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POTENCIALIDADES DO SOLO DA PRACINHA PARA A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL 1

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Academic year: 2021

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POTENCIALIDADES DO SOLO DA PRACINHA PARA A

APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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Sandra Cadore Peixoto – sandracadore@ufn.edu.br Universidade Franciscana Santa Maria – RS Andressa Franco Vargas – andressavargas1@yahoo.com.br Universidade Franciscana Santa Maria – RS Tatiane Bertuzzi – tatibertuzzi@gmail.com Universidade Franciscana Santa Maria - RS

Resumo:Na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes também o direito de conviver, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se. Sendo assim, o presente estudo visa apresentar uma proposta de ensino voltada para a Educação Infantil, explorando o espaço da pracinha, mais precisamente o solo, por meio de uma sequência de atividades que contemplam os campos de experiência dispostos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para este nível de ensino. A sequência didática elaborada conta com sete atividades que exploram a brincadeira, o diálogo, a responsabilidade ambiental e noções de quantidade, textura, cor e transformações, tudo isto, utilizando o solo da pracinha como elemento principal. Entendemos que este estudo pode contribuir para a prática docente do professor, uma vez que explora um espaço de significado afetivo e social para o aluno e promove, a partir deste, o desenvolvimento de habilidades que constam nos campos de experiência propostos para a Educação Infantil na própria BNCC.

Palavras-chave: Proposta de ensino, Educação Infantil, Base Nacional Comum Curricular.

1 INTRODUÇÃO

Um dos objetivos da Educação Infantil, além de promover o desenvolvimento dos alunos até os 05 anos de vida, consiste em ofertar aos sujeitos a oportunidade de interagir com o meio, desenvolvendo valores, sentimentos, costumes, questões de convivência e cultura,

1 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

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articulando estes aspectos com as propostas pedagógicas desenvolvidas no ambiente escolar, conforme destaca a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017).

Neste sentido, a criança, ao estar inclusa no espaço escolar, se depara com um universo mais amplo e que a permite vivenciar momentos produtivos de troca com pessoas e as coisas do mundo, oportunizando assim a atribuição de significados para este mundo que a rodeia. De acordo com Bujes (2001, p. 16), é neste processo que “a criança passe a participar de uma experiência cultural que é própria de seu grupo social, é o que chamamos de educação”.

Com relação à Educação Infantil, a BNCC está organizada em cinco campos de experiência: a) o eu, o outro e o nós: ligado ao desenvolvimento da criança por meio da interação com outros sujeitos; b) Corpo, gestos e movimentos: com relação ao espaço e os objetos ao seu entorno; c) Traços, sons, cores e formas: ligado a contato com diferentes manifestações artísticas, como música e teatro; d) Escuta, fala, pensamento e imaginação: promoção de situações comunicativas que envolvem o cotidiano; e e) Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações: ligado aos diferentes espaços de convivência, a natureza, os costumes, etc.

Sendo assim, a escola passa a ser um espaço para a formação destes indivíduos, se preocupando com a constituição humana e científica, uma vez que até na ação de brincar a criança consegue adquirir experiência e, desenvolve contatos sociais de forma lúdica (WINNICOTT, 1982).

A partir destas considerações, podemos nos questionar, por que não utilizar a pracinha como um cenário de possibilidades metodológicas na Educação Infantil? Espaços como praças e parques infantis possuem um papel importante no desenvolvimento da criança, isto, em termos cognitivos, psicológicos, sociais e físicos, conforme destaca Souza e Vieira (2004).

Frente a isso, objetiva-se com o presente estudo, apresentar uma proposta de ensino voltada para a Educação Infantil, explorando o espaço da pracinha, mais precisamente o solo, por meio de uma sequência de atividades que contemplam habilidades propostas nos campos de experiência dispostos na BNCC para este nível de ensino.

Entendemos que propostas como esta podem vir a contribuir na prática docente de profissionais em exercício, tendo em vista que propõem um olhar diferenciado sobre um espaço não formal que as escolas dispõem em seu ambiente, que faz parte do cotidiano dos estudantes, e que pode ser visto como um campo de possibilidades metodológicas para o desenvolvimento da criança.

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2 O PRODUTO EDUCACIONAL

O produto educacional apresentado neste estudo consiste em uma sequência didática elaborada a partir de uma formação continuada, ofertada a um grupo de profissionais da educação de uma escola da rede privada do município de Santa Maria.

Os caminhos de construção deste material podem ser esclarecidos com maiores detalhes em Peixoto et al. (2021), onde os autores apresentam o grupo formativo composto por estudantes e docentes do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática de uma universidade da região central do Rio Grande do Sul, responsáveis pela formação, e detalham as ações que culminaram na construção desta sequência didática.

Em Soares et al. (2021) os autores ainda apresentam o espaço escolar explorado nas atividades da formação em questão, a pracinha, pontuando a organização de quatro subgrupos com focos divergentes sobre ela, problematizando acerca do Solo, da Árvore e dos Brinquedos I e II.

A partir dos elementos Árvore, Solos e Brinquedos, os componentes do grupo formativo foram responsáveis pela organização de sequências didáticas para três níveis de ensino, Educação Infantil, Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental, isto, para cada um dos quatro locais de trabalho escolhidos na pracinha.

No presente estudo, apresentaremos a sequência didática referente ao Solo (areia e Terra), organizada para o nível da Educação Infantil, pontuando os campos de experiência dispostos na BNCC para o nível de ensino e que estão contemplados nas atividades que constituem a proposta por meio de habilidades previstas no documento referido.

2.1 Tipo de produto: Proposta de ensino (sequência didática).

2.2 Objetivo: Explorar texturas, cores, transformações, elementos da natureza e o diálogo, utilizando o Solo da pracinha como elemento norteador.

2.3 Público-alvo: Alunos da Educação Infantil, com faixa etária entre 1 e 5 anos e 11 meses.

2.4 Nível de escolaridade: Educação Infantil.

2.5 Descrição do produto: A sequência didática foi desenvolvida com o intuito de contemplar habilidades dispostas na BNCC para a Educação Infantil, por meio de sete atividades relacionadas ao solo da pracinha (areia e terra) e que estavam organizadas a partir dos campos de experiência. A figura 01, ilustra os campos de experiências explorados na

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sequência didática, bem como as habilidades que podem ser desenvolvidas nas atividades propostas no material.

Figura 01 – Campos de experiência e as habilidades destacadas na produção da proposta

Fonte: Elaborada pelos autores

Assim, a sequência didática explora o solo da pracinha, mais precisamente a areia e a terra, como elemento principal de cada uma das ações desenvolvidas. O quadro 01 disposto abaixo, apresenta uma pequena descrição de cada uma das etapas desta proposta e de seus objetivos.

Quadro 01 – Síntese da sequência didática e suas etapas de execução

Atividades O que se pretende

Responsabilidade ambiental Enfatizar a preservação do meio ambiente Habilidades manuais Participação do aluno na construção de um material para

explorar o solo da pracinha

Explorando e brincando Explorar os movimentos, formas, texturas, cores, transformações, elementos da natureza

Investigação Explorar a ideia de quantidade

A importância da areia e da terra para o homem

Apontar a importância da terra e da areia para a sociedade

Higienização pessoal Destacar a importância de higienizar as mãos

Expressando o conhecimento Proporcionar ao aluno um momento para expressar sua opinião sobre o espaço e observar o ponto de vista dos colegas Fonte: Elaborado pelos autores

Após esta pequena sintetização dos sete momentos propostos na organização da sequência didática, apresentaremos brevemente a descrição de cada atividade.

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Atividade 01: Responsabilidade Ambiental

Este momento consiste em ressaltar e discutir, com os sujeitos, a importância da preservação ambiental, destacando questões sobre o desenvolvimento sustentável, com o intuito de desenvolver sensibilidade e consciência com relação ao meio ambiente. Neste primeiro momento será solicitado aos alunos copinhos de iogurte vazios e limpos e barbante, isto para a construção de um material para exploração do solo na atividade 02.

Atividade 02: Habilidades manuais

Neste momento, utilizando os copos de iogurte e o barbante, solicitados aos alunos na atividade 01, será construída uma balança simples de dois pratos. A figura 02 ilustra a estrutura da balança que com o uso de um cabide ou cabo de vassoura pode ser facilmente fixada em algum brinquedo da pracinha, como por exemplo, a escada horizontal.

Figura 02 – Representação da balança de dois pratos e escada horizontal da pracinha

Fonte: https://pt.wikihow.com/Fazer-uma-Balan%C3%A7a-para-Crian%C3%A7as

Os mediadores podem auxiliar os alunos a pendurar, por meio do barbante, os copos de iogurte ao cabide. 2 Após construída, a balança será utilizada em atividades posteriores envolvendo questões de textura, forma e quantidade.

Atividade 03: Explorando e brincando

Para promover a brincadeira aliada ao aprendizado, os alunos serão instigados a explorar o solo da pracinha, tentando identificar aspectos como a forma do grão de areia e de terra, a textura, a cor e as transformações possíveis quando, por exemplo, a areia da pracinha entra em contato com a água da chuva. Os seguintes questionamentos podem ser explorados: A cor da terra e da areia sofrem modificações? Sua textura sofre modificações? Como você poderia definir a forma do grão de areia e de terra?

2 O passo a passo desta construção pode ser encontrado através do link:

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Atividade 04: Investigação

Nesta atividade, utilizando a balança construída na etapa 02, podem ser exploradas noções de quantidade, isto por meio de ações como, pedir que os alunos coloquem areia em um dos copinhos e terra no outro copinho de iogurte, para comparar a diferença de peso entre as quantidades inseridas no copo.

A partir deste, outros experimentos podem ser realizados como a comparação entre a areia molhada e seca, a terra molhada e seca, o peso da água e o peso da areia, o peso da água e o peso da terra, todos estes utilizando a balança e fazendo os alunos observarem de forma prática estas diferenças de peso e quantidade.

Atividade 05: A importância da areia e da terra para o homem

Após a exploração do solo nas etapas anteriores, podemos levantar outros tipos de questionamentos, como por exemplo, qual a importância da areia e da terra para a sociedade? A partir desses questionamentos é possível instigá-los à percepção de que a areia e a terra são importantes para os seres vivos, desde os microrganismos até o homem. Na areia por exemplo, podem ser encontrados seres microscópicos e pequenos animais, que são de extrema importância para um equilíbrio ecológico. Com relação aos benefícios da areia e terra para o homem, podem ser levantadas a questão da economia, da agricultura, do extrativismo etc.

Os alunos, neste momento, devem ser orientados a devolver para o ambiente toda a areia e terra utilizadas na realização desta atividade.

Atividade 06: Higienização pessoal

Para finalizar, ao sair da pracinha após manipular areia e terra, os alunos serão orientados a passarem a mão em uma folha A4 branca, observando a sujeira, ou o que ficou presente na superfície da folha. Após este momento, os mediadores irão acompanhar os alunos, os orientando em como higienizar as mãos de forma correta, seguindo o passo a passo ilustrado na figura 03.

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Figura 03 – Passo a passo da higienização das mãos

Fonte:https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/hospital_do_servidor_publico_municipal/noticia s/?p=297052

Após a lavagem das mãos, os alunos serão orientados, novamente, a passarem a mão em uma folha A4 branca, observando a diferença da sujeira e das impurezas com relação a primeira folha, entendendo assim a importância da higienização das mãos para a saúde.

Atividade 07: Expressando o conhecimento

Nesta etapa, os alunos serão organizados em um círculo e, de forma individual, poderão expressar sua opinião sobre as atividades, destacando o que foi aprendido, escutando as observações dos colegas. A partir dessa atividade, é possível estimular a capacidade de expressão dos alunos, seja pela fala, gestos ou uso de objetos

2.6 Dinâmica de aplicação: A sequência didática proposta pode ser aplicada por qualquer professor de Educação Infantil, uma vez que está pautada na BNCC, documento norteador da prática docente, além de utilizar elementos de fácil acesso, como folhas, copinhos de iogurte, barbante e não menos importante, um espaço que faz parte da escola e é intrínseco a vivência dos sujeitos nesta etapa da vida.

Assim, entende-se que esta proposta de ensino pode ser aplicada em encontros de 40 min a 1 hora de duração, oportunizando aos sujeitos envolvidos o melhor aproveitamento em cada uma das etapas propostas.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que a Educação Infantil é uma das mais importantes etapas da formação das crianças, pois, é quando a criança desenvolve diversos aspectos, como por exemplo, o intelectual, emocional, social e motor. Frente a isso, entende-se que a proposta de ensino elaborada preza por desenvolver estes aspectos, tendo como respaldo a própria BNCC.

Neste sentido, ao valorizar um dos espaços de maior interação e brincadeira no ambiente escolar, viabiliza o desenvolvimento de conhecimentos por meio de ações desenvolvidas por ela mesma, juntamente a seus pares e adultos.

Este olhar para espaços diferenciados dentro da escola e que possuem significado afetivo e social para o aluno, pode ser visto pelo professor como um campo de potencialidades a serem explorados para a construção de saberes e, ações como está proposta, possuem justamente o objetivo de auxiliar estes profissionais na elaboração e implementação de práticas que venham a colaborar tanto com a formação docente, quanto com a desenvolvimento e formação destes alunos.

4 REFERÊNCIAS

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 17 mar. 2021.

BUJES, M. I. E. Escola Infantil: Pra que te quero?. In: CRADY, C. M.; KAERCHER, G. E. P. S. Educação Infantil: Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001. Cap. 1, p. 13- 22. PEIXOTO, S.C.; VARGAS, A F.; PINTO, T. L.; SILVA, C. F.; BERTUZZI, T. Formação docente na perspectiva interdisciplinar do ensino de Ciências e Matemática. In: SILVA, A. J. N. (Org). Educação: Sociedade civil, estado e políticas educacionais. v. 5. Ponta Grossa, PR: Atena, 2021. p. 204-219.

SOARES, G. O.; TAMIOSSO, R. T.; SANTOS, P. A.; RITTER, D.; CANTO-DOROW, T. S. Desenvolvimento de um produto educacional interdisciplinar: sequências didáticas para além da sala de aula. Research, Society and Development, v. 10, n. 1., 2021. p. e6610212290. SOUZA, A.; VIEIRA, M. L. Origens históricas da brincadeira. Psicologia Brasil, v. 2, 2004. p. 28-33.

WINNICOTT, D. W. A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 6 ed.,1982. 272 p.

Referências

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