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CONSELHOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E PROJETO PROFISSIONAL INTRODUÇÃO

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CONSELHOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E PROJETO PROFISSIONAL

Esther Luiza de Souza Lemos1 Mabile Caetano Cazela2

Serviço Social: Fundamentos, Formação e Trabalho Profissional

INTRODUÇÃO

A dimensão político-organizativa dos/as assistentes sociais brasileiros/as tem sido tematizada na literatura profissional dando ênfase à direção social que a tem orientado nos últimos 30 anos: a ruptura com o conservadorismo na sociedade possível através da crítica ontológica ao modo de produção capitalista. O chamado projeto ético político profissional tem sido objeto de estudo e ao mesmo tempo tem expressado a unidade política da categoria em torno dos princípios éticos que deve orientar o exercício e a formação profissionais.

O objetivo do presente artigo é, neste contexto, contribuir com a socialização do conhecimento sobre a natureza político-administrativa da instância dos Conselhos Regionais e do Conselho Federal de Serviço Social e sua importância na definição de instrumentos jurídico-normativos no âmbito do exercício profissional.

1 A PRIMEIRA LEI DE REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO E A CRIAÇÃO DO CONSELHO PROFISSIONAL

O exercício profissional do Serviço Social existia antes mesmo de haver uma legislação que o regulamentasse. O processo de profissionalização da profissão no Brasil, conforme analisado por Iamamoto (1982), Netto (1991, 1992), Martinelli (1991), evidencia sua vinculação direta com o modo de ser e pensar hegemônico na ordem burguesa, constituindo-se como profissão inserida na divisão sociotécnica do trabalho cujas raízes vinculam-se ao que Netto denominou “protoformas do Serviço Social”.

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Assistente Social, Doutora em Serviço Social, professora do Curso de Serviço Social na UNIOESTE – Campus de Toledo. Conselheira do CFESS, gestão 2011 – 2014 “Tempo de Luta e Resistência”. Contato: estherlemos@gmail.com, fone (45) 9988-6200.

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Assistente Social, Patronato Penitenciário, Toledo – PR. Contato: mabileccazela@hotmail.com, fone (45) 9953-2239.

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Porém, o que explica a emergência desta nova profissão na sociedade de classes não é esta vinculação, pelo contrário, o que a explica é justamente a ruptura com suas protoformas e sua inserção no mercado de trabalho colocando o profissional numa condição de assalariamento. A compra e a venda de uma força de trabalho especializada na sociedade, basicamente no âmbito das políticas sociais implementadas pelo Estado mas não só, cria as condições de profissionalização do Serviço Social, como profissão interventiva no âmbito das relações sociais no enfrentamento das expressões da “questão social” que se movimentam no próprio movimento histórico da luta de classes na particularidade dos Estados nacionais.

A partir da organização das/os primeiras/os assistentes sociais formadas/os no Brasil, com a criação da primeira escola de Serviço Social em 1936 em São Paulo e demais, criou-se a Associação Brasileira de Assistentes Social – ABAS. Com base nesta organização e orientadas/os pelos princípios neotomistas, as/as pioneiras/os aprovaram o primeiro Código de Ética Profissional, aprovado em assembleia geral desta associação no dia 29 de setembro de 1947 (CFESS, 2012b).

A regulamentação da profissão, juntamente com demais profissões no país, se dará no num contexto político-econômico marcado pelo pós-segunda guerra mundial e pelo nacional-desenvolvimentismo. No governo Jucelino Kubitschek foi sancionada a primeira Lei de regulamentação da profissão, Lei n. 3.252. de 27 de agosto de 1957. Esta Lei foi revogada pela atual Lei de regulamentação da profissão, Lei nº 8.662.

Ainda naquele período histórico, a primeira Lei de regulamentação da profissão levou cinco anos para ser regulamentada, fato que ocorreu com a emissão do Decreto n. 994, de 15 de maio de 1962. Esta data se tornou um marco na história da profissão, sendo comemorado até os dias de hoje, o “Dia do/a Assistente Social” no Brasil.

O aspecto que destacamos neste Decreto, para fins do presente texto, é a criação dos Conselhos Profissionais no âmbito do Serviço Social brasileiro. O artigo 6º define que “A disciplina e fiscalização do exercício da profissão de Assistente Social caberão ao Conselho Federal de Assistentes Sociais (C. F. A. S.) e aos Conselhos Regionais de Assistentes Sociais (C. R. A. S. ), criados por este Regulamento” (Decreto nº 994/1962).

Naquele momento histórico o território nacional foi dividido em 10 regiões, sendo constituídos 10 Conselhos Regionais de Assistentes Sociais, definindo-se que “Qualquer dos Estados poderá constituir-se em região autônoma desde que atinja o número de 500 profissionais que exerçam a profissão na área respectiva” (Decreto nº 994/1962).

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Ao longo do tempo, com a expansão da profissão no país e respectiva expansão da categoria profissional, os Conselhos Regionais também aumentaram expressando parte do processo de profissionalização do Serviço Social brasileiro. Porém, a realidade e a direção social estratégica que a categoria profissional imprimiu à profissão fez com que houvesse um movimento por uma nova lei que regulamentasse o exercício profissional, apresentada a seguir.

2 A NOVA REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO NO BRASIL: CRIAÇÃO DO CONSELHO FEDERAL E CONSELHOS REGIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL

Conhecendo o contexto histórico no qual são instituídos os Conselhos Profissionais, pergunta-se: qual objetivo destes espaços? Por que o Estado, por força de lei, criou os Conselhos Profissionais?

De modo geral, quando os Conselhos Profissionais foram instituídos no Brasil, eles se caracterizavam enquanto entidades autoritárias, não tinham por princípio aproximar a categoria profissional e, menos ainda, configuravam-se em espaços coletivos para discussões. Pelo contrário, os Conselhos Profissionais caracterizavam-se por serem “uma entidade corporativa, com função controladora e burocrática.” (CFESS, 1999, p. 21).

Seu caráter fiscalizador direcionava-se à realização da inscrição dos/as profissionais neste ente, logo, sua preocupação estava em exigir tal inscrição e recebê-la devidamente. Nesse sentido, no âmbito do Serviço Social não foi diferente (CFESS, 2012a). A cultura política do corporativismo e do autoritarismo também permearam as entidades da categoria.

Há um consenso no que se refere à mudança de posicionamento da categoria da segunda metade dos anos 1960, quando tem início o Movimento de Reconceituação3. De acordo com Netto (2005), na passagem para a década de 1970, ficou visível a crítica assídua ao dito Serviço Social tradicional4 por parte dos Assistentes Sociais; a categoria profissional dá início a um questionamento de sua prática profissional, até porque o “[...] quadro conjuntural balizado por 1968 constituía, em si mesmo, um cenário adequado para fomentar a

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Se tratando do Movimento de Reconceituação na América Latina, o mesmo perpassou por basicamente uma década (1965-1975), tendo consequências para os anos posteriores. Embora o movimento não possa ser compreendido de maneira fragmentada, devido ao seu caráter amplo, porém, dando ênfase para o âmbito brasileiro, “onde rebate já com a vigência da ditadura implantada em 1964, a renovação [...] traduziu-se especialmente como modernização profissional.” (Netto, 1991, p. 151-164 apud Netto, 2005, p. 11).

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“Por Serviço Social tradicional deve entender-se a prática empiricista, reiterativa, paliativa e burocratizada que os agentes realizavam efetivamente na América Latina.” (NETTO, 1981, p. 60). Sobre a relação entre “Serviço Social tradicional” e “Serviço Social clássico”, consultar tal trabalho científico integralmente, vide referência.

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contestação de práticas profissionais como as do Serviço Social ‘tradicional’.” (NETTO, 1981, p. 8). Tal questionamento não se restringe ao locus do Serviço Social, tampouco ao âmbito nacional, ao contrário: ocorre com base em questões postas em cheque pelas ciências sociais e humanas e por movimentos e acontecimentos econômico-sociais, políticos e culturais latino-americanos que refletiram sobre a profissão (BRAVO, 2009).

O Serviço Social Tradicional, analisado por Netto, também se expressa na forma político-administrativa do Conselho Profissional e sua função na definição de instrumentos jurídico-normativos que orientarão o exercício profissional.

Embora haja consenso sobre o início da mudança na perspectiva da profissão, até a década de 1980 ela esteve impregnada por princípios ancorados nos pressupostos neotomistas e positivistas5. O Código de Ética aprovado pelo CFAS em 1965, primeiro Código depois que a profissão foi regulamentada, manteve estas características. As modificações no ano de 1975, ainda na vigência da ditadura militar, não sofre alterações no que se refere à sua perspectiva teórica, isto é, “[...] permanecendo com a mesma orientação filosófica e metodológica.” (BARROCO, 2003, p. 96).

No contexto dos anos de 1970, o processo de modificação, de romper com o tradicionalismo do Serviço Social, paralelo ao Movimento de Reconceituação é, segundo Netto (2005), congelado por mais de dez anos, isso porque “[...] foi produto da brutal repressão [...] sobre o pensamento crítico latino-americano – cárcere à tortura, a clandestinidade, o exílio e alguns engrossaram a lista dos ‘desaparecidos’ nas ditaduras.” (NETTO, 2005, p. 10).

O contexto de democratização do país e mobilização social particularmente vivenciado no movimento operário a partir da greve do ABC paulista, criou as condições objetivas nas quais as/os assistentes sociais apreenderam a dimensão política de seu exercício profissional ao reconhecerem-se como parte da classe trabalhadora. O marco histórico deste processo foi o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais – CBAS, realizado na cidade de São Paulo em setembro de 1979 (BOSCHETTI, 2009; BRAVO, 2009; CFESS, 2012a), conhecido como “Congresso da Virada”. Este foi organizado pelas entidades da categoria, Conselhos Profissionais, CFAS/CRAS, cuja direção vinculava-se às estruturas do poder autoritário da época.

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Conforme Barroco (2003) os Códigos de Ética de 1947 (como já exposto) até o Código de 1975 são fundamentados por estas perspectivas teóricas.

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Os efeitos políticos deste congresso transcenderam seu tempo, significando, tanto para o interior da categoria profissional quanto para a sociedade, a intenção de ruptura com o conservadorismo e seu compromisso com a liberdade e democracia.

Segundo Bravo (2009), a entrada à década de 1980 demarca um grande processo de democratização das organizações fiscalizadoras do exercício profissional6, isto é, do CFAS e dos CRAS. A partir daí, com nova diretoria eleita em 1983, o CFAS direciona seu compromisso às classes populares, logo, suas metas para a democratização para a própria entidade, propondo a elaboração de um novo Código de Ética e a revisão do projeto de regulamentação da profissão. Inicia-se aí um “[...] processo de renovação [...] de seus instrumentos normativos [...].” (CFESS, 2012a, s.p.), impresso na nova direção política através da democratização das relações entre Conselhos Federal e Regionais, assim como deles para com os movimentos sociais e entidades da categoria profissional.

Sendo assim, ainda em 1983, se iniciou um processo de debates conduzidos pelo Conselho Federal tendo em vista a reformulação do Código de Ética de 1975. Este processo teve como resultado a formulação do Código de 1986 cuja base teórica nega aquela base filosófica tradicional (neotomista, funcionalista) e supera a perspectiva a-histórica e a-crítica que até então era o alicerce da ética profissional no âmbito do Serviço Social. Contudo, há o reconhecimento de “[...] um novo papel profissional competente teórica, técnica e politicamente.” (CFESS, 2012a, s.p.).

Este Código é considerado o primeiro de vertente crítica inscrito na história da profissão, tanto porque “[...] ao enfocar a profissão e sua intervenção na realidade brasileira, prioriza os aspectos político-ideológicos ao defender a prática do Serviço Social comprometida com as classes trabalhadoras.” (BRAVO, 1996 apud BRAVO, 2009, p. 693), como pelo fato de que a direção assumida, ainda que possuísse algumas lacunas, estava atrelada à superação daquelas práticas e métodos conservadores.

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De acordo com CFESS (2012a), este processo não é descolado do movimento disseminado na sociedade, a qual também passava por um momento de forte redemocratização, para isso basta se pensar no processo de reformulação da Carta Constitucional do país, no movimento sindical, entre tantos outros movimentos da década de 1980 em solo brasileiro. Neste contexto é que Bravo (2009) salienta o profundo debate em torno das Políticas Sociais e a importância da participação e contribuição dos Assistentes Sociais no processo de formulação delas no Brasil. Além disso, a mesma autora resgata também o contributo dado pelos Assistentes Sociais no processo de construção da Constituição Federal, principalmente nas discussões referenciadas à Seguridade Social, assim como sobre a formulação da própria Política de Assistência Social e posteriormente sua lei orgânica.

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No que se refere à revisão da legislação de regulamentação, houve o encaminhamento para a discussão do anteprojeto7 para uma nova lei, o qual foi aprovado pela categoria no XIV Encontro Nacional CFAS/CRAS em abril de 1985 (BRAVO, 2009). Em 1986 fora encaminhado o projeto de lei (PL 7669), porém arquivado, retornando ao debate nos encontros do conjunto CFAS/CRAS. Houve, assim, um longo processo legislativo que exigiu que Conselho Federal e Regionais estivessem mobilizados à frente das discussões e acompanhando os fóruns de debate.

Foi apenas em 1993, num contexto político regressivo pela restrição de direitos sociais e de (contra) reformas neoliberais que a nova Lei de regulamentação da profissão foi aprovada: Lei n. 8.662 de 7 de junho de 19938. A partir desta lei ocorre a mudança da denominação dos conselhos profissionais: CFAS passa a ser chamado de Conselho Federal de Serviço Social – CFESS e o CRAS, Conselho Regional de Serviço Social – CRESS, assim como disposto no artigo 6º desta lei (BRASIL, 1993).

Desta forma, mediante o processo de democratização dos conselhos, assim como por meio da revisão da lei de regulamentação da profissão, as atribuições dos conselhos (Federal e Regionais), realizam alterações que contemplam seu novo caráter9.

Nesse sentido ocorre a revisão do Código de Ética Profissional do/a Assistente Social de 1986, culminando na formulação de um novo código no ano de 1993, que se concretizou por meio de diversos encontros que vinham sendo realizados pelo CFAS, isso porque a gestão deste período (1990-93) colocou em cheque a questão da ética e pode contar com a participação de outras entidades da categoria, assim como daquelas relacionadas à formação10. Este novo Código “[...] não abre mão dos princípios e objetivos constantes no código de 1986, mas avança nos fundamentos teórico-metodológicos e éticos [...].” (BRAVO, 2009, p. 696). Neste sentido é que para Santos (2010) este código, aprovado em 199311, é resultado de um amadurecimento profissional, no que se refere às reflexões iniciadas desde 1986, sendo ambos fruto de uma construção em conjunto pelos Assistentes Sociais

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De acordo com CFESS (2012a), o primeiro anteprojeto para uma nova lei foi discutido no IV Encontro Nacional CFAS/CRAS, no ano de 1971.

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Já era notória a necessidade de revisão da Lei de Regulamentação em vigor desde 1957, tanto que no I Encontro Nacional CFAS/CRAS em 1966 fora colocada em pauta a discussão em torno da normatização do exercício profissional, o que deu visibilidade à insuficiência da lei vigente com vistas às atribuições profissionais (CFESS, 2012a).

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Para ilustrar essas alterações, dá-se a sugestão de realizar um comparativo das Leis de regulamentação de 1957 (Decreto n. 994/1962) e 1993 (Lei n. 8662/1993), observando seus artigos 9º e 8º, respectivamente.

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Os CRESS, a ABESS, entre outras (BRAVO, 2009)

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Resolução CFESS n. 273 de 13 março de 1993, institui o Código de Ética Profissional do/a Assistente Social e dá outras providências.

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Vale enfatizar que essa nova legislação trouxe mais segurança para a objetivação da fiscalização profissional, isso porque ela amplia os parâmetros para tal uma vez que define mais especificamente as competências e atribuições privativas deste/a profissional, que estão contidas, respectivamente, nos artigos 4º e 5º da Lei n. 8.662/1993 (CFESS, 2012a); já sobre o novo Código, é possível atribuir a ele o mérito de avançar no que tange a sua operacionalização, isto é, sua materialidade no cotidiano profissional (BRAVO, 2009).

Todo este processo de regulamentação, da instituição de novos instrumentos legais com função de nortear, normatizar, fiscalizar e orientar o exercício profissional diante da demanda de trabalho do/a Assistente Social engendra a criação de uma Política Nacional de Fiscalização – PNF. A primeira PNF foi formulada no fim dos anos de 1990, denominada Política Nacional de Fiscalização do Conjunto CFESS/CRESS – Resolução CFESS n. 382/99, que dispõe sobre as normas gerais para o exercício da Fiscalização Profissional e institui a PNF12, que fora aprovada em 1997 (CFESS, 1997) no XXVI Encontro Nacional CFESS/CRESS, na cidade de Belém – PA. Seu documento contém uma estrutura formada por um breve histórico de consolidação da trajetória da Fiscalização Profissional para o conjunto CFESS/CRESS, seguida do texto da PNF, esta que é dividida em cinco itens13 e quatro subitens14, assim como notas, referências históricas, documentais e bibliográficas15.

Quase nove anos depois, no XXXV Encontro Nacional do Conjunto CFESS/CRESS no ano de 2006 em Vitória-ES é realizada a revisão e atualização da PNF16, normatizada no ano seguinte através da Resolução CFESS n. 512 de 29 de setembro de 200717. Esta possui em sua estrutura quatro itens, os quais estão distribuídos entre Apresentação, Eixos, Diretrizes e Objetivos.

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Nesta primeira versão da PNF, a mesma já trazia os pressupostos sobre a fiscalização ser papel dos Conselhos Regionais e que para isso foram criados, como “[...] exigência constitucional, quanto ao estatuto das profissões liberais e condição de sua existência legal, traduzida em lei específica [Lei n. 8.662/1993] e parametrada nos princípios e valores do Código de Ética Profissional de (1993).” (CFESS, 1999, p. 35)

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Pressupostos político-operacionais; Objetivos; Diretrizes; Estratégias e; Metas (CFESS, 1999).

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Estratégias Político-operacionais e Curto Prazo; Estratégias Político-operacionais de Médio Prazo; Estratégias Político-operacionais de Longo Prazo e; Estratégias Jurídico-administrativas (CFESS, 1999).

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Para aprofundar estudo sobre o processo de construção e aprovação da PNF/1997, assim como para compreensão em torno da perspectiva de fiscalização do conjunto CFESS/CRESS, ver Relatório de Deliberações do XXVI Encontro Nacional do Conjunto CFESS/CRESS. Devido à dificuldade de encontrá-lo na internet, entrar em contato com o CFESS para solicitar cópia, assim fora feito para utilizá-lo, com finalidade de estudos, para esta pesquisa.

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A proposta de revisão da PNF encontra-se registrada no Relatório de Atividades do conjunto CFESS/CRESS de 2005 (CFESS, 2005).

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“[...] os delegados do 35º Encontro Nacional CFESS/CRESS (2006) [...], deliberaram pela sistematização de contribuições dos CRESS e do CFESS para a revisão da PNF, que foi remetida para a Plenária Nacional CFESS/CRESS, de caráter deliberativo, realizada em Brasília – DF, nos dias 21 e 22 de abril de 2007.” (CFESS, 2006b, s.p.).

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Vale salientar que a PNF/2007 tem o princípio de defender, valorizar e fortalecer o Serviço Social, para que os/as profissionais Assistentes Sociais alocados em diversificados espaços sócio-ocupacionais de intervenção estejam, cada vez mais, realizando suas intervenções de acordo com a direção ético-política defendida pela categoria profissional e diretamente fiscalizada pelos Conselhos Regionais. Desta forma, nos termos da PNF ela possui a “[...] perspectiva de defesa, valorização e fortalecimento da profissão. [...] a importância do investimento continuado em ações públicas que provoquem impactos políticos-pedagógicos significativo no exercício profissional, na direção do enraizamento do projeto ético-político profissional” (CFESS, 2007, s.p.).

Ainda, nos termos da PNF e de acordo com Santos (2010), tal política possui três dimensões: a dimensão afirmativa dos princípios e compromissos conquistados na trajetória do Serviço Social; dimensão político-pedagógica e; dimensão normativo-disciplinadora18. No que se refere à primeira dimensão, tem-se a “[...] concretização das estratégias para o fortalecimento do projeto ético-político [...] lutas por condições dignas de trabalho e dos serviços prestados.”; a segunda se direciona à “[...] orientação e politização dos Assistentes Sociais, usuários, instituições e sociedade em geral”; já a terceira referencia- se para as “[...] bases e parâmetros reguladores do exercício profissional, aplicando penalidades previstas no Código de Ética Profissional, em situações que indiquem violação da legislação [...].” (CFESS, 2007, s.p.). Sobretudo, as dimensões mencionadas apresentam eminentemente um:

[...] amadurecimento teórico-ético-político e normativo do conjunto CFESS-Cress que aprimorou os instrumentos para a fiscalização do exercício profissional, superando concepções e práticas de fiscalização fundadas em valores corporativos e voltadas para o desenvolvimento de ações de controle meramente burocrático e punitivo sobre os profissionais. (SANTOS, 2010, p. 700)

Nesse sentido é que apresentam-se os eixos da PNF, que assim seguem:

I Potencialização da ação fiscalizadora para valorizar a profissão; II Capacitação técnica e política dos agentes fiscais e demais membros do COFIS – Comissão de Orientação e Fiscalização19 – para o exercício da orientação e fiscalização; III programática entre CRESS/CFESS, ABEPSS,

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Elas estão diretamente articuladas e são responsáveis por nortear os Conselhos Regionais na execução da PNF.

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A COFI possui um Conselheiro coordenador, agentes fiscais concursados, Assistentes Sociais inscritos no CRESS (3 membros). Esta comissão assegura a execução da Política Nacional de Fiscalização – PNF, realiza debates com os/as profissionais, atua, ainda, sobre violações das legislações, fortalece articulação entre a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS e o Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social – ENESSO, orienta os Assistentes Sociais em relação às suas atividades. (CFESS, 2007).

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9 ENESSO, Unidades de Ensino e representação local de estudantes; IV Inserção do conjunto CFESS/CRESS nas lutas em defesa da ampliação e garantia de direitos das políticas sociais e da democracia na direção de uma sociedade igualitária. (CFESS, 2007, s.p.)

Frente a isso, pode-se afirmar, de acordo com CFESS (2004), a PNF possui um papel estratégico e por isso sempre será o horizonte para as ações a serem pautadas e desenvolvidas pelo conjunto CFESS/CRESS.

Com efeito, a fiscalização do exercício profissional, da forma como veio se configurando ao longo do processo histórico e evolutivo da profissão, significa uma decisão coletiva, pautada numa organização estratégica, democrática e que reforce o caráter e a relevância pública do Serviço Social na sociedade, assim como de maneira que garanta o respeito do Código de Ética Profissional. Sobre esta perspectiva, são criados outros instrumentos jurídico-normativos para amparar tal fiscalização, entre eles estão as resoluções20, as quais são construídas por meio dos debates da categoria profissional, a fim de concretizar as prerrogativas do Projeto Ético Político do Serviço Social e da nova perspectiva entendimento sobre a fiscalização do exercício profissional, sempre com vistas à qualidade da execução dos serviços prestados aos usuários.

CONSIDERAÇÕES

Partindo do exposto, é possível perceber que a construção de instrumentos normativos sob uma nova perspectiva, expressam um novo Serviço Social, cuja característica principal é o distanciamento progressivo das bases conservadoras que por anos sustentaram o fazer profissional de Assistentes Sociais. Expressam ainda, de acordo com o Projeto Ético-Político Profissional, o novo direcionamento da categoria profissional, como parte da classe trabalhadora, baseia-se em princípios ético cujo fundamento se dá na ontologia do ser social. Conta com as ações do conjunto CFESS/CRESS, como com demais entidades representativas como a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), a Executiva Nacional dos Estudantes (ENESSO) e com toda a categoria profissional comprometida com o Projeto Ético-Político Profissional que, cotidianamente, lutam pela

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No site do CFESS (www.cfess.org.br) é possível encontrar de maneira fácil e rápida todas as resoluções que amparam o exercício profissional dos/as Assistentes Sociais, assim como se atualizar sobre as ações do Conjunto CFESS/CRESS.

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garantia dos direitos sociais dos usuários de seus serviços em articulação com um projeto societário baseado na emancipação humana.

REFERÊNCIAS

BARROCO, M. L.; TERRA, S. H. Código de Ética do/a Assistente Social Comentado. Org. CFESS. São Paulo: Cortez, 2012. 1ª Ed. Parte I – p. 31-110.

BARROCO, Maria Lúcia Silva. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 2. ed. São Paulo, Cortez, 2003.

BOSCHETTI, Ivanete. Começaria tudo outra vez se preciso fosse. Serviço Social e Sociedade n. 100. São Paulo: Cortez, 2009. p.740-748.

BRASIL. Decreto n. 994, de 15 de maio de 1962. Regulamenta a Lei n. 3.252 de 27 de agosto de 1957, que dispõe sobre o exercício da profissão de Assistente Social. Disponível em:

<http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaNormas.action?numero=994&tipo_norma=DCM &data=19620515&link=s> Acesso em: 23 out. 2012.

______. Lei n. 8.662 de 7de junho de 1993, que dispõe sobre a profissão de assistente social e dá outras providências. Alterada através da Lei n. 12.317 de 26 de agosto de 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8662.htm>. Acesso em: 24 out. 2012.

BRAVO. Maria Inês Souza. O significado político e profissional do Congresso da Virada para o Serviço Social brasileiro. Serviço Social e Sociedade n. 100. São Paulo: Cortez, 2009. p. 679-708.

CFESS. Conselho Federal de Serviço Social. Histórico: Antecedentes: a origem sob o controle estatal. Disponível em: < http://www.cfess.org.br/cfess_historico.php> Acesso em: 20 de out. 2012a.

______. Código de Ética Profissional do/a Assistente Social. Aprovado em Assembleia Geral da Associação Brasileira de Assistentes Sociais em 29 de setembro de 1947. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/legislacao.php> Acesso em: 12 abr. 2012b.

______. Histórico das Gestões do CFESS. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/cfess_historicogestoes.php> Acesso em: 01 out. 2012c.

______. Relatório Anual de Atividades 2004. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/relatorio_atividades_2004.pdf> Acesso em: 24 out. 2012.

______. Resolução CFESS n. 382/1999. Dispõe sobre normas gerais para o exercício da Fiscalização Profissional e Institui a Política Nacional de Fiscalização. Aprovada no XXVI Encontro Nacional CFESS/CRESS realizado em Belém-PA em 1997. Cópia do texto da PNF

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disponibilizada pelo Conselho Federal de Serviço Social – CFESS, via Correios, São Paulo/SP-Toledo/PR.

______. Resolução CFESS n. 512 de 29 de setembro de 2007. Reformula as normas gerais para o exercício da fiscalização e atualiza a Política Nacional de Fiscalização - PNF. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/pnf.pdf> Acesso em: 24 out. 2012.

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NETTO, José Paulo. A crítica conservadora à Reconceitualização. Serviço Social e Sociedade n. 5. São Paulo: Cortez, 1981. p. 59-75.

______. O Movimento de Reconceituação: 40 anos depois. Serviço Social e Sociedade n. 84. São Paulo: Cortez, 2005. p. 5-20.

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TEIXEIRA, Joaquina Barata; BRAZ, Marcelo. O projeto ético-político do serviço social. In: CFESS, Conselho Federal de Serviço Social; ABEPSS, Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Org.). Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS-ABEPSS, 2009. p. 184 – 199.

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