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COMPARATIVO ENTRE O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS E TOPOGRAFIA DE PRECISÃO PARA AVALIAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS DE UMA PAREDE DIAFRAGMA

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COMPARATIVO ENTRE O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS E

TOPOGRAFIA DE PRECISÃO PARA AVALIAÇÃO DOS

DESLOCAMENTOS DE UMA PAREDE DIAFRAGMA

Nestor Antonio Bresolin Junior

Mestrando em Engenharia Civil, PPGCI, Universidade Federal do Rio Grande do Sul nbresolin@gmail.com

Lysiane Menezes Pacheco

Professora na Escola Politécnica, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul lysiane@terra.com.br

Resumo. Sabe-se que, quando submetidas a

esforços, as estruturas de contenção deformam. Desta forma, há a necessidade de conhecer essas deformações, a fim de prevenir m o v i m e n t o s e x c e s s i v o s q u e p o s s a m comprometer a integridade da obra. O presente estudo apresenta a análise computacional dos deslocamentos de parte de uma parede diafragma, em uma obra no município de Porto Alegre, RS, através do uso do método dos elementos finitos. Os dados g e r a d o s f o r a m c o m p a r a d o s a o s deslocamentos registrados pela campanha de monitoramento instalada na obra, utilizando t o p o g r a f i a d e p re c i s ã o . A a n á l i s e computacional consistiu no uso do software GEO5 MEF 2018, considerando parâmetros adotados através do uso de correlações a partir do Standard Penetration Test (SPT) realizado na obra. No que diz respeito aos resultados, o software verificou deslocamentos superiores aos registrados na obra.

Palavras-chave: Parede diafragma. Previsão

de deslocamentos. Método dos elementos finitos.

1. INTRODUÇÃO

Com a finalidade de otimizar espaços em áreas urbanas modernas, torna-se frequente a necessidade de escavações de subsolos que, em muitos casos, exigem grandes estruturas de contenção. Para garantir a segurança das escavações, não apenas procede-se o dimensionamento estrutural da contenção, como também avaliam-se os efeitos que podem ser causados nos solos arrimados e nas e s t r u t u r a s a d j a c e n t e s . H á g r a n d e complexidade e imprevisibilidade no que diz respeito aos efeitos que estas estruturas causam, uma vez que seu comportamento depende de uma série de fatores, como as características do solo, presença ou não de água, os métodos construtivos e a rigidez do sistema estrutural (MILITITSKY, 2016).

A avaliação das camadas do subsolo que fazem parte do maciço a ser contido possibilita a determinação das características geológicas e geotécnicas necessárias, orientando o projetista no tipo de solução a adotar. No que diz respeito às soluções adotadas, notam-se as cortinas atirantadas, sendo estas estruturas compostas por paredes de concreto armadas e tirantes, e tendo como uma de suas variedades mais utilizadas, as

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p a r e d e s d i a f r a g m a ( G E R S C O V I C H ; DANZIGER; SARAMAGO, 2016).

Para a realização dos projetos de contenções em paredes diafragma, destaca-se o método dos elementos finitos (MEF). Esse método tem como vantagem permitir uma análise mais precisa do problema, assim como a determinação das solicitações, esforços e deslocamentos nas estruturas.

Tendo em vista a importância da previsão dos deslocamentos gerados por uma estrutura de contenção, junto à precisão dos dados fornecidos pelo método dos elementos finitos, torna-se o escopo deste trabalho a modelagem e a análise dos deslocamentos em uma parede diafragma no município de Porto Alegre, RS.

Os dados aqui gerados foram analisados e, posteriormente, comparados aos dados coletados in situ em uma campanha de monitoramento por topografia de precisão dos deslocamentos na estrutura da mesma obra.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Deslocamento em estruturas de contenção e movimentos de solo associados

Sabe-se que, quando submetidas a cargas, as estruturas de contenção deformam. O monitoramento dos deslocamentos de estruturas de contenção, assim como a movimentação de solos adjacentes, associados aos métodos computacionais de cálculo, permitem compreensão do comportamento da interface estrutura-solo. A avaliação da movimentação dos solos associados é de demasiada complexidade e exige experiência do projetista para que os métodos de cálculo sejam devidamente empregados (GABA et al., 2003).

Segundo Gaba et al. (2003), os movimentos totais referentes à estrutura,

sejam eles o arqueamento do maciço de solo no fundo ou ao redor da escavação ou os deslocamentos nas cortinas, são diretamente influenciados pela resistência e rigidez do solo: os movimentos são menores em solos mais fortes e rígidos, como solos densos de grãos grossos e argilas duras, e maiores em argilas moles e areias fofas.

É inevitável que ocorram deformações nos solos adjacentes às escavações, logo, é necessária a redução destes movimentos a t r a v é s d a o t i m i z a ç ã o d a s t é c n i c a s construtivas. Segundo Gaba et al. (2003), quando os movimentos de solo ocorrem em locais onde não há influência nas estruturas, seus efeitos são geralmente desconsiderados. Os autores comentam, ainda, que a decisão de definir intervalos limites de deformações das cortinas e dos movimentos do solo podem ter grande importância econômica para o projeto. 2.2 Monitoramento e instrumentação

Durante a execução das estruturas de contenção e instalação dos tirantes, faz-se necessário o monitoramento da estrutura para avaliar a precisão do seu dimensionamento. Para Tacitano (2006), a instrumentação possibilita a obtenção de dados de esforços e deslocamentos reais, pois se trata da aplicação de ações sobre um modelo físico. Combinando os resultados dos modelos de cálculo e da instrumentação, torna-se precisa a avaliação dos esforços e deslocamentos.

Para que um projeto de escavação seja seguro, se faz necessária a coleta de dados de deslocamentos in situ, assim como a definição das circunstâncias que os causaram, para que o projetista seja capaz de comparar tais dados com os obtidos na fase de projeto e avaliar se estes estão dentro dos limites aceitáveis (TERZAGHI; PECK, 1967). Reforçando a afirmação de Terzaghi e Peck (1967),

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M i l i t i t s k y ( 2 0 1 6 ) e x p l i c a q u e o monitoramento dos efeitos das escavações é essencial para garantir segurança às obras e tem como principais objetivos: i) assegurar a segurança global da escavação, sendo esta a função mais relevante, pois quando devidamente acompanhada, a campanha de monitoramento revela sinais de possível mau desempenho, possibilitando a adoção de medidas que evitem o colapso da estrutura; ii) assegurar a segurança da vizinhança, pois, de acordo com o autor, é virtualmente impossível evitar danos nas obras lindeiras, porém possibilita estabelecer limites para as variáveis de desempenho com a finalidade de corrigir efeitos indesejados; iii) confirmar as condições de projetos, pois com os dados adquiridos com o monitoramento é possível comparar àqueles provenientes de projeto; iv) acompanhar o comportamento dos efeitos da escavação ao longo do tempo, sendo este item importante para obras de grande porte, uma vez que se torna necessária a verificação de pós-finalização da obra, como comprovação de segurança e bom desempenho dos elementos possivelmente afetados.

E x i s t e m d i v e r s o s e n s a i o s e i n s t r u m e n t a ç õ e s u t i l i z a d a s p a r a o conhecimento da evolução das ações, deslocamentos e solicitações dos elementos utilizados em escavações para conter grandes maciços de solo (MILITITSKY, 2016). O monitoramento por topografia de precisão, por sua vez, é composto por uma estação total e por pontos de controle (pinos). A estação total é fixada no local onde, possivelmente, sofreria deslocamentos, e esta realiza leituras dos deslocamentos nos pontos de controle (DUNNICLIFF, 1988).

As medidas referentes às movimentações da contenção são apresentadas em gráficos de tempo versus deformação. Inicialmente, posiciona-se o bench mark ou marco de

referência em local onde não seja afetado pelos possíveis deslocamentos. Os pontos de medição devem igualmente ser posicionados de modo a facilitar as leituras e fornecer os dados necessários no acompanhamento da solução do problema (MILITITSKY, 2016).

As estações de controle — também d e n o m i n a d a s c o m o e s t a ç õ e s d e monitoramento — devem ser fixadas em, no mínimo, quatro pontos diferentes no entorno do terreno. Os pontos devem ser protegidos tanto das atividades construtivas como do público, pois caso haja danificação de algum componente, este deve ser substituído para que não comprometa a continuidade das leituras (HOPE; CHUAQUI, 2008). Bressani (2009) expõe que os métodos topográficos são importantes, pois permitem, além de referência geral e ampla área de aplicação, uma verificação simples e rápida quando dados de deslocamentos são demandados com urgência.

3. METODOLOGIA 3.1 Descrição da obra

O presente trabalho traz o caso de uma obra no bairro Auxiliadora, na cidade de Porto Alegre, RS, na qual houve uma campanha de monitoramento dos deslocamentos de uma parede diafragma pelo uso de topografia de precisão. A obra em questão trata de um edifício residencial com 14 pavimentos, atingindo aproximadamente 45 m a contar do nível do passeio e dispõe, também, de dois níveis de subsolo. Por se tratar de um terreno em aclive, as profundidades do subsolo variam entre 7,0 e 12,0 m.

Devido aos grandes desníveis, se fez necessário o uso de contenções no perímetro do terreno, totalizando, então, 56 lamelas. Majoritariamente, foram utilizadas lamelas

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com larguras de 2,50 m, porém, devido à c o n f i g u r a ç ã o d o t e r r e n o , a l g u m a s apresentaram larguras de 2,72 e 2,75 m. As alturas, também, apresentaram bastante variação: de 9,0 a 15,0 m, incluindo suas fichas. Para todas as lamelas, as espessuras adotadas foram de 40 cm.

Em sua totalidade, foram instalados 179 tirantes com cargas de 20 tf, 24 tf, 30 tf e 32 tf, com inclinação de 15° e espaçamentos variados. Devido ao grande desnível necessário para a construção dos subsolos, as ancoragens foram instaladas em 10 fases executivas.

A obra em questão foi monitorada utilizando topografia de precisão e os pinos foram instalados na porção superior da contenção. A exata posição dos pinos, porém, não foi informada no relatório final de monitoramento. Conforme o relatório, foram instalados 16 pinos, registrando leituras no período entre junho e novembro de 2016, contabilizando 10 leituras ao longo de 268 dias.

3.2 Software

A contenção do presente trabalho foi analisada pelo método dos elementos finitos, a partir do uso do software GEO5 MEF 2018, versão demo, utilizando o critério de ruptura de Mohr-Coulomb Modificado, que, diferentemente do modelo tradicional, consiste no uso de elasticidade não linear, suavizando a superfície de cedência do método de Mohr-Coulomb. O programa permite análises por diferentes métodos, como Drucker-Prager e Cam-Clay Modificado, aplicados em várias disciplinas da engenharia geotécnica e de fundações.

A análise da parede diafragma se limitou à porção mais alta (de maior desnível) da contenção e, para a determinação dos seus

deslocamentos, o programa exige a entrada de dados como os parâmetros do solo, dimensões da cortina e características das ancoragens. De acordo com a sondagem Standard Penetration Test (SPT) realizada na obra, o terreno apresenta três camadas distintas do material, como mostra a fig. 1.

Figura 1. Standard Penetration Test (SPT)

Os parâmetros como peso específico (γ), ângulo de atrito interno (ø), peso específico saturado, coesão (c’) e módulo de elasticidade ( o u m ó d u l o d e Yo u n g ) ( E ) , f o r a m determinados a partir do uso de correlações através do dados fornecidos por Pensa (2000). O quadro 1 apresenta um resumo dos parâmetros de solo utilizados.

Além destes parâmetros, para o cálculo dos deslocamentos, o modelo de Mohr-Coulomb Modificado exige também o coeficiente de Poisson (ν), ângulo de dilatância (ψ) e módulo de descarga/recarga no estado triaxial (" ). O quadro 2 mostra os valores típicos do coeficiente Poisson para as argilas, enquanto que no quadro 3 é possível observar um resumo com os parâmetros de entrada. Eur REVESTIMENTO ø 63.5mm = 2.1/2" ø INTERNO 34.9mm = 13/0" ø EXTERNO 50.0mm = 2" * ** 5 15 25 35 45 INÍCIO INÍCIO FIM: FIM: * 1ª E 2ª PENETRAÇÃO ** 2ª E 3ª PENETRAÇÃO MIGUEL TESSER RESP. TÉCNICO: 21 20 16 19 15 12 13 18 14 SP 32 30 36 MÉ T O D O D E PER F U R AÇ ÃO VGS DESENHO:

CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

PER C U SSÃO 10 SOLOBETON 11 PRANCHA: ESCALA: DAVARO ENGENHARIA 14/01/13 14/01/13 9 8 7 5 6 4 2 1 3

SONDAGEM COTA PESO: 65 kg

F8 64,51m Revestimento: 4,00mALTURA DE QUEDA:75 cm AMOSTRADOR

COT A EM REL A ÇÃO AO R N NÍ V E L D' Á G UA

NÚMERO DE GOLPES PARA PENETRAÇÃO DE 30 cm DO AMOSTRADOR PR O F U N D ID AD E (m ) Nº DE GOLPES GRÁFICO 10 20 30 40 PR O F U N D . D A C AM AD A AMOSTRAS 10 27 22 20 26 32 22 23 29 28 38 60 60

OBRA: Rua Silva Jardim - Porto Alegre - RS

10 10 17 NÍV E L D' Á G UA INICIA L: S ec o A P Ó S 24 HO RA S : S ec o 21 22 9 11 8 17

Eng. Civil - CREA/RS 37-718 ROTATIVA PERCUSSÃO 19 25 CLIENTE: 0,20 2,70 11,70 5,90 LIMITE IMPENETRÁVEL

AV. GETÚLIO VARGAS, 3585 - CANOAS - RS Fone: 9984-2763

Alteração de granulação fina e média, com pouca mica, co amarela e vermelha variada, compcata.

10/0

---Argila, pouca areia média, cor marrom, consistência média.

Alteração de granulação média e grossa, pouca mica, cor amarela variada, de compacta a muito compacta. Argila, pouca areia média, cor vermelha, consistência média.

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Quadro 1. Parâmetro dos solos presentes na obra para cada uma das camadas

Quadro 2. Valores típicos do coeficiente de Poisson para as argilas

Quadro 3. Resumo dos parâmetros de solo necessários para o modelo de Mohr-Coulomb

O m ó d u l o d e c a r g a / d e s c a r g a é determinado a partir do uso da Eq. (1), de acordo com Fernandes (2014), enquanto que o ângulo de dilatância é zero, como sugerido pelo Manual de Engenharia do GEO5 (2016).

"

" (1)

Onde:

" = módulo de elasticidade eodométrico E = módulo de elasticidade (Young)

ν = coeficiente de Poisson

" = módulo de elasticidade secante - 50% da carga axial

" = módulo de descarga/recarga

É necessário que o programa reconheça as camadas de solo que compõem o terreno. Definiu- se, então, as profundidades de cada camada e associou-se seus respectivos parâmetros. Para a análise dos deslocamentos da parede diafragma, considerou-se a estrutura com a sua cota final, ou seja, não foram analisados deslocamentos em cada etapa de execução. Após a atribuição de cada camada de solo, houve a definição do nível freático e dos elementos de contato entre o solo e a estrutura, utilizando o modelo de Mohr-Coulomb, almejando a obtenção de resultados realistas.

De acordo com o Manual de Engenharia do GEO5 (2016), o programa exige estruturas de contato para que seja possível a análise da interação entre materiais totalmente diferentes, Parâmetro Camada 1 Camada 2

Peso específico (γ) - kN/m³ 19,0 22,0 Ângulo. de atrito interno (𝜙) 25,0 30,0 19,0 22,0 Coesão (c’) - kPa 25,0 25,0 Módulo de elasticidade (E) - MPa 10,0 30,0 Peso específico saturado (" ) kN/m³γsat

Consistência Coef de Poisson

Mole 0,35 - 0,40

Média 0,30 - 0,35

Rija 0,20 - 0,30

Parâmetro Camada 1 Camada 2 Coeficiente de Poisson (ν) 0,30 0,30 Ângulo de dilatância (𝜓) 0,0 0,0 Módulo de descarga/recarga (Eur) - MPa 40,0 121,0

Eoed = (1 + ν)(1 − 2ν)E(1 − ν) → Eoed ≈ E50

Eur = 3E50

Eoed

E50

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como o caso da estrutura de concreto e do solo. Os elementos de contato são estruturas de espessura desprezível que representam a relação entre as tensões de contato e as variações relativas ao longo deste contato. Nesse caso, o programa sugere que, para a redução dos parâmetros de cisalhamento de solo nas superfícies de contato, adote-se δc = δµ = 0,3, e para os valores de rigidez nos contatos, Ks = Kn = 20.000 kN/m³, onde Ks é a rigidez cisalhante e Kn a rigidez normal.

Após a determinação e atribuição dos parâmetros, gera-se a malha de elementos finitos, necessária para estabelecer a análise do problema, adotando, neste caso, espaçamento de 1,00 m, como sugerido pelo Manual de Engenharia do GEO5 (2016). O software, ao gerar a malha, também gera automaticamente as condições de contorno, assumindo apoios duplos nos nós da malha da extremidade horizontal inferior e nós simples ao longo das extremidades verticais, dispondo de um corretor automático da geometria definida. A fig. 2 mostra a malha para o atual projeto.

Para que os deslocamentos sejam analisados, é necessária a criação de pontos de monitoramento (assumindo a função dos pinos de controle in situ), de onde os dados serão gerados. Neste caso, foram criados três pontos de controle nos níveis 0,0 m, -7,0 e -11,0, em relação ao topo da contenção, como pode ser observado na fig. 3.

Figura 2. Malha de elementos finitos

"

Figura 3. Posição dos pinos virtuais de monitoramento

"

A parede diafragma do presente trabalho apresenta 15,0 m de altura (incluindo ficha de 3,0 m), e sua espessura é de 40,0 cm. Nesta etapa, o software demanda a definição da estrutura que agirá como contenção, fornecendo, então, as dimensões da parede diafragma, assim como a resistência do concreto, empregando neste caso " =20 MPa e sobrecarga de 20 kN/m². Para as armaduras, foi utilizado aço CA-50. Após a associação destes dados, foi simulado o assentamento da estrutura deformada (" ).

Para a análise dos deslocamentos da contenção após a instalação das ancoragens, deve-se adicionar no programa os dados referentes aos tirantes. Foram utilizados quatro níveis de tirantes na face da contenção a n a l i s a d a , c o m c a rg a d e 3 2 , 0 t f e

fck

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comprimentos variando conforme o nível. No quadro 4 é possível observar os parâmetros das ancoragens, enquanto que a fig. 4 mostra a posição dos tirantes em relação à parede diafragma.

Quadro 4. Níveis e parâmetros dos tirantes

Figura 4. Posição dos tirantes

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após o lançamento da geometria da parede diafragma, dos parâmetros de solo e das características das ancoragens, observou-se que, a partir do software GEO5 MEF 2018, considerando o modelo de Mohr-Coulomb Modificado, obteve-se os resultados das deformações plásticas equivalentes (" ) apresentados na fig. 5. Na figura 6 é possível observar o assentamento " — estrutura deformada — da parede diafragma, assim como dos solos associados. O deslocamento máximo foi no topo da contenção, com 63,5 mm. Nota-se que todos os parâmetros de solo utilizados foram definidos a partir do uso de correlações provenientes do ensaio SPT realizado na obra. Para que o software gere dados mais confiáveis, sugere-se a realização de campanhas de ensaios complementares para que os parâmetros de entrada necessários sejam definidos com menos incertezas, almejando, então, precisão nos resultados.

Figura 5. Deformações plásticas equivalentes " ao longo da estrutura (%) Parâmetro das ancoragens TN1 TN2 TN3 TN4 Comp. total (l) - m 17,0 16,0 14,0 11,0 Inclinação (𝛼) 15,0 15,0 15,0 15,0 Diâmetro (d) - mm 130,0 130,0 130,0 130,0 Espaçamento (b) - m 1,60 1,60 1,60 1,60 Módulo de Young - aço CA50 (E) - GPa 210,0 210,0 210,0 210,0 εeq.pl dx eq..pl)

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Figura 6. Deslocamentos horizontais da estrutura (mm)

A figura 7 mostra a posição dos pontos de monitoramento escolhidos, com os respectivos deslocamentos horizontais (" ) e verticais (" ) gerados, assim como as tensões atuantes.

Figura 7. Pontos de monitoramento com os deslocamentos gerados

"

Durante a campanha de monitoramento instalada realizou-se medições na parte superior das contenções, coletando dados nas várias fases de escavação da obra, para os pinos 4 e 5, os quais estão alinhados horizontalmente. De acordo com o relatório de controle, os deslocamentos acumulados registrados na vista em questão (porção de maior desnível) foram de 18,0 mm para o pino 4 e 16,0 mm para o pino 5, sugerindo, então, a ocorrência de movimentações diferentes ao longo do perímetro da contenção.

Quando comparadas, as análises computacional e de campo apresentaram resultados divergentes. A campanha de m o n i t o r a m e n t o n a o b r a r e g i s t r o u deslocamentos inferiores aos previstos através do uso do software GEO5 MEF 2018, havendo variação ao longo da parede diafragma, uma vez que os deslocamentos registrados em campo nos pinos 4 e 5 foram diferentes. Percebe-se, também, que de acordo com os dados gerados através do software, os deslocamentos foram mais expressivos no t o p o d a c o n t e n ç ã o . P a r a a a n á l i s e computacional, foram utilizados parâmetros de entrada definidos pelo uso de correlações a partir do SPT, ocasionando, então, possível inexatidão nos resultados. Percebeu-se que alterações sutis de alguns dos parâmetros de entrada causaram grande divergência nos cálculos executados pelo programa, reforçando, assim, a ideia da necessidade da definição confiável destes parâmetros. Os modelos escolhidos para gerar a análise dos deslocamentos pelo método dos elementos finitos também tem grande influência nos resultados, logo, ao utilizar outro método, pode-se obter deslocamentos com grandes variações.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista os resultados obtidos a partir da análise computacional, em comparação com os deslocamentos registrados na vista em questão in situ, reforça-se a importância da previsão das movimentações relacionadas às estruturas de contenção e dos solos associados, uma vez que a partir desta análise, é possível avaliar a viabilidade e desempenho das obras.

No presente estudo, os deslocamentos acumulados na parede diafragma foram inferiores aos previstos pelo uso do método

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dos elementos finitos. No entanto, os resultados a partir do uso do software podem sofrer alterações, uma vez que estes são sensíveis às interpretações das tabelas de correlações, aos métodos utilizados e às interpretações dos parâmetros adotados para a realização dos cálculos. O presente trabalho reforça a necessidade da realização de ensaios de solo complementares para garantir a confiabilidade dos resultados das análises computacionais e consequentemente atingir o máximo desempenho da estrutura de contenção, otimizando assim gastos e evitando futuras patologias.

Considerando, então, a confiabilidade do método dos elementos finitos, percebe-se que os deslocamentos da estrutura de contenção, assim como a geometria e características da obra em questão foram bem dimensionadas, uma vez que os deslocamentos registrados não superaram os previstos, reiterando-se, assim, a importância de sua previsão. Os maiores deslocamentos foram registrados próximos ao topo da contenção, portanto considera-se pertinente a instalação de pinos de monitoramento nesta região, para garantir que os deslocamentos sejam registrados com a maior acurácia possível, sendo importante, também, o conhecimento exato da posição destes para que seja possível uma comparação de dados com maior exatidão.

6. REFERÊNCIAS

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GERSCOVICH, D.; DANZIGER B. R.; SARAMAGO, R. Contenções: teoria e aplicações em obras. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. 299 p.

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