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PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2012

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Academic year: 2021

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Estabelece diretrizes para a implantação de Redes Elétricas Inteligentes nos sistemas de distribuição de energia elétrica geridos por concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica, e dá outras providências.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º. As concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica deverão ajustar seu sistema de distribuição para implantar todos os requisitos necessários à sua transformação em Redes Elétricas Inteligentes, na forma desta Lei.

Parágrafo único. O prazo para o ajuste de que trata o caput

deste artigo é de até oito anos, contados a partir da publicação desta Lei. Art. 2º. Para os fins desta Lei, estabelecem-se as seguintes definições:

I.Medição Líquida – funcionalidade associada a medidor eletrônico que permite a medição da potência e da demanda de energia de forma bidirecional, para uso em microgeração e minigeração distribuídas, e que apresenta apenas o balanço total da energia gerada e consumida;

II.Microgeração Distribuída – unidade geradora com até 100 kW de potência, que pode ser instalada em qualquer local da rede de distribuição;

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III.Minigeração Distribuída – unidade geradora com potência entre 100 kW e 1.000 kW, que pode ser instalada em qualquer local da rede de distribuição; IV.Posto Tarifário – nível tarifário programável no

medidor eletrônico, ajustável em função das horas do dia e das estações do ano;

V.Rede Elétrica Inteligente – conjunto de linhas e equipamentos do sistema de distribuição de energia, cujo controle e comando é feito com o uso de tecnologia digital de informação, de medição, de monitoramento e de telecomunicação, e cuja adoção permite o provimento de novos serviços aos consumidores e a melhoria dos serviços existentes;

Art. 3º. A Rede Elétrica Inteligente deve prover, em todo o sistema de distribuição e nas unidades de consumo, sensores de medição, dispositivos de automação, sistema confiável de comunicação entre todos os dispositivos de automação, a possibilidade de transferência instantânea e bidirecional de informações entre os dispositivos.

§ 1º - Deverá haver capacidade de processamento central para proceder à análise das informações e à atuação remota, caso necessário, visando a corrigir eventuais não-conformidades do serviço prestado, a cortar e religar o consumidor remotamente e a interagir diretamente com o consumidor.

§ 2º - As concessionárias e permissionárias de distribuição deverão prover um sistema georreferenciado de toda sua rede elétrica, nos termos do regulamento.

Art. 4º. Os medidores eletrônicos imprescindíveis à implantação da Rede Elétrica Inteligente devem ter uma padronização mínima, que inclua as seguintes funcionalidades: medição de energia e de demanda ativas e reativas, fator de potência, freqüência, controle de perdas comerciais, comunicação bidirecional com fio ou não, corte e religamento remotos, apuração instantânea de indicadores individuais de qualidade, implantação de microgeração e minigeração distribuídas, pré-pagamento, protocolo aberto, medição líquida, quatro postos tarifários.

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reduzida pelo poder concedente, na forma do regulamento;

§ 2° - No início do período de que trata o parágrafo único do art. 1º, o poder concedente poderá autorizar a implantação de projetos-piloto prévios à troca maciça dos medidores eletromecânicos por medidores eletrônicos, com duração de até 18 meses contados a partir da publicação desta Lei;

§ 3º O Poder Concedente deverá regulamentar o destino final dos medidores eletromecânicos descartados.

§ 4º - Caberá ao Poder Executivo implantar campanha de abrangência nacional de esclarecimento dos consumidores de energia elétrica quanto aos benefícios da substituição dos medidores, com ênfase na segurança do fornecimento, na qualidade do serviço, no uso eficiente da energia, possibilidade de novos serviços comerciais, microgeração e minigeração distribuídas, redução de perdas comerciais com impacto positivo sobre as tarifas;

§ 5º - Ao consumidor deverão ser disponibilizadas minimamente as seguintes funcionalidades: visualização de informações do sistema elétrico, acesso aos dados instantâneos e acumulados, energia elétrica ativa acumulada, fator de potência máximo e mínimo no ciclo de faturamento, postos tarifários;

§ 6º - O processo de substituição de medidores não poderá ter impacto superior a dois por cento sobre as tarifas.

Art. 5º. O consumidor de energia elétrica poderá produzir sua própria energia, parcial ou totalmente, e repassar eventuais excedentes para a rede elétrica.

§ 1º - Eventuais medições líquidas positivas ao final de um mês poderão ser utilizadas pelo consumidor em meses subseqüentes, até a data do reajuste da concessionária ou permissionária;

§ 2º - Medições líquidas positivas de energia ao longo de um ano, contabilizados na data do reajuste da concessionária ou permissionária, serão creditadas ao consumidor, em espécie, no valor da tarifa aplicável ao consumidor credor, na forma do regulamento;

§ 3º - O consumidor que queira instalar microgeração ou

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minigeração distribuída em sua unidade de consumo deverá registrar previamente sua intenção perante a concessionária ou permissionária de distribuição, com antecedência mínima de seis meses;

§ 4º - A concessionária ou permissionária de distribuição não poderá negar ao consumidor a solicitação de conexão de microgeração ou minigeração, salvo se apresentar, no prazo máximo de sessenta dias, relatório de inviabilidade técnica insanável ou de inviabilidade econômica, passível de fiscalização pelo poder concedente.

Art. 6º. Passados cinco anos a partir da publicação desta Lei, todo novo consumidor, independentemente de sua carga instalada, poderá adquirir energia no mercado livre, podendo escolher qualquer fornecedor, inclusive a concessionária ou permissionária de distribuição local.

Parágrafo único – O direito de escolha do fornecedor de

energia poderá ser estendido aos consumidores existentes, desde que a concessionária ou permissionária seja informada com antecedência mínima de dezoito meses

Art. 7º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICAÇÃO

O Brasil está atrasado em relação a outros países de mesmo porte econômico no que se refere à implantação de Redes Elétricas Inteligentes. Trata-se de uma verdadeira revolução na prestação dos serviços de energia elétrica, já iniciada em vários países da Europa, Estados Unidos e Ásia, com benefícios palpáveis aos consumidores, como redução de tarifa, maior transparência nas relações de consumo, direito de escolha do consumidor, extensão da atividade de geração também para pequenos consumidores, estímulo à expansão de fontes alternativas na matriz de energia elétrica.

Vários benefícios podem ser enumerados com a implantação das redes inteligentes: redução de custos com profissionais que medem o consumo mensalmente, com impacto positivo nos custos do serviço; aumento da eficiência operativa do sistema elétrico com redução de perdas

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técnicas; redução das perdas comercias, com impacto positivo na tarifa; aumento da confiabilidade da rede elétrica; antecipação à ocorrência de falhas; viabilização de microgeração e minigeração distribuídas, facultada a qualquer consumidor; universalização da tarifa horossazonal, que pode ser ajustada em função dos períodos do dia ou das estações do ano; viabilização de tarifação específica para consumo de veículos elétricos; acompanhamento instantâneo, por parte dos consumidores, de seus índices individuais de qualidade da energia fornecida pela concessionária ou permissionária; estímulo à economia de energia em horários de pico de consumo, o que resulta na postergação de investimentos e na redução de tarifas; possibilidade de o consumidor escolher o seu fornecedor de energia; possibilidade de instalação de tecnologias inteligentes interativas para otimizar a operação de aparelhos eletrodomésticos dentro das residências; viabilidade de técnicas avançadas de armazenamento de eletricidade e tecnologias de corte do pico de consumo, incluindo o uso de veículos elétricos e híbridos para gerar energia.

Urge, portanto, iniciar o processo de ajuste dos sistemas de distribuição de energia elétrica para alçá-los ao padrão de uma rede elétrica inteligente, pois é um processo lento, com duração da ordem de uma década.

O parque industrial brasileiro já tem capacidade para ofertar medidores eletrônicos, equipamento básico para a adoção de funcionalidades “inteligentes”, para todo o mercado brasileiro, em até em seis anos. Para isso, falta apenas se estabelecerem as especificações mínimas dos equipamentos.

Além dessas especificações, a proposição que ora apresento estabelece também diretrizes para acelerar esse salto de qualidade nos serviços de distribuição de energia elétrica e para popularizar a atividade de geração de energia, na forma de microgeração e minigeração.

Uma funcionalidade fundamental para essa atividade é a “medição líquida”, também conhecida como net metering, que é a capacidade de medir a energia em duas direções, fornecendo o valor líquido entre a energia consumida e a energia gerada (em kWh). Propomos sua adoção, pois ela não representa impacto tarifário direto para os consumidores. Trata-se de uma funcionalidade bastante racional, pois ela permite estimular a geração de energia alternativa, como cata-ventos residenciais, microgeradores de base térmica em porões, painéis fotovoltaicos, micro-usinas hidroelétricas, sem impacto direto nas tarifas.

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A outra modalidade de medição bidirecional em voga no mundo é o mecanismo de “tarifa diferenciada de alimentação” ou feed-in

tariff. Por esse mecanismo, a energia gerada pelo consumidor é tarifada a

um valor maior do que a tarifa da energia que ele consome da distribuidora. Isso garante ao consumidor-gerador uma viabilidade econômica ao seu investimento, e o sobrepreço resultante é repassado à tarifa de todos os outros consumidores. Trata-se do principal mecanismo de incentivo ao desenvolvimento de tecnologias de geração de energia renovável no mundo. Mas, ao longo do tempo, ele tem se mostrado uma catástrofe, pressionando fortemente as tarifas para cima. Consumidores da Alemanha e da Espanha já demonstram clara insatisfação pela explosão tarifária patrocinada pelos incentivos à geração fotovoltaica, e seus governantes começam a voltar atrás.

Outra iniciativa importante que aduzimos à proposição é a garantia do direito de qualquer novo consumidor escolher seu fornecedor de energia. A condição de consumidor livre dada a todos os consumidores novos dará mais estímulos concorrenciais ao setor, pois aumentará enormemente os consumidores e ofertantes de energia, reduzindo o poder de mercado de grandes players. Previsto no art. 15, § 3º, da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, esse direito nunca foi dado ao consumidor. Queremos que, em vez de ser condicionado à discricionariedade do poder concedente, esse direito seja obrigatoriamente outorgado ao final de cinco anos. A implantação de Redes Elétricas Inteligentes torna mais factível a garantia desse direito.

Por outro lado, a extensão desse direito aos consumidores existentes terá carência de vinte e quatro meses, para permitir que as concessionárias e permissionárias de distribuição tenham tempo para ajustar suas cargas aos contratos de longo prazo em vigor.

Em face da enorme importância da proposição que trago à consideração de Vossas Excelências, solicito o apoio para sua aprovação.

Sala das Sessões,

Referências

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