tinham rejeitado qualquer proteção para os membros da comunidade rural de Candela. Consequentemente, a CCA decidiu se apresentar perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH ou Comissão) em nome dos membros da comunidade rural de Candela, incluindo aqueles que ainda moravam no território da Clonalia assim como aqueles na República do Marsili, a fim de proteger seus direitos humanos.

61. Em 10 de setembro, na petição entregue pela CCA, a ONG argumentou que a Federação da Clonalia tinha violado os direitos humanos dos membros da Comunidade Rural de Cancela. De um lado, eles violaram os direitos das 23 famílias que solicitavam a situação de refugiados e, doutro lado, dos outros membros da comunidade que ainda ficam na Ilha do Marsili, morando em condições físicas dolorosas, devido à crise ambiental.

62. Segundo a petição, a Federação da Clonalia violou os direitos e as garantias judiciais das pessoas que solicitaram a situação de refugiados, as quais são definidas nos Artigos 8, 22.7, 22.8 e 25 da Convenção Americana de Direitos Humanos e nas políticas e nos critérios da Legislação Internacional sobre Refugiados, estabelecida pelo Sistema Universal de Direitos Humanos das Nações Unidas. Também, a não entrega da proposta do Comitê Nacional de Especialistas (CNE) sobre assuntos de migrações viola o Artigo 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos, a qual garante que as informações concernentes às pessoas, neste caso, sobre assuntos ambientais e migrações, devem ficar acessíveis para aqueles que poderiam ser afetados.

63. A CCA também acredita que a Federação da Clonalia violou os Artigos 4, 5, 21, 22 e 26 da Convenção Americana de Direitos Humanos, conjuntamente com o Artigo 11 do Protocolo de San Salvador, considerando-se que a Federação da Clonalia falhou em agir diante de décadas de fortes provas empíricas sobre as consequências

(15)

climáticas das suas emissões de gases de efeito estufa. Nas palavras da CCA: "A Federação da Clonalia foi uma emissora histórica de gases de efeito estufa. Na atualidade, também é a maior contribuidora individual para as emissões globais, demonstrando que eles são responsáveis por criar condições climáticas que prejudicam o uso pleno dos direitos humanos básicos da comunidade rural de Candela, cujos membros têm perdido a capacidade para sobreviver e estão em perigo iminente de desaparecer porque o território deles está submergindo no oceano como resultado das mudanças climáticas. Além do mais, a CCA pede à Comissão emitir medidas de precaução para proteger os habitantes da comunidade rural de Candela.

64. Na petição perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a CCA afirmou que "considerando que a falha da Federação da Clonalia quanto a agir tem sido uma constante sistemática e histórica e que se tem uma falta de vontade da Federação para tomar medidas de política e legais a fim de reduzir ou modificar seu modelo a respeito da poluição e das emissões de gases de efeito estufa, a Comissão defronta-se com uma política do Governo que está afetando diretamente a capacidade dos membros da comunidade rural de Candela, na Ilha do Marsili, para sobreviver e exercer plenamente seus direitos humanos”.

65. A CIDH concedeu medidas cautelares porque considera que há condições de necessidade e opina que as medidas devem estar em concordância com a proteção dos peticionários. Além do mais, a Comissão decidiu declarar o caso admissível para a finalidade de examinar a alegada violação dos Artigos 4, 5, 8, 13, 21, 22, 25 e 26 da Convenção Americana de Direitos Humanos e o Artigo 11 do Protocolo de San Salvador.

66. Adicionalmente, a Comissão solicitou que a Corte, na sua decisão: "demande da Federação da Clonalia alterar suas leis nacionais para estabelecer uma política de assistência necessária para compensar os membros da comunidade rural da Clonalia e oferecer parte do seu território aos refugiados ambientais que deverão abandonar a ilha que está afundando."

67. Na resposta à petição, a Federação da Clonalia argumentou que, dentro do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, não se tem obrigação de conceder asilo nem a situação de refugiados a membros de outros países. Além do mais, salientou que sua obrigação quanto a assuntos ambientais refere-se aos cidadãos dos País e não às pessoas que pertencem a outros países.

68. Similarmente, na resposta à petição e segundo os termos do Artigo 38 do Regulamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos, a Federação da Clonalia apresentou uma objeção ao caso movido pela CCA em nome da comunidade rural de

(16)

Candela. Na objeção preliminar, a Federação argumentou que a falta de jurisdição

ratione materiae da Corte, quanto ao direito reclamado de um meio ambiente

saudável, definido pelos documentos internacionais como um direito autônomo, não pode ser tratado pelo Poder Judiciário mediante os mecanismos legais argumentados neste litígio. Além disso, não se tem direito de asilo nem a situação de refugiado como argumentam os peticionários.

69. Em 15 de outubro de 2014, no Relatório de Mérito no. 11/14, a Comissão rejeitou a

objeção preliminar apresentada pela Federação da Clonalia e impôs uma série de recomendações para que sejam retificadas as violações cometidas contra a comunidade rural de Candela e solicitou alterações da legislação nacional do país para tratar o assunto das mudanças climáticas.

70. Em 17 de dezembro de 2014, a Comissão decidiu submeter o caso da Comunidade Rural de Candela versus a Federação da Clonalia, para a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH ou Corte) a fim de obter justiça para as vítimas da falta de resposta da Federação a respeito das recomendações feitas pela CIDH. A Corte determinou que será realizada uma audiência pública em março de 2015 para analisar os pontos e os argumentos que a Corte deverá considerar na sua sentença. 71. A Federação da Clonalia ratificou a Convenção Americana de Direitos Humanos em

1º. de agosto de 1978 e aceitou a jurisdição contenciosa da Corte em 28 de junho de 1982. Do mesmo modo, a República de Marsili ratificou a Convenção em 7 de maio de 1984 e aceitou a jurisdição da Corte em 14 de setembro de 1985.

72. Além disso, a Federação da Clonalia assinou os seguintes documentos internacionais: Declaração Universal dos Direitos Humanos (1976), Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra Mulheres (CEDAW) (1981),

Convençãon°169da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais (1991), Convenção da

Diversidade Biológica (1994), Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos na Área de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Protocolo de San Salvador (1996), Declaração de Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1998), Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias (1994), o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (2002), entre outros.

(17)

Resumo de direitos violados segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos

Convenção Interamericana Protocolo de San

Salvador

Artigo 5. Direito à integridade pessoal Artigo 7. Direito à liberdade pessoal Artigo 8. Garantias judiciais

Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão

Artigo 21. Direito à propriedade privada

Artigo 22. Direito de circulação e de residência Artigo 26. Desenvolvimento Progressivo

Artigo 11. Direito a um meio ambiente sadio

Referências

Documentos relacionados

poderá aplicar seus recursos em Fundos de Investimento que adotem regras para conversão de suas cotas e respectivo pagamento de resgate diversas das regras

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

Espero que muitos deles fiquem "com o bichinho" e que possa surgir a organização de equipas para competir porque o desporto é, de facto, das coisas mais importantes que a

Para o entendimento de como a IURD alcançou esse status de um “fenômeno religioso” (MARIANO, 2004) é fundamental compreender que houve um aumento

Art. 21 - A coleta, transporte e destino final do lixo especial gerado em imóveis, residenciais ou não, são de exclusiva responsabilidade de seus

Mundo vivido em torno de PROBLEMAS REAIS EDUCAÇÃO: “Socialização conhecimento produzido historicamente”: INSUFICIENTE Problemas não pesquisados: - Demandas excluídas -

As ações extensionistas desenvolvidas com a Escola de Esporte, especialmente com o ensino do basquetebol, propõe o desenvolvimento de aulas para crianças e jovens de 10 a

12.7.1 Não serão aceitos como documentos de identidade: certidões de nascimento, CPF, títulos eleitorais, carteiras de motorista (modelo antigo), carteiras de estudante,