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MÍDIA: CULPADA OU INOCENTE?

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Academic year: 2021

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MÍDIA: CULPADA OU INOCENTE?

Autor(es): PEREIRA, Elisângela da Silva Soares; BRUM, Cíntia de Souza; CORTELINI, Caroline M.; ISQUIERDO, Elizângela Soria; KOLTON, Liesi Teixeira; MARTINS, Simone Siga

Apresentador: Elisângela da Silva Soares Pereira Orientador: Caroline Machado Cortelini Revisor 1: Bento Selau da Silva Júnior Revisor 2: Lúcio Jorge Hammes

Instituição: UNIPAMPA UFPEL - Campus Jagurão

MÍDIA: CULPADA OU INOCENTE?

PEREIRA, Elisângela da Silva Soares2, BRUM, Cíntia de Souza2, CORTELINI, Caroline M. 1; ISQUIERDO, Elizângela Soria2, KOLTON, Liesi Teixeira2,

MARTINS, Simone Siga2 1

Professora/orientadora – Docente do Curso de Pedagogia, Universidade Federal de Pelotas - UFPEL/UNIPAMPA – Campus Jaguarão

2 Acadêmicas do Curso de Pedagogia, Universidade Federal de Pelotas - UFPEL/UNIPAMPA – Campus Jaguarão

elis1172@hotmail.com

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem por objetivo compreender a influência que a mídia exerce sobre as culturas infantis. Este trabalho parte de um pressuposto básico: a televisão afeta o desenvolvimento da criança. E essa influência se dá nos atos, nos comportamentos, nos valores e na maneira de compreender o mundo.

A televisão está presente na maioria dos lares, independente das classes sociais, a qual sua mensagem terá diferentes significados culturais, de acordo com a realidade de cada um. Estando as crianças expostas diariamente àquela abundância de produtos ofertados pela mídia, as camadas populares têm de lidar constantemente com o contraste, entre seus desejos e sua realidade. Se considerarmos uma criança de família menos favorecida economicamente que sabe que será praticamente impossível a realização dos seus desejos, então é previsível que essa realidade gere significados específicos, trazendo a realidade estampada no seu dia a dia, obrigando-as a refletirem sobre tais diferenças.

Em estudo feito pela Unesco (Jorge, 2004), o tempo que as crianças gastam assistindo a televisão é, pelo menos, 50% maior que o tempo dedicado a qualquer outra atividade do cotidiano, como fazer a lição de casa, ajudar à família, brincar, ficar com os amigos e ler. A programação transmitida pela TV acaba tornando-se um

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ponto de referência na organização da família, está sempre à disposição, sem exigir nada em troca, alimentando o imaginário infantil com todo o tipo de fantasia.

Nas infâncias de outras gerações a influência da mídia não prevalecia, as crianças eram mais livres, interagiam com seus pares, participavam do convívio familiar e escolar participando ativamente sem se sentirem presas ao domínio da TV.

Enfim, esta pesquisa se justifica pela necessidade de compreender como acontece a “tal” interferência da mídia, nos usos e costumes, e na construção da personalidade infantil; visto que o processo educacional deve levar em conta a subjetividade de cada um.

METODOLOGIA

Esta pesquisa trata dos resultados de uma investigação que pretende refletir acerca do impacto que o acesso à mídia televisiva, bem como o acesso à internet, as visitas ao supermercado e o convívio escolar, tem provocado nas concepções da infância e também nos modos de ser das crianças na contemporaneidade (Sarmento, 2007).

Essa investigação de abordagem qualitativa (Ludke e André, 2007), utilizou como método de coleta dos dados da pesquisa entrevista. Conforme aponta Gaskell (2002) as entrevistas permitem, a compreensão detalhada das crenças, atitudes, valores e motivações dos sujeitos pesquisados.

Foram realizadas entrevistas com dez crianças, meninos e meninas, na faixa etária de quatro e doze anos de idade distribuída entre a pré-escola e a sétima série do ensino fundamental. E com adultos na faixa etária entre vinte e sete e cinqüenta e quatro anos, de diferentes profissões, homens e mulheres, com renda entre um salário e mais de quatro salários mínimos, todos residentes nesta cidade de Jaguarão/RS.

Importa salientar que privilegiamos a realização de entrevistas com crianças, como uma alternativa para compreendermos efetivamente os modos de produção e reprodução cultural das crianças. Nesse sentido, Faria, Demartini e Prado (2002) destacam a necessidade de ouvirmos as próprias crianças para conhecer as culturas infantis.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Através dessa pesquisa identificamos os efeitos da televisão sobre o desenvolvimento e da maneira de pensar e de compreender a realidade, por tanto, devemos ser mais cautelosos ao permitir que as crianças passem parte do seu dia em frente aos apelos exacerbados da mídia, visto que a televisão vai muito além de ser apenas um meio de comunicação, ela é formadora de identidade.

De acordo com a pesquisa, cem por cento das crianças assistem TV em diversos horários, chegando a ficar entre três e nove horas por dia a mercê da mídia. As observações permitiram identificar as preferências das crianças pela programação da TV, elas citaram os desenhos animados como a modalidade preferida, vindo logo em seguida as novelas, filmes infantis, TV Xuxa, Bom dia e cia., propagandas (cerveja, brinquedos, sapatos e roupas) e outros programas destinados às crianças. Dos sessenta por cento das crianças que acessam a

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Internet, os sites mais visitados são os de jogos infantis, Orkut e o site da Barbie. Todas as crianças adoram ir ao supermercado e noventa por cento delas se sentem sugestionadas pela mídia que ele oferece. Dentro do convívio escolar o percentual anterior permanece e noventa por cento dos entrevistados sentem o desejo de ter o mesmo produto que os colegas possuem, eles expressam esse desejo pedindo. As crianças relataram ter vontade de comprar algum objeto, alimento, roupa, calçado, acessório ou brinquedo que aparece na TV, levando em consideração as marcas. Dentre as mais citadas foram: Hot Wheels, Rebeldes, Barbie, Moranguinho, Homem Aranha, Lilica Ripilica e Nike. As roupas, calçados e brinquedos destacaram-se dos demais e a escolha desses produtos, da marca e da cor ficam a critério da própria criança. Os brinquedos mais citados foram bonecas da Barbie, boneco do Homem Aranha e carrinhos Hot Wheels. Dos produtos mais consumidos no supermercado, os que tiveram maior destaque foram os salgadinhos, bolachinhas recheadas, chocolates, refrigerantes, iogurte e guloseimas, todos de marcas bem conhecidas, como: Trakinas, Nestlé, Elma Chips, Coca-cola e Danone.

A esse respeito conforme aponta Dornelles (2001, p.107):

[...] os brinquedos industrializados tornaram-se uma mercadoria tão forte quanto tantas outras ma economia de mercado. Temos em nossas crianças um consumidor em formação, e a mídia tem se aproveitado disso com um forte apelo à efetividade, à aventura e ao poder.

Podemos constatar que as crianças geram sentimentos específicos diante da negação, muitos se expressam chorando, ficam tristes, emburrados e reclamam muito. Isso se torna compreensível na medida em que a mídia influencia trazendo um mundo de fantasias para dentro da realidade das crianças, onde elas pensam que os seus desejos devem ser atendidos. Ao entrevistarmos os adultos, concluímos que o sentimento gerado na sua infância diante da negação expressou-se da mesma forma. Constatamos que a TV influenciou, mas não ativamente, na vida dessas crianças e o seu desejo pelo consumo era originado mais pela interação com seus pares e adultos na vida em sociedade do que pela própria televisão. A maioria respondeu que não comprava os produtos da moda, sendo que os mesmos não se assemelham com os produtos que seus filhos consomem hoje, diferenciando-se principalmente pela tecnologia, qualidade, custo e beleza.

Os dados coletados a partir de entrevistas com adultos e crianças, apontam para algumas constatações que possibilitam compreender como se processa o acesso à mídia, as preferências, o tempo que as crianças assistem TV e o sentimento que elas despertam em relação ao que lhes é ofertado. Diante desses dados, refletimos acerca das conseqüências do acesso as informações sobre o mundo adulto na infância, onde os desenhos animados e os filmes infantis excedem os limites do entretenimento, construindo-se como área de aprendizagem. Os comerciais de produtos pensados para entreter as crianças, esforçam-se em criar uma realidade fantasiosa, possível de ser concretizada no imaginário infantil, dando estímulo ao consumo exacerbado. A partir desses dados, entendemos o entretenimento e a propaganda como área de aprendizagem que vem transformando as culturas da infância. Infância esta a qual a felicidade das meninas consiste em ter cabelos longos e loiros iguais ao da Barbie e a dos meninos em se tornarem super-heróis. Logo, deve-se ser mais cauteloso ao permitir que as crianças passem parte do seu dia em frente aos apelos exacerbados da mídia, visto que, a

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televisão vai muito além de ser apenas um meio de comunicação, ela é formadora de identidade.

CONCLUSÃO

Diante dos dados apresentados a partir da pesquisa, percebemos que a existência generalizada da televisão constitui em si mesma um fenômeno social, gerador de transformação no modo de vida, nos hábitos, na maneira de pensar e de compreender. Sob influência da televisão os comportamentos e costumes evoluíram muito. Seu papel não pode, portanto, ser reduzido ao de simples meio de comunicação.

Sendo assim acreditamos que um trabalho conjunto dos pais com a escola, ajudaria a diminuir um pouco a informação distorcida que a criança recebe da TV. É necessário desenvolver o senso crítico na criança, para que ele não se torne um telespectador passivo e possa avaliar e questionar o que está sendo apresentado. Pensamos que os programas destinados à infância deveriam ser pensados como função pedagógica. Uma programação que pudesse entreter, passando valores, normas de conduta e respeito, podendo também despertar o interesse por histórias que desenvolvesse o vocabulário, memória e introspecção da criança, instigando a curiosidade dela para assuntos interessantes e produtivos, levando em conta que a criança está em fase de formação da personalidade. Concordamos que não é mais tão simples educar um filho diante do exarcebado apelo da TV.

Segundo Canclini (apud, Dornelles, 2005, p93) [...] a particularidade do consumo cultural “se identifica nos processos de apropriação e usos de produtos em que o valor simbólico se sobrepõe ao valor de uso [...]”.

Concluímos nossa pesquisa pensando que a infância pós-moderna deve ser problematizada e pensada. As crianças da geração atual, inconscientemente, estão sendo facilmente influenciadas pela mídia. Deixam de prestar atenção na opinião dos pais e passam a seguir o que está sendo imposto por ela. É necessário resgatar os verdadeiros valores éticos e morais, para que a criança se transforme em um adulto seguro, corajoso, independente e responsável, capaz de fazer escolhas de acordo com o que é correto e não em função do que os outros julgam aceitável. Mas isso só se tornará possível, quando os pais perceberem que seus filhos devem participar mais do mundo à sua volta e ficarem menos tempo diante da televisão.

BIBLIOGRAFIAS.

Dornelles, Leni Vieira, Infâncias que nos escapam: Da criança na rua à criança cyber. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

JORGE, Wanda. Mídia para criança e adolescente. Cienc. Cult., Jan./Mar. 2004, vol.56, no.1, p.55-55. ISSN 0009-6725. Endereço eletrônico:

http://cienciaecultura.bvs.br/scielophp?pid=S0009-7252004000100038&script=sci_arttext. Acesso em: 04/09/07

SARMENTO, Manuel Jacinto. Culturas infantis e interculturalidade.In: DORNELLES, Leni Vieira.Produzindo pedagogias interculturais na infância. Petrópolis: Vozes, 2007.

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KINCHELOE, Joe L. Esqueceram de mim e Bad to the Bone: o advento da infância pós-moderna. In: STEINBERG, Shirley R. e KINCHELOE, Joe L. Cultura Infantil: a construção corporativa da infância. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.

GASKELL , George. Entrevistas individuais e grupais. In: BAUER, Martin e GASKELL, George. Pesquisa qualitative com texto, imagem e som – um manual prático. 5ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 2007.

Referências

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