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OS ASPECTOS DA URBANIZAÇÃO DE MURIAÉ- MG

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OS ASPECTOS DA URBANIZAÇÃO DE MURIAÉ- MG

Arthur da Costa Orlando1

1. Introdução

O presente artigo tem como objetivo contribuir para compreensão do desenvolvimento urbano de São Paulo do Muriahé (atual Muriaé), freguesia essa localizada no sertão leste da Zona da Mata mineira. Assim, primeiramente, discutiremos os conceitos de espaço e território, buscando evidenciar a interdisciplinaridade entre Geografia e História na busca de uma reflexão maior sobre as relações sócio-espaciais ocorridas no passar dos anos. Em seguida, será feito um breve diálogo com a historiografia regional evidenciando a chegada do homem branco a essa área, sua estabilização com a produção agrícola e início do crescimento econômico. Ao final será exposto o resultado da análise de 295 atas da Câmara Municipal de Muriaé entre os anos de 1871 – 1890. O período é justificado pelo fato do estudo estar voltado ao início do desenvolvimento urbano, onde nesse recorte se encontram os primeiros serviços de infraestrutura realizados no município, deliberados pelas autoridades municipais (vereadores) de acordo com as necessidades oriundas no momento da área em questão.

Apesar de ter sido mencionado esse período e atas analisadas, abrangendo quase duas décadas, é preciso frisar, desde logo, a existência de algumas lacunas, ora temporais, ora em termo de informações anotadas. Como seria de esperar, algumas partes dos livros das atas se perderem no tempo, ou se encontram em dificuldade de acesso, resultando na falta quase total de informações para o ano de 1871, e total para os de 1874 à 1879, 1886 à 1887. O que significa dizer que os anos de 1872-73, 80-85, 88-90, oferecem a possibilidade de interpretações cronológicas e diacrônicas mais seguras, não se pretendendo menosprezar os dados disponíveis para o ano de 1871, pois cada fonte que ainda sobrevive tem de ser valorizada (LIBBY, 2004:69-96).

Mesmo assim, o banco de dados construído pelo autor consiste em dados que nos permite compreender as necessidades pedidas pelos moradores, e a posição das autoridades quanto às mesmas, formando um conjunto de informações que nos permite retratar vários aspectos da realidade do período em tela, bem como levantar algumas hipóteses que procuram

1 Mestrando em História pela Universidade Salgado de Oliveira- UNIVERSO. Email:

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explicar àquela realidade. A primeira variável do banco de dados é a data da reunião, um dado essencial para entendemos à urgência dos pedidos, as análises e decisões, que geraram mudanças ou reclamações nas demais variáveis.

Com relação às petições e deliberações, ocorridas nas discussões dessas autoridades municipais, temos uma série de dados: construção de pontes; abertura de caminhos; concessão de terrenos; requerimentos de esgoto e calçamentos. Foram encontrados também discussões sobre o possível abastecimento de água, porém nada de concreto em relação a sua efetivação, além de outros assuntos tratados como: pagamentos feitos às custas judiciárias, fornecimento de alimentação aos presos pobres, ofícios de leis oriundas do governo provincial, tabelas de impostos, entre outros. Assuntos estes que fogem ao tema proposto, mas, podem subsidiar uma futura pesquisa relacionada a essas questões.

1.2 Uma breve discussão entre os conceitos de espaço e território

Partindo das considerações feitas por Claude Raffestin de que “espaço e território não são termos equivalentes” e que “o espaço é anterior ao território” buscaremos primeiramente, através de um breve diálogo entre os conceitos, definir o termo espaço que durante anos foi alvo de discussão entre os principais pensadores da Geografia desde sua fase tradicional à humanista e cultural. (RAFFESTIN, 1993: 143-147)

Diante dessa perspectiva Henri Lefebvre ressalta que “o espaço estaria essencialmente vinculado com a reprodução das relações (sociais) de produção” (LEFEBVRE, 1973: 91-95), Milton de Almeida Santos. “Afirma não ser possível conceber uma determinada formação sócio - econômica sem se recorrer ao espaço. Segundo ele, modo de produção, formação sócio - econômica e espaço são categorias interdependentes” (SANTOS 1977: 3-13). Neste sentido Roberto Lobato Correa nos esclarece que,

O mérito do conceito de formação sócio – espacial, ou simplesmente formação espacial, reside no fato de se explicar teoricamente que uma sociedade só se torna concreta através de seu espaço, do espaço que ela produz e, por outro lado; o espaço só é inteligível através da sociedade. Não há assim, por que falar em sociedade e espaço como se fossem coisas separadas que nós reuniríamos a posteriori, mas sim de formação sócio – espacial. (CORRÊA, 1995: 26-27)

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Frente a essas indagações, o conceito será visto aqui sob a ótica a ser organizado pelo homem de diferentes grupos que nele produzem, circulam, consomem, lutam, sonham, enfim, vivem e fazem a vida caminhar.

Percebemos essas perspectivas nas formas de ocupações ocorridas na Zona da Mata mineira, as quais podem ser dadas como exemplo de formação sócio-espacial, onde eram apropriadas partes do espaço para se produzir. Assim, através dessa concepção de espaço compreendemos melhor o conceito de território que, segundo Raffestin, “se forma a partir do espaço, sendo o resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível, onde ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente, o ator territorializa o espaço” (RAFFESTIN, 1993: 143-147) constituindo assim um lugar de relações sociais a partir da sua apropriação.

Seguindo nessa concepção, Márcio Freitas Eduardo nos atenta que

O espaço, metaforicamente, constitui a matéria – prima do território, sendo esse uma apropriação social do espaço (econômica, política e culturalmente) por autores que realizam determinadas atividades sociais: os atores sintagmáticos, cujas intencionalidades e comportamentos, nas diferentes maneiras, tempos, dimensões e intensidades de territorializarem-se e viverem os produtos do(s) “processos” do(s) territórios, estão fortemente mescladas e intrisecadas ao poder. (EDUARDO, 2006:178)

Desta forma, concordamos com Marcos Aurélio Saquet que espaço e território não se encontram separados, “um está no outro.” O conceito de território se diferenciaria de espaço por três processos determinantes; as relações de poder numa compreensão multidimensional, as identidades simbólico – culturais mais específicos e os processos TDR (Territorialização, desterritorialização e reterritorização). (SAQUET, 2009: 83)

Nesta mesma linha coaduna Tiago Roberto Alves Teixeira no intuito de realizar contribuições acerca do conceito, o autor reafirma que são as relações de poder, por meio de diferentes atores, que se apropriando do espaço (por meio de conflito ou não) que formam os territórios, imprimindo nestes suas características relacionais de acordo com seus objetivos, que podem ter influências de ordem econômica, política, cultural e até mesmo do meio natural (TEIXEIRA, 2010: 75-78).

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Portanto o conceito de território será visto nesse artigo sob a ótica histórica, como uma determinada área apropriada por atores que através das relações de poder inserem seus interesses econômicos, políticos e culturais.

A partir da definição dos conceitos conseguimos relacioná-los com a região estudada, visto que a Zona da Mata Mineira em seu processo de ocupação passou por diversas transformações, sendo sempre palco de atores que territorializaram seus espaços ao longo dos anos através das relações de poder.

De acordo com essa perspectiva temos o caso de São Paulo do Muriahé, região localizada ao leste da Mata mineira que começa a receber, antes da chegada do agente colonizador, seus primeiros sinais de transformação espacial, com a instalação dos índios Puris e Coroados, oriundos do litoral do Rio de Janeiro para o sudeste de Minas Gerais (MERCADANTE, 1973: 30-32). Tendo, posteriormente, uma dinamização maior nas transformações a partir da chegada e estabilização do homem branco nesse espaço, como será evidenciado.

Na perspectiva de se compreender as relações existentes será feito abaixo uma breve discussão historiográfica.

1.3 Ocupação e produção agrícola de São Paulo do Muriahé: breve discussão historiográfica

O processo de ocupação pelo homem branco da área que seria chamada de São Paulo do Muriahé ocorre tardiamente, apenas no final do século XVIII início do XIX, tendo por explicação sua localização nos sertões leste da Mata mineira, também denominados “Sertões Proibidos” pelas autoridades da Colônia e da Capitania, que buscavam impedir à ocupação e consideravam uma defesa natural contra o contrabando do ouro (ROCHA, 2008:15). Esta ocupação inicia de maneira efetiva, graças aos incentivos feitos pela coroa, visando privilégios, isenções fiscais e doação de sesmarias, além de duas políticas indigenistas no período abordado. A primeira que se baseava no extermínio dos nativos, a outra na ideia de aldeamento, visando integrar os nativos a sociedade civil, estimulando-os à adoção da agricultura como base de subsistência e ensinando-os a educação religiosa e civil com os sacerdotes católicos (SOARES, 2009: 95-97).

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Diante dessa perspectiva, concordamos com Haruf Salmen Espindola ao mencionar que “esses sertões que ficavam a leste dos núcleos ligados a mineração, e, eram vistos como

proibidos se tornaram alternativa com a diminuição aurífera”, iniciando assim seu processo de ocupação (ESPINDOLA, 2005: 25).

Diante do exposto, percebemos que os aldeamentos indígenas obtiveram grande impacto sobre o território da Zona da Mata, principalmente durante os anos de atuação do diretor-geral dos índios Guido Thomaz Marliére, responsável pelos nativos da Freguesia de São Manoel do Pomba, São João Batista e anexas, onde em seu trabalho civilizador sempre pregava respeito aos nativos, opondo-se ao trabalho servil indígena e a concessão de aguardente, que muitas vezes era concedida aos nativos pelos colonizadores em troca da Ipecacuanha2, raiz medicinal também conhecida como poaia, explorada nessa região em grande escala devido a aceitação não só no mercado brasileiro, mas também na Europa (SOARES, 2009: 99-100).

Em artigo publicado na Revista do Arquivo Público Mineiro, observamos a importância de Guido Marliére no processo de povoamento, sendo responsável por fundar um estabelecimento para os índios Puris, no sertão do Muriaé, levantar uma Igreja para eles e demarcar suas terras, desde que fossem bastante para sua cultura e sustento. Fato esse visto por Soares como passo fundamental para o crescimento do futuro município.

Recebendo arruamento e habitações de brasileiros, as aldeias caminharam a passos largos para se tornarem povoados brasileiros, evoluindo para as cidades atuais. Este é o caso de Muriaé, antigo arraial de São Paulo do Manoel Burgo, com núcleo inicial formado a partir de um aldeamento de índios Puris, criado em 1819 (SOARES, 2009:107).

Segundo Vitória Fernanda Shettini de Andrade, “a doação de parcela de terra para a sua cultura e estabelecimento familiar desses nativos foi um grande aliado para sua fixação. Alguns podiam tornar agregados das fazendas e ter sua morada própria” (ANDRADE, 2006:32). Sheila Siqueira de Castro Faria, nos atenta que, “este relacionamento entre as

2 Raiz medicinal também conhecida como poaia, explorada nessa região em grande escala devido a aceitação não

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culturas indígena e branca possibilitou a sedentarização e a semi-sedentarização de alguns índios possibilitando maior convívio entre eles (FARIA, 1998: 56).

Mesmo com essa impressão de divisão do espaço “amigavelmente”, “pouco ou nada se valeu para que o problema das terras dos índios fosse de fato resolvido, pois o apossamento, a compra, a grilagem e outras formas de ocupação foram empurrando esses nativos para áreas mais distantes” (ANDRADE, 2012: 79).

Na medida em que analisamos outros trabalhos realizados sobre a região, e obtemos ferramentas de apoio, percebemos que essas relações ocorridas entre brancos e indígenas na área estudada eram norteadas por interesses, que posteriormente gerariam conflitos pela terra como Andrade nos atenta que,

Adverte-se que as disputas por terra e poder começam a se fazer presentes. Área de fronteira aberta, a Zona da Mata mineira experimentava alterações profundas, ocasionadas pela ocupação, em uma região que até então possuía uma vida tranqüila, longe das efervescências das áreas mineradoras, iniciando-se na região um processo espacial particular, fruto da própria complexidade da base econômica (ANDRADE, 2012: 81).

Percebemos que essas disputas por terras acontecem á medida que os espaços vão sendo ocupados mais intensamente e aos poucos, a “noção de riqueza foi ganhando um sentido mais objetivo de potencial dos recursos naturais” (ANDRADE, 2012:83).

Diante dessa perspectiva os estudos feitos por Jamila Aparecida Silva Câmara com as análises dos inventários post-mortem do Fórum Tabelião Pacheco de Medeiros, entre o período de 1848 e 1888 de São Paulo do Muriahé, nos permite compreendemos um pouco do panorama agrícola da área no período. Fica exposto que nos primeiros anos da análise feita existia uma diversificação maior da produção dos gêneros agrícolas como, cana, milho, arroz, feijão, entre outros, mas á medida que se aproxima da virada do século o café torna-se o principal (CAMARA, 2012: 38-42).

Com o passar dos anos rapidamente a cultura cafeeira se espalha por toda região, elevando Muriaé a posição de segundo maior produtor da província de Minas Gerais, alavancando o crescimento e desenvolvimento do município (HASTENREITER, 1979 apud MALAFAIA, 2007:20). Fato que se torna ainda mais evidente com a chegada da estrada de

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ferro na cidade em 1886, consolidando seu status entre os principais polos cafeeiros da região (ANDRADE, 2006:48).

Diante desse panorama vivido pela cidade no período, Tiago de Castro Braga nos atenta para um significativo aumento populacional ocorrido visto que a produção se intensifica, quando há pessoal disponível, ou seja, “na medida em que se intensifica a utilização do solo, torna-se mais elevado o índice demográfico, ou vice versa” (ANDRADE, 2006:46). Seguindo essa perspectiva e analisando os dois censos demográficos do período, constatamos um elevado crescimento populacional na cidade em um pequeno espaço de tempo. Em 1872 São Paulo do Muriahé continha uma população de 34.620 indivíduos,

dezoito anos depois em 1890 a cidade já contava com 50.189 habitantes, representando um aumento de 31% no período analisado, evidenciando seu crescimento econômico com a produção cafeeira (BRAGA, 2017:38).

De acordo com tudo que foi mencionado até o momento, e seguindo a perspectiva de Mario Marcos Sampaio Rodarte o qual enfatiza que, “no processo de circulação de mercadoria que a riqueza rural se convertia em riqueza urbana” (RODARTE, 1999:21). Buscamos abaixo evidenciar como os primeiros sinais de riqueza rural em São Paulo do Muriahé se converteram em infraestrutura urbana.

1.4 O início do desenvolvimento urbano

São Paulo do Muriahé era composto por onze freguesias, sendo o distrito sede, local onde as questões burocráticas e executivas estavam localizadas. Na tabela podemos observar quais as freguesias que pertenciam ao distrito sede de São Paulo do Muriahé no ano de 1872.

Fonte: Andrade, Romulo. Limites impostos pela escravidão à comunidade escrava e seus vínculos de parentesco: Zona da Mata de Minas Gerais, século dezenove. A subjetividade do escravo perante a coisificação social própria do escravismo. Tese de Doutorado. São Paulo: USP, 1995. p. 155

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Com base na análise dos dados pesquisados, foi possível montar diversos quadros sobre as informações contidas nelas, sendo primeiramente colocado o de quantidade de sessões ocorridas por ano, evidenciando as reuniões acontecidas e as que deixaram de acontecer por falta de número de vereadores.

Quadro 1

FONTE: Paço da Câmara Municipal de Muriaé. Livros de Atas, ano de 1871 á 1890

Diante do quadro exposto percebemos que a média de reuniões por mês variava entre duas ou três, visto que no ano de 1884 que contou com maior número de sessões foi também o que contou com maior número de adiamentos por falta de número legal de participantes para proceder às discussões. Levantamos a hipótese que essas ausências nas reuniões podem ter ocorrido devido a fatores como: a grande extensão do município, problemas familiares, doenças e viagens realizadas.

Perante a perspectiva de que quanto maior o número de sessões por ano, maior quantidade de adiamentos e fazendo uma análise do segundo quadro, contribuímos para a hipótese do não comparecimento as reuniões devido à grande extensão do município, pois constatamos, após o estudo realizado que a maioria das discussões feitas estava relacionada às pontes. (construção, reconstrução, consertos ou outros).

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Quadro 2

Fonte: Paço da Camara Municipal de Muriaé. Livro de Atas ano de 1871 á 1890

Seguindo essa perspectiva, Andrade nos remete a pensarmos na importância que as tropas constituíam na região estudada, enfatizando que,

Com a redução da extração das lavras de ouro, o uso das tropas circulavam os sertões do leste mineiro passou a ser uma das saídas encontradas para a ocupação do território, gerando, com o tempo, uma diversificação agrícola, baseada principalmente em gêneros básicos, como a cana, o milho, e mais tarde o café (ANDRADE, 2017:230).

Outro ponto que devemos levar em consideração, juntamente com a análise feita por Braga sobre a profissão de votantes qualificados em 1876, é que a maioria dos moradores do

município estavam diretamente ligados a serviços rurais. Sendo a profissão de lavrador a maior, englobando 71,7% dos indivíduos. Assim, essa perspectiva corrobora para buscarmos entender as poucas discussões realizadas sobre assuntos de serviços básicos urbanos: como serviços de esgoto e fornecimento de água (BRAGA, 2017:35).

Devemos notar também um número razoável de pedidos de aberturas de caminhos, visto que muitas vezes eram pedidos para encurtarem distâncias, com o intuito de se deslocarem mais rapidamente entre as freguesias, e entre a freguesia e sua propriedade rural.

O assunto que apareceu em número relativamente mediano foi o de concessão de terrenos, o que nos remete a concordarmos com Andrade que ao analisar as concessões de

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sesmarias e analisar a lei de Terras de 1850, menciona que, “não existiam na região grandes propriedades baseadas no “plantation” pelo contrário havia como característica um número reduzido de escravos e uma extensão de terras de tamanho pequeno a médio, com raras exceções” (ANDRADE, 2006: 41-42).

Esse maior número de petições de pontes, com o crescimento da produção de café perto da virada do século, pode ter explicação no que considerou Rômulo Andrade sobre seu estudo no município. De acordo com o autor, a economia de São Paulo do Muriahé baseada no cultivo de café só se consolidou após 1886, com a inauguração da ferrovia Leopoldina Highway, passando a existir melhores condições de escoamento do produto para o Rio de Janeiro (ANDRADE, 1995: 150).

Diante dos dados levantados e de uma análise sucinta dos dados conseguimos obter um posicionamento sobre os assuntos que norteavam as autoridades municipais e os anseios pedidos pela população, subsidiando futuras pesquisas que podem ser alavancadas posteriormente.

1.5 Considerações finais

Esse estudo das atas de discussões da Câmara Municipal nos permitiu delinear uma boa parte do que se era discutido nas reuniões das autoridades e quais os principais anseios dos habitantes para serem atendidos, no recorte temporal enfocado.

No lugar do aumento de concessões de terrenos, pedidos de medidas urbanas como rede de esgoto e água potável, vemos em número constante abertura de estradas e sempre em maior número discussões relacionadas às pontes, contribuindo como já mencionamos para um pensamento voltado para os interesses rurais.

Acreditamos que as autoridades municipais começaram a dar ênfase a infraestrutura urbana, na medida em que houve a consolidação econômica do município (anos mais tarde) com a produção cafeeira, e a atração de pessoas.

Estudos voltados ao tema são necessários para o entendimento da dinâmica populacional e o funcionamento da economia de determinadas regiões. Tais pesquisas contribuem para desmistificação ou confirmação de paradigmas tradicionais e generalizantes sobre o eixo econômico vigente nesses lugares.

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