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2.1 Objetivos Justificativa e relevância

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Academic year: 2021

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2.1 – Objetivos

Entender como o processo de reprodução social, que implica na existência de profundas mudanças na cidade de Belo Horizonte, a ponto de transformá-la numa metrópole, exige considerar as formas do viver no e com o espaço a partir das práticas espaciais dos pré-adolescentes e pré-adolescentes belohorizontinos.

2.2 - Justificativa e relevância

As condições de vida instituídas pela modernidade, resultantes entre outras coisas do processo de aceleração do tempo cronológico – otimizado pelo avanço da tecnologia – alteraram a organização do espaço e vem impondo seu ritmo a tudo e a quase todos. As transformações espaciais, provocadas pela necessidade do capitalismo de criar e recriar os espaços de acordo com as necessidades impostas pela redefinição do tempo de

produção e circulação das mercadorias, transformam os usos, que dão sentido aos

espaços. Dentro dessa lógica de redefinição dos espaços nos deparamos também com a redefinição da vida cotidiana que é atravessada pela instauração de um cotidiano

programado, cujo desenvolvimento é comandado pelo mercado, pelo marketing e a publicidade. A vida cada vez mais passa a ser regida por modelos que não apenas ditam comportamentos, mas que, sobretudo definem a hora, o lugar e o ritmo da produção, da brincadeira, do amor, do lazer etc. Essa redefinição do tempo e do espaço e a instauração de um cotidiano programado, podem ser relacionados de forma cada vez mais cabal, ao processo de urbanização, que invariavelmente tem resultado em perdas para o universo da criança e do adolescente.

Pode-se situar no rol das perdas a que as crianças e adolescentes estão submetidos, como primeiro exemplo, o espaço da rua. Não são poucas as análises que se dedicam ao estudo do que acompanhou o esvaziamento das ruas (mesmo quando congestionadas de pessoas e veículos), refletido na impossibilidade do encontro. Assim como afirma Ana Fani Alessandri Carlos (CARLOS, 1996: 87), dentro da metrópole “o caminho vira rua,

depois se transforma em avenida, e nesse ponto da história das formas de apropriação da cidade, a rua deixa de ser extensão da casa para se contrapor a ela”. A via pública,

para o planejamento funcionalista, passa a ser pensada e ter como sentido atender ao fluxo das mercadorias, dos carros, das pessoas que vão para os seus locais de trabalho, para a escola etc. Desse modo, a rua cede lugar às avenidas, às vias expressas e deixa de ser o lugar do encontro, da brincadeira, do espontâneo.

A esse processo de perda do espaço da rua enquanto possibilidade lúdica acrescentasse também a perda dos diferentes agentes sociais educativos no processo de formação dos

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nossos jovens. Junto com a perda da possibilidade de vivência na rua instaura-se também o processo de irresponsabilidade do adulto para com a criança e o adolescente, o que tem colocado para a escola uma outra função, que cai sobre essa de uma forma brutal, ou seja, suprir as deficiências de uma formação mais ampla anteriormente proporcionada pela vida em sociedade.

Historicamente, a educação já foi associada à ação de todos os membros da sociedade visando educar o ser humano para a vida social. As instituições responsáveis por essa educação eram as gerações mais velhas, a igreja, a própria comunidade, a cidade, com os espaços correspondentes. Desse modo, quando uma criança fazia alguma coisa errada na rua, bastava um vizinho dizer que iria contar a seu pai, para que se efetivasse uma ação educativa. A esse respeito, a socióloga americana chamada Jane Jacobs descreve uma situação bastante elucidativa:

“Quando o Sr. Lacey, o chaveiro, dá uma bronca num de meus filhos que correu para a rua e mais tarde relata a desobediência a meu marido quando ele passa pela loja, meu filho recebe mais do que uma lição clara sobre

segurança e obediência. Recebe também, indiretamente, a lição de que o Sr. Lacey, com quem não temos outras relações que não a de vizinhos, sente-se em certo sentido responsável por ele”. (JACOBS, 2000: 90)

Ao longo das últimas décadas, os lugares e domínios da vida social em que se

exerciam as práticas educativas encolheram. No universo familiar, especialmente quando se trata da “família proletária”, a educação foi alterada pela transformação de um maior número de seus componentes em trabalhadores (pais, mães, irmãos etc). As “famílias proletárias” conhecem hoje uma abundância de bens e mercadorias dificilmente

encontrável a uma ou no máximo duas gerações atrás. No entanto, a pobreza material se ampliou ocasionando perdas para a família. Hoje, experimentamos, por exemplo, a “pobreza de tempo”, que rouba a presença educativa da mãe, que agora tem por função garantir a sobrevivência material da família.

Voltando às observações de Jane Jacobs:

“(...) na prática é só com os adultos da calçada que as crianças aprendem – se é que chegam a aprender – o

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princípio fundamental da vida urbana próspera: as pessoas devem assumir um pouquinho da responsabilidade pública pelas outras, mesmo que não tenham relações com elas.”

(JACOBS, 2000: 90)

Diante deste quadro, sobra para a escola à possibilidade de realização das ações educativas formadoras dos indivíduos. A tendência é a de que esta receba os alunos cada vez mais cedo, e os “solte” cada vez mais tarde, tanto no âmbito diário, como no que pode ser relacionado com os anos de permanência nessa instituição.

PARTE 2 - DESCRIÇÃO DO PROJETO (6 páginas no máximo, numerando as adicionais como página 2a, 2b, etc)

2a

Pensando nisso é importante que e escola assuma para si a função formadora em seu sentido mais amplo e desperte para o fato de que deve realizar muito mais do que

transmitir apenas o conhecimento disciplinar científico.

Assim como as ruas, as várzeas dos rios, espaços antes destinados à atividade lúdica do futebol a partir da prática espacial da meninada, também assume a sua versão

valorativa e uma vez inserida no mercado imobiliário, deixa de ser apropriado de forma espontânea.

A partir destes exemplos pode-se dizer que o que fica cada vez mais claro é o fato de que os espaços que antes eram abertos às possibilidades, a muito deixaram de ser

sinônimos de espontaneidade e vitalidade. O espaço pleno de possibilidade, o “vazio que

tudo pode”, sucumbiu as exigências produtivas e já não permite mais de forma plena as

relações de sociabilidade de antes. Sendo assim, como analisa Odette Carvalho Lima Seabra, uma parte das crianças e/ou adolescentes que sofrem com essa perda passaram a viver “nas escolas, nos clubes, mais tarde nas creches, nos condomínios, as suas

experiências vitais ligadas e derivadas de espaço, agora organizados pedagogicamente, cientificamente” (SEABRA, 2004: 6). O valor de uso dos espaços públicos nesse ínterim

ficou relegado ao segundo plano em nome da funcionalidade que o subjuga e as

alternativas que se apresentam para a recuperação dessa dimensão espacial, para uma parcela da população, se organizam sob a lógica do privado, cujo acesso é permitido a partir da mediação do dinheiro. Assim, cresce a cada dia o número de escolinhas de futebol, de vôlei, natação, circo etc, onde a normatização dos tempos e dos ritmos é intensa.

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forma muito veloz, tem levado os indivíduos cada vez mais a perderem seus referenciais e a não mais se reconhecerem nos espaços, causado o estranhamento. Voltando as

formulações de Ana Fani, “O estranhamento provocado pelas mudanças no uso do

espaço e por uma nova organização da vida cotidiana coloca o individuo diante de situações mutantes e inesperadas” (CARLOS, 2001: 33). Por vezes esse estranhamento

se traduz enquanto recusa ao espaço e ao modo como ele se apresenta.

No entanto, é preciso considerar que a metrópole que vai subvertendo a cidade, não aniquila tudo o que era típico da forma espacial citadina. Esta ainda guarda continuidades histórias da cidade, que ainda pode representar possibilidades de realização do lúdico no qual se processa a vida em sentido mais pleno.

As perdas espaciais que foram mencionadas não devem ser tomadas como privação, isto é, como perdas irrecuperáveis, mas como sentido de luta por construções novas, que resgatem a cidadania, nos termos expostos por Amélia Luisa Damiani (DAMIANI, 2003: 53). Para tal é preciso primar por uma investigação que aponte os possíveis caminhos que levem as crianças e os adolescentes a superarem a sua condição de “infracidadão”, ou seja, “aquele que não se reconhece em sua obra e vivencia de forma totalmente alienada,

suas relações humanas, sendo seu espaço vivido reduzido ao espaço geométrico”

(DAMIANI, 2003: 52). Ainda segundo Amélia Daminani, “(...) para aqueles que não se

apropriam do espaço, individual ou socialmente, o espaço é vivido como geométrico: pontos e trajetos com significação reduzida” (DAMIANI, 2003: 51). Superar essa forma

de vivencia implica na discussão do espaço social, que se realiza mediante a apropriação, pois “Um espaço realiza-se como social, quando é, de fato, apropriado” (DAMIANI, 2003: 51).

Nesse sentido, esse projeto se propõe a realização de uma investigação acerca da metropolização de Belo Horizonte a partir da vivência dos alunos que freqüentam o terceiro ciclo da Escola Fundamental do Centro Pedagógico. Tal investigação tem por intuito fazer um diagnóstico do modo como os alunos dessa instituição se relacionam com a metrópole de Belo Horizonte, apontando os sentimentos que estes possuem em relação aos seus espaços de vivencia, suas formas de lazer e seu entendimento acerca da metropolização belorizontina.

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2.3 – Metodologia

 Revisão bibliográfica sobre os processos de metropolização;

 Revisão bibliográfica sobre a sociologia da infância e da adolescência e sobre o ensino de geografia;

 Pesquisa empírica qualitativa realizada junto aos alunos do terceiro ciclo da Escola Fundamental do Centro Pedagógico, através de entrevistas, questionários etc;

 Trabalhos de campo com os alunos do terceiro ciclo da Escola Fundamental do Centro Pedagógico com o objetivo de observar e analisar as relações que estes estabelecem com o espaço metropolitano.

 Tratamento das informações obtidas no decorrer da pesquisa;

 Elaboração de relatório apresentando os resultados das pesquisas, para apresentação em eventos que tenham como tema de debate a “metropolização” e/ou a “ensino de geografia”.

2.4 - Material e Equipamentos a serem usados

2.5 - Plano de trabalho e Cronograma

ATIVIDADES PERÍODO DE REALIZAÇÃO

Revisão bibliográfica sobre os processos de metropolização; 1° sem. 2007 2° sem. 2007 1° sem. 2008 2° sem. 2008

Revisão bibliográfica sobre a sociologia da infância e da adolescência e sobre o ensino de geografia;

X X

Pesquisa empírica qualitativa realizada junto aos alunos do terceiro ciclo da Escola Fundamental do Centro Pedagógico, através de entrevistas, questionários etc;

X X

Trabalhos de campo com os alunos

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Fundamental do Centro Pedagógico com o objetivo de observar e analisar as relações que estes estabelecem com o espaço metropolitano.

Tratamento das informações obtidas no decorrer da pesquisa

X X

Elaboração de relatório apresentando os resultados das pesquisas;

X

PARTE 2 - DESCRIÇÃO DO PROJETO (6 páginas no máximo, numerando as adicionais como página 2a, 2b, etc)

2b

2.6 - Referências bibliográficas

CARLOS, Ana Fani Alessandri. Espaço-tempo na metrópole: a fragmentação da vida cotidiana. São Paulo: Contexto, 2001. p. 33.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no/do mundo. São Paulo: HUCITEC, 1996. DAMIANI, Amélia Luisa. A geografia e a construção da cidadania. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri (Org). A geografia na sala de aula. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2003. p. 50-61. p. 53.

JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. LIMA, Mayumi Souza Lima. A cidade e a criança. São Paulo: 1989.

SARMENTO, Manuel Jacinto. Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da infância. Educ. Soc., maio/ago. 2005, vol.26, no.91, p.361-378. ISSN 0101-7330. SEABRA, Odette Carvalho de Lima. Notas sobre a problemática do espaço da criança

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Nome do arquivo:  exemplo‐projeto.doc  Diretório:  C:\Documents and Settings\PC_02\Meus  documentos\Downloads  Modelo:  C:\Documents and Settings\PC_02\Dados de  aplicativos\Microsoft\Modelos\Normal.dotm  Título:    Assunto:    Autor:  maiza franco  Palavras‐chave:    Comentários:    Data de criação:  26/4/2010 09:56:00  Número de alterações:  1  Última gravação:  26/4/2010 09:57:00  Salvo por:  maiza franco  Tempo total de edição:  1 Minuto  Última impressão:  27/4/2010 10:23:00  Como a última impressão    Número de páginas:  6    Número de palavras:  1.915 (aprox.)    Número de caracteres:  10.346 (aprox.)   

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