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DETECÇÃO DE CAVITAÇÃO EM BOMBAS CENTRÍFUGAS OPERANDO COM CONTROLE DE VELOCIDADE EM MALHA FECHADA

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DETECÇÃODECAVITAÇÃOEMBOMBASCENTRÍFUGASOPERANDOCOMCONTROLEDE

VELOCIDADEEMMALHAFECHADA

CLÁUDIO A. LIMA1, VALCERES V. R. SILVA2, MARCELO M. STOPA1

1. Departamento de Engenharia Elétrica, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Av. Amazonas, 7675 – Belo Horizonte – MG. CEP: 30510-000

E-mails: claudioal@deii.cefetmg.br, marcelo@des.cefetmg.br 2. Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de São João del-Rei

Praça Frei Orlando, 170 – São João del-Rei – MG. CEP: 36307-352 E-mail:vvrsilva@ufsj.edu.br

Abstract The aim of this paper is to evaluate the Load Torque Signature Analysis, which is a mechanical fault detection method, into application drives that work in closed loop in order to perform a speed control. The main fault focused is the cavitation phenomenon, which occurs on systems involved with fluid pumping, such as those where centrifugal pumps are applied.

Keywords cavitation detection, centrifugal pump, motor drive, speed control

Resumo O objetivo deste trabalho é avaliar a ferramenta de detecção de faltas mecânicas denominada Load Torque Signature Analysis em acionamentos onde se faz controle de velocidade em malha fechada. O principal tipo de falta analisada é o fenômeno da cavitação, que ocorre em sistemas de bombeamento com aplicação de bombas centrífugas.

Palavras-chave detecção de cavitação, bombas centrífugas, acionamentos, controle de velocidade 1 Introdução

As bombas centrífugas estão entre as mais utilizadas na indústria, principalmente em mineração, petroquí-micas e fábricas de celulose. O fenômeno da cavita-ção, que acomete sistemas acionados por bombas e motobombas é crítico e um dos maiores causadores de paradas da produção para manutenções corretivas e preditivas. A cavitação é um processo natural e dinâ-mico característico de sistemas com bombeamento de líquido. Atendidas algumas condições de operação, relativas a diferenças de pressões, o líquido na entrada da bomba vaporiza-se rapidamente devido a uma queda de pressão, implodindo em seguida, já no inte-rior da bomba. Efeitos nocivos incluem: danos causa-dos ao material construtivo das bombas, vibrações transmitidas por meio do eixo ao motor acionante, ru-ído sonoro e alterações das curvas características do sistema, o que pode modificar o ponto de operação (Mattos & Falco, 1998). Dessa maneira, a detecção in-cipiente da ocorrência do fenômeno de cavitação tem grande importância e é assunto deste trabalho.

Destacam-se, como variáveis de utilização para detecção da cavitação, algumas de natureza mecânica, como pressões e vibrações (Parrondo, Velarde & San-tolaria, 1998) e ruído audível (Cudina, 2003), e outras de natureza elétrica, como as correntes da máquina (Durocher & Feldmeier, 2004).

Uma das desvantagens do uso de variáveis mecâ-nicas é a necessidade de se instalarem sensores direta-mente na bomba ou na tubulação, o que implica um complicador extra onde se têm bombas submersas. Para utilização das correntes elétricas, há a facilidades de as mesmas já serem medidas em grande parte dos acionamentos. O método de detecção de cavitação que utiliza correntes mais difundido é conhecido como

Motor Currente Signature Analysis (MCSA). A partir da análise de amplitude de bandas laterais no espectro de frequência do sinal de corrente, pode-se determinar a ocorrência de faltas mecânicas.

Apesar de o MCSA possuir a vantagem de poder obter as correntes do motor facilmente, a reduzida faixa de passagem constitui um limitador bastante agravante para análise de faltas que ocorram em fre-quências mais elevadas. Em (Stopa, 2009), um mé-todo alternativo, denominado Load Torque Signature Analysis (LTSA), é desenvolvido, o qual se mostra do-tado de uma faixa de passagem maior que o MCSA, além de robustez quanto a variações nas condições de operação e sensibilidade paramétrica. O LTSA faz uso da análise do sinal de conjugado de carga estimado no domínio da frequência, a partir da aplicação da FFT (transformada rápida de Fourier), para indicar a ocor-rência de falta.

Aplicações com bombas centrífugas, onde é ne-cessário realizar um controle de velocidade em malha fechada, são demandadas para obter variação do ponto de operação com máxima eficiência (Carlson, 2000). Logo, estudar o desempenho da ferramenta LTSA nessas aplicações de malha fechada é de grande inte-resse.

O objetivo deste trabalho é avaliar a capacidade da ferramenta LTSA em detecção de falha mecânica, do tipo cavitação, em acionamentos que trabalhem com controle de velocidade em malha fechada.

2 O Método LTSA

Trabalhos prévios (Stopa, 2011; Stopa, Filho & Mar-tinez, 2014) desenvolvem e mostram o desempenho da LTSA frente a várias condições de operação, inclu-sive em um sistema real, onde se nota a ocorrência da

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cavitação. A estrutura do método é mostrada na Figura 1: consiste de um estimador do conjugado de carga, seguido de análise do sinal no domínio da frequência via FFT, e faz uso das medições de tensões, correntes e posição angular por meio de sensor do tipo encoder. A motivação para utilização do conjugado de carga como variável indicativa de falta mecânica deve-se à manifestação de grande parte dessas faltas no próprio sinal de torque de carga através de vibrações e oscila-ções transmitidas ao eixo do motor.

Tratando o conjugado de carga como distúrbio, o motor percebe as oscilações características da falha através de modulações nos sinais de corrente de esta-tor, posição e velocidade angular. Fazendo-se uso des-ses sinais, é possível reconstituir ou estimar o conju-gado de carga aplicado ao eixo do motor e, consequen-temente, detectar a falta.

O fenômeno da cavitação caracteriza-se por uma frequência própria (frequência de passagem das lâmi-nas) dada pelo produto entre o número de lâminas da bomba e a sua velocidade. A existência e a amplitude dessa componente de frequência são dependentes da ocorrência e do grau de severidade do fenômeno da cavitação.

A estimação do conjugado de carga é feita por meio de um observador de posição/velocidade do tipo Lünberguer (Lorenz & Van Patten, 1991) o qual é apresentado por meio de diagrama de blocos na Figura 2. Os símbolos utilizados nas figuras e equações que se sucedem em todo o texto, a saber: 𝜃𝑟, 𝜃̂𝑟, 𝜔𝑟, 𝜔̂𝑟, 𝑇𝑒𝑚, 𝑇̂𝑒𝑚, 𝑇𝐿, 𝑇̂𝐿, 𝐽, 𝐽̂, 𝑏 e 𝑏̂ representam, respectiva-mente, grandezas reais e estimadas para: posição an-gular, velocidade anan-gular, conjugado eletromagné-tico, conjugado de carga, momento de inércia total re-ferido ao eixo do motor e coeficiente de atrito viscoso.

A posição angular estimada é realimentada na própria entrada do observador, para gerar um erro que, apli-cado aos ganhos proporcional, 𝑘𝑜, integral, 𝑘𝑖𝑜, e de-rivativo, 𝑏𝑜, origina o sinal 𝑇̂𝐿 multiplicado por -1. O observador é complementado pela parte mecânica es-timada do acionamento, composta por 𝐽̂ e 𝑏̂, obtidos experimentalmente por ensaios. Para que o observador tenha o mesmo comportamento que o acionamento real, deve-se alimentá-lo por meio de 𝑇̂𝑒𝑚, o qual é ob-tido de um observador de conjugado eletromagnético, conforme apresentado na subseção 4.4.

A equação para a saída de interesse, que é o sinal 𝑇̂𝐿, em função de 𝑇𝐿 e 𝑇̂𝑒𝑚, é dada na Equação (1). 𝑇̂𝐿= (𝑘𝑜𝑠 + 𝑘𝑖𝑜) 𝐽̂𝑠3+ (𝐽̂𝑏 𝑜+ 𝑏̂)𝑠2+ (𝑏̂𝑏𝑜+ 𝑘𝑜)𝑠 + 𝑘𝑖𝑜 𝐽̂𝑠 + 𝑏̂ 𝐽𝑠 + 𝑏[( 𝐽𝑠 + 𝑏 𝐽̂𝑠 + 𝑏̂ − 1) 𝑇̂𝑒𝑚+ 𝑇𝐿] (1)

Percebe-se que quando se tem uma estimação exata dos parâmetros do acionamento (𝐽̂ = 𝐽 e 𝑏̂ = 𝑏), o conjugado de carga estimado passa a ser função ape-nas do próprio conjugado real, sendo invariável a mu-danças no torque eletromagnético do motor. Essa é uma característica desejada do detector de faltas, uma vez que o mesmo passa a ser imune a fenômenos não correlatos à cavitação, como distúrbios na rede elé-trica que refletem no sinal de 𝑇𝑒𝑚 e consequentemente em 𝑇̂𝑒𝑚. Para esta situação, o sinal 𝑇̂𝐿 é uma versão filtrada de 𝑇𝐿, com faixa de passagem determinada pe-los ganhos do observador, 𝑘𝑜, 𝑘𝑖𝑜 e 𝑏𝑜, a qual pode ser ajustada por meio de alocação de polos no denomina-dor da Equação (1) (Stopa, 2011).

4 A ferramenta LTSA em malha fechada A estratégia de utilização da LTSA no sistema em ma-lha fechada é mostrada na Figura 3. Nota-se a pre-sença de quatro partes características:

 a malha de controle de velocidade com con-trole feedback e feedforward;

 o motor, representado por uma fonte de con-jugado com constante de tempo 𝜏𝑐, contro-lado por orientação de fluxo de rotor, junto à parte mecânica do acionamento;

 o observador de velocidade/posição angular;  o observador de conjugado eletromagnético,

𝑇̂𝑒𝑚.

4.1 A malha de controle de velocidade

O controle da malha de velocidade faz uso de um sinal de referência de velocidade, 𝜔𝑟∗, para compor o erro de rastreamento, 𝑒 = 𝜔∗− 𝜔̂, que é aplicado a um controlador PI (controle feedback), o qual fornece a parcela do conjugado de referência: 𝑇𝑒𝑓𝑏∗ . Há também uma malha externa com antecipação da aceleração e velocidade de referência, 𝛼𝑟∗ e 𝜔𝑟∗, que utiliza os parâ-metros estimados, 𝐽̂ e 𝑏̂ (controle feedforward), para gerar 𝑇𝑒𝑓𝑓∗ , o qual, somado a 𝑇𝑒𝑓𝑏∗ , produz o conjugado Figura 1 – Diagrama esquemático da ferramenta LTSA (Stopa,

2011)

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eletromagnético total de referência: 𝑇𝑒𝑚∗ . O controla-dor PI é caracterizado pelos ganhos proporcional, 𝑏𝑎, e integral, 𝑏𝑖𝑎, que são responsáveis por definir a faixa de passagem da malha de controle. A função de trans-ferência entre 𝜔𝑟 e ω𝑟∗ é dada pela Equação (2).

𝜔𝑟 ω𝑟∗ = 𝐽̂𝑠 2+ (𝑏 𝑎+ 𝑏̂)𝑠 + 𝑏𝑖𝑎 𝐽𝜏𝑐𝑠3+ (𝜏𝑐𝑏 + 𝐽)𝑠2+ (𝑏 + 𝑏𝑎)𝑠 + 𝑏𝑖𝑎 (2) A faixa de passagem pode ser definida através de alocação de polos no denominador, analogamente ao que foi apresentado para o ajuste de ganhos do obser-vador de posição/velocidade, na seção anterior.

4.2 O motor como fonte de conjugado e a parte mecânica do acionamento

A malha de controle de velocidade fornece um sinal de conjugado eletromagnético de referência, 𝑇𝑒𝑚∗ , a ser produzido pelo motor. Para que o mesmo possa pro-duzir um torque com base em um sinal de referência, ele é controlado por orientação de fluxo de rotor. De acordo com (Novotny & Lipo, 1998), orientando-se adequadamente o sistema de referência de eixos DQ com o fluxo de rotor, o torque produzido passa a ser o produto entre corrente de eixo em quadratura de esta-tor, 𝑖𝑞𝑠, e fluxo de eixo direto de rotor, 𝜆𝑑𝑟, a menos de uma constante, conforme mostra a Equação (3):

𝑇𝑒𝑚= 3 2 𝑃 2 𝐿𝑚 𝐿𝑟𝑖𝑞𝑠𝜆𝑑𝑟, (3) em que 𝑃 é o número de polos da máquina, e 𝐿𝑚 e 𝐿𝑟, as indutâncias de magnetização e dispersão do rotor, respectivamente.

Realizando as compensações apropriadas nas ma-lhas de fluxo e de conjugado do motor, mantendo fluxo constante e garantindo orientação do mesmo, chega-se a um modelo do motor em que o conjugado real responde ao conjugado de referência de acordo com uma dinâmica imposta, dada por uma constante de tempo arbitrária 𝜏𝑐. O valor de 𝜏𝑐 depende de parâ-metros da própria máquina e de ganhos específicos

utilizados nas compensações das malhas internas (Novotny & Lipo, 1998). Dessa maneira, o motor com controle por orientação de fluxo de rotor passa a ser um produtor de conjugado, comandado pelo sinal 𝑇𝑒𝑚∗ , com constante de tempo 𝜏𝑐.

O conjugado 𝑇𝑒𝑚 age sobre a parte mecânica do acionamento, mostrado imediatamente à direita da fonte de conjugado, na Figura 3. Nessa parte mecâ-nica, atua ainda o torque 𝑇𝐿, de modo que a resposta das variáveis mecânicas é dada pela Equação (4).

𝑇𝑒𝑚− 𝑇𝐿= 𝐽 ⋅

𝑑𝜔𝑟

𝑑𝑡 + 𝑏 ⋅ 𝜔𝑟 (4) São mostrados ainda na Figura 3 a posição, 𝜃𝑟, e a aceleração angular, 𝛼𝑟, relacionadas à velocidade an-gular, 𝜔𝑟, por meio de integradores, como o operador Laplaciano 𝑠−1 evidencia na mesma figura.

4.3 O observador de posição/velocidade

O observador de posição/velocidade localizado no canto inferior esquerdo da Figura 3 é o mesmo apre-sentado na seção anterior e retratado na Figura 2.

Deve-se acrescentar que o sinal de velocidade es-timada é utilizado para realimentar a malha de con-trole de velocidade e gerar o erro de rastreamento 𝑒 = 𝜔𝑟∗− 𝜔̂𝑟 necessário para o controle feedback. Esta to-pologia de controle, por meio de observador, corres-ponde a uma parcela significativa de acionamentos controlados, não implicando custos computacionais adicionais na sua implementação (Stopa, 2011). A ve-locidade estimada, desde que os ganhos do observador sejam bem ajustados de modo a garantir uma faixa de passagem apropriada, tende a aproximar-se da veloci-dade real à medida em que a faixa de passagem do ob-servador estende-se, e não apresenta erros de quanti-zação típicos de sensores de posição, como o encoder. Portanto, pode ser aplicada para fins de controle sem prejuízo do desempenho do sistema em malha fe-chada.

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4.4 O observador de conjugado eletromagnético Na extremidade inferior direita da Figura 3, localiza-se o oblocaliza-servador de conjugado eletromagnético neces-sário para fornecer a ação feedforward ao observador de posição/velocidade, por meio do sinal 𝑇̂𝑒𝑚. Várias topologias de observador são encontradas na litera-tura, sendo a maior parte baseada na estimativa ou ob-servação do fluxo magnético de rotor, uma vez que o conjugado é dependente deste sinal, de acordo com a Equação (3). Neste trabalho foi utilizado um observa-dor de fluxo denominado Observaobserva-dor de Ordem Mí-nima de Gopinath, o qual faz uso de um modelo em corrente para o motor junto a um termo de correção de predição, numa característica de malha fechada (Jansen & Lorenz, 1994). Deve-se chamar a atenção para o fato de que esse observador faz uso das tensões e correntes elétricas de estator, as quais são facilmente medidas, e também da velocidade angular do rotor. Este último sinal pode ser substituído pela velocidade angular estimada oriunda do próprio observador de posição/velocidade já presente no sistema.

4.5 Análise das funções de transferência

Um indicativo do desempenho da LTSA aplicada no sistema em malha fechada refere-se à análise das fun-ção de transferência que relacionam a variável de sa-ída de interesse, 𝑇̂𝐿, às entradas exógenas, dadas por 𝜔𝑟∗ e 𝑇𝐿, na Figura 3. Assumindo-se que 𝑇̂𝑒𝑚= 𝑇𝑒𝑚, chega-se às funções de transferência conforme apre-sentado nas Equações (5) - (8).

É possível observar que o sistema completo, em malha fechada, caracteriza-se por um grau de comple-xidade bastante superior àquele apresentado na seção 3, em malha aberta. Como o polinômio 𝐷𝐸𝑁(𝑠) é de grau seis, e o 𝐺′(𝑠), de grau quatro, tem-se que o con-jugado de carga estimado corresponde a uma versão filtrada do real, com predominância de um filtro de se-gunda ordem para altas frequências. Na ausência de erros de estimação de parâmetros, 𝑇̂𝐿 é função apenas do conjugado real, sendo independente do sinal de ve-locidade de referência. Esse comportamento é alta-mente desejado num sistema em que se deseja detectar faltas provenientes de 𝑇𝐿.

Podem-se aplicar as simplificações 𝜏𝑐= 𝑏 = 𝑏̂ = 0 e 𝐽̂ = 𝐽, para fins de análise e obtenção de uma fun-ção de transferência mais simples, como mostra a Equação (9): 𝑇̂𝐿 𝑇𝐿 = 𝑘𝑜𝑠 + 𝑘𝑖𝑜 𝐽𝑠3+ 𝐽𝑏 𝑜𝑠2+ 𝑠𝑘𝑜+ 𝑘𝑖𝑜 . (9)

Essa expressão é idêntica àquela da Equação (1) quando se aplicam nela as mesmas simplificações que foram consideradas aqui. Isso mostra que, no caso

ideal, o conjugado de carga estimado apresenta a mesma dinâmica em resposta frente ao conjugado real, quer o acionamento esteja em malha aberta ou fechada. A malha de controle de velocidade não influ-encia na estimação do torque de carga, o que é uma característica almejada para esta aplicação específica de detecção de falta.

A sensibilidade paramétrica da função de transfe-rência dada pelas Equações (5) - (8) é analisada por meio das curvas de resposta em frequência apresenta-das na Figura 4. Foi considerado, para essa análise, um acionamento com 𝐽 = 0,0095 𝑘𝑔 ⋅ 𝑚2, 𝑏 = 0, polos do observador, em 𝐻𝑧: 40, 200 e 1000; polos da malha de controle de velocidade, em 𝐻𝑧: 40 e 200; e 𝜏𝑐 = 37,8 𝜇𝑠. Variações ou erros típicos na estimação de 𝐽 são da ordem de 30% (Stopa, 2011).

Nota-se que a resposta da estimação de conjugado de carga tem uma faixa de passagem próxima de 200 𝐻𝑧, definida pelos polos do observador. Há, entre 10 e 100 𝐻𝑧, um leve sobressinal na resposta em fre-quência, indicando que o sinal de 𝑇̂𝐿, indicador de falta, é amplificado em relação ao 𝑇𝐿. Este comporta-mento não é observado em nenhum outro método de detecção de cavitação encontrado na literatura, o que evidencia uma possibilidade de se explorar essa carac-terística no sentido de se obter uma sensibilidade maior da ferramenta LTSA. Para frequências mais ele-vadas, a inclinação do gráfico aproxima-se, assintoti-camente, de -40db/década, como esperado, de acordo com a análise dos graus dos polinômios. Além disso, a variação em 𝐽 implicou uma pequena variação de ga-nho em torno da frequência de corte. O gaga-nho para si-nais contínuos de conjugado de carga é unitário, inde-pendente de erros de estimação do momento de inér-cia, o que pode ser comprovado pelas Equações (5) - (8), fato que não é observado no sistema em malha aberta (vide Equação (1)), apontando uma vantagem da aplicação da LTSA em malha fechada.

5. Resultados de simulação

Para verificar o comportamento dinâmico e o desem-penho da LTSA aplicada num acionamento em malha 𝑇̂𝐿= 𝐺′(𝑠) ⋅ 𝑇 𝐿+ 𝐺′′(𝑠) ⋅ 𝜔𝑟∗ 𝐷𝐸𝑁(𝑠) (5) 𝐺′(𝑠) = (𝐽̂𝑘 𝑜𝜏𝑐)𝑠4+ (𝐽̂𝑘𝑜+ 𝐽̂𝑘𝑖𝑜𝜏𝑐+ 𝑏̂𝑘𝑜𝜏𝑐)𝑠3+ (𝐽̂𝑘𝑖𝑜+ 𝑏̂𝑘𝑜+ 𝑏𝑎𝑘𝑜+ 𝑏̂𝑘𝑖𝑜𝜏𝑐)𝑠2+ (𝑏̂𝑘𝑖𝑜+ 𝑏𝑎𝑘𝑖𝑜+ 𝑏𝑖𝑎𝑘𝑜)𝑠 + 𝑏𝑖𝑎𝑘𝑖𝑜 (6) 𝐺′′(𝑠) = (𝐽 − 𝐽̂)𝐽̂𝑘 𝑜𝑠4+ [(𝐽 − 𝐽̂)(𝑏𝑎𝑘𝑜+ 𝑏̂𝑘𝑜+ 𝐽̂𝑘𝑖𝑜) + (𝑏 − 𝑏̂)𝐽̂𝑘𝑜]𝑠3 + [(𝐽 − 𝐽̂)(𝑏𝑎𝑘𝑖𝑜+ 𝑏𝑖𝑎𝑘𝑜+ 𝑏̂𝑘𝑖𝑜) + (𝑏 − 𝑏̂)(𝑏𝑎𝑘𝑜+ 𝑏̂𝑘𝑜+ 𝐽̂𝑘𝑖𝑜)]𝑠2 + [(𝐽 − 𝐽̂)𝑏𝑖𝑎𝑘𝑖𝑜+ (𝑏 − 𝑏̂)(𝑏𝑎𝑘𝑖𝑜+ 𝑏𝑖𝑎𝑘𝑜+ 𝑏̂𝑘𝑖𝑜)]𝑠 + (𝑏 − 𝑏̂)𝑏𝑖𝑎𝑘𝑖𝑜 (7) 𝐷𝐸𝑁(𝑠) = (𝐽𝐽̂𝜏𝑐)𝑠6+ (𝐽𝐽̂ + 𝐽𝑏̂𝜏𝑐+ 𝐽̂𝑏𝜏𝑐+ 𝐽𝐽̂𝑏𝑜𝜏𝑐)𝑠5+ (𝐽𝑏̂ + 𝐽̂𝑏 + 𝐽𝑏𝑎+ 𝐽𝐽̂𝑏𝑜+ 𝐽𝑘𝑜𝜏𝑐+ 𝑏𝑏̂𝜏𝑐+ 𝐽𝑏̂𝑏𝑜𝜏𝑐+ 𝐽̂𝑏𝑏𝑜𝜏𝑐)𝑠4 + (𝐽𝑏𝑖𝑎+ 𝐽𝑘𝑜+ 𝑏𝑏̂ + 𝑏𝑏𝑎+ 𝐽𝑏̂𝑏𝑜+ 𝐽̂𝑏𝑏𝑜+ 𝐽̂𝑏𝑎𝑏𝑜+ 𝐽𝑘𝑖𝑜𝜏𝑐+ 𝑏𝑘𝑜𝜏𝑐+ 𝑏𝑏̂𝑏𝑜𝜏𝑐)𝑠3 + (𝐽𝑘𝑖𝑜+ 𝑏𝑏𝑖𝑎+ 𝑏𝑘𝑜+ 𝑏𝑎𝑘𝑜+ 𝐽̂𝑏𝑖𝑎𝑏𝑜+ 𝑏𝑏̂𝑏𝑜+ 𝑏̂𝑏𝑎𝑏𝑜+ 𝑏𝑘𝑖𝑜𝜏𝑐)𝑠2+ (𝑏𝑘𝑖𝑜+ 𝑏𝑎𝑘𝑖𝑜+ 𝑏𝑖𝑎𝑘𝑜+ 𝑏̂𝑏𝑖𝑎𝑏𝑜)𝑠 + 𝑏𝑖𝑎𝑘𝑖𝑜 (8)

Figura 4 – Influência de erros no momento de inércia sobre o conjugado de carga estimado

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fechada, foram simuladas computacionalmente situa-ções com conjugado de carga aplicado no eixo de tor, para emular o efeito da cavitação. Partiu-se o mo-tor do acionamento (𝑃𝑛𝑜𝑚= 7,5 ℎ𝑝, 𝑛𝑁𝑂𝑀= 3500 𝑟𝑝𝑚, 𝑉𝑁𝑂𝑀= 220 𝑉) com uma rampa de velo-cidade com valor final igual ao nominal. Após a esta-bilização da velocidade, um degrau de conjugado de carga igual ao nominal foi aplicado, junto a um distúr-bio senoidal com amplitude igual a 10% do torque no-minal e frequência 𝑓𝐶𝐴𝑉= (3500 60⁄ ) ⋅ 𝑁𝑙𝑎𝑚= 406 𝐻𝑧, em que 𝑁𝑙𝑎𝑚 corresponde ao número de lâ-minas da bomba, considerado igual a 7 neste trabalho.

Inicialmente se considerou uma situação ideal, sem os efeitos da quantização do encoder e do chave-amento do inversor de frequência alimentando o mo-tor. Para este caso, tem-se a resposta do conjugado de carga estimado mostrada na Figura 5. Após um breve transitório, contado a partir de 0,7s, o sinal de 𝑇̂𝐿 apre-senta o seu valor médio equiparado àquele de 𝑇𝐿. Nota-se que a estimação do conjugado de carga dá-se com uma certa atenuação e defasagem, o que se deve à faixa de passagem do observador de posição/veloci-dade, conforme pode ser verificado na Figura 4, onde, para a frequência 𝑓𝐶𝐴𝑉= 406 𝐻𝑧, há um ganho menor que a unidade. A Figura 6 apresenta a aceleração do motor acompanhando o sinal de referência de veloci-dade angular. Após a aplicação do conjugado de carga, a velocidade oscila na frequência de 406 𝐻𝑧.

Quando se consideram os efeitos não-lineares do encoder, com resolução de 10 bits, obtém-se um sinal de conjugado de carga estimado bastante ruidoso, como apresentado na Figura 7. Como o sinal de saída do encoder é quantizado, isto é, limitado em ampli-tude a intervalos específicos dependentes da resolu-ção, o erro de rastreamento é sempre não-nulo. Uma vez que os elevados ganhos do observador são aplica-dos sobre esse erro, há uma amplificação de um ruído de alta frequência.

A aplicação do inversor de frequência como ali-mentação do motor para fins de controle resulta nas curvas de conjugado da Figura 8. A análise da resposta de 𝑇̂𝐿 indica que o chaveamento em alta frequência do inversor (20 𝑘𝐻𝑧) não perturba significativamente a estimação do conjugado de carga.

Para situação mais próxima de um sistema real, consideram-se agora os efeitos conjuntos do encoder e do inversor de frequência, resultando nas curvas da Figura 9. Nota-se que o comportamento do conjugado de carga estimado caracteriza-se por ser o mais rui-doso dentre os simulados, com oscilações e uma falsa estimativa de conjugado de carga mesmo antes da aplicação do mesmo.

Apesar das diferenças significativas observadas no domínio do tempo, principalmente para os casos em que se considera o efeito quantizador do encoder, os espectros de frequência do conjugado de carga para

Figura 8 – Resposta do conjugado de carga estimado junto ao con-jugado de carga real, para situação com inversor de frequência Figura 7 – Resposta do conjugado de carga estimado junto ao

con-jugado de carga real, para situação com encoder

Figura 6 – Resposta da velocidade angular frente à aplicação de referência de velocidade em formato de rampa Figura 5 – Resposta do conjugado de carga estimado junto ao

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as quatro situações assemelham-se bastante, como mostra a Figura 10. É possível identificar claramente uma componente em 406 𝐻𝑧, correspondendo à ocor-rência de uma oscilação no conjugado de carga, isto é, sistema sob cavitação. A possibilidade de se detectar cavitação erroneamente devido a ruídos de medição oriundos do encoder e inversor de frequência é mínima, fato comprovado pelos espectros de frequência referentes a essas situações, em que as componentes ruidosas têm amplitude insignificante comparadas à principal de 406 𝐻𝑧.

6 Conclusão

A aplicação da ferramenta LTSA em um acionamento com controle de velocidade em malha fechada atendeu à demanda por apontar corretamente a ocorrência de falta mecânica representada neste trabalho por uma oscilação forçada no conjugado de carga aplicado ao motor com o intuito de emular o fenômeno da cavita-ção. Em malha fechada a ferramenta não só mantém a capacidade de apontar faltas, como também resulta em uma redução da dependência a variações paramétri-cas. A malha de controle de velocidade tem pouca ou nenhuma influência sobre o processo de detecção de falta, como foi observado na simplificação da função de transferência original.

Trabalhos futuros envolvem a aplicação da ferra-menta em malha fechada num sistema real com uma bomba centrífuga e a análise da implementação em ambiente digital, o que demanda uma discretização da ferramenta e uma mudança de abordagem.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), à Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET/MG) e à Uni-versidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) pelo su-porte financeiro dado a esta pesquisa.

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Figura 10 – Espectro de frequência do conjugado de carga esti-mado para as quatro situações simuladas

Figura 9 – Resposta do conjugado de carga estimado junto ao real, para situação com encoder e inversor de frequência

Referências

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