Prática Pedagógica
Equilíbrio e força para
praticar slackline
Leve para a escola o esporte radical que é sucesso em
parques, praias e outros espaços mundo afora
NOVA ESCOLA Beatriz Vichessi Larissa Teixeira
elástica No início, era preciso ajuda, mas depois os alunos se arriscaram fazendo manobras
No início, era preciso ajuda, mas depois os alunos se arriscaram fazendo manobras
No início, era preciso ajuda, mas depois os alunos se arriscaram fazendo manobras
No início, era preciso ajuda, mas depois os alunos se arriscaram fazendo manobras
Foot plant Fixe o pé esquerdo sobre a fita e deixe o outro fora. Agache, encaixe a perna direita atrás, com o joelho para baixo e o apoio no tornozelo. Estique a perna esquerda.
Buda Após fazer a foot plant, sente na fita jogando o peso do corpo sobre a perna direita e encaixe a esquerda sobre ela. Junte as mãos e mantenha o olhar fixo num ponto à frente
Caminhada Fixe o olhar num ponto à frente e passe um pé de cada vez pela lateral da fita. O corpo e os pés devem estar alinhados com a fita, e os braços abertos acima dos ombros
Double drop knee Faça a foot plant. Depois, flexione a perna esticada. Deixe o corpo na diagonal, com os joelhos para baixo e as duas pernas apoiadas nos tornozelos ou nas canelas
But bounce Comece em pé e, num pulo, sente na fita com os braços abertos. Ao cair, estique as pernas na diagonal e, quando for jogado para cima, volte à posição inicial
Chest bounce Faça os movimentos da but bounce. Quando a fita impulsionar você para cima, flexione os joelhos e projete o corpo para a frente, para cair deitado na diagonal
Manter o olhar fixo em um ponto, os braços erguidos e abertos e a postura ereta para não cair. Essa foi uma das aprendizagens da moçada do 7º ao 9º ano da EM Professora Lacy Luiza da Cruz Flores, em Joinville, a 176 quilômetros de
descobrir a melhor forma de caminhar sobre a fita elástica. "Mais que apresentar uma nova modalidade esportiva, eu queria problematizar aspectos como
equilíbrio, concentração e percepção corporal", explica o educador Alessandro Cohen.
A ideia de levar para a escola um esporte de aventura é bem-vinda. Segundo Dimitri Pereira, professor de Esportes Radicais na Universidade Nove de Julho (Uninove), além de proporcionar a vivência, é possível abordar temas como perigo e segurança e trabalhar pernas, abdome, articulações dos joelhos, tornozelos e quadris. Há kits no mercado de vários preços (a partir de 50 reais). Em geral, a diferença entre eles tem a ver somente com a maciez da fita - todos suportam, em média, a mesma carga.
Para começar, Cohen prendeu o equipamento em pilares e em árvores do pátio, a 25 centímetros do chão. Em seguida, perguntou o que os jovens sabiam a
respeito desse esporte. Disseram que já tinham visto pessoas praticando, mas nunca experimentado, e não entendiam muito bem como funcionava. Essa foi a deixa para o professor fazer uma demonstração. A turma ficou interessada e foi desafiada a testar, inclusive Bruno Eduardo Bonikoski, 17 anos, que tem síndrome de Down e aparece em ação na foto que abre esta reportagem. "Ele não teve mais dificuldades que os outros", diz Cohen. Maria Cláudia Dantas, psicopedagoga clínica e escolar, explica que apesar de a hipotonia (diminuição do tônus
muscular) ser uma característica comum da síndrome, interferindo no controle muscular e nos movimentos, é preciso analisar caso a caso, e ainda assim considerar que todos podem experimentar o slackline. "Basta organizar adequadamente o espaço, cuidar da segurança e planejar de que maneira os colegas podem contribuir para que aquele estudante vença as questões de equilíbrio, como qualquer um."
O passo seguinte foi montar duplas para as primeiras travessias: um aluno tentava se equilibrar sobre o equipamento e um colega, andando no chão, oferecia a mão ou o ombro como apoio. Depois de várias experimentações, Cohen questionou como os braços, por exemplo, deveriam estar posicionados. Acima da cabeça, como se a pessoa abraçasse uma grande bola. Isso ajuda a manter o equilíbrio.
É importante ainda abordar a posição dos joelhos, que devem estar
semiflexionados, e dos pés, em posição longitudinal, acompanhando a fita. Pereira afirma ser essencial lembrar que a musculatura do abdome interfere no equilíbrio: quanto mais tensionada melhor. Marcelo Matos, que trabalhou com o slackline no Colégio Santo Inácio e na Escola Carolina Patrício, ambos no Rio de Janeiro, sugere falar com os alunos sobre o equipamento: "Se esticarmos muito a fita é mais fácil atravessá-la?", questiona. Deixá-la mais firme, ele explica, facilita a atividade.
O desafio de fazer posturas sobre a fita
Quando os estudantes ganharam mais confiança e alguns já tinham até
Ele sugeriu, então, que tentassem posições, como ajoelhar ou sentar na fita. O segredo para conseguir é movimentar o corpo lentamente, até uma das mãos encostar no equipamento e fazer a postura. Outras opções: andar de costas e caminhar ao mesmo tempo que um colega. Nesse caso, cada um sai de uma extremidade da fita e vence quem chegar primeiro ao centro dela.
Ao fim de cada aula, o docente propunha uma troca de experiências. "No início, todos só diziam que era difícil se equilibrar e que tinham medo de errar", conta. Ele frisava que era necessário treinar e sugeriu que os alunos observassem os colegas e experimentassem controlar a respiração, caminhar com o olhar fixo em um ponto à frente e dissociar a coordenação visual da motora (olhar para o ponto onde os braços devem chegar antes de começar a erguê-los).
Para complementar a vivência, o professor exibiu vídeos e apresentou outras modalidades, como o waterline, em que a fita é esticada em um espaço com água embaixo. Vale orientar a turma para observar profissionais e pessoas mais
experientes em ação e notar que às vezes eles também se desequilibram e caem. Cohen contou um pouco da história da prática, criada na década de 1980, nos Estados Unidos. Quando o tempo estava ruim ou era hora do descanso, os alpinistas amarravam as fitas de escalada nas árvores para brincar.
Durante 15 aulas, a moçada foi se superando a ponto de dar dicas e encorajar quem quiser entrar na aventura: "Tive dificuldade no começo, mas quanto mais tentava, mais melhorava", conta Selena Tigre, 13 anos.
1 De olho na fita Pergunte o que os alunos sabem sobre o slackline, apresente a fita e faça uma demonstração, mostrando que é preciso equilíbrio para atravessá-la.
2 Dando uma mãozinha Organize duplas: os alunos devem tentar caminhar sobre a fita com o apoio de um colega. depois, converse sobre a importância da posição dos braços e pés. Com o passar do tempo, aumente a altura e proponha que sentem no slackline ou tentem outras posturas.
3 Variações radicais Conte aos alunos como surgiu o esporte e mostre vídeos com os diferentes jeitos de praticá-lo - sobre a água, por exemplo.
Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/3518/equilibrio-e-forca-para-praticar-slackline
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http://abr.io/waterline