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Misael Nascimento e Ivonete Porto

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Academic year: 2021

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Texto

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A doutrina

da salvação

P

REFÁCIO

DE

Solano Portela

QUEDA

CRIAÇÃO

Misael Nascimento e Ivonete Porto

Série discipulado maduro e reprodutivo

1

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orto

A doutrina da salvação:

Criação e queda

(Série discipulado maduro e reprodutivo)

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© 2018 Misael Nascimento e Ivonete Porto

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou

transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico,

includo fotocópia, gravação ou qualquer tipo de sistema de armazenamento e transmissão de

in-formação, sem prévia autorização, por escrito, dos autores.

Editor: Misael Nascimento

Revisão: Ivonete Porto e Alain Paul Laurent Rocchi

Capa, projeto gráfico e diagramação: Misael Nascimento

Conversão para e-Book: Misael Nascimento

Web site com recursos didáticos adicionais:

http://www.misaelbn.com/livros/

Dados para contato: Fone: 55-017-98149-4342

E-mail: livros@misaelbn.com

1ª edição – 2018

NASCIMENTO, Misael Batista. PORTO, Ivonete Silva.

A doutrina da salvação: Criação e queda / Misael Nascimento e Ivonete Silva. São José do Rio Preto: Misael Nascimento, 2018. (Série discipulado maduro e reprodutivo).

ISBN [NOVO REGISTRO]

1. Religião 2. Gênero humano — criação; tentação; liberdade; pecado 3. Doutrina da salvação (soteriologia) — teologia do pacto; os cinco pontos do Calvinismo ou TULIP I. Título

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Dedicamos estes estudos a Deus, supremo benfeitor, que nos criou para sua glória no

desfrute da comunhão e obediência de sua aliança.

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Prefácio

Conheço já há anos os autores deste livro. O Rev. Misael Nascimento, pastor dedicado de ministérios longos nos locais onde Deus o colocou, além de inúmeras habilidades técnicas e artísticas, que por si já o colocariam em destaque, tem um interesse todo especial pela educação. Essa característica foi demonstrada de forma abrangente, na gestação e administração de uma escola cristã de educação bá-sica, ligada à igreja que pastoreava, e, mais especificamente, na educação religiosa do povo de Deus. Acompanhei também sua incansável jornada galgando etapas acadêmicas, com vistas à excelência de ensino no seu ministério. Acima da formação teológica e dos cursos de especialização, completou um bem-sucedido doutorado com titulação conjunta binacional, do Centro Presbiteriano de Pós-Gradua-ção Andrew Jumper e do Reformed Theological Seminary. Agrega ao texto de fácil assimilaPós-Gradua-ção, luci-dez de análise e lógica na apresentação. Mas a sua melhor característica é a fidelidade de exposição ao texto sagrado das Escrituras. Seu ministério e escritos têm sido marcados pela Bíblia, como sua fonte primária, alicerce estrutural e roteiro básico de instrução.

A Ivonete eu conheço desde antes de ancorar, com seu abençoado casamento, em porto seguro, quando o sobrenome era ainda apenas Silva. Ovelha do Rev. Misael, dedicou-se à administração esco-lar cristã, na cidade do Gama por vários anos. Estudiosa perene, soube analisar a pedagogia ensinada em nossa terra e fazer a triagem dos elementos nocivos à formação das nossas crianças, aplicando de forma bem-sucedida os princípios de uma verdadeira educação escolar cristã na instituição na qual exercitava a supervisão pedagógica. Em paralelo, dedicava-se às atividades da igreja local, contribuindo para a estruturação do ensino e do crescimento espiritual do corpo de Cristo. Ivonete continua avida-mente ampliando a sua formação acadêmica, prosseguindo além da formação pedagógica e teológica, que já possui, para um mestrado também no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper.

Dá-me, portanto, muita satisfação prefaciar o trabalho resultante da conjunção dessas duas es-trelas. Temos aqui um projeto audacioso, de grande contribuição à formação do povo de Deus, sendo que, da Doutrina da Salvação, este é o primeiro. A ordem é aquela seguida pela própria Palavra de Deus. O Criador achou pertinente e didático que compreendêssemos quem ele é; quem nós somos; qual

o nosso estado; por que precisamos da salvação; e qual o nosso destino e finalidade nesta terra, iniciando a

Bíblia com a história da criação

Este primeiro volume da Doutrina da Salvação trata exatamente dos dois primeiros capítulos do livro de Gênesis, e como eles são fundamentais! Hoje em dia poderíamos dizer que muitas teologias se sustentam, ou se autodestroem pela forma como compreendem e expõem esses relatos iniciais da criação de Deus. Aqui está o teste: verificar se nos rendemos às interpretações pseudocientíficas que rejeitam a história do universo, mas que se revelam ser também uma questão de fé; ou se exercitamos a crença na infalibilidade e historicidade do inspirado relato bíblico sobre a criação dos céus e da terra e de nossos primeiros pais — sendo Deus, e não o acaso, o repositório de nossa fé. Por isso, julgamos feliz que este primeiro volume trata exatamente do que nos diz a Bíblia sobre a criação.

Mas só somos capazes de entender a nossa atual situação, o estágio terrível no qual se encontra a humanidade, se compreendermos e aceitarmos o relato da Palavra de Deus sobre a desobediência daqueles que criados em amor, se rebelaram contra as determinações do Deus todo-poderoso. Na sequência, este volume analisa e ensina os fatos relacionados com o primeiro pecado, com a queda, e com as consequências desta na história da humanidade e nas nossas vidas. Aqui temos a razão da

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A doutrina da salvação: Criação e queda

perdição da raça humana; da origem e razão para a violência; do motivo para a necessidade inexorável da salvação.

Somente um tratamento como o que encontramos neste projeto e neste primeiro volume, que considera tanto o relato, como sendo inspirado e veraz, como o estilo literário de uma história sequen-cial , ainda que com nuances poéticas, pode fornecer o alicerce para toda a instrução que se seguirá. Se vamos aprender sobre os atos de Deus; sua interatividade com a criação e com as suas criaturas; sobre o ponto alto da história — o advento de Cristo Jesus, o redentor, Deus conosco; sobre as maravilho-sas boas-novas da salvação; temos que construir em cima de fundamentos seguros. Foi assim com o apóstolo Paulo. Atenue, dilua, ou destrua os primeiros capítulos de Gênesis e você aniquilará também a cristologia de Paulo (Rm 5.14; 1Co 15.22, 45; 1Tm 2.13-14). Para ele, a historicidade dos nossos primeiros pais não estava em questão e ele entrelaça o Cristo histórico no relato da criação e como a única solução à queda. Desconsidere a queda, em todos os seus ricos detalhes, e você retirará o sentido de qualquer necessidade da vinda do Messias. Uma boa compreensão, portanto, da criação e queda, firmará o nosso entendimento sobre a nossa pecaminosidade (a depravação total da natureza humana) e sobre o plano eterno de redenção, arquitetado pelo soberano Deus.

Que Deus abençoe os autores e os fortaleça para que completem seus planos na concretização de todos os volumes dessa pertinente instrução sobre a Palavra de Deus.

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Apresentação do curso

Muito obrigado por adquirir um livro da série DisciPulaDoMaDuro ereProDutivo!

Este material tem sido utilizado desde 2004 por cristãos interessados em conhecer mais e melhor a Palavra de Deus.

Nos esforçamos para produzir um material fiel aos ensinos da Bíblia, agradável de ler e fácil de entender. Cada edição é aprimorada a partir das sugestões dos usuários das edições anteriores.

Por que estes estudos são especiais

A série DisciPulaDo MaDuroe reProDutivo pode ser utilizada em diversas mídias. Você pode acessar

os estudos em seu dispositivo de mão, com um smartphone ou tablet, em seu notebook ou compu-tador de mesa, ou até mesmo na tela de sua TV conectada a um dispositivo digital. Há versões para leitores Kindle e para iPad, além de uma versão para impressão, em formato PDF.

Recursos on-line

Todos os estudos terminam com um exercício de fixação do conteúdo, que pode ser resolvido direta-mente no endereço da web www.misaelbn.com/livros. É possível ainda conferir as respostas no apên-dice antes das referências bibliográficas. No web site você encontra vídeos e outros recursos úteis para aprimorar o seu conhecimento das verdades da Bíblia.

Conteúdo modular

A série DisciPulaDo MaDuroe reProDutivo possui um formato diferenciado, que lhe permite acessar

os cursos que você julgar mais interessantes e necessários. Cada volume contém 13 estudos, permitin-do que o material seja usapermitin-do em classes trimestrais da escola permitin-dominical, bem como em grupos peque-nos (células, encontros informais de edificação ou grupos familiares).

O modo como cada volume é escrito permite que você o estude separado dos demais. Por exem-plo, o primeiro volume do curso A Doutrina da Salvação trata da Criação e Queda, o segundo, de

Elei-ção e RedenElei-ção, e o terceiro, de Graça Irresistível e Perseverança dos Santos. Se sua dúvida ou interesse

for sobre a questão da eleição ou predestinação, basta adquirir o segundo volume e utilizá-lo como um curso em separado.

Sobre os autores

O Rev. Misael Nascimento é pastor presbiteriano, graduado pela Faculdade Teológica Batista de Bra-sília e Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ele possui especialização em Teologia Prática pela Facul-dade Teológica Batista de Brasília e é Doutor em Ministério pelo Centro Presbiteriano de Pós-Gradua-ção Andrew Jumper, em São Paulo, em parceria com o Reformed Theological Seminary, em Jackson, Mississipi, e mestrando em Educação, Arte e História da Cultura, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Trabalhou como evangelista por sete anos, na implantação da Igreja Pres-biteriana de Valparaíso de Goiás. Pastoreou por treze anos a Igreja PresPres-biteriana Central do Gama, no Distrito Federal e desde 2010 é pastor da Igreja Presbiteriana de São José do Rio Preto (IPB Rio Preto). É casado com Mirian, pai de Ana Carolina e Bruna, sogro do Jônathas e amigão do Bento (um yorkshire simpático).

Ivonete Silva Porto é educadora cristã, graduada em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de Brasília e em Pedagogia pelo Grupo Fortium, em Brasília. É especialista em Teologia Filosófica pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, em São Paulo. É casada com o Rev. Allen Ribeiro Porto (um dos pastores da equipe de ministério da IPB Rio Preto) e mãe do Matias e da Lúcia.

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Sumário

Prefácio v

Apresentação do curso vii

Introdução aos estudos xi

1ª Parte: Ligados a Deus pelo pacto da criação 1

1 Deus é o Criador 3

2 A origem do descanso, do trabalho e da família 6

3 Deus estabelece alianças 10

4 O homem, imagem e semelhança de Deus 13 5 O mandato espiritual ou da comunhão 16

6 Os mandatos cultural e social 19

7 A responsabilidade especial de Adão 22

2ª Parte: A depravação do homem e o pacto da redenção 25

8 A desobediência de Adão 27

9 Nossa depravação 30

10 A luta espiritual e o pacto da redenção 36 11 O pacto da criação não foi anulado 40

12 Por que Deus permitiu a queda 44

13 Para lembrar da criação e queda 50

Respostas e soluções das atividades 54

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Introdução aos estudos

Jesus pregou uma mensagem simples e direta: “Chegou a hora, e o reino de Deus está perto. Arrepen-dam-se dos seus pecados e creiam no evangelho” (Mc 1.15 — NTLH).

Mas, afinal de contas, o que é o evangelho? Nos dias atuais ouvimos discursos religiosos muito diferentes do ensino da Bíblia. Para sermos verdadeiros seguidores de Cristo, temos de saber quem é ele, o que ele faz e como usufruir de sua comunhão.

Um resumo e explicação da doutrina da salvação

Nestes estudos seguimos um roteiro seguro. Estas exposições são baseadas em uma formulação dou-trinária produzida tempos atrás. Em uma reunião realizada no século 17, na cidade de Dordrecht (Holanda), alguns cristãos escreveram um documento sobre o evangelho — um material fiel à Bíblia e, ao mesmo tempo, compreensível, fácil de memorizar e explicar. O evangelho foi resumido em cinco declarações:

1 Deus criou tudo perfeito, mas o homem voluntariamente decaiu de seu estado original — total

depravação.

2 Deus escolheu, dentre a massa de pecadores, alguns para serem salvos — uma escolha

incondicional.

3 Cristo morreu pelos escolhidos ou eleitos — limitada expiação.

4 Os eleitos são chamados pelo Espírito Santo, por meio do ensino do evangelho — irresistível

chamado.

5 Os eleitos são santificados, preservados e glorificados — perseverança dos santos.

Para fixar o ensino utilizou-se a tulipa, uma flor muito apreciada pelos holandeses. O acróstico TULIP (tulipa, em inglês) sintetiza as principais declarações da doutrina:

Total depravação.

Uma escolha incondicional. Limitada expiação.

Irresistível chamado. Perseverança dos santos.

Em cada etapa da salvação, Deus é quem toma a iniciativa de salvar, enquanto nós somos os beneficiários de sua obra poderosa e eficaz. Ao organizar o ensino desse modo, aqueles irmãos de Dor-drecht responderam a um erro de doutrina que ganhava espaço, uma tentativa de estabelecer o homem como centro do processo de salvação. Hoje, muito do que se proclama como “mensagem de salvação” possui uma ênfase semelhante. O cristianismo sofre nova ameaça de corrupção de sua mensagem cen-tral. Por isso este curso é atual e necessário.

O evangelho do reino e o Deus do pacto

O evangelho não focaliza apenas a salvação do indivíduo, mas constitui-se nas boas novas do reino, que abrange o universo visível e invisível criado e governado por Deus.1 Estes estudos são desenvolvidos a partir da perspectiva pactual — a teologia das alianças. Os autores são convictos de que esta aborda-gem possibilita que o estudante obtenha uma visão mais fiel do conteúdo bíblico ao mesmo tempo em que prepara o terreno para todos os desenvolvimentos necessários ao amadurecimento cristão.

1 “O cosmos é o reino; especificamente, o reino cósmico” (VAN GRONINGEN, Gerard. Criação e Consumação: O Reino, a

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A doutrina da salvação: Criação e queda

Sendo assim, neste curso, cada estudo tem relação com o evangelho do reino. Não se trata de nenhuma novidade didática, mas da simples prática apostólica. Não havia sequer um problema ou questão da vida prática que os cristãos primitivos tentassem resolver à parte do evangelho. A revelação do amor de Deus em Cristo é o rico e inesgotável tesouro que supre todas as necessidades do cristão individual, da igreja e do mundo. Essa é a certeza que norteia a redação destes estudos.

O discipulado começa com o conhecimento da salvação

Este é o primeiro volume do curso A Doutrina da Salvação, da série DisciPulaDo MaDuro e rePro -Dutivo. Estes estudos foram escritos para nutrir, desafiar, transformar, fortalecer e promover o seu

crescimento para uma vida com Deus firmada na Bíblia, movida por amor e cheia de bons frutos. Nos termos das palavras do apóstolo:

Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sa-bedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria, dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz (Cl 1.9-12).

O termo discipulado é entendido, em muitos contextos, como os estudos iniciais da vida do cristão, normalmente como a preparação para o batismo e profissão de fé. Esse não é o sentido da palavra nessa série. Aqui, discipulado é a totalidade da existência do servo de Cristo, da conversão até a glorificação.

Isso é assim porque a vida com Deus é aprendizado e aperfeiçoamento, todos os dias e para sempre. Na conversão, inicia-se a caminhada; várias décadas depois, ainda estamos sendo moldados graciosamente pelo Espírito que nos dispensa graça através da Palavra, dos sacramentos, da oração e do convívio com os irmãos. E, enquanto prosseguimos amadurecemos e reproduzimos o discipulado em outras pessoas. Somos sal e luz, preservamos, damos sabor e iluminamos, amamos e servimos a Deus. Pertencemos a ele, fomos chamados para dar fruto (Mt 5.13-16; Jo 15.16).

Algumas características deste curso

Este material fornece subsídios diferenciados para professores e alunos. Um professor (ou professora) é aquele que usa os estudos para ensinar outras pessoas. O aluno (ou aluna) é a pessoa disposta a estu-dar a Palavra de Deus. Há, ainda, a possibilidade de estudo individual, comparando suas respostas no apêndice antes das referências bibliográficas.

Objetivos de estudo

Os principais objetivos do ensino são mostrados no início das principais divisões do livro. Textos bíblicos

Os textos bíblicos que comprovam as afirmações dos estudos são transcritos da Bíblia Sagrada, segunda edição da versão revista e atualizada no Brasil, tradução de João Ferreira de Almeida. O objetivo é auxiliar o aluno a fixar as bases bíblicas de cada ensino, além de ganhar proficiência no manuseio da Escritura. Símbolos de fé

Nos estudos, são estabelecidas ligações dos conteúdos com os símbolos de fé de Westminster – a

Con-fissão de Fé, o Catecismo Maior e o Catecismo Menor ou Breve Catecismo. Estes documentos foram

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de Westminster. Pretende-se despertar o interesse para tais documentos que são aceitos por todas as igrejas de linha teológica reformada como sumário adequado da doutrina bíblica.

Definições de termos e de abreviações

ARA. Bíblia Sagrada, Tradução de Almeida, revista e atualizada. ARC. Bíblia Sagrada, Tradução de Almeida, revista e corrigida. BCW. Breve Catecismo ou Catecismo Menor de Westminster. BEG1. Bíblia de Estudo de Genebra. Primeira edição de 1999.

BEG2. Bíblia de Estudo de Genebra. Segunda edição de 2009.

BENVI. Bíblia de Estudo NVI. Cf. Confira em.

CFW. Confissão de Fé de Westminster. CMW. Catecismo Maior de Westminster.

Mandato. Preceito ou ordem de superior para inferior. Uma ordem ou incumbência divina que

deve ser seguida, obedecida e realizada pelo homem.

NTLH. Bíblia Sagrada, Nova Tradução na Linguagem de Hoje.

v. Versículo; versículos.

Caminhe devagar

Estude com calma lendo cada referência, esmiuçando conceitos e realizando as atividades sugeridas. É claro que tudo pode ser feito mais rapidamente, mas é importante é que os conteúdos sejam bem digeridos. Estamos estudando o evangelho, centro de nossa vida espiritual.

Agradecimentos

Nada seria feito sem o suporte de muitas pessoas. Somos imensamente devedores aos irmãos das igrejas que frequentamos e pastoreamos ao longo do tempo em que produzimos estes estudos, especialmente à Igreja Presbiteriana Central do Gama, no Distrito Federal, à Igreja Presbiteriana Central de São José do Rio Preto, em São José do Rio Preto, São Paulo, e à Igreja Presbiteriana do Renascença, em São Luís do Maranhão. Muitos oraram e contribuíram com críticas e sugestões úteis; outros ajudaram a revisar os textos e influenciaram no aprimoramento do leiaute das primeiras apostilas.

Esta é uma obra feita a quatro mãos. O Rev. Misael projetou o curso, organizou a pesquisa bí-blica e referências bibliográficas, escreveu as introduções, estudos e conclusões. Ivonete Silva Porto, educadora cristã, revisou e enriqueceu os conteúdos e produziu a maior parte das contextualizações e atividades.

Os autores agradecem pelo apoio e compreensão de seus cônjuges e familiares. O Rev. Misael é grato a sua esposa Mirian, suas filhas Ana Carolina e Bruna e sua mãe, Roberta († — 2009). Ivonete louva a Deus pelo Rev. Allen Porto, seu querido esposo, e por Jael, sua mãe. As orações, a paciência, o incentivo e o apoio de vocês foram fundamentais para a realização deste trabalho.

Tudo foi escrito para a honra de Deus, nosso bondoso Pai, Redentor e Consolador.

Para quem são estes estudos

Estes estudos beneficiarão aos cristãos de todas as denominações evangélicas. Propomos disseminar a verdade que produz vida. Esperamos que cada leitor obtenha uma compreensão límpida da sã doutri-na e se sinta motivado a continuar crescendo doutri-na graça e conhecimento do Senhor (2Pe 3.18). Se você absorver essas verdades ao ponto de poder ensiná-las a outros, estará capacitado para fazer discípulos.

Oramos para que o Espírito Santo o conduza. Que Deus seja glorificado, sua fé seja fortalecida e os discípulos sejam multiplicados.

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1ª Parte

Ligados a Deus pelo pacto

da criação

TULIP. Total depravação.

Objetivos para o professor

• Amar e adorar ao Senhor, a partir da compreensão e desfrute pessoal da doutrina do pacto da criação.

• Orar, preparar-se adequadamente e conduzir seus alunos, no poder do Espírito Santo, à mes-ma compreensão e amor.

Objetivos para o aluno

• Compreender que tudo o que Deus criou é bom.

• Compreender que Deus, que se dispôs a relacionar-se conosco por meio do pacto da criação, merece ser louvado.

• Obter um novo senso de significado — a vida tem sentido porque Deus, o criador, nos fez para en-contrarmos prazer na relação com ele e no cumprimento de sua vontade — e valor — possuímos dignidade porque fomos criados à imagem e semelhança de Deus.

Introdução ao pacto da criação

Nesta primeira parte conheceremos o ensino dos primeiros dois capítulos da Bíblia. Esta doutrina das origens é fundamental para compreender quem somos e qual nosso lugar no mundo. É partir dela que nos tornamos conscientes da necessidade de adorar a Deus como “Todo-Poderoso criador do céu e de terra”.

Os conteúdos destes primeiros estudos são ainda a base para o entendimento da doutrina da salvação, uma vez que é impossível enxergar a verdadeira extensão da perdição do homem sem olhar para o seu estado antes da queda.

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1 Deus é o Criador

Você já deve ter ouvido falar em direitos autorais. Direito autoral é o reconhecimento legal de proprie-dade intelectual. O princípio por detrás desta lei é simples: um autor detém controle do uso de sua obra. De modo semelhante, Deus, que é autor do universo, possui direito sobre sua criação.

1.1 Deus criou o universo

A Bíblia ensina que Deus criou todas as coisas visíveis e invisíveis. Sendo assim, ele é quem determina quem nós somos, qual é a nossa finalidade e como funcionamos.

Leia todo o relato da criação (Gn 1.1—2.25). Se você estiver utilizando este material em um grupo ou classe, cada integrante poderá ler um versículo, até o final. Observe que o universo segue um plano e

possui uma ordem.2

1.2 A negação da criação divina

Algumas pessoas não acreditam no ensino da Bíblia sobre a criação do universo. Dizem que os primei-ros capítulos do Gênesis não são verdadeiprimei-ros como história, nem válidos como ciência. Leia mais sobre isso no quadro Ataque à Criação.

O que diz, porém, a Palavra de Deus?

No princípio criou Deus os céus e a terra (Gn 1.1).

Assim diz o Senhor, que criou os céus e os estendeu, formou a terra e a tudo quanto produz; que dá fôlego de vida ao seu povo que nela está e o espírito aos que andam nela (Is 42.5).

Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem (Hb 11.3).

1.3 Criação e adoração

O alicerce da vida cristã encontra-se nos primeiros capítulos da Bíblia. Negá-los sempre produz conse-quências devastadoras. Reconhecer Deus como Criador não é uma opção e sim um importante

funda-mento para a adoração.

Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! (Rm 11.36).

Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas

as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade, vieram a existir e foram criadas

(Ap 4.11).

Ataque à criação

A doutrina bíblica da criação tem sido negada desde a publicação do livro A Origem das Espécies (1859), de Charles Darwin. Na referida obra sugere-se que todos os seres vivos evoluíram de acordo com um mecanismo denominado seleção natural. Como este ponto de vista é tido como certo na maioria das escolas, centros de pesquisa e livros didáticos, alguns cristãos sentem dificuldade de assumir o ensino da Bíblia e até pensam que é possível ser cristão negando a doutrina da criação.

Nem todos os cientistas abraçam o evolucionismo. Há pesquisadores sérios e competentes que entendem que o universo demonstra evidências de um desenho inteligente. Parte daquilo que é relatado como “fato” pelos evolucionistas ateus é desacreditado por evidências contrárias

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4

A doutrina da salvação: Criação e queda

tadas pela própria comunidade científica. Mesmo entre os que aceitam a teoria da evolução, há os que consideram que Deus iniciou e coordena o processo evolutivo.

Entre aqueles que atacam a Bíblia estão Richard Dawkins (Deus: Um Delírio); Sam Harris (Carta

a Uma Nação Cristã) e Christopher Hitchens (Deus Não é Grande: Como a Religião Envenena Tudo).

Para ler respostas a estas obras, cf. Alister e Joanna McGrath (O Delírio de Dawkins: Uma Resposta

ao Fundamentalismo Ateísta de Richard Dawkins) e Chris Hedges (I Don’t Believe In Atheists).

Argu-mentos e evidências contrárias ao evolucionismo ateu podem ser vistos em John MacArthur (Criação

ou Evolução: A Luta Pela Verdade Sobre o Princípio do Universo); Norman Geisler; Frank Turek (Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu); Adauto Lourenço (Como Tudo Começou: Uma Introdução ao Cria-cionismo) e J. P. Moreland; John Mark Reynolds (Criação e Evolução: 3 Pontos de Vista).

Os argumentos do chamado desenho inteligente podem ser encontrados em Phillip Johnson (Darwin no Banco dos Réus). Entre os que se identificam como cristãos evangélicos e creem que Deus iniciou e coordena o processo evolutivo, cf. Francis Collins (A Linguagem de Deus: Um Cientista

Apresenta Evidências De Que Ele Existe) e C. S. Lewis (O Problema do Sofrimento).

Para uma visão cristã da relação entre fé e ciência: Nancy R. Pearcey; Charles B. Thaxton (A Alma

da Ciência) e Nancy Pearcey (Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de Seu Cativeiro Cultural).

1.4 A criação e a ordem espiritual e moral

Quando deixa de glorificar a Deus como Criador, o homem inventa e cultua ídolos. O resultado disso é sempre corrupção espiritual e moral. Observe como isso acontece:

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram

criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de

Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis.

Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito

eternamente. Amém!

Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.

E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a

uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios

de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos,

pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia.

Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim

procedem (Rm 1.18-32).

Não há outra opção: Ou reconhecemos a Deus como Criador e lhe damos glória, ou adoramos a outros deuses e nos tornamos pervertidos em nossa crença e comportamento.

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Deus é o criador

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e

Daí

?

É muito comum fecharmos os olhos e imaginarmos como seria o mundo perfeito. Quando lemos os primeiros capítulos de Gênesis, percebemos que esse mundo perfeito já foi criado por alguém também perfeito! Mesmo que o nosso coração nem sempre reconheça essa verdade, ela está aí, diante de nós. É por isso que ao contemplar a criação, o nosso coração deve se encher de adoração a Deus, criador de todas as coisas.

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tiviDaDes

1. Quais palavras completam a frase a seguir? A Bíblia ensina que ________________ todas as coisas visíveis e invisíveis. Sendo assim, ele é quem determina quem nós somos, qual é a nossa finalidade e como funcionamos.

2. Marque o único texto consistente com o conteúdo do capítulo.

( ) O alicerce da vida cristã está em Gênesis 1—3. Negar estes capítulos sempre produz conse-quências devastadoras. Reconhecer Deus como Doador das bênçãos de prosperidade não é uma opção e sim um importante fundamento para a adoração.

( ) O alicerce da vida cristã está em Gênesis 1—3. Negar estes capítulos sempre produz conse-quências devastadoras. Reconhecer Deus como Criador não é uma opção e sim um impor-tante fundamento para a adoração.

( ) O alicerce da vida cristã está em Gênesis 1—3. Negar estes capítulos sempre produz conse-quências devastadoras. Reconhecer Deus como Médico dos Médicos não é uma opção e sim um importante fundamento para a adoração.

3. Marque a única resposta correta. O primeiro fato ensinado pelas Escrituras é que Deus é nosso: ( ) Redentor.

( ) Consolador. ( ) Criador.

4. Marque a única resposta correta. A perspectiva das Escrituras sobre a origem do universo é a/o: ( ) Ponto de vista evolucionista ateu.

( ) Verdade bíblica criacionista. ( ) Ponto de vista relativista.

5. Marque Verdadeiro ou Falso: Quando deixa de glorificar a Deus como Criador, o homem inventa e cultua ídolos. O resultado disso é sempre corrupção espiritual e moral.

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2 A origem do descanso, do

trabalho e da família

Quando atingimos a maioridade, geralmente surgem as pressões com relação ao primeiro emprego e começamos a nossa jornada no mercado de trabalho. Outra preocupação que geralmente ocupa a mente do jovem é o casamento — encontrar alguém, casar-se e estabelecer uma família. Conforme o relato da criação, estas questões do trabalho e do casamento estão no coração de Deus.

Após criar o homem, Deus santificou o sábado. Em seguida, estabeleceu o trabalho e, por fim,

instituiu o casamento e a família.

2.1 Deus santificou o sábado

Deus é incansável:

Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se

cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento (Is 40.28).

No entanto, Gênesis relata que ele fez questão de “descansar” com o objetivo de firmar o sábado como espaço para as bênçãos do descanso e comunhão com o Criador (santificação).

Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus

terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a

sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera (Gn 2.1-3).

Na criação, Deus estabeleceu o ritmo da vida: trabalho e descanso, atividade e pausa, desgaste e restauração de forças (figura 01). Dito de outro modo, no sétimo dia o Criador concedeu ao homem a dádiva do descanso.

D

escanso

D

escanso

Figura 01: Seis dias de atividades seguidos por um dia de descanso: O ritmo divino da vida.

De acordo com Robertson,3 o sábado estabelece um “padrão estrutural”4 para toda a criação de Deus: seis dias de atividade seguidos por um dia de descanso, celebração e culto. A grande mensagem por trás do sábado é esta: o homem não deve ser “cativo da criação”;5 ele não foi criado para trabalhar ininterruptamente, mas para gozar da existência na comunhão com Deus. Por isso, a guarda do sábado foi incluída na lei moral como dever de todas as criaturas (Êx 20.8-11).

O sábado do Antigo Testamento (AT) era um descanso no último dia da semana, ou seja, tinha um caráter antecipatório. O judeu iniciava a semana ansiando pelo desfrute de um repouso que estava por vir. Nesse sentido, o sábado antecipava “o dia da restauração consumada na redenção”.6

3 ROBERTSON, O. Palmer. O Cristo dos Pactos. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 66-72. 4 Op. cit., p. 66.

5 Ibid., p. 67; cf. Mc 2.27-28. 6 Ibid., p. 70.

(22)

A origem do descanso, do trabalho e da família

7

O cristão tem seus olhos mantidos tanto na criação quanto na redenção realizada por Jesus Cris-to. “A criação dá origem a um povo de Deus. A redenção cria de novo um povo para Deus. Em cada caso, o Sábado desempenha papel vital”.7

Por esta razão, o cristão percebe a história de maneira diferente. Não só olha para frente rumo a uma redenção que ainda vem. Não espera meramente por um descanso sabático futuro. Olha para trás, rumo a uma redenção já completamente cumprida. Firma-se confiantemente sobre a base daquilo que o passado já trouxe.

Portanto, é apropriado que a nova aliança altere radicalmente a perspectiva sabática. O crente comum em Cristo não segue o modelo sabático do povo da velha aliança. Não trabalha primeiro seis dias, olhando com esperança em direção ao descanso. Ao contrá-rio, começa a semana regozijando-se no descanso já cumprido pelo evento cósmico da

res-surreição de Cristo. E então entra alegremente nos seis dias de trabalho, confiante no sucesso por meio da vitória que Cristo já alcançou. [...].

Embora o dia em que a celebração deva ser observada tenha sido mudado do dia sétimo

para o primeiro dia da semana, o cristão é obrigado a lembrar-se do dia de Sábado para

santificá-lo, para nele não trabalhar e para evitar empregar outras pessoas. As “dez pala-vras” derivam seu poder obrigatório do fato de refletirem a natureza do próprio Deus.8 Sendo assim, o cristão deve separar o primeiro dia da semana (o domingo) como o seu sábado, a fim de reunir-se para adorar a Deus conjuntamente. A pergunta 116 do CMW diz o seguinte sobre o assunto:

Que se exige no quarto mandamento? O quarto mandamento exige que todos os homens santifiquem ou guardem santos para Deus todos os tempos especificados, que Deus designou em sua Palavra, expressamente um dia inteiro em cada sete; que era o sétimo desde o princípio do mundo até a ressurreição de Cristo, e o primeiro dia da semana desde então até o dia de hoje, e há de assim continuar até ao fim do mundo; o qual é o sábado cristão, e que no Novo Testamento é chamado o Dia do Senhor (domingo).

2.2 Deus estabeleceu o trabalho

Ao receber de Deus a incumbência de “dominar” sobre a criação e cuidar do jardim do Éden, o ho-mem foi agraciado com o trabalho.

E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento (Gn 1.28-29).

Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar (Gn 2.15).

Estes relatos indicam que a capacidade humana de subjugar a natureza vem de Deus. O desen-volvimento da agricultura ou de tecnologia de qualquer tipo — e a obtenção da ciência ou conheci-mento que subjaz toda técnica — decorrem da criação.

7 Ibid., loc. cit.

(23)

8

A doutrina da salvação: Criação e queda

2.3 Deus instituiu o casamento e a família

Por fim, Deus instituiu o casamento e a família. Gênesis reconhece que o isolamento humano não é bom e que o homem necessita de amor e interação social.

Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea (Gn 2.18).

E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha

trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne;

chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe

e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne (Gn 2.22-24).

Ainda que nem todos os seres humanos devam se casar, todos precisam interagir em uma famí-lia ou sociedade. A junção de descanso, trabalho e famífamí-lia origina o que denominamos civilização ou cultura.

Na criação Deus estabeleceu uma estrutura para que o homem caminhasse dentro dela. Essas estruturas divinas para o descanso, trabalho e família, indicam que Deus se importa em nos ajudar a caminhar com ele e a glorificá-lo em tudo, cumprindo assim o propósito da nossa existência.

Enfim, a obra da criação foi sem defeito. Deus criou todas as coisas excelentes, sem nenhum tipo de maldade ou imperfeição: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.31).

e

Daí

?

Como é gostoso chegar em casa, depois de um dia de trabalho cansativo, e receber o carinho dos fa-miliares. Essas coisas são dádivas de Deus na criação. Sem ele, elas não fazem sentido. Porém, quando pensamos na sua bondade em fazer tudo “muito bom”, podemos agradecer pelo descanso, pelo traba-lho e pela família.

a

tiviDaDes

1. Marque Verdadeiro ou Falso. Neste texto bíblico — “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que raste-jam pela terra” (Gn 1.26) — Deus está instituindo um dia para descanso e comunhão.

____ VERDADEIRO ____ FALSO.

2. Marque Verdadeiro ou Falso. Neste texto bíblico — “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera” (Gn 2.2-3) — Deus está instituindo um dia para descanso e comunhão.

____ VERDADEIRO ____ FALSO.

3. Marque Verdadeiro ou Falso. Neste texto bíblico — “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (Gn 2.15) — Deus está instituindo o tra-balho.

____ VERDADEIRO ____ FALSO.

4. Marque Verdadeiro ou Falso. Neste texto bíblico — “Então, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o

(24)

A origem do descanso, do trabalho e da família

9

homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonha-vam” (Gn 2.21-25) — Deus está instituindo o casamento e a família.

____ VERDADEIRO ____ FALSO.

5. Complete a frase: Gênesis relata que ele [Deus] fez questão de “descansar” com o objetivo de fir-mar o sábado como espaço para as bênçãos do descanso e ______________ com o Criador (san-tificação).

6. Complete a frase: Ao receber de Deus a incumbência de “dominar” sobre a criação e cuidar do jar-dim do Éden, o homem foi agraciado com o ______________.

7. Complete a frase: Estes relatos indicam que a capacidade humana de subjugar a natureza vem de Deus. O desenvolvimento da __________________ ou de tecnologia de qualquer tipo — e a obtenção da ciência ou conhecimento que subjaz toda técnica — decorrem da criação.

8. Complete a frase: Deus instituiu o _________________ e a família. Gênesis reconhece que o iso-lamento humano não é bom e que o homem necessita de amor e interação social.

9. Leia com atenção cada declaração. Há mais de uma declaração correta. Marque apenas as corretas: ( ) Deus descansou no sétimo dia porque estava cansado.

( ) Deus descansou no sétimo dia para estabelecer o Sábado como espaço para o descanso e co-munhão do homem com o Criador.

( ) Deus fez todas as coisas perfeitas.

(25)

10

3 Deus estabelece alianças

Quando um homem e uma mulher se casam, é comum eles usarem anéis simbolizando sua união. Tais anéis são chamados de alianças, por que selam um acordo ou pacto. A relação de Deus com o homem também se dá por meio de alianças.

3.1 O Deus das alianças

Como podemos entender a relação de Deus com sua criação? Nas primeiras páginas do livro de Gêne-sis, Deus estabeleceu uma aliança.9

Uma aliança divina é “um pacto de vida ou morte soberanamente administrado”.10 É comum entendermos aliança como um acordo, normalmente um contrato firmado entre duas ou mais pessoas ou

instituições. Na Antiguidade, porém, a ideia de aliança não pressupunha, necessariamente, um acordo

entre iguais. Um rei soberano estabelecia alianças com as nações conquistadas.

Nas alianças divinas Deus pactua como soberano, ou seja, como parte superior e o homem submete-se como criatura, servo e filho. “As alianças divinas [...] são sempre deste último tipo”.11

As alianças são constituídas de três elementos:12

1 Um relacionamento (ligação ou vínculo) entre as partes. 2 Privilégios (promessas e benefícios).

3 Responsabilidades (estipulações ou mandados pactuais).

Deus comprometeu-se com a criação ordenando-a, mantendo-a e concedendo-lhe promessas. Ao mesmo tempo, criou agentes pessoais livres e responsáveis com os quais manteve comunhão.

É possível falar de aliança no singular, referindo-se ao trato divino com tudo o que existe. O mais adequado, porém, é perceber que a Escritura refere-se mais detalhadamente a duas alianças que se complementam, quais sejam, da criação e da redenção. A primeira delas será explicada aqui. A aliança da redenção será abordada nos próximos estudos.

3.2 A aliança da criação

Ao criar, Deus estabeleceu uma ligação de amor e cuidado com tudo o que fez. Ele revelou-se como Rei Criador por meio de uma conexão denominada aliança da criação, pacto da criação ou pacto

9 Há estudiosos que negam haver uma aliança na criação. Eles dizem que a primeira aliança divino-humana foi firmada somente a partir de Noé. Uma nota da Bíblia de Estudo Nova Versão Internacional afirma “não haver na Bíblia registro de uma aliança com Adão” (cf. BARKER, Kenneth et al. (Org.). Bíblia de Estudo Nova Versão Internacional [BENVI]. São Paulo: Vida, 2003, p. 1488). A nota comenta Oseias 6.7, traduzido como “na cidade de Adão, eles quebraram a minha aliança”. A tradução de João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada (ARA), traz “mas eles transgrediram a aliança, como Adão”. O profeta Oseias está dizendo que Israel, assim como Adão, quebrou uma aliança. Robertson (op. cit., p. 21-29) demonstra com abundante docu-mentação que a aliança da criação é confirmada em Jeremias 33.20, 21, 25, 26 e Oseias 6.7. Van Groningen (op. cit., p. 89-90) argumenta contra a tradução proposta pela BENVI e demonstra que (1) é sólida a base para a leitura dos textos de Jeremias e Oseias como confirmação da aliança com Adão; (2) a terminologia da aliança com Noé (a palavra traduzida como “estabelece-rei” é qûm, manter algo que já existe e não iniciar algo novo) denota continuação e não início de aliança; (3) o tratamento de Deus para com Adão contém todos os elementos de uma aliança. A primeira edição da Bíblia de Estudo de Genebra fala sobre um teste sendo “administrado sob uma aliança de obras” (cf. BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. 1. ed. [BEG1] São Paulo;

Barueri: Cultura Cristã; Sociedade Bíblica do Brasil, 1999, p. 13. Grifo nosso). O BCW, a CFW e o CMW referem-se à relação de Deus com Adão como um pacto de obras. Nestes estudos, o pacto das obras é entendido como uma regulamentação legal do pacto da criação.

10 ROBERTSON, op. cit., p. 12.

11 YOUNGBLOOD, Ronald F. (Ed.). Dicionário Ilustrado da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2004, p. 43. 12 VAN GRONINGEN, op. cit., p. 89-90.

(26)

Deus estabelece alianças

11

do domínio.

Deus, pelos seus comandos verbais, exercitando seu poder soberano, trouxe à existên-cia aquilo sobre o qual estaria sempre reinando. Ele criou seu reino e estabeleceu um vínculo de bondade, amor, vida e poder entre si e este reino. Este vínculo é conhecido como aliança com a criação, ou como “Pacto de Domínio”.13

Este pacto abrange as relações do Criador com a sua criação (figura 02). Algumas ideias podem ser traçadas a partir desta abordagem.

A d ã o

Pacto da criação

Criação Mandato espiritual Mandato cultural Mandato social

O

R e i

n o

Figura 02: O pacto da criação.

Quanto à abrangência, o pacto da criação alcança a totalidade das coisas criadas. Sendo assim, a expressão “reino de Deus” não deve ser entendida como referindo-se apenas às normalmente consi-deradas como religiosas, “espirituais” ou imateriais. O reino de Deus corresponde ao governo divino sobre tudo o que existe.

Riquezas e glória vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força (1Cr 29.12).

Quanto aos agentes pactuais, de um lado Deus estabelece o pacto; de outro, o homem é respon-sabilizado.

Quanto às responsabilidades do homem neste pacto, o sábado aponta para o culto — um dever ou mandato espiritual. O trabalho implica em uma obrigação de administrar recursos e conhecimentos — um dever ou mandato cultural. A família insere o homem em um contexto de deveres com o seu próximo — o mandato social.

Tais mandatos serão estudados nos próximos capítulos. Por ora basta que saibamos que o pacto da criação define a totalidade da vida humana devotada à glória de Deus.

Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a

glória de Deus (1Co 10.31).

Sem qualquer exagero, todo o restante da Escritura e da história da salvação é um desdobramen-to deste pacdesdobramen-to.

(27)

12

A doutrina da salvação: Criação e queda

e

Daí

?

É maravilhoso pensar que um Deus tão grande e que criou tudo, tenha interesse em relacionar-se conosco. É confortador saber que temos um Deus pessoal, “eterno, mas não distante”.14 Os textos estudados não narram qualquer história, mas a nossa própria história e a história do Deus grandioso que decidiu firmar alianças de amor.

a

tiviDaDes

1. Complete a frase: Uma aliança divina é “um pacto de ____________________ soberanamente administrado”.

2. Marque Verdadeiro ou Falso. Nas alianças divinas Deus pactua como soberano, ou seja, como parte superior e o homem submete-se como criatura, servo e filho.

____ VERDADEIRO ____ FALSO.

3. Marque a única resposta correta. Os três elementos que constituem uma aliança são os seguintes: ( ) Um relacionamento, documentação pactual e responsabilidades.

( ) Um relacionamento, privilégios e responsabilidades. ( ) Interesse mútuo, privilégios e responsabilidades.

4. Marque Verdadeiro ou Falso. Deus comprometeu-se com a criação ordenando-a, mantendo-a e concedendo-lhe promessas. E ele criou o ser humano sem livre arbítrio, para que este não pecasse. ____ VERDADEIRO ____ FALSO.

5. Complete a frase: Ao criar, Deus estabeleceu uma ligação de amor e cuidado com tudo o que fez. Ele revelou-se como Rei Criador por meio de uma conexão denominada aliança da criação, pacto da criação ou pacto do __________________.

(28)

13

4 O homem, imagem e

semelhança de Deus

Em uma tirinha do cartunista argentino Quino, Mafalda pergunta a Filipe o que ele acha da frase “Co-nhece-te a ti mesmo”. Este responde que acha excelente e que a partir daquele instante vai colocá-la em prática. Entusiasmado, ele diz que não vai parar enquanto não souber quem de fato ele é. Então, apavorado, ele abraça Mafalda: “Meu Deus, e se eu não gostar de mim?”

Até que ponto conhecemos a nós mesmos? Quem somos nós? Tais dúvidas não são exclusivas dos teólogos e filósofos. Todos nós precisamos responder corretamente a estas questões.

4.1 Feitos conforme a imagem e semelhança de Deus

O primeiro aspecto a considerar é a formação do homem conforme a “imagem e semelhança” divinas. Quem somos nós? Seres criados à imagem e semelhança do Criador.

Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança (Gn 1.26). Criou Deus, pois o homem, à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1.27).

Isso nos diferencia de todas as outras criaturas, a começar pelas capacidades intelectuais e morais. Deus é Espírito, a alma humana é um espírito. Os atributos essenciais do espírito são a razão, a consciência e a vontade. Um espírito é um agente racional, moral e, portanto, também um agente livre. Assim, ao criar o homem segundo a sua imagem, Deus o do-tou com aqueles atributos que pertencem à sua própria natureza como espírito. O ho-mem é, por isso, distinto de todos os demais habitantes deste mundo, e está colocado incomensuravelmente acima deles.15

Quatro realidades estão envolvidas nessa declaração do homem como imagem de Deus:16 1 Deus é um ser pessoal. A expressão “façamos”, em Gênesis 1.26, denota que Deus possui

au-toconsciência. “Ser uma pessoa é ser como Deus, conhecer o bem. É ter uma consciência, um senso de privilégio e responsabilidade”.17

2 Deus é um ser espiritual. Assim sendo, homem e mulher são personalidades espirituais. Apesar de serem constituídos de matéria, possuem capacidade para comunicar-se e relacionar-se com Deus que é Espírito [cf. Jo 4.24].

3 Homem e mulher foram criados com o potencial de conhecer, amar, confiar, desejar, querer e obedecer. Podiam ainda recusar-se a obedecer, pois Deus os fez “livres no seu exercício destas capacidades”.18

4 Deus executa sua vontade e propósitos, e alcança suas metas. Do mesmo modo, os seres huma-nos podem “dar expressão à sua personalidade, espiritualidade e virtudes”.19

Nos primeiros dias da criação tudo isso era vivenciado em plenitude, considerando o estado perfeito da humanidade.

15 HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 555. 16 VAN GRONINGEN, op. cit., p. 84-85.

17 Ibid., p. 84. 18 Ibid., p. 85. 19 Ibid., loc. cit.

(29)

14

A doutrina da salvação: Criação e queda

4.2 A perfeição do homem antes da queda

O primeiro homem foi criado perfeito, em plena retidão, adaptado e capacitado para as finalidades para as quais ele havia sido feito. Ele possuía uma vontade livre20 para escolher amar e obedecer a Deus.

Na imagem moral de Deus, ou retidão original, inclui-se a perfeita harmonia e a devi-da subordinação de tudo o que constituía o homem. Sua razão estava sujeita a Deus; sua vontade estava sujeita à razão; seus afetos e apetites, à sua vontade; o corpo era o órgão obediente da alma. Não havia rebelião da parte sensível de sua natureza contra a parte racional, nem havia desproporção entre elas que tivesse de ser controlada ou equilibrada pelos dons ou influências externas.21

A inteireza da constituição do primeiro homem garantia plena harmonia entre sua vida interior e as condições externas, existentes no jardim do Éden. Isso indica que Adão jamais se sentia inadequado, incompleto, infeliz, frustrado ou angustiado.

Com esta expressão (imagem de Deus) se denota a integridade de que Adão foi dotado, quando era possuído de reto entendimento, tinha as afeições ajustadas à razão, todos os sentidos afinados em reta disposição e, mercê de tão exímios dotes, verdadeiramente refle-tia a excelência de seu Artífice.22

Concluindo, quem somos nós? Criaturas de Deus, dignas porque refletimos sua imagem. Deus podia ter nos feito semelhantes a robôs imunes a defeitos ou falhas, mas ele preferiu nos criar como seres morais, responsáveis por nossas escolhas. Se permanecemos ou não livres para obedecer a Deus será discutido logo adiante. Basta, por enquanto, que reconheçamos a bondade de Deus em nos criar.

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de

honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os

peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares (Sl 8.3-8).

É por isso que a aliança da criação é também chamada de pacto das obras. Adão foi constituído como representante ou cabeça federal de todos os seres humanos. Sua atuação na aliança traria conse-quências, boas ou más, tanto para o cosmo, quanto para a humanidade.

Deus, criando macho e fêmea humanos à sua imagem, os designou para serem seus vice--gerentes e executarem mandatos específicos.23

Ou como diz a CFW:

Depois de haver feito as outras criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea, com alma racional e imortal, e dotou-os de inteligência, retidão e perfeita santidade, segundo a sua própria imagem, tendo a lei de Deus escrita no seu coração e o poder de cumpri-la, mas com a possibilidade

20 Utilizamos a expressão “vontade livre” com o sentido de capacidade para optar por Deus e pelas coisas divinas. Adão era uma criatura que podia não pecar (cf. a seção 7.3).

21 HODGE, op. cit., p. 557.

22 CALVINO, João. As Institutas: Edição Clássica. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. I.XV.3. 23 VAN GRONINGEN, op. cit., p. 53.

(30)

O homem, imagem e semelhança de Deus

15

de transgredi-la, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, que era mutável (Gn 1.27, 2.7; Sl 8.5; Ec 12.7; Cl 3.10).24

Ao Deus criador, toda honra e glória!

e

Daí

?

Não há gente pequena ou sem importância.25 Isso nos ajuda a tratar todas as pessoas com dignidade, sem distinção de raça, gênero, religião ou condição social.

Notemos o lugar do ser humano no mundo e a inversão do padrão da criação sugerido pela cultura. O movimento em favor da preservação de animais em perigo de extinção cresce ao mesmo tempo em que aumenta o movimento favorável ao aborto. Não devemos negligenciar o cuidado com a terra e animais, mas é importante perceber que Deus deu ao homem algo especial, que não foi dado a nenhuma das outras criaturas. Veremos isso com mais detalhes no próximo estudo.

a

tiviDaDes

1. Complete a frase: Quem somos nós? Seres __________________ à imagem e semelhança do Criador.

2. Marque a única resposta correta. Quatro realidades estão envolvidas nessa declaração do homem como imagem de Deus:

( ) Deus é um ser pessoal. Deus é um ser espiritual. Homem e mulher foram criados com o potencial de conhecer, amar, confiar, desejar, querer e obedecer. Deus executa sua vontade e propósitos, e alcança suas metas.

( ) Deus é um ser transcendental. Deus é um ser espiritual. Homem e mulher foram criados com o potencial de conhecer, amar, confiar, desejar e querer, mas não de obedecer. Deus executa sua vontade e propósitos, e alcança suas metas.

3. Marque Verdadeiro ou Falso. O homem não é senão: Gordura suficiente para sete barras de sabão. Ferro suficiente para um prego médio. Açúcar suficiente para sete xícaras de chá. Cal suficiente para pintar o galinheiro. Fósforo suficiente para fazer dois mil e duzentos fósforos. Magnésio su-ficiente para uma dose de sais. Potássio susu-ficiente para explodir um guindaste brinquedo. Enxofre suficiente para libertar um cão das pulgas. Esta visão do professor Joad combina exatamente com o ensino da Bíblia sobre o valor do homem.

____ VERDADEIRO ____ FALSO.

4. Marque Verdadeiro ou Falso. A aliança da criação é também chamada de pacto das obras. ____ VERDADEIRO ____ FALSO.

24 ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER. CFW, IV.II. In: BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. 2. ed. Revisada e ampliada (BEG2). São Paulo; Barueri: Cultura Cristã; Sociedade Bíblica do Brasil, 2009, p. 1786—1803.

(31)

16

5 O mandato espiritual ou

da comunhão

Quem nos completa? A experiência ensina que o homem nunca vive satisfeito. Ganha dinheiro e quer ganhar sempre mais dinheiro. O dinheiro não o completa. Recebe elogios e suspira por novos elogios. Os elogios não o completam. Procura festas e quer sempre mais festas. As festas não o completam. Procura esporte e quer sempre mais esporte. O esporte não o completa. Procura música e continua querendo sempre mais música. A música não o completa. Conhece gente e continua desejando conhecer mais gente. Ninguém o completa inteiramente. Ninguém, exceto Deus.26

O homem só encontra o verdadeiro sentido da vida quando se volta para o Criador que o fez à sua imagem e semelhança.

A aliança da criação foi administrada para Adão dar glória ao Criador por meio do culto (sugeri-do pela instituição (sugeri-do sába(sugeri-do), da subjugação da natureza (tornada possível pelo trabalho) e (sugeri-do amor conjugal (possibilitado pela instituição do casamento). Como vimos na seção 3.2, estas três dimensões da vida humana — andar com Deus, dominar a natureza e relacionar-se com outros seres humanos — apontam para ordenanças divinas necessárias para a manutenção do reino cósmico: os mandatos espiritual, cultural e social.

5.1 Fomos criados para a comunhão com Deus

O mandato espiritual é a incumbência de corresponder a Deus em um relacionamento de amor e

ado-ração. Por isso tal estipulação é denominada mandato da comunhão.

Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em

espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores (Jo 4.23).

Adorar significa reconhecer a singularidade de Deus e demonstrar amor sincero a ele; entregar-se a Deus sincera e continuamente. Adorar é descansar em Deus, alegrar-se em Deus, e encontrar nele o mais completo prazer e contentamento.

Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de

Deus? (Sl 42.1-2).

A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! (Sl 84.2).

Essa intimidade com Deus estava prefigurada na instituição do sábado, no fato de Deus conversar diretamente com Adão e na possibilidade do acesso à árvore da vida. Se o homem mantivesse a priori-dade desta comunhão, tudo iria bem com ele mesmo e com todas as outras esferas do universo criado.

Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu

caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará (Sl 37.4-5).

Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai

26 MOHANA, João. O Mundo e Eu. Rio de Janeiro: Agir, 1980, p. 37, apud CORREA, Avelino A.; SCHNEIDERS, Amélia. De

(32)

O mandato espiritual ou da comunhão

17

celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino

e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6.31-33).

Como afirma van Groningen:

Deus veio caminhar no jardim com o homem e a mulher. Deus se fez imediata, direta, pessoal e intimamente disponível. Deus estabeleceu o sétimo dia como um dia de des-canso, no qual ele e a humanidade não iriam dirigir a atenção para os desafios do cos-mos, e sim, cada um para o outro. Deveria ser um tempo determinado a cada período de sete dias para o exercício do vínculo de vida/amor que os unia. Deus ordenou que esse tempo fosse separado semanalmente para o exercício dos relacionamentos amoro-sos e comunhão íntima, pelos quais o vínculo de vida e amor poderia ser sustentado e enriquecido. [...]

A comunhão deveria ser exercida no andar com Deus diariamente, conversar intima-mente com ele e expressar amor, honra, devoção e louvor enquanto se fosse enfrentan-do os desafios e privilégios de cada dia. A cada sétimo dia, esta comunhão deveria ser expressa da maneira mais completa e rica possível.27

Dito de outro modo, a adoração é a essência ou centro da vida cristã. Mais do que um evento isolado, abarca tudo o que somos, possuímos e fazemos. É a finalidade ou propósito principal de nossa existência. Fomos criados para cultuar ao Deus vivo, e isso de tal forma que, desviados deste objetivo, definhamos. Como orou Agostinho:

Grande és tu, Senhor, e sumamente louvável: grande a tua força, e a tua sabedoria não tem limite”. E quer louvar-te o homem, esta parcela de tua criação; o homem carre-gado com sua condição mortal, carrecarre-gado com o testemunho de seu pecado e com o testemunho de que resiste aos soberbos; e, mesmo assim, quer louvar-te o homem, esta parcela de tua criação. Tu o incitas para que sinta prazer em louvar-te; fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti.28

Como lemos no BCW:

O fim principal do homem é glorificar a Deus e alegrar-se nele para sempre (Rm 11.36; 1Co 10.31; Is 43.7; Ef 1.5-6; Sl 73.24-26; Rm 14.7,8; Is 61.3).29

Porque a adoração é central, devemos nos dedicar para compreendê-la e praticá-la. Quero te ver como tu és, não como imagino, mas como tu és

Quero ouvir tua palavra, não como imagino, mas o que ela diz Meu amor, meu amor!30

Em suma, queremos cultuar de modo agradável a Deus. Cultuar porque o conhecemos e conhe-cê-lo enquanto o cultuamos.

5.2 Fomos criados para adorar enquanto obedecemos

Fomos criados para cumprir os mandatos da criação. O modo como transcorre a narrativa da criação denota que o ideal divino é que o adoremos enquanto o obedecemos; o cumprimento de cada manda-to é não apenas para nosso bem, mas acima de tudo, para sua glória.

27 Op. cit., p. 91-92.

28 AGOSTINHO. Confissões. 20. ed. Reimp. 2008. São Paulo: Paulus, 1984, I.I, p. 15. 29 ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER. BCW, pergunta 1. In: BEG2, p. 1828.

(33)

18

A doutrina da salvação: Criação e queda

Uma nota pertinente ao culto é encontrada em Gênesis 2.15 (cf. a seção 2.2). A palavra traduzi-da por “cultivar” aparece 290 vezes no AT e pode ser entenditraduzi-da como ou “servir como um adorador”. Sua raiz aramaica tem o sentido de “fazer” e provém de “uma raiz árabe” cujo significado é “adorar” ou “obedecer (a Deus)”.31 Além disso, o vocábulo traduzido como “guardar” é usado em outros lugares do AT significando a observância dos preceitos divinos (cf. Gn 18.19; Êx 20.6; Lv 18.26).

Conclui-se, a partir destas evidências, que Adão comungava com Deus em amor, cumprindo suas ordenanças; essa é a essência do culto verdadeiro.

Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus,

de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força (Dt 6.4-5).

Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e

sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do

que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros (1Sm 15.22).

Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que

pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus

(Mq 6.8).

O mandato espiritual estabelece uma teorreferência.32 O homem foi criado tendo Deus como

ponto último de referência. Tudo que o homem faz é teorreferente, ou seja, esta teorreferência pode ser positiva, quando o homem volta-se para Deus em obediência e culto, ou negativa, quando o homem

vira as costas para Deus. A Bíblia nos convida a andar com Deus em contínua adoração, como resposta ao pacto da criação.

e

Daí

?

Amizade implica em relacionamento. Laços de amizade se estreitam enquanto conhecemos preferên-cias pessoais, sentimentos, reações etc. Com Deus acontece algo parecido. A possibilidade de desfru-tarmos de sua comunhão é o maior presente que dele recebemos.

a

tiviDaDes

1. Marque Verdadeiro ou Falso. O mandato espiritual é a incumbência de corresponder a Deus em um relacionamento de amor e adoração.

____ VERDADEIRO ____ FALSO.

2. Marque as respostas certas. “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não re-pousa em ti”. Esta frase de Agostinho tem relação com:

( ) O mandato colonial. ( ) O mandato espiritual.

( ) O mandato da comunhão. ( ) O mandato da primeira comunhão.

3. Complete a frase: O mandato espiritual estabelece uma ____________________. O homem foi criado tendo Deus como ponto último de referência.

31 KAISER, Walter C. ‘ābad. In: HARRIS, R. Laird; ARCHER JR., Gleason L.; WALTKE, Bruce K. (Org.). Dicionário Internacional de

Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998. p. 1065.

32 O termo “teorreferente” é usado pelo Professor Dr. Rev. Davi Charles Gomes, em suas aulas de Teologia Filosófica, no Centro Pres-biteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ), em São Paulo.

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