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AS PRÁTICAS DE LEITURA NO PROGRAMA LER E ESCREVER: BREVES REFLEXÕES

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Academic year: 2021

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AS PRÁTICAS DE LEITURA NO PROGRAMA LER E ESCREVER: BREVES REFLEXÕES    Sergio Eduardo Gomes da Silva, Caroline Bevilacqua    Mestrando do PPGE da FCT Unesp de Presidente Prudente. Professor dos anos Iniciais do Ensino Fundamental PM de  Santo Anastácio. E‐mail: sedugs@hotmail.com      RESUMO  Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as práticas de leitura do Programa  Ler e Escrever da Secretaria Estadual de Educação implantado nas Redes Estaduais e Municipais de  Ensino.  Analisamos  o  material  didático  do  4º  ano  do  Programa,  enfocando  as  estratégias  de  leitura,  pois  o  sucesso  escolar  dos  alunos  tem  sido  motivo  de  preocupação  e  desafio  para  os  professores  e  as  exigências  da  sociedade  contemporânea  tem  feito  com  que  as  autoridades  governamentais  elaborem  programas  educacionais  que  atendam  o  novo  perfil  de  aluno  encontrado  na  escola  pública.  Neste  sentido  o  Programa  desponta  como  uma  forma  de  proporcionar  melhoria  na  qualidade  do  ensino  de  leitura.  Como  resultados  apontamos  as  estratégias de leitura abrangidas no material e os problemas que constituem um empecilho para o  processo de ensino e aprendizagem como forma de incitar a discussão sobre os materiais didáticos  disponíveis na escola.  Palavras‐chave: Práticas de leitura. Programa Ler e Escrever. Escola Pública. Estratégias de leitura.  Qualidade do Ensino.       INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 

  O  presente  artigo  apresenta  reflexões  teóricas  iniciais  sobre  o  Programa  Ler  e  Escrever1 do Estado de São Paulo, com o objetivo de elencar limites e possibilidades que o uso do  material do 4º ano do Ensino Fundamental traz para a melhoria da qualidade do ensino de leitura  levando em consideração as características da escola pública e o perfil de aluno que a forma.    Para  tanto  buscamos  compreender  neste  artigo  os  fatores  que  levaram  a  implantação  do  Programa  pela  Secretaria  Estadual  de  Educação,  visando  entender  seu  papel  no  interior da escola pública tanto da Rede Estadual como Municipal e como este orienta as práticas  de leitura no ambiente escolar. 

 

OBJETIVO 

   O nosso objetivo é compreender os limites e possibilidades no uso do material do  Programa  em  salas  do  4º  ano  enfocando  as  estratégias  de  leitura  que  o  mesmo  propõe  no  decorrer do Guia de Orientação Didática do Professor. 

 

       1

Programa destinado ao ensino de Língua Portuguesa da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo, disponível para consulta no site: www.lereescrever.fde.sp.gov.br

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METODOLOGIA: 

  A metodologia utilizada compreende a análise bibliográfica e documental referente  à temática: práticas de leitura na escola com o objetivo de destacar a relevância do tema para a  atuação dos professores como mediadores dos processos de leitura. 

Considerando  a  necessidade  de  submeter  o  Programa  a  teoria  produzida  historicamente  realizou‐se  um  levantamento  bibliográfico,  colocando  os  pesquisadores  em  contato com diversos referenciais teóricos sobre a temática. Lakatos e Marconi (2010) destacam a  importância do levantamento bibliográfico ao afirmar que:  

[...]  ler  com  espírito  crítico  significa  fazê‐lo  com  reflexão,  não  admitindo idéias sem analisar ou ponderar, proposições sem discutir,  nem  raciocínio  sem  examinar;  consiste  em  emitir  juízo  de  valor,  percebendo no texto o bom e o verdadeiro, da mesma forma que o  fraco, o medíocre ou o falso. LAKATOS e MARCONI (2010, p. 3)   

Ainda em conformidade com Lakatos e Marconi (2010): 

A  pesquisa  bibliográfica,  ou  de  fontes  secundárias,  abrange  toda  bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde  publicações  avulsas,  boletins,  jornais,  revistas,  livros,  pesquisas,  monografias,  teses,  material  cartográfico  etc.,  até  meios  de  comunicação oral: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais:  filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato  direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado  assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido  transcritos  por  alguma  forma,  quer  publicadas,  quer  gravadas.  (LAKATOS e MARCONI, 2010, p. 166) 

 

Portanto,  o  material  do  Programa  Ler  e  Escrever  foi  submetido  a  uma  análise  teórica baseada em Estratégias de leitura de Isabel Solé (1998) e Ler e Compreender: Estratégias  de Leitura organizado por Renata Junqueira de Souza (2010).  

Concomitante  com  a  pesquisa  bibliográfica  foi  realizada  pesquisa  documental,  a  partir das Orientações Curriculares do Estado de São Paulo (2008) e dos Parâmetros Curriculares  Nacionais  de  Língua  Portuguesa  volume  2  (1997)  que  em  conformidade  com  Lakatos  e  Marconi  (2010) “a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que  se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno  ocorre, ou depois.” 

O objeto de estudo que é referencial para as discussões presentes neste trabalho é  o  Guia  de  Planejamento  e  Orientações  Didáticas  livro  do  professor  do  4º  ano  do  Ensino 

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Fundamental (antiga 3ª série)2, material que contempla além das atividades presentes no caderno  do aluno as orientações didáticas concernentes à aplicação das atividades tanto de leitura quanto  de escrita.    RESULTADOS E DISCUSSÃO    O processo de democratização da educação ocorrido nos últimos anos permitiu que  a escola pública obtivesse um avanço quantitativo por meio da ampliação de vagas. Desta forma,  “a  escola  pública  para  poucos,  no  passado,  cedeu  lugar  para  muitos  no  presente”  (LEITE  e  DI  GIORGI, 2004. p. 136).    A escola do passado era composta por alunos pertencentes à elite brasileira e que  possuíam em seu ambiente familiar um contato muito amplo com o universo letrado, porém hoje,  a escola pública destina‐se a atender principalmente crianças vindas das camadas populares cujo  contato com os portadores de textos é mais restrito do que aqueles que possuem um certo status  social.  

  Beisiegel  (2006)  ao  tratar  da  qualidade  do  ensino  na  escola  pública  destaca  a  necessidade desta adequar o currículo a fim de atender o tipo de aluno que possui em seu interior  ao afirmar que: 

Há  algumas  décadas,  quando  a  escola  secundária  ministrava  cursos  de latim para crianças que tinham entre seus objetivos ingressar na  escola superior (em escolas de direito, entre outras), aí então esses  conteúdos da escola secundária estavam adequados às necessidades  de  sua  clientela.  Já  não  ocorreria  o  mesmo  hoje  se  o  latim  fosse  transmitido numa escola que se transformou em parte da formação  geral de todos os cidadãos. (BEISIEGEL, 2006, p. 112‐113) 

   

  Anteriormente  à  implantação  do  Programa  Ler  e  Escrever  surge  as  Orientações  Curriculares do Estado de São Paulo (2008) que irão nortear os conteúdos a serem abordados eas  práticas de ensino em Língua Portuguesa e Matemática no Ciclo I do Ensino Fundamental. 

  Concernente  às  práticas  de  leitura,  as  Orientações  Curriculares  do  Estado  de  São  Paulo (2008) apresentam como objetivos a serem alcançados até o final do Ciclo: “integrar uma  comunidade  de  leitores,  compartilhando  diferentes  práticas  culturais  de  leitura  e  escrita  e  ler  diferentes textos, adequando a modalidade de leitura a diferentes propósitos e às características  dos diversos gêneros.” (SÃO PAULO, 2008, p. 9) 

      

2O Ensino Fundamental tinha duração de 8 anos, sendo alterado para 9 anos a partir de 2006 pela lei nº 11.274, por isto temos o uso

de duas nomenclaturas por se constituir num período de transição.  

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  No  mesmo  documento  encontramos  as  seguintes  expectativas  de  aprendizagens  em relação ao tema abordado neste trabalho: 

apreciar  textos  literários;  selecionar  os  textos  de  acordo  com  os  propósitos  de  sua  leitura,  sabendo  antecipar  a  natureza  de  seu  conteúdo  e  utilizando  a  modalidade  de  leitura  mais  adequada;  utilizar  recursos  para  compreender  ou  superar  dificuldades  de  compreensão  durante  a  leitura  (pedir  ajuda  aos  colegas  e  ao  professor, reler o trecho que provoca dificuldades, continuar a leitu‐ ra com intenção de que o próprio texto permita resolver as dúvidas  ou consultar outras fontes); (SÃO PAULO, 2008, p. 11) 

 

  Como  podemos  observar  o  contido  nos  documentos  oficiais  tanto  a  nível  Federal  (PCNs)  quanto  Estadual  (Orientações  Curriculares)  é  possível  perceber  que  ambos  concebem  a  leitura como prática social e que deve ser objeto de ensino da escola, o mesmo também apontam  Solé (1998) e Souza et. al (2010). 

  É com base nesta concepção de leitura como prática social contida nos documentos  oficiais  e  nas  teorias  das  autoras  que  procederemos  a  seguir  algumas  análises  para  incitarem  as  discussões sobre o uso deste material didático nas escolas públicas, sempre remetendo ao que há  em  comum  nos  documentos  oficiais  e  nos  referenciais  bibliográficos,  por  se  tratar  de  uma  pesquisa inicial de cunho teórico. 

  O Programa Ler e Escrever é um projeto que apresenta sistematização pedagógica  bem  definida,  o  que  a  luz  dos  documentos  oficiais  se  constitui  em  uma  boa  metodologia,  pois  pressupõe algo organizado, com começo, meio e fim, apontando a necessidade de elaboração de  produto final resultante do desenvolvimento da proposta. 

  No projeto didático “Confabulando com fábulas” do Guia do Professor encontramos  propostas que mobilizam estratégias de leituras em três momentos distintos, o que chamamos de  “pré‐leitura, durante a leitura e pós‐leitura” conforme aponta Souza et. al (2010, p. 49).  

  Ao  analisar  o  material  é  possível  apontar  algumas  atividades  de  pré‐leitura  que  enfocam  a  antecipação  do  leitor,  verificadas  por  meio  de  uma  contextualização  a  ser  feita  pelo  mediador dizendo que o texto que iremos ler é uma fábula, onde os personagens são animais, etc.  sugerindo  elaboração  de  hipóteses  sobre  aspectos  da  história,  fazendo  com  que  os  alunos  relembrem  textos  do  gênero  fábulas  já  conhecidas  por  eles,  permitindo  uma  discussão  sobre  o  papel dos animais nestes textos; e de perguntas como: o que você acha que o texto irá falar? O  que você acha que pode falar uma história que tem uma raposa e um corvo? Estes animais serão  livres ou não? Será que alguém vai se dar mal na história ou tudo vai acabar bem? Alguém vai se  dar mal ou não? Você já leu textos como este? 

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  Outro  ponto  importante  nas  atividades  de  leitura  apresentadas  por  Solé  (1998)  e  Souza et. al (2010) é o levantamento de conhecimentos prévios dos alunos, estratégia que fornece  ao  professor  informações  sobre  aquilo  que  o  aluno  já  sabe,  instrumentalizando‐o  de  elementos  para fazer os alunos avançarem. 

  Há a ocorrência de atividades sobre os conhecimentos prévios na medida em que  temos  exercícios  que  ativam  os  mesmos  induzindo  os  alunos  a  responderem  as  perguntas  por  meio  de  um  conhecimento  que  eles  já  possuem.  Estas  atividades  são  incentivadas  por  questões  orientadas pelo professor como: que texto é este que você leu? Quais informações apresentam?  Quais fábulas você conhece? Qual a sua preferida? Em que ocasião você leu esta história? Vocês  consideram ser verdadeira a informação do texto?  

  Além  de  se  constituírem  atividades  que  buscam  os  conhecimentos  prévios  Solé  (1998)  aponta  este  tipo  de  prática  como  aquelas  realizadas  após  a  leitura,  que  permitem  aos  professores utilizarem‐se dos conhecimentos dos alunos para ampliar o seu entendimento sobre o  texto. 

  Os  PCNs  (1998)  apontam  a  necessidade  dos  alunos  relacionarem  os  textos  que  estão  lendo  com  outros  já  lidos  anteriormente.  A  este  processo  Souza  et.al  (2010)3  denomina  como uma estratégia de leitura por um dos tipos de conexões, sendo esta a conexão texto‐texto.  Em relação a esta estratégia verificamos atividades no Programa que a utilizam, pois em muitos  casos  são  feitas  por  parte  do  professor  perguntas  como:  Você  já  leu  um  texto  igual  a  este  ou  parecido? Ao ler este texto você lembrou de que informação já obtida anteriormente? Você já leu  alguma outra fábula que aparecia este mesmo personagem? Esse personagem era igual na outra  fábula? 

  Em relação ao ensino das conexões também existem exercícios que trabalham com  conexões texto‐mundo, proporcionando ao leitor relacionar o texto lido com problemas ocorridos  no  mundo,  estas  atividades  são  encontradas  principalmente  na  sequência  didática  Meios  de  Comunicação,  onde  foram  verificadas  atividades  de  conexão  texto‐leitor,  cuja  finalidade  seria  relacionar  o  texto  com  a  vida  pessoal  do  leitor,  com  perguntas  como:  quais  os  meios  de  comunicação que vocês utilizam no seu dia‐a‐dia? Que horas? Quais são eles? Para que utilizam?  O que costumam fazer quando estão na internet?    Ainda em continuidade com as estratégias de leitura apresentadas por Souza et.al  (2010) foi possível destacar o uso das inferências, com o objetivo de constatar uma compreensão  mais geral do texto (apreensão global) nos momentos em que o professor deve perguntar quem         3

Souza et.al propõe em seu livro seis estratégias de leitura: 1- conexões, 2- inferência, 3- visualização, 4- questionamento, 5- sumarização e 6- síntese.

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são  os  personagens  da  fábula?  Como  cada  uma  é  descrita?  (verso  ou  prosa)  Como  será  que  o  personagem  estava  se  sentindo  neste  momento?O  que  vocês  entenderam  da  moral?  Qual  a  relação  entre  a  moral  e  a  história?  Qual  o  objetivo  de  histórias  como  estas?  Estas  perguntas  possibilitam  entender  as  entrelinhas.  As  estratégias  de  questionamentos  são  feitas  através  de  perguntas  que  devem  ser  respondidas  pela  leitura  do  texto  e  que  surgem  a  partir  desta  e  a  visualização ocorre mediante o uso da oralidade para descrever a imagem criada do cenário, do  tempo  histórico,  dos  personagens,  entre  outros.  Foram  trabalhadas  propostas  de  estratégias  de  sumarização  que  consistem  em  separar  informações  importantes  dos  detalhes  no  texto  e  de  síntese  que  é  a  capacidade  de  resumir  ou  sintetizar  o  que  fora  lido,  por  meio  de  reescritas  e  revisões  coletivas  das  fábulas  trabalhadas,  de  perguntas  do  tipo  qual  a  ideia  principal  desse  parágrafo? E dos demais? Quais as informações mais interessantes ou curiosas? Podemos criar um  subtítulo para o parágrafo? 

  Os documentos oficiais e as autoras Solé (1998) e Souza et.al (2010) ao referirem‐se  ao  tratamento  didático  relacionado  ao  ensino  e  as  práticas  de  leitura  na  escola  destacam  a  necessidade  de  serem  proporcionados  para  os  alunos  diversas  formas  de  ler,  como  ler  silenciosamente,  ler  em  voz  alta,  leitura  realizada  pelo  professor,  leitura  compartilhada,  entre  outros. Referentes a estes procedimentos há várias atividades que incentivam a leitura silenciosa,  leitura compartilhada (feita em duplas ou pequenos grupos), leitura em voz alta feita tanto pelos  alunos  quanto  pelo  professor  (que  modela  a  forma  de  ler)  e  rodas  de  leitura  (em  que  há  compartilhamento do texto lido com os colegas). 

  Souza  et.al  (2010)  propõe  o  ensino  por  meio  de  oficinas  por  considerar  que  “as  oficinas de leitura são momentos específicos em sala de aula em que o professor planeja o ensino  de  uma  estratégia.  Nessas  oficinas  há  uma  ambientação  intencionalmente  planejada”.  (SOUZA  et.al, 2010, p.59) Concernente a este aspecto da teoria da autora o guia de orientações propõe aos  professores  o  cuidado  com  o  planejamento  das  aulas  apresentando  sugestões  e  encaminhamentos  para  cada  aula,  visando  construir  um  ambiente  planejado  e  adequado  para  cada atividade. 

  Outra atividade incentivada pelo Programa e considerada pelos PCNs como sendo  uma prática de leitura muito importante é aquela em que o leitor lê como forma de revisar um  texto  escrito,  permitindo‐lherefletir  sobre  aspectos  lingüísticos  que  foram  aprimorados  durante  situações de leitura vivenciadas na escola. 

  Os  PCNs  (1997),  conforme  já  fora  citado  anteriormente  consideram  como  uma  importante  estratégia  o  trabalho  com  a  diversidade  textual,  tanto  a  que  se  faz  presente  no 

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cotidiano  do  aluno  como  as  que  serão  proporcionadas  no  ambiente  escolar  com  o  intuito  de  permitir o contato do aluno com textos que não circulam em seu meio social.  

  Sob a ótica da diversidade textual, eis um empecilho observado no Programa Ler e  Escrever,  pois  o  mesmo  dedica  um  semestre  inteiro  de  trabalho  em  torno  de  um  único  gênero  textual  que  são  as  fábulas  através  do  projeto  didático  “Confabulando  com  fábulas”,  gerando  o  empobrecimento do trabalho com leitura em sala de aula, tornando o ato de ler cansativo ao invés  de  prazeroso,  pois  no  decorrer  do  desenvolvimento  as  crianças  podem  perder  o  incentivo  pela  leitura devido o excesso de atividades em torno do mesmo gênero. 

  Outro  problema  observado  no  material  é  que  os  textos  presentes  possuem  um  problema  concernente  à  estrutura,  pois  os  mesmos  são  configurados  no  modelo  do  programa,  descaracterizando inclusive o portador do texto. Analisando‐o em todas as unidades é perceptível  que o material segue um padrão definido pelo Programa, ou seja, os textos não estão escritos da  maneira como os encontramos nos originais. Um exemplo disto pode ser observado nas notícias  presentes  em  uma  das  unidades  didáticas,  pois  nos  jornais  encontramos  as  notícias  escritas  em  colunas, enquanto que no exemplar do professor e do aluno uma notícia retirada do jornal assume  a forma determinada pelo editor, descaracterizando seu portador, no caso, o jornal.  

  Para  finalizar  ressaltamos  de  maneira  enfática  a  necessidade  de  preservar  a  estrutura  do  texto  e  de  proporcionar  maior  variedade  nos  gêneros  textuais  como  elementos  importantes na construção do conhecimento, pois isto permite ao aluno realizar a antecipação do  tipo  de  texto  que  será  lido  pela  observação  estrutural  e  identificar  o  possível  portador  daquele  tipo de texto.  

     

CONCLUSÕES 

  Conforme  analisamos,  a  partir  de  pesquisa  bibliográfica  e  documental,  as  transformações  ocorridas  na  sociedade  atual,  tanto  de  ordem  política,  econômica  ou  social,  quanto  às  decorrentes  do  processo  de  democratização  do  ensino  público  vieram  reiterar  a  necessidade  da  escola  contemporânea  refletir  sobre  suas  práticas  pedagógicas  de  leitura,  tendo  em vista a necessidade de desenvolver novas praticas de leitura no interior da escola. 

  Em virtude destas transformações, várias medidas foram tomadas visando alcançar  melhores resultados com um trabalho voltado para o desenvolvimento de atividades envolvendo  as praticas de leitura no interior da escola.  

  Diante deste contexto, torna‐se importante ressaltar a necessidade de refletir sobre  as  práticas  de  leitura  de  um  Programa  que  é  oferecido  para  milhões  de  crianças  que  serão 

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submetidas  às  práticas  ali  orientadas,  pois  de  acordo  com  Souza  et.  al  (2010)  é  necessário  que  nossas escolas realizem um intenso trabalho de leitura, proporcionando as nossas crianças acesso  aos  mais  variados  gêneros  textuais,  assegurando‐lhes  leituras  de  qualidade  a  fim  de  que  realmente venhamos, segundo Souza (2010), produzir um letramento ativo em nossas crianças: 

O  ensino  da  leitura  baseada  no  “letramento  ativo”  pressupõe  a  tomada  de  consciência  de  estratégias  de  leitura  desde  a  educação  infantil,  ou  seja,  as  atividades  relacionadas  a  esse  ensino  podem  iniciar com crianças ainda não alfabetizadas, mas em contato direto  com  os  livros  e  os  diversos  suportes  de  textos  para  a  prática  da  leitura. (SOUZA ET. AL, 2010, p.46) 

 

  Portanto, este artigo não pretende esgotar o assunto, mas sim colocá‐lo em pauta a  fim  de  que  os  professores  possuam  referenciais  que  apontem  suas  possibilidades  e  limites,  induzindo‐os a refletirem sobre as práticas de leitura propostas nos mais diversos materiais a sua  disposição. 

 

REFERÊNCIAS 

BRASIL.  Ministério  da  Educação  e  do  Desporto.  Parâmetros  Curriculares  Nacionais:  Língua  Portuguesa vol. 2. Brasília, 1997. 

BEISIEGEL.  Celso  de  Rui.  A  qualidade  do  Ensino  na  Escola  Pública.  Brasília:  Liber  Livro  Editora,  2006. 

LAKATOS. Eva Maria: MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 7.  ed. São Paulo: Atlas, 2010. 

LEITE, Y. U. F. e DI GIORGI, C. A. G. Saberes docentes de um novo tipo na formação profissional 

do professor: alguns apontamentos. Educação. Santa Maria, v. 29, n. 2, p. 135 ‐145, 2004. 

SÃO  PAULO  (Estado).  Secretaria  Estadual  de  Educação.  Ler  e  Escrever:  guia  de  orientações  didáticas; professor – 4º ano (3ª série). Disponível em: www.lereescrever.fde.sp.gov.br. Acesso em  26 de agosto de 2011 

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Referências

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