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Unidade: O que é a Literatura comparada. Unidade I:

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Unidade I:

Unidade: O que é a Literatura

comparada

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1 Uni d ad e : O qu e é a L itera tura c om p arad a

Unidade: O que é a Literatura comparada

O que é a Literatura Comparada

Quando nos deparamos com a expressão “literatura comparada”, não temos problemas em compreender porque remetemos ao próprio significado das palavras, como por exemplo: a palavra literatura que podemos definir como uma arte de compor prosa ou verso e também como um conjunto de trabalhos literários de uma época ou de um país. E o vocábulo comparada que significa estabelecer confrontos entre coisas, objetos, literaturas, etc ou para igualar-se a algo ou ainda competir, concorrer.

“No entanto, quando começamos a tomar contato com trabalhos classificados como “estudos literários comparados”, percebemos que essa denominação acaba por rotular investigações bem variadas, que adotam diferentes metodologias e que, pela diversificação dos objetos de análise, concedem à literatura comparada um vasto campo de atuação.”(CARVALHAL, 1986, P. 5).

Além disso, há uma certa dificuldade do termo e portanto, a expressão “literatura comparada” em alguns estudos torna-se uma questão um tanto que complexa.

Essa dificuldade em encontrar um consenso sobre natureza da literatura comparada, se agrava porque os objetos e métodos utilizados nos manuais existentes sobre o assunto crescem bastante e há neles certas divergências de noções e orientações metodológicas.

Alguns desses estudos irão abranger as tendências tradicionais. Outros preferem dar uma conceituação mais generalizada. E também há os que irão restringir a determinados aspectos que estão mais próximos dos estudos literários comparados.

Com o passar dos tempos percebe-se que a literatura comparada não pode ser entendida como um sinônimo de comparação.

Porém, quando estamos falando de comparação não podemos definir como um método específico, mas como a autora Carvalhal menciona é um

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O ato de comparar faz parte da natureza do homem e de sua cultura, portanto, para o ser humano a comparação se torna um hábito e é possível perceber até mesmo na linguagem.

Por exemplo, na crítica literária, quando se faz uma análise de determinada obra de um autor, na maioria das vezes é feita para estabelecer confrontos com outras obras de outros autores para esclarecer ou informar e assim fundamentar juízos de valor.

Portanto, a comparação, é feita, não com um objetivo único sobre os elementos confrontados, mas para diferenciá-los ou igualá-los.

Assim, quando a comparação é usada no sentido de ser um recurso preferencial no estudo crítico de determinada obra, ela passa a ser um ponto fundamental na análise, e, dessa forma torna-se um método, então, podemos pensar em um “estudo comparado”.

“Pode-se dizer,, então que a literatura comparada compara não pelo procedimento em si, mas porque, como recurso analítico e interpretativo, a comparação possibilita a esse tipo de estudo literário uma exploração adequada de seus campos de trabalho e ao alcance dos objetivos a que se propõe.”

“Em síntese, a comparação, mesmo nos estudos comparados, é um meio, não um fim.”(CARVALHAL, 1986, P. 7).

Portanto, para não adiantar muito sobre os meios e estudos que são feitos sobre a literatura comparada e embora, estamos tentando definir de certa maneira as problemáticas que aparecem sobre os estudos de comparação, precisamos primeiramente ver um pouco da trajetória dos estudos comparados para então, compreender a expressão “literatura comparada”, ou seja, como começou a ser usada, quais significados foram surgindo e mais para frente iremos ver como hoje ela é difundida.

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3 Uni d ad e : O qu e é a L itera tura c om p arad a Como surgiu

É no século XIX que surge a “literatura comparada” que estava vinculada à corrente de pensamento cosmopolita que influenciava a época e nesse período a comparação entre as estruturas ou fenômenos que pudessem ter pontos semelhantes apesar de serem diferente, eram muito comum esses estudos nas ciências naturais e tinham a finalidade de extrair leis gerais.

A autora Carvalhal salienta que “o adjetivo „comparado‟, derivado do

latim comparativus, já era empregado na Idade Média.”(CARVALHAL, 1986, p. 8).

Um outro ponto importante para ser lembrado é que o termo “literatura

comparada surgiu justamente no período de formação das nações, quando novas fronteiras estavam sendo erigidas e a ampla questão da cultura e identidade nacional estava sendo discutida em toda a Europa. Portanto, desde suas origens, a literatura comparada acha-se em íntima conexão com a política.”(NITRINI, 2000, p. 21).

Assim, no século XIX surge o termo “comparada” nos seguintes trabalhos: Lições de anatomia comparada, de Cuvier (1800), História

comparada dos sistemas de filosofia, de Degérand (1804) e Fisiologia comparada , de blainville (1833).

Portanto, o termo surgindo primeiramente, em obras científicas e dando características de orientação, a comparação acaba por contagiar os estudos literários.

O estudo da comparação apesar de ser empregado na Europa de maneira muito ampla é na França que a expressão “literatura comparada” irá se fixar.

Em 1816, os autores Noël e Laplace publicam antologias de várias literaturas, e entitulam de modo geral como Curso de literatura comparada, apesar do título, era apenas uma coletânea de alguns trechos sem ter a preocupação de confrontá-los.

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Na realidade, mas não com certeza absoluta, Abel-François Villemain que acabou por divulgar a expressão “literatura comparada”, que usou nos cursos que ministrou no século XVIII na Sorbonne em 1828-1829. Sua obra

Panorama da literatura francesa do século XVIII, utiliza algumas combinações

do termo “literatura comparada”, “panoramas comparados”, estudos

comparados” e “história comparada”.

Outro autor, J.-J. Ampère utiliza a expressão “história comparativa das

artes e da literatura’, em seu Discurso sobre a história da poesia, em 1830 e

novamente usa o termo no título de sua obra de 1841, “História da literatura

francesa na Idade Média comparada às literaturas estrangeiras”. E podemos

afirmar que é Ampére que faz a expressão ter êxito na crítica literária.

Precisamos acrescentar outros autores que foram muito importantes no contexto francês com respeito a inclinação comparativista aplicada à literatura, o de Philarète Chasles, que em 1835 formula alguns princípios básicos sobre “história literária comparada”, em suas palavras:

“nada vive isolado, todo mundo empresta a todo mundo: este grande esforço de simpatias é universal e constante.”(CHASLES, P. Apud CARVALHAL, 1986, p. 10).

Ele propõe uma visão conjunta da história da literatura ,da filosofia e da política.

No entanto, os considerados grandes comparativistas na França foram Joseph Texte, Fernand Baldensperger e J.-M. Carré, que atuaram em Lyon, em 1887 e Sorbonne, em 1910.

“O rápido desenvolvimento do comparativismo literário na França foi favorecido pela ruptura com as concepções estáticas e com os juízos formulados em nome de valores reputados intemporais e intocáveis, preconiza pelo historicismo dominante. A difusão da literatura comparada coincide, portanto, com o abandono do predomínio do chamado “gosto clássico”, que cede diante da noção de relatividade, já estimulada. Desde o século XVII (...).”(CARVALHAL, 1986, p. 10).

Outros países também adotaram a expressão como na Alemanha,

parece ter sido Moriz Carrière com a expressão “vergleichende

Literaturgeschichte”(história comparativa da literatura), sua intenção era de

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Berlim aparece o primeiro periódico da disciplina comparativista, de Max Koch com o título Zeitschrift der vergleichenden Literaturgeschichte (1887-1910).

Na Inglaterra foi em 1886, um livro teórico com o título Compative

literature, de Hutcheson Macaulay Posnett.

Na Itália, em 1863, De Sanctis leciona literatura comparada em Nápoles. Nos Estados Unidos aparece a expressão na virada do século, sendo criado os Departamentos de Literatura Comparada nas universidades de Columbia, em 1899 e Harvard, em 1904.

Em Portugal temos o precursor Teófilo Braga e Fidelino de Figueiredo com o estudo “Literatura Comparada e crítica de fontes”, em 1912.

Literatura Comparada e literatura Geral

A “literatura comparada” além de sofrer por ser uma disciplina complexa e também imprecisa e ambígua, muitas vezes ela concorre com a „literatura geral‟.

A distinção entre as duas expressões levantam muitas discussões entre autores da área. Alguns consideram a literatura geral de nível mais amplo, compondo a literatura comparada. E outros, não estabelecem diferenças entre elas.

O que é importante salientar é “que a aproximação entre as expressões

“literatura comparada” e “ literatura geral” deixa transparecer ainda o espírito de cosmopolitismo literário que favoreceu o surgimento de ambas no século XIX.” (CARVALHAL, 1986, P. 12-13).

A Metodologia Francesa

Como já vimos tudo começou na França, então, vamos estudar um pouco sobre a metodologia francesa.

Como auxílio , o manual francês La littérature comparée, em que retoma com detalhes a história das discussões sobre o objeto e o método da literatura comparada.

Paul Van Tieghem, autor francês do manual citado anteriormente, publicado em 1931, na qual contém um capítulo cujo título é “Princípios e

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Métodos Gerais”, que apesar de alguns acreditarem que seus métodos sejam ultrapassados é interessante conhecer.

Para Paul Van Tieghem, considera três elementos que fazem parte das fronteiras linguísticas que são: o emissor, ponto de partida, podendo ser um escritor, uma obra, uma ideia; o receptor, ponto de chegada; e o transmissor, que é um elemento intermediário entre o emissor e o receptor, como por exemplo, uma pessoa ou um grupo de pessoas, uma tradução ou uma imitação de um texto original.

Segundo Nitrini “O trabalho comparatista não se deve limitar a relacionar

textos, uma vez que a vida do autor constitui um fator importante na gênese da obra. A revelação e a difusão de idéias e sentimentos podem, às vezes, partir de um fato histórico ou social. A cronologia é importante na medida em que situa devidamente as aproximações, eliminando-as se forem falsas.”(NITRINI, 2000, p. 32).

O autor, diante da amplitude e a complexidade dos elementos que podem ser estudados, o comparatista deve restringir a uma especialidade de tempo e de espaço, para que seu objeto de estudo possa determinar as relações entre duas literaturas escolhidas, num determinado período já delimitado.

Partindo da ideia francesa que o objeto da literatura comparada é o de descrever a passagem de um componente literário de uma determinada literatura para outra, pode-se estudar por meio de dois pontos: a) focalizando o objeto de passagem (gênero, estilos, assuntos, temas, idéias, sentimentos); e b) observando como se produziu a passagem.

“Caso a observação seja feita do ponto de vista do emissor, haverá dois tipos de estudos: o do sucesso de uma obra, de um escritor, de um gênero, de uma literatura inteira num país estrangeiro e o da influência de um escritor, de uma obra, de um gênero sobre um outro escritor, uma obra estrangeira, e assim por diante. Se a observação for feita do ponto de vista do receptor, trata-se do estudo das fontes de um escritor ou de uma obra. Uma outra possibilidade de estudo é o dos intermediários que facilitaram a transmissão das influências, tais como indivíduos, meios sociais (cenáculos e salões literários), críticas (jornais e revistas), traduções e tradutores.”(NITRINI, 2000,

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A metodologia do autor já mencionado foi significativa, mas duas orientações clássicas acabaram por serem básicas e complementares. A primeira se valia das comparações literárias que dependiam de um contato real e comprovado dos autores e das obras ou poderia ser entre autores e países. E a segunda fazia um trabalho de comparação vinculando os estudos literários com a perspectiva histórica, passando ser vista como um ramo da história literária.

Na maioria dos manuais do comparativismo é denominado “escolas”, porque foram os franceses que determinaram esse termo, afinal foram eles que predominaram sobre o comparativismo literário. A denominação “escolas” começou com René Wellek. “Ao lado da orientação francesa também se costuma designar como “escolas” a norte-americana e a soviética.”(CARVALHAL, 1986, p. 15).

No Brasil, o comparativismo começou sendo visto e usado pelo manual publicado por Tasso da Silveira que foi um discípulo de Paul Van Tieghem.

Em seu livro Literatura comparada, faz um síntese de sua atuação como professor da nova disciplina na Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette.

Ainda seguindo para suas orientações Van Tieghem, F. Baldensperger, Fr. Loliée e A. Dupouy, Tasso da Silveira continuará buscando fontes e influências, algumas vezes de imitações outras de empréstimos. Carvalhal menciona uma de suas indagações:

“em literatura comparada procedem-se a comparação de caráter especial e com finalidade positiva. Com a finalidade, extremamente fecunda para a história do espírito, de verificar a filiação de uma obra ou de um autor a obras e autores estrangeiros, ou de um momento literário ou da literatura interna de um país a momentos literários ou a literaturas de outros países.”(SILVEIRA, Apud CARVALHAL, 1986, p. 20).

As idéias de Tasso da Silveira não fugiu das regras de seus mestres franceses, na qual seguiam o caminho de pesquisar influências, buscar identidades, diferenças.

Com a adesão de Tasso da Silveira não houve um aproveitamento de outros autores, estudiosos brasileiros que trabalharam com crítica literária, na qual tinham uma forte tendência para o comparativismo sem dúvida poderia ter colaborado para o manual comparativista aqui no Brasil.

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8 Uni d ad e : O qu e é a L itera tura c om p arad a

Referências

CARVALHAL, Tânia Franco. Literatura Comparada. São Paulo: Ática, 1986.

NITRINI, Sandra. Literatura Comparada: história, teoria e crítica. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000.

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Responsável pelo Conteúdo:

Prof. Denise Jarcovis Pianheri

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