• Nenhum resultado encontrado

Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Vitália e na Azienda Ospedaliero Universitária di Ferrara (Arcispedale Sant Anna)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Vitália e na Azienda Ospedaliero Universitária di Ferrara (Arcispedale Sant Anna)"

Copied!
116
0
0

Texto

(1)

Farmácia Vitália

Gonçalo Dinis Correia Sousa

(2)

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Junho a outubro de 2020

Gonçalo Dinis Correia Sousa

Orientadora: Dra. Paula Nadais

Tutor FFUP: Professora Doutora Maria Beatriz Vasques Neves

Quinaz Garcia Guerra Junqueiro

(3)

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 19 de outubro de 2020 Gonçalo Dinis Correia Sousa

(4)

Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Farmácia Vitália e a toda a sua equipa por me terem acompanhado e orientado no decurso deste estágio profissionalizante. Graças ao conhecimento, não apenas sobre a vida da farmácia comunitária que todos, à sua maneira, me transmitiram, hoje sei que sou melhor Farmacêutico e um grande e longo caminho me espera, pela frente. Obrigado Dr. Armindo, Dr. Paulo, Dra. Paula, Dra. Catarina, Sr. José, Sr. António, Sr.

Sérgio, Luísa, Amélia, Laurinda, Alexandra, Maria José e Dona Gi.

Em segundo lugar, agradeço à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, aquela que, durante os últimos cinco anos, foi a minha primeira casa. Juntamente à Faculdade, o meu agradecimento a todos os Professores que fizeram este caminho possível, em especial à Professora Beatriz Quinaz, que me orientou desde o início e esteve sempre à disposição para me apoiar. À Professora Marta Correia da Silva, que me orientou durante a realização do meu projeto de investigação no Laboratório de Química Orgânica e Farmacêutica e me contagiou com o seu espírito de persistência, desde o primeiro dia. Finalmente, um agradecimento à Professora Isabel Luz, que reafirmou a minha paixão pela farmácia comunitária, espero tornar-me num décimo de farmacêutica que a Professora Isabel hoje é.

Às duas pessoas que sempre soube que estariam sempre à minha espera quando regressasse a casa – a minha mãe e o Tó – passaram cinco anos complicados, muitas vezes duvidando se eu estava a percorrer o caminho correto, mas tiveram sempre confiança em mim e nas minhas escolhas, confiança essa que sempre me esforcei por justificar. Sem vocês, não teria sido possível.

A todos os meus amigos, os que já vinham antes de eu ser parte da FFUP e àqueles que conheci durante estes 5 anos, serão para sempre.

À Praxe da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, que me juntei logo desde o primeiro dia e me mantive até ao último. A FFUP deu-me todas as ferramentas para ser um bom profissional de saúde, mas na Praxe tornei-me um homem, graças a todos aqueles que me praxaram, como a todos aqueles que praxei. Espero que um dia olhem para trás e também sintam que a Praxe da FFUP vos tornou melhores pessoas.

(5)

Resumo

O estágio curricular representa o culminar dos cinco anos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Ao longo deste percurso, toda a experiência adquirida nos cinco anos transatos é posta à prova e, com ela, o próprio estudante, como futuro profissional de saúde. O sentido de responsabilidade pela saúde pública, pelo bem-estar do utente, por representar o setor, por vestir a bata branca e, com orgulho, ser farmacêutico, mostram-se desde o dia que esta reta final começa a ser percorrida.

O presente relatório retrata aquela que foi a minha reta final, em farmácia comunitária, e o modo como a percorri. Tudo o que aprendi, os desafios que encontrei, a forma como os ultrapassei e tudo aquilo que pude e desejei fazer para dar o meu valor acrescentado a este final. O relatório está dividido em duas partes. A primeira parte relata tudo aquilo que aprendi nas diversas valências da farmácia comunitária e todas as atividades que realizei de forma a integrar-me e inteirar-integrar-me destas integrar-mesmas valências. Posto isto, a priintegrar-meira parte prende-se com a estrutura interna da Farmácia Vitália, local que me acolheu durante quatro meses e duas semanas e todas as atividades que integram o dia a dia do farmacêutico de farmácia comunitária – gestão da farmácia, gestão e funcionamento de um laboratório de manipulação de medicamentos, aconselhamento farmacêutico com dispensa de medicamentos ou produtos farmacêuticos e outros serviços de saúde. A segunda parte é referente aos projetos que desenvolvi durante o meu estágio na Farmácia Vitália, de forma a contribuir quer para a farmácia, quer para os utentes. O primeiro projeto relaciona-se com a reorganização do backoffice da farmácia, projeto que sugerir implementar para melhorar a organização interna e facilitar tanto a receção de encomendas, como o atendimento ao utente, uma vez que uma correta organização do backoffice funciona como a espinha dorsal de uma farmácia. O segundo projeto é relativo a uma formação interna aos colaboradores da farmácia, através de um guia de aconselhamento para os produtos de uso exclusivo veterinário. Este projeto permitiu aprofundar o meu conhecimento sobre este tema, para que o conseguisse transmitir a todos os colaboradores da farmácia, de forma a que tivessem uma melhor preparação para responder às necessidades dos utentes nesta área. O terceiro e último projeto é direcionado à consciencialização da população sobre a importância da vacinação contra a gripe. Visto que o meu estágio foi realizado durante a pandemia da Coronavirus Disease 2019, com a aproximação do inverno, tornou-se crucial sensibilizar os utentes para a importância da vacinação.

Em conclusão, considero que o estágio curricular em farmácia comunitária é uma mais valia para a fase final do curso. Ao longo destes meses, consegui pôr em prática muito daquilo que aprendi nos últimos anos e, ao mesmo tempo, perceber que ainda tenho muito para aprender. Felizmente, é uma nova etapa da vida que inicia e entro nela cheio de vontade de a viver, desafiar e conquistar.

(6)

Índice Geral

Declaração de Integridade ... II Agradecimentos... III Resumo ... IV Índice Geral ... V Índice de figuras ... VIII Índice de tabelas ... IX Índice de anexos ... X Lista de abreviaturas ... XI

Parte I – Farmácia Vitália ... 1

1. Introdução ... 1

2. Farmácia Vitália ... 2

2.1. Localização e Horário de Funcionamento ... 2

2.2. Direção Técnica e Recursos Humanos ... 3

2.3. Instalações ... 3 2.3. Equipamentos ... 4 2.4. Sistema Informático ... 4 2.5. Fontes de Informação ... 5 3. Gestão da Farmácia ... 5 3.1. Grupo de Compras ... 5 3.2. Gestão de stock ... 5 3.3. Realização de encomendas ... 6 3.4. Receção de encomendas ... 7 3.5. Armazenamento ... 8

3.6. Controlo dos Prazos de Validade ... 9

3.7. Devoluções ... 9

3.8. Laboratório de Manipulados ... 10

3.8.1. Receção e Armazenamento de Matérias-Primas ... 10

3.8.2. Manipulação e Determinação da Estabilidade ... 10

(7)

4. Dispensa de Medicamentos ... 12

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 12

4.1.2. Receita Médica ... 13

4.1.3. Medicamento Genérico ... 14

4.1.4. Sistema de Preços de Referência e Direito de Opção ... 15

4.1.5. Legislação Especial: Psicotrópicos e Estupefacientes ... 16

4.1.6. Regimes de Comparticipação ... 16

4.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 17

4.3. Medicamentos Manipulados ... 18

5. Dispensa de outros Produtos Farmacêuticos ... 18

5.1. Espaço Animal ... 18

5.2. Dispositivos Médicos ... 19

5.3. Suplementos Alimentares ... 19

5.4. Produtos para Alimentação Especial e Dietéticos ... 19

5.5. Produtos à Base de Plantas ... 20

5.6. Medicamentos Homeopáticos ... 20

5.7. Produtos de Cosmética e Higiene Corporal ... 20

5.8. Produtos de Puericultura ... 20

6. Outros Serviços de Saúde ... 21

7. Conferência de Receituário e Faturação ... 21

8. Formação ... 22

Parte II – Projetos Desenvolvidos ... 24

1. Reorganização logística do backoffice da Farmácia Vitália ... 24

1.1. Enquadramento e Objetivo ... 24

1.2. Métodos ... 25

1.2.2. Alterações Complementares ... 27

1.2.3. Reaproveitamento do armário “Perdidos” ... 28

1.2.4. Análise SWOT do Projeto ... 29

1.3. Resultados e Discussão ... 29

1.4. Conclusão ... 30

(8)

2.1. Enquadramento e Objetivo ... 31

2.2. Métodos ... 31

2.3. Resultados, Discussão e Conclusão ... 33

3. Consciencialização da população sobre a importância da vacinação contra a gripe ... 35

3.1. Enquadramento, Objetivo e Métodos ... 35

3.1.1. Influenzavirus ... 35 3.1.1.1. Glicoproteínas de Superfície ... 36 3.1.1.2. Patogénese ... 36 3.1.1.3. Tratamento farmacológico ... 37 3.1.1.4. Vacinação ... 38 3.1.2. Influenzavirus e COVID-19 ... 39

3.2. Resultados, Discussão e Conclusão ... 39

Conclusão ... 40

(9)

Índice de figuras

Figura 1 - Sugestão de reorganização das gavetas do backoffice ... 26 Figura 2 - Sugestão da nova identificação das gavetas ... 28 Figura 3 - Resultado da reorganização das gavetas do backoffice ... 29

(10)

Índice de tabelas

Tabela 1 – Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio profissionalizante ... 1

Tabela 2 - Requisitos de envio obrigatório ao Infarmed sobre estupefacientes e psicotrópicos 16 Tabela 3 - Formações frequentadas durante o estágio profissionalizante ... 22

Tabela 4 - Análise SWOT do Projeto (Strenghts; Weaknesses; Opportunities; Threats) ... 29

Tabela 5 - Fármacos aprovados para o tratamento de infeção causada por Influenza ... 37

(11)

Índice de anexos

Anexo I - Aspeto das gavetas do backoffice antes da reorganização ... 45

Anexo II - Aspeto das gavetas do backoffice depois da reorganização ... 46

Anexo III - Formação Interna: Guia de Aconselhamento Espaço Animal ... 47

Anexo IV - Consciencialização à vacinação contra a gripe ... 55

(12)

Lista de abreviaturas

AH Alliance Healthcare S.A.

ANF Associação Nacional de Farmácias CCF Centro de Conferência de Faturas

CNP Código Nacional de Produto

COVID-19 Coronavirus Disease 2019

CTT Correios de Portugal, S.A.

DCI Designação Comum Internacional

FC Farmácia Comunitária

FGP Formulário Galénico Português

FV Farmácia Vitália

HA Hemaglutinina

Infarmed Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P.

LM Laboratório de Manipulados

MG Medicamento Genérico

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia

MP Matéria-prima

MPF Medicamentos e Outros Produtos Farmacêuticos MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

NA Neuraminidase

PV Prazo de Validade

PVF Preço de Venda à Farmácia

PVP Preço de Venda ao Público

RCM Resumo das Características do Medicamento

SI Sistema Informático

(13)

Parte I – Farmácia Vitália

1. Introdução

Atualmente, a Farmácia Comunitária (FC) é a saída profissional com maior adesão, por parte dos estudantes que concluem o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Posto isto, é crucial que este ciclo de estudos inclua um estágio curricular que contemple esta área. Deste modo, os estudantes / futuros profissionais de saúde terminam a sua formação com uma excelente habilitação no ramo, devido a este contacto com a realidade profissional.

O meu estágio profissionalizante realizou-se na Farmácia Vitália (FV), sob a orientação da Dra.

Paula Nadais, e teve a duração de quatro meses e duas semanas, desde 1 de junho de 2020 a 16 de outubro de 2020. Devido à pandemia da Coronavirus Disease 2019 (COVID-19), cumpri um horário laboral de cinco horas diárias – turno da manhã (9h-14h) ou turno da tarde (14h-19h).

Na FV pude conhecer, experienciar e desenvolver várias atividades que fazem parte do dia a dia de um farmacêutico. Mais do que uma simples dispensa de medicamentos, o farmacêutico é o profissional de saúde que representa a primeira linha de contacto entre a população e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) por conseguinte tem uma missão, para com os utentes, como agente de saúde pública – promover o uso responsável do medicamento, esclarecer dúvidas, rever terapêuticas, garantir a adesão à terapêutica e promover hábitos de vida saudáveis. Em suma, aplicar o ato farmacêutico mais característico da profissão – o aconselhamento farmacêutico, que visa promover e melhorar a qualidade de vida da população.

Apesar das inúmeras desvantagens que a pandemia da COVID-19 trouxe ao mundo e à FV, reconheço que acelerou o meu processo de aprendizagem, que se encontra descrito na Tabela 1.

Tabela 1 – Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio profissionalizante

Atividade e Período

Descrição

Backoffice e Armazém

1 de junho a 16 de outubro

• Ambientação ao espaço e colaboradores da FV;

• Realização e receção de encomendas; • Realização de notas de devolução; • Organização das reservas;

• Etiquetagem de medicamentos e outros produtos farmacêuticos (MPF);

• Verificação dos prazos de validade; • Contacto com os diversos MPF, suas

apresentações e nomes comerciais • Leitura de documentos relativamente à

dispensa de receitas médicas manuais e testes bioquímicos.

(14)

Laboratório de Manipulados 22 a 24 de junho

17 a 28 de julho

• Receção e armazenamento das matérias-primas (MP);

• Cálculos de preços;

• Elaboração e impressão de rótulos; • Preenchimento das fichas de

preparação;

• Atualização dos documentos de suporte do laboratório; • Preparação de manipulados. Atendimento 15 de junho a 16 de outubro • Aconselhamento farmacêutico; • Dispensa de MPF; • Determinação de parâmetros bioquímicos;

• Realização de testes serológicos à COVID-19;

• Gestão em farmácia.

Projeto 1 • Sugerido: junho 2020

• Aplicado: setembro 2020

Projeto 2 • Sugerido: setembro 2020

• Aplicado: setembro 2020

Projeto 3 • Sugerido: setembro 2020

• Aplicado: outubro 2020

2. Farmácia Vitália

2.1. Localização e Horário de Funcionamento

Desde a data da sua inauguração, em 1933, que a FV se localiza na Praça da Liberdade, 37, 400-322 Porto, no mesmo edifício que alberga o Hotel InterContinental Porto. Com uma localização no centro histórico da cidade, com proximidade a transportes públicos como comboio, metro e autocarro, é um local que atrai um número considerável de turistas, trabalhadores dos espaços circundantes e utentes após consulta no Hospital Santo António.

A FV funciona, habitualmente, de segunda-feira a sexta-feira, das 8h30 às 21h e sábado, das 9h às 19h, encerrando aos domingos e feriados para descanso dos seus colaboradores. Devido à pandemia da COVID-19 e consequente perde de afluência de utentes, a FV viu-se obrigada a alterar os seus horários: segunda-feira a sexta-feira das 9h às 19h e sábado, das 9h às 13h. Após um longo período neste regime, progressivamente, os horários pré-pandemia foram repostos.

Anualmente, a Administração Regional de Saúde, com o consentimento da Associação Nacional de Farmácias (ANF) planificam o escalonamento dos turnos de serviço permanente das farmácias,

(15)

que mantêm o seu serviço da hora de abertura até à hora de encerramento do dia seguinte (Decreto-Lei n.º 53/2007, de 8 de março)1. Para o ano de 2020, o turno da FV ocorre a cada 45 dias.

2.2. Direção Técnica e Recursos Humanos

A equipa da FV é constituída pelo Diretor-Técnico, na figura do Dr. Armindo Cosme, três farmacêuticos, sendo eles o Dr. Paulo Pinho, a Dra. Paula Nadais e a Dra. Catarina Moutinho, seis técnicos de farmácia: Sr. António, Sr. Joaquim José, Sr. Sérgio, D. Luísa, D. Amélia e D. Laurinda, uma administrativa, D. Maria José e uma auxiliar de limpeza, D. Giselda. Posto isto, é cumprido o previsto nos Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto1 e no Decreto-Lei n.º 171/2012, de 1 de

agosto2, relativamente à composição da equipa de uma FC.

2.3. Instalações

2.3.1. Exterior

A FV encontra-se à face do passeio, sendo fácil o seu reconhecimento como espaço de saúde. Além disso, está identificada por uma placa com a inscrição “FARMÁCIA VITÁLIA”, logótipo da farmácia e, na montra, existe um documento visível com o nome da farmácia, contacto, a direção técnica e o horário de funcionamento.

2.3.2. Interior

As instalações internas da FV encontra-se dividida em três pisos e de acordo com a Deliberação n.º 1502/2014, de 3 de julho.3 No piso -1 situa-se a sala dos cacifos da equipa da FV, uma sala de

espera para os utentes que utilizam o serviço de Podologia, Massagem Terapêutica ou Consulta de Nutrição, a sala onde se realizam estes três serviços e mais 2 divisões recentemente remodeladas que irão albergar o museu público da FV - projeto previsto para 2020, mas que teve de ser adiado devido à pandemia da COVID-19.

O piso 0 pode ser divido em backoffice e frontoffice (área de atendimento ao público). No

backoffice existe uma sala de descanso para os colaboradores da farmácia e uma casa de banho.

Além disso, existe o gabinete de atendimento personalizado, onde se realizam as determinações dos parâmetros bioquímicos, prestação de primeiros socorros, administração de injetáveis, testes serológicos à COVID-19, furação de orelhas e atendimentos que necessitem de maior privacidade. Ainda no backoffice encontra-se o espaço destinado à receção de encomendas e o armazém principal dos MPF da FV, ambos com ligação direta ao frontoffice. Por sua vez, no frontoffice encontra-se a zona de entrada para a farmácia, consequentemente a zona de atendimento. Esta é uma zona ampla, com diversos lineares e expositores, dedicados aos vários produtos que a farmácia possui para venda – cosméticos, dispositivos médicos, higiene e limpeza, puericultura, dietética, suplementos alimentares e cuidados capilares. Possui também algumas gôndolas dedicadas à exposição de produtos sazonais e promoções. Os medicamentos veterinários e medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) encontram-se atrás dos balcões de atendimento e, no caso da organização dos MNSRM existe uma lógica de sazonalidade, relativamente àqueles que recebem um maior destaque nas prateleiras.

(16)

Finalmente, o piso 1 contempla o gabinete de serviços administrativos, o laboratório de manipulados (LM), uma biblioteca, um segundo armazém para os MPF excedentes que não têm espaço no armazém do piso 0, uma sala de reuniões e uma casa de banho.

A área interior da farmácia está equipada com sistema de alarme, extintores de incêndio e um sistema de higrómetros que controlam que a temperatura e humidade obedecem aos requisitos específicos: temperatura < 25ºC e humidade < 60%.4

2.3. Equipamentos

A FV dispõe de todo o tipo de equipamentos necessários ao bom funcionamento do dia a dia da equipa da farmácia. Os seis balcões de atendimento, o backoffice e o gabinete de serviços administrativos estão equipados com computadores com o programa Sifarma2000®. O armazém do

piso 0 possui um frigorífico onde se armazenam todos os medicamentos que necessitam de ser conservados entre os 2ºC e os 8ºC. O gabinete de atendimento personalizado possui um aparelho para a determinação dos parâmetros bioquímicos. Na zona de entrada da farmácia encontra-se uma balança e um tensímetro, para uso individual dos utentes. Também nesta zona, encontra-se uma máquina SafePayTM que permite um manuseamento de dinheiro num ciclo fechado, oferecendo uma

eficácia e segurança extrema. Finalmente, o LM está equipado com uma balança analítica, uma balança semi-analítica, um medidor de pH, um misturador automático unguator, um agitador magnético, um banho com termostato, uma autoclave e um frigorífico.

2.4. Sistema Informático

O sistema informático (SI) utilizado pela FV é o Sifarma2000®, criado e desenvolvido pela

empresa Glintt – Global Intelligent Technologies. Como seria de esperar, é um SI com uma interface intuitiva e de fácil compreensão. Cada colaborador tem as suas credenciais individuais de acesso. A sua utilidade ao quotidiano dos colaboradores da FV é indiscutível. Por um lado, tem um papel fundamental na gestão da farmácia, permitindo a consulta de stocks, prazos de validade, realização e receção de encomendas, entre outros. Por outro lado, no atendimento ao utente, minimiza e deteta eventuais erros humanos, enquanto facilita o acesso rápido a informação científica como posologia, interações medicamentosas e contraindicações, permitindo um melhor aconselhamento farmacêutico.

Todos os produtos movimentados dentro da FV têm uma ficha de identificação própria no SI, identificado através de um Código Nacional de Produto (CNP) ou um código associado internamente. Esta ficha de identificação, que pode ser consultada a qualquer altura, contém toda a informação científica do produto, assim como informação sobre gestão do seu stock e informação sobre a sua compra e venda.

Em caso de falha do sistema, a confidencialidade e preservação de dados é garantida, assim como a sua manutenção e verificação regular.5

(17)

2.5. Fontes de Informação

Como referido anteriormente, no piso 1 da FV, encontra-se uma biblioteca que permite aos colaboradores da FV um acesso rápido à informação científica, para qualquer esclarecimento de dúvidas, quer dos seus colaboradores, quer dos utentes. Dada a constante evolução e atualização da informação científica é fundamental que, não só estes documentos se mantenham atualizados, como também toda a equipa da FV.

De acordo com a exigência das Boas Práticas de Farmácia Comunitária 2015, Norma Geral sobre Infraestruturas e Equipamento5, a biblioteca da FV contempla o Prontuário Farmacêutico, a

Farmacopeia Portuguesa IX e os seus suplementos, o Formulário Galénico Português (FGP), o Código de Ética da Ordem dos Farmacêuticos, o Estatuo da Ordem dos Farmacêuticos, Livro de Reclamações e outros livros e revistas relacionadas com o setor da saúde.

Para além destas fontes de informação físicas, é importante realçar a utilização de bases de dados informáticos como o Infomed, para consulta do Resumo das Características do Medicamento (RCM) e a informação científica disponibilizada na ficha de identificação de cada produto, no SI.

Durante o meu estágio na FV, utilizei recorri várias vezes à informação presente no SI, para esclarecer dúvidas dos utentes, sobretudo relativas à posologia e efeitos secundários da medicação.

3. Gestão da Farmácia

3.1. Grupo de Compras

Um grupo de compras é um grupo constituído por várias farmácias com o objetivo de obter melhores condições comercias na compra de MPF, algo que não seria alcançável com condições individuais. Neste sentido, a FV pertence ao grupo Firstpharma, usufruindo de condições comerciais vantajosas em produtos presentes no portefólio do grupo. Este portefólio é criado consoante acordos estabelecidos entre o grupo e laboratórios, posteriormente disponibilizado em armazenistas responsáveis pela sua distribuição entre as farmácias do grupo. A fim de justificar o acordo feito, as farmácias do grupo passam a ter objetivos de vendas.

3.2. Gestão de stock

O stock da FV compreende todos os MPF disponíveis para venda ao público. Este stock deve satisfazer os pedidos dos utentes, sem existir um excesso de produtos que não são escoados e conduzam a prejuízos para a farmácia. A necessidade destes produtos é dependente de fatores como a procura/oferta, que tem uma variação sazonal, meio onde a farmácia se insere, espaço de armazenamento e capacidade financeira da farmácia. Posto isto, uma gestão racional do stock está intimamente ligada ao bom funcionamento e rentabilidade económica da farmácia.

Todos os movimentos de stock são registados no SI, de forma existir um controlo rigoroso, para que a informação no SI seja a mais próxima da realidade. Não obstante, esta informação é regularmente comparada com a realidade, de forma a minimizar eventuais erros de stock. O SI também estabelece uma relação entre os níveis mínimos e máximos de stock atribuído a cada MPF,

(18)

de forma a que quando o limite mínimo é atingido, o SI integra-o automaticamente na encomenda diária, sendo esta analisada e retificada, posteriormente. Esta funcionalidade do SI permite a rastreabilidade de cada MPF dentro da FC.

Durante o meu estágio tive particular atenção às discrepâncias de stock entre o SI e a realidade, anotando sempre qualquer diferença que encontrei, a fim de serem corrigidas, posteriormente.

3.3. Realização de encomendas

A realização de encomendas é, na sua maioria, feita diretamente ao distribuidor grossita. O principal distribuidor da FV é a Alliance Healthcare S.A.® (AH), que faz entregas duas vezes por dia.

A FV também trabalha com a Cooprofar® que faz uma entrega por dia. Para além dos distribuidores

grossistas, é possível efetuar encomendas diretamente aos laboratórios, uma vez que as condições comerciais oferecidas podem ser mais vantajosas, algo que se mostra particularmente útil em produtos como cosméticos, produtos sazonais e alguns medicamentos genéricos. Tendo em conta que a FV pertence ao grupo Firstpharma, este método de encomenda é muito utilizado, já que permite aumentar a rentabilidade económica.

A realização de encomendas ao distribuidor grossita pode ser efetuada via SI, ou via telefónica. Através do SI, existem quatro modalidades distintas: encomenda diária, encomenda instantânea, via verde e encomenda manual. Na FV é mais comum realizarem-se encomendas diárias e instantâneas. Relativamente à encomenda diária, o SI regista o stock dos MPF que atingiram o seu limite mínimo e cria uma proposta de encomenda. De acordo com a rotatividade dos produtos, o farmacêutico pode optar por manter determinado MPF nessa proposta ou removê-lo. Após a retificação e aprovação da encomenda diária, é emitida uma lista dos MPF encomendados que é enviada ao distribuidor grossita escolhido pelo farmacêutico. Este tipo de encomenda é feito uma vez por dia, preferencialmente na parte da manhã. A este processo diário, somam-se as outras modalidades de encomenda através do SI que decorrem ao longo do dia, durante o atendimento aos utentes e conforme as suas necessidades. A encomenda instantânea é particularmente útil quando não existe, na farmácia, o MPF que o utente necessita e este precisa de saber quando é que a farmácia o terá disponível. É uma encomenda que pode ser realizada através da ficha do produto, no SI. A encomenda através do “Projeto Via Verde do Medicamento” consiste numa encomenda instantânea por uma via excecional de acesso a medicamentos que apresentam disponibilidade reduzida, também conhecidos como rateados. Através de uma prescrição médica válida, a farmácia pode pedir um medicamento rateado através desta via, obtendo assim acesso ao

stock reservado deste medicamento. Finalmente, a encomenda manual é semelhante à encomenda

diária, mas sem a proposta do SI, ou seja, o farmacêutico deve escolher, individualmente, todos os MPF e quantidade respetiva que deseja encomendar. A encomenda via telefónica demonstra-se particularmente útil quando surgem dúvidas na encomenda de algum produto via SI, seja pelo CNP inativo, MPF novos, previsão para medicamentos esgotados voltarem ao mercado ou encomenda de medicamentos e produtos veterinários.

(19)

Relativamente à encomenda de medicamentos e produtos veterinários, estas eram feitas diretamente à GlobalVet®, distribuidor grossista pertencente à AH, mas dedicado apenas a esta

área, no entanto no decorrer do meu estágio a FV foi informada que a encomenda destes produtos deveria ser realizada diretamente à AH.

Devido à existência do LM, a FV tem a necessidade de realizar encomendas de MP para utilização no laboratório. Estas encomendas são feitas sempre que há falta ou quantidade reduzida de uma determinada MP, diretamente aos distribuidores grossistas, através do website oficial de cada um. Os distribuidores da FV são a Guinama®, Acofarma® e Fagron®.

A realização de encomendas é algo intrínseco ao dia a dia do farmacêutico. Durante o meu estágio na FV tive a oportunidade de realizar encomendas diárias, instantâneas, manuais e via telefónica. Além disso, pude observar a realização de encomendas de MP para o laboratório.

3.4. Receção de encomendas

A receção de encomendas é a porta de entrada de qualquer MPF na FC, portanto é fundamental que este processo seja feito com o maior rigor possível. As encomendas chegam à farmácia em contentores próprios identificativos do distribuidor e onde está assinalado o nome e morada da farmácia. No caso dos MPF que exigem uma conservação entre 2ºC e 8ºC, estes são enviados em contentores térmicos e colocados no frigorífico assim que chegam à farmácia, de modo a preservar o seu estado de conservação. Cada encomenda é associada a uma fatura que acompanha a encomenda. Nos casos raros em que tal não acontece, é necessário imprimir a fatura diretamente no website do distribuidor, onde a farmácia tem uma conta de cliente associada.

Naturalmente, o SI está preparado para a receção de encomendas, através do ícone “Receção de Encomendas”. O primeiro passo é selecionar a encomenda que se pretende rececionar, inserir os dados da fatura – número de fatura e valor líquido – e proceder à leitura ótica de cada produto ou inserção manual do seu CNP. No decorrer deste processo, deve dar-se especial atenção aos MPF com stock nulo ou negativo, uma vez que se deve atualizar o seu Prazo de Validade (PV) no SI. No caso específico de stock for negativo, esses MPF devem ser postos de parte, uma vez que correspondem a produtos já pagos pelos utentes e que estão associados a uma reserva. Após a inserção de todos os MPF no SI, o passo seguinte é confirmar se as quantidades faturadas correspondem às quantidades recebidas, ao mesmo tempo que se compara o Preço de Venda à Farmácia (PVF) do SI com o apresentado na fatura, sendo que se deve alterar o PVF do SI para corresponder à fatura. Finalmente, todos os MPF que não contém Preço Inscrito na Cartonagem são passíveis de terem o seu Preço de Venda ao Público (PVP) alterado consoante as margens de comercialização da farmácia. Para a conclusão da receção da encomenda, é fundamental verificar se o número de embalagens rececionadas corresponde ao número de embalagens faturadas e se o valor líquido da fatura corresponde ao valor indicado no SI. Após término da receção, o SI gera um documento que elenca os MPF rececionados. Este documento é impresso, agrafado à fatura associada à encomenda e arquivado, com o objetivo de comparar os dados do resumo mensal enviado pelos distribuidores à farmácia e por motivos de obrigação legal.

(20)

Qualquer irregularidade deve ser comunicada diretamente ao distribuidor grossista ou fornecedor.

A par da realização de encomendas, a receção das mesmas é outra atividade intrínseca ao quotidiano de um farmacêutico. No decorrer do meu estágio tive a oportunidade de receber várias encomendas, de variados fornecedores e laboratórios, assim como corrigir os PV, comparar o PVF com a fatura e estabelecer as margens de lucro, de acordo com o estabelecido pela FV. Relativamente à ocorrência de irregularidades, recordo-me de uma situação em que a farmácia recebeu uma embalagem de um produto que não tinha sido encomendado, assim como não recebeu a embalagem de um produto que tinha sido faturado. Ambas as situações foram reportadas ao distribuidor grossista para serem corrigidas.

3.5. Armazenamento

Após a entrada dos MPF no SI, segue-se o seu armazenamento, tendo em conta a preservação das suas características e da sua segurança. Os procedimentos de armazenamento devem garantir requisitos de conservação que incluem um controlo da ventilação, temperatura, humidade, luminosidade e higiene adequada.4 É importante procurar manter uma organização do espaço

disponível para armazenamento, de modo a facilitar o acesso aos MPF e facilitar a sua fluidez na farmácia. Com o intuito de gerir os prazos de validade corretamente, a FV aplica o conceito de “First

expired First out”, ou seja, dentro da organização de cada MPF, aqueles que apresentam um PV

mais curto estão mais acessíveis do que aqueles que apresentam um PV mais longo.

Na FV existem dois locais destinados ao armazenamento dos MPF. No piso 0, no backoffice, os MPF são guardados em gavetas deslizantes, separadas em 3 setores distintos. O primeiro setor é dedicado aos medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) éticos, MNSRM que não têm espaço para estarem expostos no frontoffice e alguns suplementos alimentares. O segundo setor é dedicado aos produtos para o controlo da Diabetes Mellitus e o terceiro setor contém todos os MSRM genéricos. Além disso, existem três grandes prateleiras para os produtos buco dentários, produtos para higiene íntima e champôs que não contenham um princípio ativo. Existe ainda um armário dedicado à arrumação dos restantes suplementos alimentares e produtos farmacêuticos que não estejam associados a nenhuma gama ou marca específica, mas que são requisitados pelos utentes, esporadicamente. É de destacar que o armazenamento dos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes é feito em local reservado e fora do alcance do público, separados dos restantes MPF.6 Quando qualquer um destes locais de armazenamento do piso 0 não tem capacidade para

armazenar mais MPF, estes vão para o armazém do piso 1. Para uma correta rotação de todos os MPF dentro da FV, é importante verificar que produtos estão no armazém do piso 1 e podem ser transferidos para o piso 0.

Diariamente, através do sistema de higrómetros, é garantido que os MPF estão armazenados a uma temperatura inferior a 25ºC e humidade inferior a 60%, enquanto os MPF que devem ser armazenados no frigorífico encontram-se entre os 2ºC e 8ºC.

(21)

Durante o meu estágio na FV tive a oportunidade de aplicar todas as regras de armazenamento seguidas pela farmácia e de fazer a verificação dos MPF existentes no piso 1, que podiam ser transferidos para o piso 0, algo que foi muito útil para conhecer os MPF existentes na farmácia e a sua localização. Mais ainda, procedi ao registo dos valores de temperatura e humidade.

3.6. Controlo dos Prazos de Validade

O controlo dos PV é feito diariamente, na receção de encomendas. Além disso, mensalmente, através do SI, é emitido o documento “Lista de Controlo do Prazos de Validade” que contém todos os MPF existentes na farmácia que expiram no período definido pelo operador que emite a lista, normalmente, no mês seguinte. Através de uma auditoria ao stock, compara-se não só os PV da lista com a realidade, mas também o seu o stock.7 Os MPF que expiram no mês seguinte são

colocados de parte para se proceder à sua devolução, posteriormente (que pode ou não ser aceite pelo fornecedor). Nos casos em que existe na farmácia MPF que expiram no mês seguinte, mas também outras unidades do mesmo MPF com um PV mais longo, este PV é anotado na lista, para ser atualizado no SI. No final da verificação de todos os MPF presentes na lista, recorre-se ao SI para atualizar stocks e PV.

O controlo dos PV foi a minha primeira tarefa na FV, algo que continuei a fazer no decorrer do meu estágio, tanto na receção de encomendas, como na verificação mensal. Visto que a verificação dos PV se realizava no início do mês anterior ao mês em que o MPF caduca, sugeri, no meu último mês de estágio, para os produtos de venda livre, que esta verificação fosse feita para os seis meses posteriores e estes produtos fossem colocados num local de destaque, fosse para os utentes, ou apenas para os colaboradores da FV. Desta forma, as possibilidades de venda destes produtos aumentariam, o que reduziria a perda económica para a farmácia, visto que alguns produtos não podiam ser devolvidos e acabavam por ir para o lixo. Além disso, sempre que se aconselhasse um destes produtos, deveria informar-se o utente, se o PV do produto fosse no mês seguinte.

3.7. Devoluções

Existem vários motivos que conduzem à devolução de MPF: PV ultrapassado, unidades danificadas, unidades enviadas por engano, unidades pedidas por engano, indicação da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P. (Infarmed) ou indicação do laboratório / fabricante. De forma obrigatória, a devolução de MPF, é feita através do Sifarma®, que contém um

ícone destinado a este processo - “Gestão de Devoluções”. Após preenchimento dos dados necessários, produtos a devolver, motivo da devolução, identificação do fornecedor, entre outros é emitida uma nota de devolução que é impressa em triplicado. Duas cópias, devidamente carimbadas e assinadas, são enviadas juntamente com os MPF e a terceira cópia é arquivada na farmácia até que a devolução seja aceite, para ser posteriormente regularizada. Quando aceite, o fornecedor pode enviar quer um produto de substituição, quer uma nota de crédito. Caso não seja aceite, os MPF em causa são processados na farmácia, sendo tomados como uma quebra e destruídos através do Sistema de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos.

(22)

3.8. Laboratório de Manipulados

O LM é uma das grandes valências da FV. Este é composto por duas bancadas centrais destinadas à manipulação, uma secretária com computador e impressora para registo informático quer das preparações, stock de MP, impressão de rótulos, encomendas de MP, entre outras ações, vários armários com prateleiras para armazenamento de MP, um armário com prateleiras para armazenamento das formulações preparadas e vários equipamentos necessários à preparação de manipulados. O LM tem a competência de manter o stock da manipulados com mais procura (solução de minoxidil 5%, pasta de Lassar, tópico para peladas) pronto a satisfazer as necessidades dos utentes, assim como manipular qualquer fórmula magistral ou oficinal que lhe seja pedido (cápsulas multivitamínicas, por exemplo). O LM segue todas as imposições descritas na Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho relativamente às boas práticas na preparação de medicamentos manipulados, em farmácia de oficina (pessoal, instalações, equipamentos, documentação, MP, materiais de embalagem, manipulação e controlo de qualidade).8

3.8.1. Receção e Armazenamento de Matérias-Primas

Aquando da chegada ao laboratório, todas as MP são conferidas e registadas num documento informático. Este documento deve conter a denominação farmacopeica da MP, PV, lote, data de compra, quantidade, preço custo, fornecedor, prateleira em que está armazenada no LM e com qual Farmacopeia está de acordo (normalmente a europeia), cumprindo o disposto no FGP.9 Finalmente,

na embalagem da MP, escreve-se o número da prateleira em que será armazenada, com exceção das MP voláteis que têm uma prateleira própria.

3.8.2. Manipulação e Determinação da Estabilidade

Dada a elevada demanda de medicamentos manipulados, o LM tem uma produção diária quer de formulações magistrais, quer de formulações oficinais. Relativamente às formulações magistrais, estas são produzidas após a entrega de uma prescrição médica pelo utente, seja no balcão de atendimento, seja via informática e podem ser para uso humano ou veterinário. Caso o pedido seja feito presencialmente, agrafa-se uma senha cor-de-rosa à receita, onde se regista o nome e contacto do utente. O utente recebe uma vinheta da mesma cor, com um número de série igual ao número da senha agrafada à receita, de modo a facilitar a identificação e entrega do manipulado, aquando do seu levantamento, por parte do utente.

Durante a preparação, é obrigatório preencher a ficha de preparação do manipulado, que contém as seguintes informações:

a) Identificação do utente e médico prescritor (se aplicável); b) Tipo de formulação;

c) Identificação, lote, origem, quantidade calculada e quantidade pesada de cada MP; d) Procedimento da manipulação, passo a passo e nome do operador;

e) Quantidade preparada, tipo de embalagem utilizada, preço e PV; f) Características organoléticas da preparação;

(23)

Este procedimento é importante para a rastreabilidade do produto e eventual deteção de erros. Além disso, dada o longo historial da FV na preparação de manipulados, o LM arquiva todas as fichas de preparação informaticamente, de modo a facilitar a sua consulta, caso seja necessário voltar a manipular a mesma formulação. Deste modo, dispensa a procura exaustiva no FGP, apesar de o ter sempre à disposição.

Finalizada a preparação, é determinada a estabilidade do produto tendo por base o FGP: a) “Preparações líquidas não aquosas e preparações sólidas – quando a origem da substância

ativa (SA) é um produto industrializado, o PV do medicamento manipulado será 25% do tempo que resta para expirar o PV do produto industrializado, num período máximo de 6 meses;

b) Preparações líquidas que contêm água (preparadas com SA no estado sólido) – PV não deve ser superior a 14 dias, devendo este ser conservado no frigorífico;

c) Restantes preparações – O PV deverá corresponder à duração do tratamento, num prazo máximo de 30 dias.”10

3.8.3. Cálculo do Preço e Rotulagem

O cálculo do preço de venda ao público é efetuado com base na Portaria n.˚ 769/2004, de 1 de julho e é o resultado da aplicação da fórmula: (Valor dos honorários + Valor das MP + Valor dos materiais de embalagem) x 1,3, acrescido o valor do IVA à taxa em vigor (6%, neste caso).11 O valor

dos honorários é calculado com base num fator F, atualizado anualmente, baseado na proporção do crescimento do índice de preços ao consumidor divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística, para o ano anterior àquele a que respeita (o valor estabelecido para 2020 é de 5,05).11 Este valor é

depois multiplicado por outro valor, consoante a forma farmacêutica e quantidade do produto final.11

O valor das MP é calculado multiplicando o valor da aquisição da MP, após deduzido o IVA respetivo, por um fator que depende da maior das unidades de peso (grama) que forem utilizadas ou dispensadas, e que também é definido pela Portaria n.˚ 769/2004, de 1 de julho.11 O valor dos

materiais de embalagem é calculado multiplicando o valor da aquisição, após dedução do IVA respetivo, pelo fator 1,2.

O passo final na preparação de um manipulado é a rotulagem. O rótulo deve conter o maior número de campos preenchidos, de entre os seguintes: lote, identificação do utente, identificação do médico prescritor, fórmula, data de preparação, PV, custo. Sempre que aplicável, deve conter a inscrição “Agitar antes de usar” ou “Conservar no frigorífico”. Além disso, a inscrição “Manter fora do alcance das crianças” é sempre incluída.

Durante as semanas que estive no LM, fui desafiado a pesquisar, no FGP, a estabilidade de cada preparação que ajudei a manipular, assim como a proceder ao cálculo do preço, elaboração do rótulo e preenchimento da ficha de preparação, sempre com a verificação final da Dra. Paula Nadais. As preparações que ajudei a manipularam foram: supositórios de glicerina (indicados para obstipação), vaselina enxofrada 10% (indicada para escabiose), álcool-gel (indicado para desinfeção das mãos), cápsulas multivitamínicas e pó antitranspirante.

(24)

4. Dispensa de Medicamentos

A dispensa de medicamentos é uma das atividades centrais da FC e do farmacêutico. Este deve promover, sempre, uma utilização segura, racional e eficaz do medicamento, garantindo, simultaneamente, que o utente possui toda a informação necessária para a utilização do mesmo. Dado que o farmacêutico é o único profissional de saúde que se situa entre o utente e a toma do medicamento, tem a obrigação de manter o seu conhecimento atualizado, para que o seu papel esteja sedimentado nos pilares da qualidade e rigor.

Segundo o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, os medicamentos de uso humano podem ser classificados como MSRM, MNSRM e Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF).12

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

De acordo com a legislação portuguesa, são sujeitos a receita médica os medicamentos que preencham uma das seguintes condições:

a) “Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica; b) Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam; c) Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade e/ou

reações adversas seja indispensável aprofundar; d) Destinem-se a ser administrados por via parentérica.”12

Posto isto, a dispensa de MSRM implica a apresentação de uma receita médica, documento através do qual são prescritos, por um médico, um ou mais medicamentos.12

Os MSRM podem ainda ser classificados como:

a) Medicamentos de receita médica renovável: medicamentos que se destinem a determinadas doenças ou a tratamentos prolongados e possam ser adquiridos mais de uma vez, sem necessidade de nova prescrição médica e respeitando a segurança da sua utilização;

b) Medicamentos de receita médica especial: medicamentos que contenham uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópico, possam originar abuso medicamentoso, criar toxicodependência, ser utilizados para fins ilegais, contenham uma substância que, pela sua novidade ou propriedades, seja justificável ser incluída nesta classificação, por precaução;

c) Medicamentos de receita médica restrita: medicamentos cuja utilização deva ser reservada a certos meios especializados – uso exclusivo hospitalar, patologias cujo diagnóstico seja feito em meio hospitalar ou estabelecimentos diferenciados para esse propósito ou medicamentos cuja utilização seja suscetível a reações adversas graves,

(25)

requerendo não só uma receita médica restrita, como também vigilância durante o tratamento.12

4.1.2. Receita Médica

O Despacho n.º 2935-B/2016 tornou obrigatória a prescrição médica por meios eletrónicos.13

Esta pode ser feita através de uma receita eletrónica desmaterializada, também conhecida como receita sem papel, na qual a sua prescrição é acessível e interpretável apenas por equipamentos eletrónicos com um software adaptado para tal.13 Todavia, quer no momento da prescrição, quer na

FC, esta receita pode ser materializada através da sua impressão. Estas receitas apresentam a enorme vantagem de poderem ser acedidas várias vezes, antes de totalmente dispensadas ou caducadas. Nos casos em que o tratamento é de curta e média duração, cada medicamento pode ser prescrito numa quantidade de duas unidades, com uma validade de 30 dias. Nos casos em que o tratamento é de longa duração, existe a possibilidade de prescrever seis unidades, com uma validade de 6 meses.13

A receita eletrónica tem como elementos fulcrais ao seu funcionamento:

a) Código de matriz: código identificativo gerado pelo sistema para acesso à receita;

b) Código de acesso e dispensa: código que permite o acesso, individual e restrito, à receita eletrónica ou materializada;

c) Código de direito de opção: permite o exercício da opção por linha de prescrição no momento da cedência de medicamentos;

d) Linhas de prescrição: itens prescritos com correspondência direta com o Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos ou outro código próprio do produto que permita a sua identificação;

e) Designação comum internacional (DCI) da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a quantidade e a posologia. Identificação do local de prescrição, médico prescritor; utente (nome e número ou identificação de beneficiário de subsistema), entidade financeira responsável e a referência ao regime especial de comparticipação de medicamentos (se aplicável);

f) Sobre prescrição médica constam ainda outras condicionantes no regime jurídico correspondente.14,15

No dia 30 de julho de 2020, a FV, assim como todas as FC, recebeu uma circular da ANF relativamente a alterações às normas de dispensa de medicamentos por via eletrónica. Esta circular relembrava que a Portaria n.º 284-A/2016 alterou as normas referidas, mas apenas no decorrer do ano de 2020 é que os diversos fornecedores de SI aplicaram essas alterações aos respetivos SI. Assim sendo, a partir do dia 3 de agosto de 2020, foi introduzido um limite ao número de embalagens dispensadas por mês, por utente e por receita:15

a) No máximo duas embalagens do mesmo medicamento;

(26)

Todavia, o utente pode adquirir um número de embalagens superior, mediante uma das justificações apresentadas pelo sistema, sendo estas:15

a) Quantidade de embalagens para cumprir a posologia é superior a duas embalagens por mês (ou quatro embalagens por mês, no caso das embalagens unitárias);

b) Extravio, perda ou roubo de medicamentos; c) Dificuldade de deslocação à farmácia; d) Ausência prolongada do país.

Apesar da obrigação de prescrição por meios eletrónicos, existem algumas exceções que permitem a prescrição manual, sendo elas: falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio, ou outras situações. Por prescritor, existe um máximo de quarente prescrições manuais, por mês. Para a dispensa deste tipo de receita, o farmacêutico deve confirmar que os seguintes campos estão corretamente preenchidos: dados do utente, entidade que comparticipa, exceção para a prescrição, local de prescrição, assinatura e vinheta do médico, validade da prescrição (30 dias) e número de embalagens. Em cada receita manual só podem ser prescritos até 4 medicamentos diferentes, num total de 4 embalagens por receita. Além disso, só podem ser prescritos no máximo 2 embalagens de cada medicamento, com exceção dos medicamentos de embalagem unitária em que podem ser prescritas 4.16

No decorrer do estágio, pude reparar que a grande maioria das pessoas sabe como proceder com uma receita médica eletrónica, quer a tenha em papel, ou num dispositivo eletrónico. Aquando da alteração limite para duas caixas por linha de prescrição, por mês, achei que ia ser uma alteração má recebida pelos utentes, no entanto sucedeu exatamente o oposto, visto que aceitavam levar apenas duas caixas, após ouvirem a explicação da nova lei. Além disso, aqueles utentes que se inseriam nas justificações pré-definidas fizeram sempre perguntas no sentido de saber se existia algum tipo de exceção à lei.

4.1.3. Medicamento Genérico

Segundo o Decreto-Lei n.º 128/2013, de 5 de setembro, considera-se como medicamento genérico (MG) todo o “medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bio equivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados”.17 Além disso, quer

a embalagem primária, quer a embalagem secundária devem identificar o MG pelo DCI respetivo forma farmacêutica, dosagem e incluir a inscrição “MG”. O medicamento de referência é aquele que “foi autorizado com base em documentação completa, incluindo resultados de ensaios farmacêuticos, pré-clínicos e clínicos”.17

O mercado dos MG sofreu um grande crescimento nos últimos anos, desde a existência de regimes jurídicos próprios à apesar da massificação deste mercado, por parte das indústrias e ainda à consciencialização de profissionais de saúde e utentes. Atualmente, a utilização de MG é recorrente tanto para utentes que fazem medicação para patologias crónicas, como utentes que fazem medicação pontual e única. Apesar das vantagens económicas quer para o SNS, quer para

(27)

os utentes, ainda existe alguma relutância em relação à utilização dos mesmos, quer por profissionais de saúde, quer pelos utentes, muitas vezes resultante de iliteracia.

Perante este obstáculo, ao longo do estágio aproveitei várias oportunidades para desmistificar e esclarecer preconceitos, mitos e falácias quer de utentes, quer de outros profissionais de saúde para que o direito à escolha de um MG, em detrimento de um medicamento de marca, seja baseado no conhecimento. Após estas explicações, vários utentes ficaram agradecidos pelo tempo dedicado à questão e acabaram mesmo por levar um MG.

4.1.4. Sistema de Preços de Referência e Direito de Opção

De forma a diminuir a despesa pública, o Estado Português criou um sistema de preços de referência na comparticipação dos medicamentos. Este sistema é aplicável aos medicamentos comparticipados, incluídos em grupos homogéneos, e que sejam prescritos e dispensados no âmbito do SNS. Um grupo homogéneo é um conjunto de medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, forma farmacêutica, dosagem e via de administração, no qual é incluído, no mínimo, um MG existente no mercado.18 O preço de referência

corresponde ao valor sobre o qual incide a comparticipação do Estado Português no preço dos medicamentos incluídos em cada um dos grupos homogéneos, de acordo com o escalão ou regime de comparticipação que lhes é atribuído. A cada grupo é atribuído um preço de referência, valor esse correspondente à média dos cinco medicamentos mais baratos existentes no mercado. A cada três meses, ocorre uma revisão do preço dos medicamentos, o que pode provocar alterações nas comparticipações. Posto isto, de forma a garantir a opção de escolha ao utente, qualquer FC deve dispor de, pelo menos, três medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, de entre os cinco mais baratos.19

Como referido anteriormente é dever do farmacêutico e colaboradores qualificados informarem o utente da existência de medicamentos dentro do mesmo grupo homogéneo, podendo o utente fazer a escolha. No entanto, em algumas situações, o médico pode enumerar algumas exceções, que restringem o direito de opção do utente:

a) medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito, de acordo com informação cedida pelo Infarmed;

b) perante suspeita de intolerância ou reação adversa (previamente reportada ao Infarmed) a um dado medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado com outra denominação comercial;

c) no caso da prescrição de um medicamento destinado a assegurar a continuação de um tratamento com duração superior a 28 dias.12

Perante as exceções a) e b), o utente perde o seu direito de opção. No que diz respeito à exceção c), o utente pode exercer esse direito caso tenha preferência por um medicamento de preço inferior ao prescrito.12

(28)

4.1.5. Legislação Especial: Psicotrópicos e Estupefacientes

Os psicotrópicos e estupefacientes são medicamentos com uma ação farmacológica marcada a nível do sistema nervoso central, por conseguinte esta ação é potencialmente perigosa, podendo criar dependência física e psíquica, assim como abuso medicamentoso. Estes factos obrigam a que estes medicamentos sejam controlados em todo o seu circuito, desde a aquisição pela FC à dispensa ao utente, passando pelo armazenamento.6

O levantamento desta medicação pode ser feito pelo próprio utente ou por um representante. Uma vez que o SI obriga a inserção no nome, morada, data de nascimento, número do cartão de cidadão e data de validade do cartão de cidadão, quer do utente que toma a medicação, quer do utente que faz o levantamento da mesma, é obrigatório este registo no SI. No final da dispensa, o SI emite um talão de dispensa de psicotrópicos e estupefacientes, que é automaticamente impresso em duplicado e arquivado na farmácia.

Para encerrar o circuito de controlo desta medicação, qualquer FC deve seguir as indicações da Tabela 2.

Tabela 2 - Requisitos de envio obrigatório ao Infarmed sobre estupefacientes e psicotrópicos

Documento

Periodicidade de envio

Cópia de Receitas Manuais Mensalmente

Até ao dia 8 do mês seguinte

Registo de Saídas Mensalmente

Até ao dia 8 do mês seguinte

Mapa de Balanço Anualmente

Até 31 de janeiro do ano seguinte

4.1.6. Regimes de Comparticipação

Quando é realizada a dispensa de MSRM, na sua maioria é aplicada uma comparticipação e o utente paga apenas uma parte do PVP desses medicamentos, sendo que o montante restante é assegurado pelo SNS. Atualmente estão em vigor dois tipos de regimes, o Geral e o Excecional. Quanto ao regime Geral, existem quatro escalões de comparticipação de medicamentos, dependendo da sua classificação farmacoterapêutica:20,21

a) Escalão A: comparticipação de 90% do PVP; b) Escalão B: comparticipação de 69% do PVP; c) Escalão C: comparticipação de 37% do PVP; d) Escalão D: comparticipação de 15% do PVP.

O regime excecional de comparticipação prevê dois tipos de comparticipação, que são representados pela letra R ou O. No caso dos pensionistas, letra R, estes beneficiam de um acréscimo de 5% de comparticipação ao escalão A e 15% aos restantes escalões. Todavia, caso o

(29)

utente pensionista opte por um medicamento pertencente a um dos cinco mais baratos do grupo homogéneo respetivo, a comparticipação é de 95% para o conjunto de escalões. Relativamente à letra O, esta é associada a medicamentos utilizados em determinadas patologias ou a grupos especiais de utentes. Nestes casos, existe uma legislação própria com o valor de comparticipação variável, devendo o prescritor indicar, na receita, o documento legal correspondente à patologia ou ao grupo de utentes em questão. 16,18,20,21

A comparticipação de medicamentos pode ainda derivar de subsistemas de saúde privados como o Serviços de Assistência Médico Social do Sindicato de Bancários do Norte. Nestes casos, o utente possui um cartão associado a um número de beneficiário que deve ser inserido no SI para que seja aplicada a comparticipação associada ao subsistema de saúde, podendo, por vezes, chegar a 100% de comparticipação.16,18,20,21

Finalmente, as tiras-teste para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria, assim como as agulhas, seringas e lancetas usadas no controlo da Diabetes Mellitus são comparticipadas pelo SNS, ou outras entidades, com uma comparticipação de 85% e 100%, respetivamente.20,21

4.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Os MNSRM são todos aqueles medicamentos que não cumprem os requisitos para serem classificados como MSRM e, tal como o nome indica, não necessitam de receita médica para serem adquiridos pelos utentes. No dia a dia da FC são referidos como “medicamentos de venda livre” e não têm direito a comparticipação, portanto o seu PVP é definido pela farmácia, segundo as suas margens comerciais. Existem algumas exceções que, por terem direito a comparticipação, o seu PVP é fixado da mesma forma que os MSRM.

Tendo em conta que são medicamentos que contêm substâncias ou misturas de substâncias utilizadas na prevenção, tratamento e diagnóstico de patologias, devem ser dispensados por um profissional de saúde, de forma consciente e responsável. Neste ponto, o farmacêutico tem um papel fundamental na recolha de informação necessária para avaliar corretamente o problema do utente e a melhor forma de o resolver, tendo em conta todos os fatores intrínsecos ao utente (idade, género, gravidez, amamentação, alergias, comorbidades, outra medicação que toma, entre outros).16

Desde 2013, existe uma subcategoria dos MNSRM designada MNSRM-EF que, que pelas suas características e patologia a que se destinam tornam-se “eletivos para dispensa sob a supervisão de um farmacêutico por questões de segurança e eficiência na sua utilização”. O Infarmed emite protocolos de dispensa para estes medicamentos e regula a lista de MNSRM-EF autorizados, tendo em conta as seguintes cláusulas;

a) DCI e as indicações terapêuticas constam da lista publicada pelo Infarmed na sua página

(30)

b) RCM e Folheto Informativo propostos, além de cumprirem os requisitos estabelecidos para MNSRM, estão de acordo com o correspondente protocolo de dispensa constante da lista de protocolos de dispensa disponibilizada pelo Infarmed na sua página web;

c) Dimensão da embalagem proposta está de acordo com o protocolo mencionado ou não excede o número de unidades necessárias à administração do medicamento pelo período aconselhado nesse protocolo.16

A dispensa de MNSRM ocorre, todos os dias, na FC e é, naturalmente, acompanhada do aconselhamento farmacêutico. A recolha de informação antes da dispensa é fundamental, visto que me apercebi, por várias vezes das perceções erradas dos utentes em relação à medicação. Recordo-me de uma senhora que queria adquirir um corticoide tópico para tratar uma infeção fúngica – neste caso esclareci a senhora da não necessidade ou adequação do corticoide e aconselhei um creme antifúngico.

4.3. Medicamentos Manipulados

No dia 24 de fevereiro de 2020, a ANF enviou uma circular a todas as FC relativamente aos medicamentos manipulados comparticipados pelo SNS. Esta circular informava que, a partir do dia 26 de fevereiro de 2020, os medicamentos manipulados comparticipados pelo SNS apenas seriam aceites para conferência pelo Centro de Controlo e Monitorização do SNS, se dispensados através dos respetivos códigos oficiais. Estes 168 códigos foram atribuídos pelo Infarmed, tendo por base o Despacho n.º 18694/2010 e encontram-se disponíveis para serem reconhecidos pelo SI.22

5. Dispensa de outros Produtos Farmacêuticos

A venda e aconselhamento sobre estes produtos é o mais desafiante para o farmacêutico, uma vez que deve ter um conhecimento robusto sobre os produtos para corresponder às necessidades do utente da melhor maneira possível. Durante o meu estágio na FV realizei vários atendimentos sobre este tipo de produtos, sendo que os produtos do Espaço Animal, cosmética, higiene corporal e suplementos alimentares são os mais requisitados pelos utentes, consequentemente aqueles que suscitam mais dúvidas ao balcão.

5.1. Espaço Animal

O Espaço Animal é a secção da FV que contém todos os medicamentos e outros produtos de uso exclusivo veterinário. Segundo Decreto-Lei n.º 148/2008, um medicamento veterinário é “toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas.”.23

No que toca ao Espaço Animal os produtos que apresentam maior rotação, no caso dos animais de companhia são os antiparasitários quer externos, quer internos e, no caso dos animais de criação, são os suplementos alimentares. O conhecimento sobre estes produtos mostrou-se

(31)

particularmente relevante nos casos em que utentes já tinham aplicado o antiparasitário ao animal de companhia e não estava a ter efeito. Isto deveu-se a aplicação errado do antiparasitário, administração de um antiparasitário para o peso errado ou aplicação de um antiparasitário desadequado, tendo em conta o meio em que o animal se insere.

5.2. Dispositivos Médicos

Um dispositivo médico é qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software¸ material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, cujo principal efeito pretendido no ser humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios.24 São controlados pelo Infarmed e agrupados em classes de risco,

segundo a duração da sua utilização e necessidade de invasão do corpo humano.25 Exemplos de

dispositivos médicos são: tiras e lancetas para a monitorização da glicémia, testes de gravidez, pensos rápidos, ligaduras, compressas, termómetros, meias de descanso, entre outros.25

5.3. Suplementos Alimentares

Os suplementos alimentares são géneros alimentícios que se destinam, tal como o nome indica, a suplementar / complementar um regime alimentar normal, sendo esta a principal premissa que o farmacêutico deve transmitir aos utentes. Constituem fontes concentradas de determinadas substâncias ou nutrientes com efeitos nutricionais ou fisiológicos.26 Existe uma vasta panóplia deste

tipo de produtos, sendo a sua necessidade sazonal, no entanto, os multivitamínicos, suplementos à base de magnésio e suplementos à base de arginina são os mais requisitados.

Sobre os suplementos alimentares, dou o exemplo de um atendimento em que pude aconselhar uma utente que pediu magnésio, achando que era o mais indicado para reforçar o sistema imunitário. Neste caso, esclareci-a que o magnésio tinha um efeito relacionado com a manutenção dos músculos que o mais indicado o reforço do sistema imunitário seria um medicamento contendo vitamina C, zinco, equinácea e própolis. Após uns dias, a utente regressou à farmácia para adquirir mais duas caixas do medicamento, para o marido e filho.

5.4. Produtos para Alimentação Especial e Dietéticos

Os produtos para alimentação especial distinguem-se largamente dos géneros alimentícios comuns. São produtos sujeitos a uma formulação e processamento especial, destinados a uma alimentação especial para utentes com capacidade de alimentação limitada, diminuída ou alterada e consumidos sob supervisão médica.27 Os utentes que recorrem a este tipo de produtos são:

a) Aqueles cujo processo de alimentação ou metabolismo se encontra perturbado;

b) Aqueles que se encontram em condições fisiológicas especiais, podendo retirar benefícios da ingestão controlada de determinadas substâncias contidas nos alimentos;

c) Lactentes e crianças entre 1 a 3 anos de idade, em bom estado de saúde.27

Este tipo de produtos foi sempre requisitado por utentes que sabiam exatamente o que queria, visto que são produtos que fazem parte da sua alimentação diária. Além disso, o facto da FV possuir

Referências

Documentos relacionados

A hipótese de reconhecimento da insignificância de uma conduta criminosa praticada contra o patrimônio público leva em conta a mínima lesão ao bem jurídico tutelado, bem como o fato

Mutations affecting the catalytic subunit POLγA, encoded by the nuclear gene POLG are a major cause of mitochondrial disease, being highly heterogeneous – PEO, Parkinsonism,

As there is no current values for health impacts of fungi and bacteria on beach sand, we herewith aim to propose thresholds values for the six parameters

Fonte: ARS Norte, Departamento de Saúde Pública, 2017; gentilmente cedido por Dr.ª Manuela Mendonça

Considerando níveis de dispersão residual por secção de fibra entre os 0% e os 100%, com incrementos de 10%, foi efectuada a propagação do sinal QPSK e de seguida aplicado o método

Assinalava a «doença» da França (e a história mostrou a sua imediata rendição) na «exibição de todos os encantos do ceticismo»; a energia do querer na Alemanha e

Sobretudo a obra L’imaginaire des langues, mas do mesmo modo como em diversos outros momentos de seu trabalho, o autor utiliza-se do prisma das línguas e da escrita para focalizar,

- O estudo contribuiu para a compreensão dos fatores envolvidos com a exposição ao nano-TiO 2 mostrando que além do organismo teste, a sua toxicidade depende das. condições