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Matéria: literatura Assunto: arcadismo ou neoclassicismo - autores (lírica e épica) Prof. IBIRÁ

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Academic year: 2021

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Matéria: literatura

Assunto: arcadismo ou neoclassicismo - autores (lírica e épica)

Prof. IBIRÁ

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Autores

A Lírica de CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (1729-1789)

Obras: Obras Poéticas (1768) e Vila Rica (1839)

Cláudio Manuel da Costa foi um caso curioso de poeta de transição. Em termos de escolha, ele se filia aos princípios estéticos do Arcadismo, mas, em termos instintivos, não consegue superar as fortes influências barrocas e camonianas que marcaram a sua juventude intelectual. Racionalmente é um árcade; emotivamente, um barroco. Se os poemas de Cláudio Manuel da Costa estão cheios de pastores, o que indica o projeto de literatura árcade, os seus temas são quase sempre barrocos. Observe:

Neste álamo sombrio, aonde a escura Noite produz a imagem do segredo; Em que apenas distingue o próprio medo

DAqui, onde não geme, nem murmura Zéfiro brando em fúnebre arvoredo, Sentado sobre o fosco de um penedo

Chorava Fido a sua desventura. Às lágrimas, a penha enternecida Um frio fecundou, donde manava D’ânsia mortal a cópia derretida; A natureza em ambos se mudava;

Abalava-se a penha comovida; Fido, estátua de dor, se congelava

* Além de poemas líricos tentou a epopéia, num poemeto chamado Vila Rica, despido de maior prestígio.

A Lírica de TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (1744-1810)

Obras: Marília de Dirceu (1792) e Cartas Chilenas (1845)

Em sua única obra lírica, Marília de Dirceu, mostra-se o árcade por excelência do início ao fim. O pastoralismo, a galanteria, a clareza, a recusa em intensificar a subjetividade, o racionalismo

neoclássico, eis os elementos estruturadores do poema de Gonzaga.

Marília de Dirceu é autobiográfico dentro dos limites que as regras árcades impunham à confissão pessoal. Na primeira das três partes que compõem o livro, um pastor celebra a sua amada:

Tu, Marília, agora vendo Do Amor o lindo retrato

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Sim, Marília, a cópia é tua, Que Cupido é Deus suposto: Se há Cupido, é só teu rosto Que ele foi quem me venceu.

O poeta estava ligado às concepções rígidas do Arcadismo e isto explica em parte o seu comedi-mento amoroso. Apesar de seus defeitos, sobra em Gonzaga um encanto que é a maneira gra-ciosa e singela com que ele se expressa. Mesmo a frivolidade reveste-se de uma forma simples e envolvente. Alguns enxergam em sua obra traços pré-românticos. Um dos momentos mais famosos de sua lírica é quando afirma a Marília o seu ideal doméstico (aurea mediocritas). Ob-serve abaixo, uma das passagens mais encantadoras de suas liras, quando Dirceu fala à Marília sobre o que ela não verá, provavelmente, o Brasil:

Tu não verás, Marília, cem cativos Tirarem o cascalho e a rica terra, Ou dos cercos dos rios caudalosos

Ou da minha serra.

Não verás separar ao hábil negro Do pesado esmeril a grossa areia, E já brilharem os granetes de ouro

No fundo da bateia.

Não verás derrubar os virgens matos, Queimar as capoeiras ainda novas,

Servir de adubo à terra fértil cinza, Lançar os grãos nas covas. Não verás enrolar negros pacotes Das secas folhas o cheiroso fumo; Nem espremer entre as dentadas rodas

Da doce cana o sumo. Verás em cima da espaçosa mesa Altos volumes de enredados feitos; Ver-me-ás folhear os grandes livros,

E decidir os pleitos.

Enquanto revolver os meus consultos Tu me farás gostosa companhia (...)

Granetes: grãos

Bateia: espécie de gamela que se usa para lavar a areia

Pleitos: questão de juízo, demanda Sob o pseudônimo de Critilo, Gonzaga ironizou os

desman-dos do governador de Minas Gerais nas famosas Cartas Chilenas, pretensamente nativistas, pois em momento algum insinuam a sublevação contra a metrópole. Trata-se de um ataque meramente pessoal.

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A Épica de BASÍLIO DA GAMA (1741-1795)

Obra: O Uraguai (1769)

O Uraguai faz apologia à expedição imperial enviada às Missões, depois do Tratado de Madrid

de 1750, para desalojar os índios e os jesuítas. Basílio da Gama dispunha-se a valorizar, acima de tudo, o Marquês de Pombal, responsável pela medida. Paralelamente, desejava mostrar o conflito entre o racionalismo europeu e o primitivismo indígena. O projeto de Basílio acaba se tornando paradoxal: em termos racionais, ele se coloca ao lado dos europeus, mas, em termos sentimentais, simpatiza com os índios.

As razões dos índios são muito mais convincentes que as dos soldados imperiais, de tal forma que sentimos a grandeza épica não nos europeus e sim nos indígenas. A perigosa contradição em que se envolve Basílio da Gama, glorificando tanto o conquistador europeu como o selva-gem, é equacionada pela crítica feroz a um terceiro elemento: o jesuíta.

Já no poema, o único jesuíta que aparece, padre Balda, é ambicioso e pérfido. Não satisfeito, o autor se vale de notas explicativas em profusão, nas quais acusa os padres como responsáveis pelo conflito.

A crítica se divide a respeito do indianismo de Basílio da Gama. Alguns assinalam a presença de um sentido anti-europeu neste indianismo, porém, a maioria inclina-se a ver no O Uraguai apenas pastores árcades travestidos de indígenas. E a repulsa dos mesmos aos desígnios dos governos europeus não se dá motivada por qualquer nacionalismo. Seria apenas a repulsa do “homem natural”, do Arcadismo contra a civilização.

Um dos momentos mais significativos do poema dá-se quando os índios defendem o seu direi-to de permanecer nas terras missioneiras:

(...) Se o rei da Espanha

Ao teu rei quer dar terras com mão larga, Que lhe dê Buenos Aires e Corrientes, E outras, que tem por estes vastos climas; Porém, não pode dar-lhe os nossos povos (...)

Gentes de Europa, nunca vos trouxera O mar e o vento a nós. Ah! não debalde

Estendeu entre nós a natureza Todo esse plano espaço imenso der águas.

A cena da morte de Lindóia mostra as características típicas do movimento árcade, entretanto é lírica, não épica:

Canto IV (...)

Cansada de viver, tinha escolhido Para morrer a mísera Lindóia. Lá reclinada, como que dormia, Na branda relva e nas mimosas flores,

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Descobrem que se enrola no seu corpo Verde serpente, e lhe passeia, e cinge

Pescoço e braços, e lhe lambe o seio. Fogem de a ver assim, sobressaltados,

E param cheios de temor ao longe; E nem se atrevem a chamá-la, e temem Que desperte assustada, e irrite o monstro,

E fuja, e apresse no fugir a morte.

A Épica de SANTA RITA DURÃO (1722-1784)

Obra: Caramuru (1781)

O Caramuru é um poema que relata o descobrimento da Bahia, e conta às aventuras de Diogo Álvares Correia. Na primeira parte da historia ocorre um naufrágio, onde Diogo e mais sete amigos são salvos e ao mesmo tempo presos pelos índios, a intenção dos índios era alimentá--los bem para depois servir de comida para a tribo, mas com um ataque de uma tribo adver-sária Diogo e seus amigos conseguem fugir para a mata. Após a luta sangrenta, Diogo veste se de armaduras e sai para salvar seus amigos e entra numa gruta onde encontra alguns objetos guardado do naufrago e uma foto de uma bela índia, e encontrou ali um índio escondido onde depois de algumas trocas de palavras eles se tornam amigos, Diogo e o índio que se chamava Gupeva, saem para caçar e Diogo dispara sua arma e todos se curvam diante dele, consideran-do um herói, a partir daquele dia toconsideran-dos passaram a respeitar Diogo, depois ao conhecer Para-guaçu a moça da foto por quem ele se encantou , eles se apaixonam. Durante a noite Gupeva e Diogo conversam, e o cacique avisa que estão para ser atacados, logo em seguida a tribo è atacada pelos índios ferozes Caeté, Paraguaçu também luta heroicamente.

Depois da guerra Diogo encontra uma gruta com tamanho em forma de uma igreja e percebe que os nativos podem aceitar a fé cristã, e dispõe-se a doutriná-los. Mais tarde, salva a tripu-lação de um navio espanhol naufragado, e parte para a Europa com Paraguaçu. Na França o casal é recebido na corte e Paraguaçu e batizada com o nome de rainha Catarina de Médici. Na viajem de volta ao Brasil, Catarina profetiza o futuro da nação, e continuando em seu vaticínio, Catarina descreve a luta contra os holandeses. A cerimônia é realizada na casa da torre, o casal revestido na realeza da nação espanhola, transfere–a para D. João III, Diogo e Catarina, por de-creto real, recebem as honras da Colônia lusitana.

O trecho do poema épico em que é narrada a morte da índia Moema, uma das mais belas cenas já descritas na literatura brasileira:

XLI

Enfim, tens coração de ver-me aflita, Flutuar moribunda entre estas ondas;

Nem o passado amor teu peito incita A um ai somente com que aos meus respondas!

Bárbaro, se esta fé teu peito irrita, (Disse, vendo-o fugir), ah não te escondas!

Dispara sobre mim teu cruel raio...” E indo a dizer o mais, cai num desmaio.

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XLII

Perde o lume dos olhos, pasma e treme, Pálida a cor, o aspecto moribundo; Com mão já sem vigor, soltando o leme, Entre as salsas escumas desce ao fundo. Mas na onda do mar, que irado freme, Tornando a aparecer desde o profundo,

- Ah! Diogo cruel! - disse com mágoa, E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água.

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Bibliografia de Literatura

BOSI, Alfredo – História Concisa da Literatura Brasileira, 40.ª ed., S. Paulo, Cultrix, 2002.

CANDIDO, Antonio – Formação da Literatura Brasileira, 7.ª ed., 2 vols., Belo Horizonte / Rio de Janeiro, Itatiaia, 1993.

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CASTRO, Sílvio – História da Literatura Brasileira, 3 vols., Lisboa, Publicações Alfa, 1999. COUTINHO, Afrânio – A Literatura no Brasil, 5ª ed.,6 vols., S. Paulo, Global, 1999.

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MOISÉS, Massaud – História da Literatura Brasileira, 3 vols., S. Paulo, Cultrix, 2001.

MOISÉS, Massaud – A Literatura Brasileira Através dos Textos, 19.ª ed., S. Paulo, Cultrix, 1996. NICOLA, José de – Painel da Literatura em Língua Portuguesa, 2ª ed, S. Paulo, Scipione, 2011. PICCHIO, Luciana Stegagno – História da Literatura Brasileira, 2ª ed., Rio de Janeiro, Lacerda Editores, 2004.

PROENÇA, Domício – Estilos de Época na Literatura, 5.ª ed., S. Paulo, Ática, 1978.

VERÍSSIMO, José – História da Literatura Brasileira: de Bento Teixeira (1601) a Machado de Assis (1908), 7ª ed., Rio de Janeiro: Topbooks, 1998.

Bibliografia de Música e Artes Plásticas

ACQUARONE, Francisco. Mestres da Pintura no Brasil, Editora Paulo Azevedo, Rio de Janeiro, s/d.

BARDI, Pietro Maria. História da Arte Brasileira, Editora Melhoramentos, São Paulo, 1975. CASTRO, Sílvio Rangel de. A Arte no Brasil: Pintura e Escultura, Leite Ribeiro, Rio de Janeiro, 1922.

DAMASCENO, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul, Editora Globo, Porto Alegre, 1971. SEVERIANO, Jairo – Uma História da Música Popular Brasileira, 3ª Ed., Editora 34, 2013.

Referências

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