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Quadrinhos, cinema e ensino de História: a percepção dos docentes

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Academic year: 2021

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Quadrinhos, cinema e ensino de História: a percepção dos docentes

Esse trabalho tem como objetivo depreender a familiaridade dos docentes de História da rede pública de ensino do estado do Paraná, com quadrinhos e cinema como ferramentas de ensino e fontes históricas. Para tanto, foram realizadas entrevistas com quatro professores de colégios da cidade de Curitiba pelos bolsistas do “PIBID História 2 – História e(m) imagens”, da UFPR. Divida em três eixos, a pesquisa buscou mapear a presença ou não destes recursos na formação destes educadores, na sua aplicação em sala de aula e, se presente de que maneira se sucede. Além disso, buscou-se saber também se esses professores tiveram contato com algum material que oferecesse treinamento para o uso didático desses recursos. Esta investigação tornou possível analisar a relação destas mídias com os cursos de graduação que formam professores da área de História, a maneira pelas quais estas são tratadas pelos livros didáticos e a opinião que os docentes tem sobre sua importância no ensino. No que diz respeito à utilização destas ferramentas nas aulas, foi possível apreender a frequência de suas aparições, as formas com que são abordadas, a recepção dos alunos perante, as dificuldades apresentadas nas atividades desenvolvidas e ainda a preferência na aplicação de uma em detrimento da outra. Por último, foi solicitado que os educadores dessem sugestões sobre um material voltado a propor uma metodologia didático-pedagógica para o uso de quadrinhos e cinema. Esta pesquisa nos forneceu uma base de conhecimento que permitirá o melhoramento das futuras atividades do nosso projeto PIBID.

Palavras-chaves: quadrinhos e cinema; ensino de História; docentes

O projeto 2 do PIBID UFPR “História e(m) imagens”, que teve inicio em 2014, conta com 10 bolsistas, um coordenador, professor do curso de Licenciatura e Bacharelado em História, e um supervisor, o professor Fabiano Stoiev, que leciona no ensino básico na rede Estadual do Paraná, no Colégio Bento Munhoz da Rocha. Nossa proposta é trabalhar a formação do docente aproximando a aprendizagem histórica dos alunos dos ensinos fundamental e médio com dois tipos de mídias: quadrinhos e filmes.

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No ano de 2016 foram realizadas pelos universitários bolsistas do Projeto, entrevistas com professores de História da rede pública de ensino da cidade de Curitiba sobre o contato dos mesmos com essas linguagens.

A ideia surgiu aproximadamente um ano antes de ser concretizada, durante o evento ENAF, parte da SIEPE da UFPR1, quando alguns de nossos integrantes foram interrogados sobre a percepção dos docentes sobre o nosso objeto de trabalho. Diante da falta de conhecimentos do nosso grupo sobre essa temática buscamos realizar dois tipos de pesquisa, uma quantitativa, ainda em andamento, e uma qualitativa, sobre qual versa esse artigo. Nosso objetivo foi depreender a proximidade ou não dos professores com quadrinhos e filmes nos mais variados aspectos de sua formação e atuação profissional.

A pesquisa foi dividida em quatro grandes tópicos que se desdobram em várias perguntas. O primeiro se direciona a obter informações sobre a trajetória acadêmica dos docentes, seu grau de escolaridade e os espaços universitários que frequentou, e também os seus locais de atuação. O segundo trata da presença de quadrinhos e do cinema na formação dos educadores, e de que maneira esta se realizou. O terceiro versa sobre o uso dessas mídias em sala de aula e das formas com que são apropriadas no ensino de História. Por último, o tópico relacionado a um dos grandes objetivos do projeto: a produção de um material didático voltado a ajudar os docentes na elaboração de atividades no ensino de História que se

1 7ª Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão “A SIEPE é um evento anual da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que integra o Ensino, a Pesquisa e a Extensão que tem a finalidade de promover e estimular a interação entre professores e professoras, estudantes de graduação, educação profissional, ensino médio e pós-graduação, servidores técnico-administrativos, servidoras técnico-administrativas e comunidade em geral.” Texto disponível no site: http://www.siepe.ufpr.br/index1.htm Acesso: 27/06/2016.

14º ENAF - ENCONTRO DAS ATIVIDADES FORMATIVAS- “Encontro das Atividades Formativas, que tem como objetivo integrar o Ensino com a Pesquisa e a Extensão, e refletir sobre o conhecimento produzido nos programas, projetos e ações sob responsabilidade da PROGRAD.” Texto disponível no site: http://www.siepe.ufpr.br/links/14enaf.htmlAcesso: 27/06/2016

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utilizam dessas duas linguagens. As perguntas giram em torno do contato dos professores com recursos semelhantes e também do possível interesse destes em tal material, a ser produzido pelo grupo. Em nossas entrevistas, dois dos professores estavam abaixo dos trinta anos e outro já é sexagenário2. Os dois mais novos possuem formações distintas já na forma com que um deles (Thiago Augusto de Martins Oliveira) cursou a graduação, com Licenciatura e Bacharelado simultaneamente, enquanto o outro adquiriu a Licenciatura de 2004 a 2007 tornando-se bacharel somente ao final de 2009. O primeiro (Douglas Gasparin Arruda) graduou-se na Universidade Federal do Paraná no ano de 2011 e concluíra seu mestrado em 2017. Martins Oliveira fez especialização em Mídia Política e atores sociais na Universidade Estadual de Ponta Grossa dentro do setor de comunicação, mas logo depois cursou o mestrado na UFPR. Atualmente está trabalhando em sua tese de doutorado na mesma instituição.

O entrevistado mais velho, Edgar Robério Sanches, se diferencia completamente na formação com relação aos dois outros citados acima. Robério Sanchez graduou-se primeiramente em Administração na década de 90, tendo se formado em filosofia com aplicação em história somente no ano 2000, no campus de Toledo da Unioeste. Sua pós-graduação em Administração Escolar, supervisão e orientação se deu em 1999, antes de formar-se em Filosofia.

Considerando então, o perfil destes três professores, percebemos que as diferenças nos caminhos percorridos durante a sua formação influenciou pontualmente sua relação com o uso do cinema e quadrinho em sala de aula. Pois mesmo que todos confirmem o uso destas mídias como fontes históricas por seus professores na graduação, percebemos que isso não se repete quanto ao seu uso como ferramentas didáticas. Quanto à pós-graduação, com exceção das especializações vinculadas à Administração Escolar, a utilização das mídias como

2Entrevistado 1: Gasparin Arruda; 29; Graduação em História pela UFPR;Professor

de História; Atua na Escola Madre Cecília Cross.

Entrevistado 2: Thiago Augusto de Martins Oliveira; 29; Graduação em História pela UEPG; Professor de História; Atua no IFPRCuritiba.

Entrevistado 3: Edgar Robério Sanches; 61 anos; Graduação em Administração, Filosofia e História pela Unioeste; Professor de História e Filosofia; Atua nos Colégios Bento Munhoz da Rocha Neto e CEBEJA Campo Comprido

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documento histórico e recurso didático é mais difundida segundo os entrevistados, e como aponta o professor Thiago Augusto Oliveira, mesmo que a problemática sobre o uso não seja a mesma, a preocupação de se repensar a aprendizagem do conhecimento histórico leva os profissionais da área de História a discutir meios de se aprimorar e inovar este processo educacional, tendo em vista principalmente o uso dos quadrinhos, apontados como os menos referenciados e indicados entre as mídias nos livros pedagógicos.

Ponto que corrobora com certa ausência apontada pelos professores, em materiais didáticos como os livros escolares, de referências que abordem uma metodologia para o uso de quadrinhos e filmes, já que mesmo com o progressivo aumento de referência fílmica nestes materiais, uma abordagem mais especializada não é facilmente encontrada. Assim, para o bom aproveitamento e utilização destes recursos, os professores argumentam que os materiais precisam apresentar suporte mais apurado, que possibilite um planejamento bem arquitetado capaz de ampliar a perspectiva do estudante sobre esses recursos visuais tão caros ao seu cotidiano e pouco debatidos no ambiente escolar. Sobre isto ainda, é pontuada a necessidade de se incentivar e elaborar mais conteúdos pedagógicos que problematizem e abordem estas outras mídias. Para esses docentes, estes materiais aproximam a linguagem e consequentemente a transmissão de conhecimento, entre professor e estudantes. Entre outras coisas, há a relação de aprendizagem mútua entre educador e educando, salientada pelos profissionais, durante a utilização destes recursos em sala de aula.

Logo através da pesquisa, foi possível pensarmos a relação entre quadrinhos e cinema na formação dos professores, buscando entender de que maneira nossas atividades podem corroborar, em longo prazo, para difundir e ampliar o uso destas mídias produzindo um material didático que nos ajude a somar nossas experiências em sala, com o acúmulo adquirido pelo contato com demais educadores de História.

Um apontamento geral dos entrevistados foi a falta de equipamentos adequados para a utilização de filmes em aula. Porém, o recurso fílmico ainda é a preferência entre os docentes, seja por ser o objeto de estudo da pós-graduação, como no caso de Arruda, ou por ser mais atrativo, e assim, prender mais a atenção

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dos alunos, como afirma Sanches. De todo o modo, os filmes são alinhados a atividades pedagógicas com o intuito de relacioná-lo com o conteúdo da História.

De igual forma ocorre com os quadrinhos: são dados de maneira a reforçar o conteúdo didático já trabalhado. Entretanto, é utilizado por apenas dois dos três entrevistados, sendo que apenas um deles busca utilizar-se de quadrinhos que vão além do comum, como Mafalda, por exemplo – Oliveira utilizou-se de quadrinhos de Robson Vilalba, ganhador do prêmio do Instituto Vladimir Herzog, e de uma versão em quadrinhos da obra de Lila Schwarcz, “As Barbas do Imperador”. Os pontos negativos em trabalhar com os quadrinhos, apontado pelos docentes que se utilizam desse meio, são díspares. Para um, os alunos não se mostram muito interessados em ler e interpretar quadrinhos; para outro, trabalhar com quadrinhos que vão além daqueles comumente representados em material didático, se torna difícil devido ao acesso a esse material complementar, além dos direitos autorais para reprodução serem, por vezes, também um impeditivo ou um elemento dificultador.

Como a temática central do programa, o uso de cinema e quadrinhos na sala de aula é a pedra fundamental pela qual este projeto se pautou. Desde um primeiro momento houve uma grande leitura bibliográfica sobre estas duas mídias que para tantos professores serve de ilustração ou é mais um enigma do que uma ferramenta. Utilizamos no projeto autores internacionais consagrados como Robert Rosenstone e Marc Ferro, mas também demos especial atenção à produção nacional sobre o tema, utilizando a visão brasileira de como este ensino possa ou deva ser feito. As discussões sobre a validade do uso dos quadrinhos e cinema foram feitas e delas, os bolsistas conseguiram avaliar uma série de produtos e produzir os seus próprios.

O projeto tem por objetivo final a elaboração de um material didático destinado aos professores, especificamente. Nele, serão abordados discussões sobre o uso de cinema e quadrinhos em sala de aula e proposta uma metodologia de uso desses recursos pelo professor. Nesse sentido, a pesquisa qualitativa aplicada aos três professores anteriormente citados e a pesquisa quantitativa, que estará sendo feito ao longo do evento ANPUH, servirão como guias para orientar a elaboração e as problemáticas que serão tratadas no material didático. Como por exemplo, buscaremos contemplar em nosso material uma metodologia que demonstre a possibilidade do uso dessas fontes no processo pedagógico não só de

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maneira complementar e ilustrativa, como foi apontado em algumas pesquisas, e no caso dos quadrinhos, que apresente maneiras de tornar essa mídia tão atrativa quanto outras aos alunos.

Referências:

ROSENSTONE, Robert A. A história nos filmes, Os filmes na história. Tradução de Marcello Lino. 1ª Edição. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

Referências

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