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produção de cordeiros Como aumentar a OVINOS/CAPRINOS Indicação Geográfica Frutas do Vale do Francisco A expansão da ovinocaprinocultura

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A Lavoura - Nº 703/2014 • 1 Ano 117 Nº 703/2014 R$ 12,00

Como aumentar a

produção de

Cordeiros

OVINOS/CAPRINOS

Indicação Geográfica

Frutas do Vale do

submédio são

Francisco

(2)

2 • A Lavoura - Nº 703/2014

16 •

PROGRAMA PRODUÇÃO DE LEITE DE QUALIDADE

O Programa Produção de Leite de Qualidade está mudando a forma de produzir leite

nas propriedades do país. O objetivo é capacitar os produtores de leite nas boas práticas

de ordenha e gerar mais renda para o produtor. A Instrução Normativa nº 62/2011 (IN 62)

do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) regulamenta a produção,

identidade, coleta e transporte do leite e estabelece os limites de qualidade e os prazos

para serem alcançados. Saiba como atender a IN 62, procure o SENAR do seu estado ou

o sindicato da sua região. Informe-se e participe deste grande salto de qualidade do

leite brasileiro.

www.timeagrobrasil.com.br

C M Y CM MY CY CMY K

(3)

A Lavoura - Nº 703/2014 • 3

Ano 117 . Nº 703/2014

A LAVOURA

PANORAMA 06 ALiMeNtAçãO 18 & NUtRiçãO ORgANics Net 29 ANiMAis de 42 estiMAçãO ci ORgÂNicOs 55 iNFORMe seBRAe 56 FAO 60 eMPResAs 62 sNA 117 ANOs 64

OViNOs

Criatório organizado aumenta a produção de cordeiros

• 10

44 •

TeCNoLoGiA

Cinco vezes mais maracujá

24 •

AduBAção

Sua adubação é competitiva?

16 •

Manejo

É hora de abrir o silo

iNdiCAção GeoGráFiCA

Uvas de mesa e Mangas

do Vale do Submédio

São Francisco

34

Brasil tem que se proteger da diarreia suína

sAÚde ANiMAL

30 •

escolha da variedade considera o consumo

BAtAtA

52 •

46 •

oViNos/CApriNos

A vez da ovinocultura cearense

tecNOLOgiA

Tempo quente nas videiras

• 38

50 •

oViNos/CApriNos

Ovinocaprinocultura desponta no Vale do Paraíba

PROGRAMA PRODUÇÃO DE LEITE DE QUALIDADE

O Programa Produção de Leite de Qualidade está mudando a forma de produzir leite

nas propriedades do país. O objetivo é capacitar os produtores de leite nas boas práticas

de ordenha e gerar mais renda para o produtor. A Instrução Normativa nº 62/2011 (IN 62)

do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) regulamenta a produção,

identidade, coleta e transporte do leite e estabelece os limites de qualidade e os prazos

para serem alcançados. Saiba como atender a IN 62, procure o SENAR do seu estado ou

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É proibida a reprodução parcial ou total de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos sem prévia autorização do editor. Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da revista A Lavoura e/ou da Sociedade Nacional de Agricultura.

Diretor Responsável

Antonio Mello Alvarenga

Editora Cristina Baran editoria@sna.agr.br Reportagem e redação Gabriel Chiappini redacao.alavoura@sna.agr.br Secretaria

Sílvia Marinho de Oliveira alavoura@sna.agr.br

Endereço: Av. General Justo, 171 • 7º andar • CEP 20021-130 • Rio de Janeiro • RJ • Tel.: (21) 3231-6369 / 3231-6350 • Fax: (21) 2240-4189 Endereço eletrônico: www.sna.agr.br • e-mail: alavoura@sna.agr.br • redacao.alavoura@sna.agr.br

Foto: Manuela Bergamim / Embrapa Pecuária Sul • www.embrapa.br/pecuaria-sul ISSN 0023-9135 Assinaturas assinealavoura@sna.agr.br Publicidade alavoura@sna.agr.br / cultural@sna.agr.br Tel: (21) 3231-6369 Editoração e Arte I Graficci Tel: (21) 2213-0794 igraficci@igraficci.com.br Impressão

Ediouro Gráfica e Editora Ltda www.ediouro.com.br

Colaboradores desta edição

Álvaro Vilela de Resende Caio Albuquerque

Carla Gomes Dalizia Aguiar Elizabeth Quimas de Oliveira

Gabriel Chiappini Isabel Massaretto Jean Vilas Boas Joseani M. Antunes Luis Alexandre Louzada

Manuela Bergamim Mara Cristian Godoy Silva

Monalisa Leal Pereira Monica Galdino Rossana Gasparini

CADEIRA TITULAR

01 ROBERTO FERREiRA dA SiLVA PinTO 02 JAiME ROTSTEin 03 EduARdO EuGêniO GOuVêA ViEiRA 04 FRAnCELinO PEREiRA 05 Luiz MARCuS SuPLiCy HAFERS 06 ROnALdO dE ALBuQuERQuE 07 TiTO BRunO BAndEiRA RyFF 08 LindOLPHO dE CARVALHO diAS 09 FLÁViO MiRAGAiA PERRi 10 JOEL nAEGELE

11 MARCuS ViníCiuS PRATini dE MORAES 12 ROBERTO PAuLO CEzAR dE AndRAdE 13 RuBEnS RiCúPERO 14 PiERRE LAndOLT 15 AnTôniO ERMíRiO dE MORAES 16 iSRAEL KLABin 17 JOSé MiLTOn dALLARi SOARES 18 JOãO dE ALMEidA SAMPAiO FiLHO 19 SyLViA WACHSnER 20 AnTôniO dELFiM nETTO 21 ROBERTO PARAíSO ROCHA 22 JOãO CARLOS FAVERET PORTO 23 SéRGiO FRAnKLin QuinTELLA 24 SEnAdORA KÁTiA ABREu 25 AnTôniO CABRERA MAnO FiLHO 26 JóRiO dAuSTER

27 ELizABETH MARiA MERCiER QuERidO FARinA 28 AnTOniO MELO ALVAREnGA nETO 29 iBSEn dE GuSMãO CâMARA 30 JOHn RiCHARd LEWiS THOMPSOn 31 JOSé CARLOS AzEVEdO dE MEnEzES 32 AFOnSO ARinOS dE MELLO FRAnCO 33 ROBERTO ROdRiGuES 34 JOãO CARLOS dE SOuzA MEiRELLES 35 FÁBiO dE SALLES MEiRELLES 36 LEOPOLdO GARCiA BRAndãO 37 ALySSOn PAOLinELLi 38 OSAnÁ SóCRATES dE ARAúJO ALMEidA 39 dEniSE FROSSARd 40 LuíS CARLOS GuEdES PinTO 41 ERLinG LOREnTzEn Fundador e Patrono:

Octavio Mello Alvarenga

ACADEmIA NACIoNAL DE AgRICULTURA DIREToRIA ExECUTIvA

Antonio Mello Alvarenga Neto Presidente

Almirante Ibsen de Gusmão Câmara 1º vice-presidente

Osaná Sócrates de Araújo Almeida 2º vice-presidente

Joel Naegele 3º vice-presidente

Tito Bruno Bandeira Ryff 4º vice-presidente

Francisco José Vilela Santos Diretor

Hélio Meirelles Cardoso Diretor

José Carlos Azevedo de Menezes Diretor

Luiz Marcus Suplicy Hafers Diretor

Ronaldo de Albuquerque Diretor

Sérgio Gomes Malta Diretor

Claudine Bichara de Oliveira Maria Cecília Ladeira de Almeida Plácido Marchon Leão

Roberto Paraíso Rocha Rui Otavio Andrade

ComIssão fIsCAL

Alberto Werneck de Figueiredo Antonio Freitas

Claudio Caiado

John Richard Lewis Thompson Fernando Pimentel

Jaime Rotstein José Milton Dallari Katia Aguiar

Marcio E. Sette Fortes de Almeida Maria Helena Furtado

Mauro Rezende Lopes Paulo M. Protásio Roberto Ferreira S. Pinto Rony Rodrigues Oliveira Ruy Barreto Filho

Claudine Bichara de Oliveira Maria Cecília Ladeira de Almeida Plácido Marchon Leão

Roberto Paraíso Rocha Rui Otavio Andrade DIREToRIA TéCNICA

Presidente: Roberto Rodrigues

(5)

A Lavoura - Nº 703/2014 • 5 Os candidatos à presidência da República estão

pa-paricando o agronegócio em busca de votos que lhes garanta o próximo mandato.

Em agosto, dois eventos foram palco de embates entre os presidenciáveis. uma das reuniões aconteceu em São Paulo, sob os auspícios da Abag, e a outra em Brasília, promovida pela CNA, onde os três candidatos compareceram pessoalmente.

naturalmente, Aécio neves e Eduardo Campos (em uma de suas últimas atividades de campanha antes do trágico acidente) adotaram postura bastante crítica ao atual governo e anunciavam melhorias de todo tipo, caso eleitos.

Aécio Neves, o preferido da maioria dos dirigentes do agro, promete um superministério da agricultura, segurança jurídica para os proprietários rurais e mais infraestrutura. Enfim, tudo que os agropecuaristas querem ouvir.

Eduardo Campos tinha um discurso semelhante, afinado com os anseios do setor.

Marina Silva é uma inimiga histórica do agronegó-cio. Por mais que ela procure apresentar-se como uma nova aliada do agro, é difícil acreditar. A ex-senado-ra, caso seja investida de poderes no próximo período governamental, provavelmente será um empecilho ao desenvolvimento do setor , sob os mais diversos e falsos argumentos de sustentabilidade ambiental. (no fechamento dessa edição, ainda não se conhecia a po-sição do PSB em relação a substituição do candidato Eduardo Campos).

A candidata Dilma procura demonstrar a boa e consistente evolução da agropecuária durante seu go-verno, principalmente dos financiamentos rurais para custeio e investimento, bem como do seguro rural, que apesar de ter muito a crescer, está em bom caminho. A aprovação do novo Código Florestal foi uma boa con-quista do atual governo. Dentro de alguns anos, quan-do o Cadastro Ambiental Rural estiver implantaquan-do, ve-remos sua importância.

No entanto, pesa contra a presidente Dilma sua de-sastrada política econômica e a quase destruição do se-tor sucroalcooleiro. Também constam em seu passivo problemas de insegurança jurídica e atrasos nos

investi-mentos em infraestrutura, que só foram à frente quando o governo aprendeu que não se pode tabelar a rentabili-dade dos investidores porque eles se retraem. É simples, mas alguns ideólogos insistem em intervir e tentar dirigir a economia conforme suas ultrapassadas convicções.

De qualquer forma, apesar de todos os percalços, são inegáveis os avanços do agronegócio no governo Dilma. Grande parte dessas conquistas se deve à in-fluência da senadora Kátia Abreu, sobretudo na ela-boração dos sucessivos planos Safra. uma parceria re-conhecida por Dilma, que promete dar continuidade, caso seja reeleita.

dois documentos contendo as reivindicações do agronegócio foram preparados e encaminhados aos presidenciáveis. São contribuições do setor para o es-tabelecimento de um programa de ações para o próxi-mo governo.

um dos trabalhos foi elaborado por diversos técnicos, sob a coordenação do ex-ministro Roberto Rodrigues, presidente de nossa Academia Nacional de Agricultura.

O outro documento foi elaborado pela CNA, incor-porando contribuições de diversas instituições do se-tor, sob a coordenação de Moisés Gomes, presidente do Instituto CNA.

AmbientAlismo de luto

O falecimento do almirante Ibsen de Gusmão Câma-ra deixou a SNA e o ambientalismo bCâma-rasileiro de luto.

nos últimos 25 anos, nosso vice-presidente escre-veu uma seção publicada, com muito orgulho para nós, em todas as edições de A Lavoura. neste espa-ço ele abordava, com bom senso e rigor científico, as questões ambientais da atualidade.

Almirante Ibsen era um homem digno e sério, preo-cupado com o futuro, a sobrevivência das espécies e a qualidade de vida da humanidade. Sentiremos muito sua falta.

 

Antonio Alvarenga

Antonio Mello Alvarenga Neto

cARtA dA sNA

A Lavoura - Nº 701/2014 • 5

o voto do Agro

(6)

6 • A Lavoura - Nº 703/2014

Panorama

O

 

resultado do Rally do ABC realizado pela Se-cretaria de desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuá-ria e Abastecimento (Mapa/SdC), em conjunto com a Agroconsult, que organiza os rallys da Safra e da Pecuária anualmente, trouxe resultados bastante positivos. da mostra realizada, 41,6% dos produto-res entrevistados, durante a expedição, afirmaram aplicar algumas das técnicas fomentadas pelo Pla-no ABC, como a recuperação de áreas degradadas, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), plantio direto, florestas comerciais e fixação biológica de ni-trogênio. A área total relacionada a essas tecnologias é de 9,2% do total da amostragem.

Se incluída a área já repassada para a agricultura, chega-se a 21,3% das áreas diretamente relacionadas às técnicas fomentadas pelo plano ABC. Outros 54,7% da área são conduzidos com técnicas de aumento da produtividade que se enquadram direta ou indireta-mente no Plano ABC. Entre os pecuaristas, 55% usam algum tipo de financiamento para a produção e 16% deste total utilizam a linha de crédito do ABC.

Segundo o ministro da Agricultura, Neri Geller, o Rally do ABC tem uma importância extraordinária do ponto de vista do contato com a produção. “O ABC é um plano muito positivo porque dá sustentabilidade na incorporação de áreas degradadas ao sistema de produção de grãos e na recuperação da pastagem ex-tensiva para o rebanho bovino. Este trabalho em parce-ria com a iniciativa privada está sendo extraordinário do ponto de vista da divulgação e da informação para o nosso produtor”, disse.

Desafios

O Rally também mostrou que ainda existem alguns desa-fios a serem superados. Isso porque uma das maiores recla-mações dos produtores foi o tempo de espera para adquirir o crédito, que atualmente tem demorado entre 30 e 450 dias. O secretário de desenvolvimento Agropecuário e Cooperativis-mo, Caio Rocha, ressaltou que, além dos resultados positivos, a mostra do Rally serve exatamente para que alguns pontos sejam ajustados. “Esse será nosso principal desafio. Criar um ambiente para que esse processo seja agilizado e o produtor possa obter recursos em menos tempo”, avaliou.

O Rally da Pecuária/ABC passou por 169 municípios, em um total de 55 mil quilômetros percorridos, mapeando e fo-tografando pastagens, e entrevistando cerca de 120 pecua-ristas. Os recursos para o Plano ABC para a safra 2014/2015 programados pelo Plano Agrícola e Pecuário (PAP) correspon-dem ao  mesmo volume de R$ 4,5 bilhões da safra passada. A principal mudança foi o aumento do limite de crédito para os beneficiários, que passou de R$ 1 milhão para R$ 2 milhões. O limite para plantio comercial de florestas é de R$ 3 milhões por beneficiário. Os juros variam entre 4,5% a 5% ao ano.

Programa ABC

Para Caio, os números mostram que a procura pelo pro-grama de crédito tem crescido, tanto que a quantidade de contratos realizados pelo Programa ABC aumentou em re-lação ao último ano-safra. “Este ano, alcançamos aproxima-damente 8.500 contratos, sendo que na safra passada foram 8.359. isso prova que o produtor tem interesse e mais do que isso, sabe que, além de protegerem o meio ambiente, ainda estão tendo aumento na renda”, afirmou.

Rossana Gasparini Ministério da Agricultura

Rally da Pecuária/ABC mostrou

resultados bastante positivos sobre

a utilização de créditos de carbono

disponibilizados pelo Plano

41,6% dos

produtores

aplicam técnicas

do Plano ABc

Divulgação

número de contratos pelo Programa ABC cresceu em relação ao último ano-safra

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A Lavoura - Nº 703/2014 • 7

C

onhecida pelos produtores de arroz há séculos, a brusone é uma doença relativamente recente no trigo, principalmente nos cultivos do Brasil Cen-tral. Ainda restrita às lavouras da América do Sul, a doença representa uma amea-ça aos países produtores de trigo no mundo pelo potencial de dano e inexistência de cultivares com resistência.

A brusone no trigo é uma doença causada pelo fungo Magnaporthe oryzae, que ataca a ráquis da espiga, produzindo grãos deformados e com baixo peso específico, implicando em perdas no rendimento. A última epidemia de brusone no Brasil foi observada em 2012, quando danos acima de 40% comprometeram lavouras de trigo no norte PR, MS e sul de SP. “São estes locais que, principalmente durante o espigamento da cultura, têm as condições de temperatura e umidade favoráveis para o desenvolvimento da doença, com temperaturas variando de 25 a 28 oC e ocorrência de períodos prolongados de chuva”, explica o pesquisador da

Embrapa Trigo, João Leodato nunes Maciel.

Brusone ameaça lavouras

de trigo

Pesquisadores do Brasil, Europa e Estados Unidos

estiveram reunidos na Embrapa Trigo para discutir

novas iniciativas no controle à doença

Problema agravado

O problema da brusone é agravado pela inexistência de cultivares resistentes à doença e o grande número de hospe-deiros do fungo, que pode atacar mais de 50 espécies de gramíneas. O controle tem sido a aplicação de fungicidas (es-trobilurina + triazol), mas o desempenho desta estratégia não tem se mantido uni-forme ao longo dos anos, principalmen-te quando as condições ambientais são muito favoráveis à doença.

Para avaliar os avanços no conhe-cimento sobre o fungo, pesquisadores da Embrapa (Brasil), da unESP (Brasil), da universidade Estadual do Kansas (EuA), da universidade de Exeter (in-glaterra), do instituto Federal de Tec-nologia (Suíça) e do Centro internacio-nal de Melhoramento de Trigo e Milho – Cimmyt (México) estiveram reunidos, através de uma ação do projeto “Varia-ção genética e de virulência de

Mag-naporthe oryzae do trigo e de poáceas

invasoras”, que vem sendo executado pela Embrapa Trigo desde 2011. Entre os temas abordados no encontro des-tacam-se a avaliação da variabilidade do fungo por meio do sequenciamen-to genômico, a geração de cultivares resistentes à brusone e a variação da sensibilidade do fungo a fungicidas.

A expectativa é que, a partir desse encontro, seja estabelecido um proje-to de cooperação internacional entre as instituições. “Atualmente, já esta-mos trabalhando com o Cimmyt na busca pela resistência genética à bru-sone. Nos experimentos conduzidos pela Embrapa Trigo no Brasil Central, estão sendo avaliados genótipos de trigo que deverão nos dar boas indi-cações nesse caminho que estamos percorrendo para gerar cultivares com maior nível de resistência à bru-sone”, conta o pesquisador João Leo-dato Nunes Maciel. Os experimentos contam com mais de mil genótipos de trigo localizados no instituto Federal do Triangulo Mineiro — Campus ube-raba, MG, com supervisão da pesqui-sadora Edina Moresco.

Joseani M. Antunes

Embrapa Trigo Espiga de trigo com brusone

Paulo K

ur

tz

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8 • A Lavoura - Nº 703/2014

Panorama

Produção Integrada traz mais qualidade

e segurança para frutas e verduras

Consumidores devem ficar atentos ao comprar os

produtos nos supermercados; produtores podem ter

qualidade e maior renda com a certificação

M

 

uitos produtores e consumidores ainda não sabem, mas o Sistema de Pro-dução integrada (Pi-Brasil), desenvolvido pela Coordenação de ProPro-dução integrada da Cadeia Agrícola do departamento de Sistemas de Produção e Susten-tabilidade da Secretaria de desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (CPiA/dEPROS/SdC/Mapa), é um meio de produzir alimentos seguros para o consumo, com menor impacto am-biental, maior responsabilidade social e rastreabilidade garantida.

Atualmente, no Brasil, já são 18 frutas que possuem normas de Pi publica-das — abacaxi, banana, caqui, caju, coco, limão, laranja, tangerina, figo, goiaba, maçã, mamão, manga, maracujá, melão, morango, pêssego e uva — que po-dem ser certificadas se o produtor seguir todas as etapas corretas do Sistema de

Produção integrada. A batata e o café também já podem ser certificados, após cursos de auditores e de respon-sáveis técnicos.

Certificação

A produção integrada agropecuária é um processo de certificação, no qual o produtor rural deve seguir um con-junto de regras técnicas específicas, que serão auditadas nas propriedades rurais por certificadoras reconhecidas pelo Instituto Nacional de Metrolo-gia, Qualidade e Tecnologia (inmetro). Hoje, existem quatro certificadoras ap-tas no país.

E

 

studos desenvolvidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMiG) contribuem na certificação de flores tropicais em Minas Gerais, primeiro estado a atestar produção orgânica. A Fazenda Flor de Corte, localizada em Jaboticatubas, região Central, foi a primeira propriedade do país a receber esta certificação.

A certificação, concedida em abril deste ano pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (iMA), considera como principal característica da produção orgânica, a ausência de resíduos de agrotóxicos, adubos químicos ou subs-tâncias sintéticas que agridam o meio ambiente e a saúde do consumidor. Para Valdeci Verdelho, proprietário da Agrofloraverde, produzir flores orgâni-cas é uma forma de valorizar atitudes em benefício do planeta. “Não utiliza-mos adubos químicos, nem agrotóxi-cos. A nutrição das plantas é feita por meio de adubação verde, composta-gem e outros ingredientes naturais permitidos pela legislação de orgâni-cos no Brasil. No controle de pragas e doenças o manejo é feito utilizando técnicas de prevenção e produtos per-mitidos no cultivo orgânico”, diz.  

Ele conta que conheceu estudos desenvolvidos no núcleo

Tecnológi-Pesquisas contribuem na certificação

de flores orgânicas

Divulgação A gr oflor av er de

Ao lado: Fazenda Flor de Corte é a primeira do país a receber esta certificação

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A Lavoura - Nº 703/2014 • 9

co EPAMiG Floricultura, em São João del-Rei em 2011 e, a partir dessas in-formações, decidiu enveredar-se no cultivo de flores orgânicas. “Em 2012 começamos a plantar flores tropicais e folhagens e agora estamos desenvol-vendo o projeto para orquídeas, que pretendemos cultivar a partir do próxi-mo ano”, comepróxi-mora.

De acordo com a pesquisadora da EPAMiG, Lívia Carvalho, o sucesso do manejo de pragas no cultivo de flores tropicais depende da correta identi-ficação das pragas presentes na área e do uso de diferentes estratégias de controle visando reduzir o impacto negativo causado pelas mesmas. Ela explica que é necessário fazer mo-nitoramento semanalmente para a identificação precoce de pragas e doenças. “Pragas como pulgões e moscas-brancas podem ser monito-radas através da utilização de arma-dilhas adesivas amarelas que devem ser colocadas uma em cada 200m2 na

altura do topo da planta e em áreas de risco maior de infestação, como bordas dos cultivos, próximos a en-trada ou nas aberturas de ventilação das casas de vegetação”, explica.

Produtores de todos os portes po-dem se capacitar para o processo de certificação. Eles precisam apenas se-guir as normas estabelecidas para cada produto e arcar com alguns custos em relação à empresa certificadora. Os be-nefícios são maior renda para o produ-tor rural, já que com a Pi, a produtivida-de poprodutivida-de aumentar significativamente, maior qualidade dos alimentos, redu-ção dos impactos ambientais, pois é possível diminuir o uso de agrotóxicos e ainda preservar a saúde tanto dos agri-cultores, quanto do consumidor final.

Selo

O selo “Brasil Agricultura de Qua-lidade” comprova que o produto tem origem conhecida pela rastreabilidade e que o alimento é seguro para o con-sumo. De acordo com a coordenadora

de Produção integrada da Cadeia Agrícola do Ministério da Agricultura, Rosile-ne Ferreira Souto, o desafio agora é fazer com que produtores e consumidores entendam a importância do Sistema de Produção integrada e da certificação. “O consumidor precisa conhecer o produto certificado identificado através do selo. Já o produtor, muitas vezes, adere à produção integrada, mas não certifica o pro-duto justamente por conta dos custos e da falta de reconhecimento por parte do consumidor. Mas assim que o consumidor passar a cobrar o selo de qualidade e a reconhecer, de fato, que os produtos com selo, produzidos de forma integrada, são melhores, teremos certamente um aumento nas certificações”, explicou.

Rossana Gasparini

Ministério da Agricultura

Ela afirma que o controle alternativo pode ser feito por meio de podas e destruição de partes mais afetadas da planta. Outra alternativa apontada pela pesquisadora é o uso de embalagens de TnT para proteger as flores do ataque de pragas como a abelha irapuá. “Recomenda-se proteger as flores logo que estejam formadas, antes do início da abertura floral e antes que ocorra o ataque da abelha. A embalagem deve ser colocada cobrindo toda a flor e prendendo a parte inferior com grampo ou arame, para que a mesma não se solte da haste das flores”, recomenda.

Flores em Minas

Minas Gerais destaca-se como grande produtor de flores de corte, plantas ornamentais e flores secas. de acordo com a pesquisadora da EPAMiG, Elka Fa-biana, a produção integrada de flores é uma opção inovadora que proporciona benefícios a curto e longo prazos para os produtores, consumidores e princi-palmente para o ambiente. “Além dos aspectos inerentes à redução de adubos químicos, a produção integrada envolve a organização da propriedade, o que possibilita a rastreabilidade das flores e plantas cultivadas e abre novas opor-tunidades de vendas e novos mercados ainda inexplorados, principalmente no mercado externo que valoriza as flores tropicais”, afirma. Segundo a pesquisa-dora, flores contaminadas com pesticidas químicos, mesmo não sendo ingeri-das, podem ser prejudiciais à saúde. “O contato com a pele pode ser uma via de contaminação dos funcionários de campo, dos lojistas que preparam os buquês e arranjos e do consumidor final”, orienta.

As flores tropicais constituem um grupo de espécies mais resistentes a pragas e doenças e muitas delas nativas do Brasil, o que favorece o desenvolvimento e a produção de qualidade com práticas menos agressivas ao homem e ao ambiente quando comparado com espécies exóticas como rosas, lírios, crisântemos e ou-tras espécies de clima temperado que, por não serem nativas, apresentam maior suscetibilidade aos agentes fitopatogênicos.

18 frutas já possuem normas de Pi, entre elas o abacaxi, maçã, mamão, caqui e melão

C

ristina Bar

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10 • A Lavoura - Nº 703/2014

OViNOs

Criatório organizado

aumenta a produção

de cordeiros

10 • A Lavoura - Nº 703/2014

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A Lavoura - Nº 703/2014 • 11

crescente valorização da carne ovina vem fomentando a otimi-zação dos negócios para produzir mais e melhores animais em menor tempo. O mercado consumidor, principalmente na região Sudeste, já está atento para a peculiaridade do sabor desta carne e, por isso, a demanda vem crescendo. Para tornar o processo de reprodução ovina o mais eficiente possível, a Embrapa Pe-cuária Sul, localizada em Bagé, sul do Rio Grande do Sul, propõe que o ovinocultor lance mão de recursos simples, porém muito eficazes. A inseminação artificial (iA) para a amplificação de uso de sêmen selecionado pode proporcionar o melho-ramento genétido de todo o rebanho de acordo com as características desejadas pelo produtor. Porém, uma infraestrutu-ra adequada e a sincronização de partos são componentes do sucesso no proces-so de inseminação.

Essa infraestrutura para inseminação foi desenvolvida e fomentada nas déca-das de 1940 e 1950, pelo Serviço de Fisio-patologia da Reprodução e inseminação Artificial (Sfria) de Ovinos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Como uma ação de resgate, realizada pela Embrapa Pecuária Sul, essa tecnologia de iA vem sendo disseminada, já que visa faci-litar o manejo dos animais e o processo de utilização do sêmen fresco de um carneiro para inseminar lotes maiores de ovelhas.

Recursos simples,

porém eficazes, podem

tornar o processo de

reprodução ovina mais

eficiente para atender

ao crescente mercado

consumidor

A

Produção de ovinos fruto do uso de inseminção artificial M anuela B er gamim

(12)

12 • A Lavoura - Nº 703/2014

Com a sincronização de partos, tecnologia desenvolvida pela Embra-pa Pecuária Sul, além de reunir, no mesmo período, um maior número de fêmeas férteis para a inseminação, é possível fazer com que o período de partos coincida com épocas de melhor disponibilidade alimentar, o que reduz as perdas após a parição.

Sistema para sincronização de

cios em ovinos em nove dias

Para a tecnologia de Sincronização de Partos, desenvolvida pelo Centro de Pesquisa em Bagé, na década de 1990, a aplicação de prostaglandina nas fêmeas no 6º dia do cio é o ele-mento-chave, de acordo com o pes-quisador José Carlos Ferrugem Mo-raes. Este hormônio, ao ser aplicado nas fêmeas, proporciona a destruição do corpo lúteo ou amarelo que se for-ma após a ovulação e que é a principal fonte de progesterona. Ao ser destruí-do, interrompe-se a secreção deste hormônio necessário para manuten-ção da gestamanuten-ção, e, assim, de dois e três dias após, tem-se o início de um novo cio. “A lógica é ‘matar’ todos os corpos lúteos das ovelhas que estive-rem no período funcional, e fazer com que as fêmeas tenham cio juntas, e que, principalmente, venham a parir quando houver mais comida disponí-vel”, explica Ferrugem.

Em um rebanho, tem-se normal-mente 5% das ovelhas em cio por dia. Com isso, ao se iniciar a inseminação no primeiro dia, até o sexto, já terão sido inseminadas 30% das ovelhas, restando ainda a maior parte do re-banho. De acordo com o modelo pro-posto, o produtor deverá, portanto, no 6º dia do ciclo, aplicar nas ovelhas a prostaglandina para“matar” o corpo lúteo e seguir inseminando as que es-tiverem em cio. Dois dias após a apli-cação, acontece o início do pico de cios. Então, até o 9º dia, deverão ter sido inseminadas as demais ovelhas, o que equivale entre 40% a 50% das fê-meas. Ou seja, ao final dos nove dias, totalizarão o equivalente a 70% a 80% das fêmeas.

Vista geral das instalações para IA desenvolvidas pelo Serviço de Fisiopatologia de Reprodução e Inseminação (SFRIA) do

Ministério da Agricultura 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

OViNOs

• Mangueiras para separação das ovelhas identificadas em cio • Casa para execução dos trabalhos

• Mangueira para repouso das ovelhas já inseminadas • Local para concentração dos carneiros doadores de sêmen • Porta de acesso dos carneiros

• Tronco para coleta de sêmen

• Mangueira de espera para as velhas já inseminadas

• Mangueira de acesso das ovelhas identificadas em cio para inseminação • Sala de espera das ovelhas

• Tronco para procedimento de inseminação • Localizador de inseminador

• Mangueira de espera para as ovelhas já inseminadas

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A Lavoura - Nº 703/2014 • 13

Monta natural

Para finalizar a fertilização no res-tante do rebanho que não foi insemi-nado ou falhou, deve-se utilizar mais um ciclo estral. Ou seja, além dos nove dias de inseminação artificial, usam-se os outros dezenove dias de ciclo com monta natural, permitindo que as ove-lhas que falharam durante a insemina-ção artificial, possam ter duas chances para serem fertilizadas em um período de 25 a 27 dias. isso representa um sig-nificativo aumento da velocidade do processo de inseminação.

De acordo com este modelo, ainda é possível a redução da dose de prosta-glandina nas ovelhas. Normalmente, a dose comercial do hormônio seria para aplicação intramuscular. No entanto, devido à peculiaridade de vasculariza-ção do sistema genital, foi testada uma redução da dose injetada na submucosa da vulva. O resultado foi uma eficácia semelhante à da prostaglandina na via intramuscular. O que reduz ainda mais o custo com a aplicação do medicamento.

Casa de inseminação em 3d

Para facilitar a visualização e funcio-namento das instalações de insemina-ção Artificial de ovelhas, a Embrapa Pe-cuária Sul distribui, por solicitação dos interessados, uma maquete eletrônica com imagens em 3d (veja na página

anterior), que apresenta a infraestrutura necessária para realizar a iA. O modelo de estrutura, inicialmente, foi desenvolvido pelo Ministério da Agricultura para atender a um rebanho grande (com cerca de mil animais), mas que, de acordo o pesquisador da unidade José Carlos Ferrugem Moraes, pode ser adaptado para rebanhos menores. na maquete pode-se ver, de um lado, as mangueiras para se-paração das ovelhas identificadas em cio e os rufiões; ao centro, a casa para exe-cução da inseminação e, do outro lado, a mangueira para repouso das ovelhas já inseminadas.

José Carlos Ferrugem Moraes explica como funciona a parte básica do inte-rior da instalação. A “Casinha de inseminações” foi dividida estrategicamente em setores construídos para auxiliar a inseminação das fêmeas com o sêmen fresco, colhido na hora, do macho reprodutor. As ovelhas que estavam em separado na mangueira para serem identificadas por marcação pelo rufião, logo pela manhã, entram para serem inseminadas, enquanto as brancas, sem marcação, retornam para o potreiro e os rufiões também são apartados. À tarde, os rufiões têm o pei-to pintado com tinta misturada com graxa comum ou água para continuarem a marcar as novas fêmeas em cio à noite, quando estiverem juntas novamente.

na casinha, há dois compartimentos básicos, um mais alto que o outro, per-mitindo aos machos verem as fêmeas no cio, já que estão em um local mais alto. dessa forma, eles já se estimulam para o salto, que ocorre em um pequeno tronco lateral para contenção, onde está o técnico para coletar o sêmen. Esse procedi-mento de coleta é diário, sendo que cada coleta, que contém aproximadamente 1ml de sêmen, é suficiente para inseminar 20 ovelhas. Após a coleta, o técnico manipula o material em uma bancada, preparando-o para a inseminação. duas ovelhas, uma de cada vez, entram em um compartimento giratório dividido ao meio, que permite ao técnico acesso para a inseminação. uma vez realizado o procedimento em uma fêmea, o técnico apenas gira o compartimento, deixando posicionada a outra fêmea para a inseminação, enquanto libera o animal insemi-nado, cedendo espaço para que outra entre em seu lugar. O conjunto de fotos da maquete, com os detalhes de cada local, pode ser solicitado gratuitamente à Embrapa Pecuária Sul, pelo e-mail: cppsul.sac@embrapa.br.

1 ml de sêmen é

suficiente para

inseminar 20 ovelhas

Ovelhas marcadas de vermelho depois de receberem a monta do rufião

A Lavoura - Nº 703/2014 • 13

Car

los Hoff de S

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14 • A Lavoura - Nº 703/2014

OViNOs

Agendando a época

de acasalar

O clima ameno da primavera reduz a taxa de mortalidade dos recém-nascidos e proporciona mais nutrição às ovelhas

O inverno no sul do Brasil é marcado por muito frio, ven-tos, geadas e até mesmo neve, em alguns lugares. No entan-to, ainda existem produtores de ovinos que não planejam corretamente o período para nascimento dos cordeiros, e permitem que os partos ocorram nestes meses mais frios. Além do tempo desfavorável, deixar que os cordeiros nas-çam no inverno proporciona pouca oferta de alimento para as ovelhas que estarão em fase de amamentação.

Eis aí o principal gargalo na produção ovina, que é a alta perda de cordeiros (entre 15% e 40%) logo após o parto, seja por inanição, seja por exposição ao frio. Usar a época correta de acasalamento é uma importante ferramenta no manejo reprodutivo e deve ser empregada para que os nascimentos aconteçam em um ambiente mais propício, tanto do ponto de vista de condições climáticas, quanto nutricionais.

Apesar do período de acasalamento depender da orien-tação de cada sistema de produção, após experimentos e observações realizadas na Embrapa Pecuária Sul com as raças Corriedale e Romney Marsh, foi verificado que os aca-salamentos ocorridos no final do verão e início do outono geraram uma taxa de desmame de 60%, em média, quando os nascimentos ocorriam ainda em julho e agosto. Já os nas-cimentos ocorridos mais próximos à primavera tiveram uma taxa de desmame bem maior, em torno de 80%.

O clima mais favorável desta estação fez a mortalidade dos recém-nascidos cair, já que muitos morriam de hipoter-mia (frio). A estação mais amena também favoreceu a recu-peração dos campos naturais, principal fonte de nutrição das ovelhas no final da gestação e no pós-parto, o que con-tribui para o melhor desenvolvimento do cordeiro, gerando animais com maior rendimento produtivo. (Fonte: Instrução Técnica nº 04 da Embrapa Pecuária Sul). 

Manejando os

Cordeiros

recém-nascidos

O

 

s cordeiros recém-nascidos necessitam de al-guns cuidados simples e baratos, que podem lhes garantir a sobrevivência. Algumas recomendações foram descritas pela Embrapa Pecuária Sul com o intui-to de facilitar o manejo dos cordeirinhos. Por exemplo, para a captura do filhote pode ser utilizado um gancho de pastor, que facilita as atividades necessárias. no caso dos cordeiros saudáveis, o primeiro cuidado após o nas-cimento é desinfetar o umbigo com uma solução de iodo a 2%, para reduzir as infecções bacterianas. depois é importante identificar individualmente cada animal. uma prática simples é o uso de um colar de elástico com brinco numerado que, posteriormente, será colocado de forma definitiva na orelha de cada cordeiro no mo-mento da assinalação.

O produtor precisa neste momento também anotar numa caderneta o peso do cordeiro e a identificação de sua mãe. Caso o número da ovelha não esteja visível, deve-se soltar o cordeiro e deixar para anotar na cader-neta o número da mãe em outra oportunidade.

Fracos e pequenos

No caso de cordeiros fracos e pequenos em relação aos outros, é necessário uma intervenção maior, princi-palmente se o recém-nascido não estiver mamando ou parecer encolhido (encarangado), que são indícios de cordeiros hipotérmicos. Primeiro, é necessário verificar se o cordeiro suporta o peso da cabeça para poder engolir.

Em caso positivo, deve ser alimentado com sonda estomacal, realizada com uma seringa com 60 ml de co-lostro, de preferência da própria mãe, retirado na hora. Como precaução, é possível ordenhar as primeiras ove-lhas paridas e guardar o colostro congelado em porções individuais (não mais de 100 ml) em frasco de tampa rosca ou saco plástico, para usar quando necessário.

Se for preciso, utilizar colostro que tenha sido con-gelado, descongelando-o em banho-maria e misturan-do de vez em quanmisturan-do até que fique morno, para, então, dar para o cordeiro. Pode-se utilizar uma sonda retal, número 20, de uso humano e seringa plástica descartá-vel de 60 ml com ponta tipo "luer-lock".

é necessário que o operador esteja em pé, com o cordeiro no colo, em posição confortável aos dois para Taxa de desmame, na primavera, chega a 80% 14 • A Lavoura - Nº 703/2014 M anuela B er gamim

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A Lavoura - Nº 703/2014 • 15

introduzir a sonda lentamente na boca do animal, dando tempo para que o cordeiro a engula.

A sonda deve ser introduzida até chegar ao estômago, es-tando pelo menos 20 cm para dentro do cordeiro. Após colocar a sonda, pressionar o vazio do cordeiro e escutar se não sai ar pela sonda, desta forma, garante-se que ela esteja no estômago e não no pulmão, antes de injetar o colostro. Depois de confir-mado que a sonda está no estômago, conectar a seringa com o colostro, injetar o conteúdo da seringa lentamente até o final e retirar a sonda com a seringa ainda conectada.

Depois de usadas, a seringa e a sonda precisam ser lavadas com água e sabão e escaldadas com água quente. depois de secas, guardar dentro de um saco plástico, num local limpo para novo uso quando necessário. A sonda pode ser usada várias ve-zes desde que não tenha sido mastigada pelo cordeiro no mo-mento da colocação.

Colostro

é importante que o cordeiro receba colostro até 6 horas após seu nascimento para receber a imunidade da sua mãe e energia suficiente para manter sua temperatura, permitindo, assim, que o cordeiro siga a mãe que continua amamentando (colostro possui quase quatro vezes o conteúdo de sólidos quando comparado com o leite). À medida que o tempo passa após o nascimento, o cordeiro aproveita menos a proteção imunológica que vem do

colostro, e a secreção da glândula mamária da mãe é menos rica em sólidos totais. Por isso, é muito importante identificar os cordeiros que não estão logo após seu nascimento. Para isso, é imprescin-dível fazer, pelo menos, duas recorridas cuidado-sas por dia para identificar o cordeiro que não está mamando. É fundamental atender o cordeiro antes que fique encarangado, já que depois dele ficar frio é mais difícil de salvar o pequeno animal.

Aleitamento

Após o atendimento, caso o cordeiro não possa ser retornado de imediato à mãe, ele deve ser alei-tado com 120 ml/kg/dia, distribuídos em pelo me-nos 3 vezes ao dia, em intervalos regulares (exem-plo: 7, 15 e 23 horas). Em recém-nascidos deve-se dar ênfase na prevenção da hipotermia, pois cor-deiros mais velhos e que já apresentem hipotermia, necessitam de aplicação de glicose intraperitoneal antes de serem aquecidos e receber alimentação por sonda estomacal.

Manuela Bergamim

Embrapa Pecuária Sul

Em recém-nascidos

deve-se dar ênfase na

prevenção da hipotermia

Captura de cordeiro pelo gancho de pastor facilita o manejo

Cordeiro recebendo alimento através da sonda

A Lavoura - Nº 703/2014 • 15 José C ar los F er rugem José C ar los F er rugem

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16 • A Lavoura - Nº 703/2014

 ste ano, o preço da arroba está subindo e a perspectiva de aumento perma-nece com a chegada da nova estação. Além disso, as previsões são de um inverno seco e frio, com carência de pasto e, assim, os preços da carne se elevarão. Esse cenário apresenta bons indicadores para o produtor que investiu na silagem como estratégia alimentar. Quando bem realizada, tem valor nutritivo próximo ao da forragem verde. O processo não melhora a qualidade, apenas mantém a original.

 A silagem é o resultado da fermentação anaeróbica dos açúcares solúveis em água e sua conversão em ácido lático. é um alimento dinâmico, nunca estático, que piora, consideravelmente, em determinadas circunstâncias e quem optou pela silagem como tática para a produção de leite, carne ou suplemento no perío-do da seca já começou a abrir os silos e utilizar o volumoso para os bovinos. nessa etapa algumas precauções são indispensáveis, do contrário, todo o trabalho exe-cutado, anteriormente, está comprometido.

 “É muito comum o produtor se preocupar somente no momento de encher o silo. Ele fez a silagem e está tudo certo, mas não. A silagem é um material frá-gil. O momento em que é o silo é aberto até servi-la, pode haver deterioração. Então, é preciso haver certos cuidados para servir um alimento de qualidade, que não seja rejeitado pelos animais e que não tenha perdido o valor nutritivo”, alerta Haroldo Pires de Queiroz, zootecnista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.

Hora de tirar a lona

 Haroldo elencou procedimentos a serem observados pelos produtores e seus colaboradores na hora de tirar a lona:

• Abrir o silo somente 30 dias após o fechamento. A silagem está pronta de-pois de completar o processo de fermentação, que leva em torno de três semanas e, por segurança, abre-se em um mês. Antes disso, ela apodrece. Ao se utilizar aditivo para acelerar, segue-se o tempo indicado no rótulo pelo fabricante. um silo pode permanecer vedado por vários anos, desde que a fermentação esteja completa.

• Retirar a silagem somente na hora de servir. Ao abrir o silo e expô-lo ao ar, há uma explosão de microorganismos, ocorre uma refermentação da massa ensilada, que faz perder o valor energético. O volumoso aquecido perde açúcar e também proteína e o material fica indigestível.

• A fatia deve ser retirada diariamente, ter no mínimo 15 cm e corresponder a toda a face do silo, de um lado a outro. O silo tem que ser projetado para facili-tar a operação e considerar o número de animais a serem alimentados no dia. • Retirar a silagem de cima para baixo para evitar desmoronamento.

Mui-tas vezes, o alimento é retirado de baixo para cima e o volume, além dos 15 cm que sair da proteção da massa ensilada, se não for consumido,

está descartado pela excessiva exposição.

• Proteger a abertura do sol e da chuva. O sol acelera o processo de respiração das bactérias e desidrata o volumoso, perden-do a palatabilidade. A chuva lava os nutrientes solúveis, dei-xando somente fibra. A prote-ção não deve abafar, reverter o processo aeróbico. O correto é cobrir, não lacrar.

• Monitorar a matéria seca (MS) semanalmente. O investimento em silagem é alto e espera-se uma garantia no desempenho dos animais, seja em litros de leite produzidos ou ganhos de peso por dia. A matéria seca de-termina a quantidade de massa que o animal pode consumir. Semanalmente, amostrar de oito a dez pontos da superfície do silo, homogeneizá-los so-mando 500 gramas e, em suba-mostras de 100 gramas, secar para se obter a porcentagem de MS, que pode variar entre 25% e 35%. A ingestão do animal é por quilo de matéria seca, de 1,5 a 3% do peso vivo, misturan-do silagem e ração.

•  Ainda, a cada 20 dias, é realiza-do o monitoramento da proteí-na. O nível de proteína define o desempenho tanto para lacta-ção quanto para produlacta-ção de carne. A silagem flutua até 5% de proteína e é necessário esse acompanhamento.

• Descartar material fora do pa-drão. Massa com cor alterada, escura ou esbranquiçada, mo-fada, encharcada e com odor adverso é dispensada para consumo.

É hora de abrir o silo

MANeJO

E

No momento em que o silo é aberto, é preciso

cuidar para servir um alimento de qualidade e

que não seja rejeitado pelos animais

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A Lavoura - Nº 703/2014 • 17

  O analista da Embrapa Gado de Corte ressalta, por fim, que “o produtor deve retirar do silo só o que for servir, na hora. É normal retirar um volume

de material e servi-lo no outro dia, próximo ao cocho. A silagem tem que ser retirada e consumida no dia. São itens comuns e, às vezes, esquecidos”, frisa.

 “O agropecuarista não deve esperar o período seco e só então tomar vidências. é aconselhável pensar nessas estratégias de nutrição, planejar a pro-priedade como uma empresa rural”, reforça o pesquisador da Embrapa, José Alexandre Agiova da Costa. Também especialista em zootecnia, Alexandre Agiova, lembra que o produtor tem à mão um conjunto crescente de medi-das — descarte de animais, vedação de pastagens, vedação com adubação, feno-em-pé com suplementos variados visando ao ganho de peso e termina-ção dos animais, fenatermina-ção e silagem e “não precisa aplicar tudo para encarar o inverno, mas necessita de uma estratégia nutricional que propicie atravessar com relativa facilidade a estação. Ele não pode é cruzar os braços e esperar”.

Dalízia Aguiar Embrapa Gado de Corte

A silagem não pode

perder seu valor

nutritivo

O produtor precisa ter uma estratégia nutricional para atravessar com relativa facilidade a estação seca JOãO CARLOS JR

João C

ar

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18 • A Lavoura - Nº 703/2014

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A Lavoura - Nº 703/2014 • 19

Consultoria: Isabel Massaretto - Mestre em Ciência dos Alimentos pela universidade de São Paulo - uSP

MAis Cor,

sABor e sAúde

no seu prato

Fot o S tock A Lavoura - Nº 703/2014 • 19

Arroz

colorido

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20 • A Lavoura - Nº 703/2014

Substituir o tradicional arroz branco pelos tipos

coloridos e integrais ajuda na prevenção de

doenças crônicas.

F

 

amoso pela sua parceria com o feijão, o arroz ocupa espaço na alimentação de 84% da população brasileira, segundo dados do iBGE. O tipo mais consumido é o arroz branco polido. O problema é que ele é, justamente, o mais pobre em nutrientes.

Mas, a boa notícia é que existem opções bem mais saudáveis, que po-dem substituir o tradicional arroz branco de cada dia, como os arrozes: inte-gral, preto, vermelho e selvagem, além de outras espécies.

Arrozes coloridos

No Brasil, a produção de cultivares de arroz pigmentado, preto ou ver-melho, da espécie Oryza sativa L., ainda é pequena, justamente porque são consumidas por nichos específicos de mercado. Mas, recentemente, vem crescendo no país a demanda pelos arrozes coloridos, devido ao interesse dos consumidores por alimentos mais saudáveis e com a mudança de seus padrões de alimentação.

A maior diferença entre o arroz integral branco, vermelho e preto é a composição de fitoquímicos, que não são nutrientes, mas podem contribuir na prevenção de algumas doenças crônicas. O arroz preto e o arroz verme-lho, por exemplo, são ricos em uma classe particular de fitoquímicos, a dos compostos fenólicos, e apresentam, em média, teores oito e seis vezes maio-res, respectivamente, do que o arroz integral branco.

Antioxidantes

O principal composto fenólico do arroz preto pertence ao grupo das an-tocianinas. Trata-se da mesma substância que atribui a cor vermelha a al-gumas frutas, como a amora. E no arroz vermelho, os principais compostos fenólicos são as proantocianidinas. Esses fitoquímicos têm alta capacidade antioxidante, ou seja, retardam o envelhecimento das células.

Vários estudos estão sendo conduzidos em diversos países no intuito de esclarecer o metabolismo e a ação desses compostos. São estudadas as ações antialérgicas, antiinflamatórias, antihipertensivas e de prevenção ao

desen-volvimento de alguns tipos de câncer, entre outras. Embora essas pesquisas ainda estejam nos estágios iniciais, os resultados obtidos até o momento têm se revelado bastante promissores.

O que é arroz integral?

Quando o arroz não é polido, é considerado um alimento integral. Os compostos, que atribuem cor ao arroz, estão no farelo, estrutura que recobre o grão e que está presente somente nos tipos integrais. A simples atitude de substituir o arroz polido pelo inte-gral já pode ser o suficiente. O arroz integral, seja o branco, o preto ou o vermelho, apresenta em média 15% mais proteínas e 2,5 vezes mais fibra do que o arroz polido, além de vitaminas e minerais, que são perdidos quando o grão é submetido ao polimento

O grão do arroz é composto por qua-tro partes: casca, farelo, endosperma e embrião. O grão integral é obtido após a remoção da casca, porém, mantendo-se o farelo, rico em proteínas, lipídeos, vi-taminas e sais minerais. Quando polido, o arroz perde o farelo, restando apenas o endosperma, constituído de amido e com quantidades menores de proteína.

Do ponto de vista nutricional, o amido é importante no fornecimen-to de energia para a manutenção das funções fisiológicas do organismo hu-mano, bem como, para as atividades físicas realizadas diariamente.

Vitaminas e minerais

As principais vitaminas presentes no arroz integral são as do complexo B e E, presentes no farelo. Já as vitami-nas A, D e C são encontradas em con-centrações muito pequenas. Com o polimento do grão de arroz, há perdas muito significativas nos teores, tanto de minerais quanto de vitaminas.

Os minerais predominantes são fósforo, potássio e magnésio e, em me-nor quantidade, são encontrados ferro, zinco, cobre, sódio, cálcio e manganês

u

SP

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A Lavoura - Nº 703/2014 • 21

Sem glúten

O arroz constitui uma boa fonte protéica para a alimentação humana, espe-cialmente importante para indivíduos com doença celíaca, que afeta pessoas com intolerância ao glúten. O arroz, ao contrário de outros cereais como trigo, aveia, centeio e cevada, é isento de glúten, e, portanto, das proteínas que o formam e desencadeiam o quadro clínico da doença celíaca.

As proteínas do arroz, além de apresentarem boa digestibilidade, contêm to-dos os aminoácito-dos essenciais. de forma geral, são responsáveis pela síntese e re-paro de tecidos do corpo, bem como pela síntese de substâncias de transporte, de catalisadores biológicos (enzimas) e de moléculas que atuam no sistema imuno-lógico, entre outras indispensáveis para o funcionamento saudável do organismo.

Melhor digestão

Embora o teor de fibra alimentar no arroz integral seja baixo, quando com-parado a outros cereais como a cevada, o centeio, o trigo e a aveia, a quantida-de ingerida quantida-de arroz pelo brasileiro, diariamente, é muito maior do que a dos demais cereais, contribuindo de forma significativa para o teor de fibra total em uma refeição.

A fibra alimentar é composta pelas frações solúvel e insolúvel, que exercem diferentes funções no organismo humano. A fibra solúvel apresenta a capacidade de reter e interagir com a água no trato gastrointestinal, formando géis, os quais retardam a digestão e a absorção de nutrientes; seus principais efeitos no organis-mo humano são a redução do colesterol plasmático e da resposta glicêmica. Já a fibra insolúvel confere volume e corpo às fezes, estimulando o trânsito intestinal e prevenindo a constipação.

Doenças cardiovasculares

O grão de arroz integral tem um conteúdo de lipídeos relativamente baixo, da ordem de 2,5 g/ 100g de arroz. A concentração de lipídeos é maior no arroz inte-gral, sendo reduzida com o polimento do grão. No óleo extraído a partir do arroz, os ácidos graxos insaturados são predominantes, compondo aproximadamente 75% do total, sendo os ácidos oleico e linoleico os majoritários.

Os ácidos graxos insaturados, como os presentes no arroz, são considerados saudáveis e protetores de doenças cardiovasculares e mesmo estando presentes em baixas concentrações no arroz, contribuem para uma dieta saudável.

Além da cor, o formato

Em um estudo, dentre as amostras de arroz integral, constatou-se que os maiores ou menores teores de proteínas, fibra e lipídeos, estão mais relacionados ao formato do que à coloração do grão. Assim, grãos integrais mais alongados tendem a apresentar mais proteínas, fibra e lipídeos do que os grãos menos alongados. O arroz preto, de grãos alon-gados, se diferenciou dos demais tipos avaliados no estudo, apresentou 10% a mais de proteínas e 15% a mais de fibra dos que os demais grãos integrais.

Cozimento

O cozimento do arroz afeta muito pouco os teores de nutrientes como proteínas, lipídeos, carboidratos, fibra alimentar e minerais. As substâncias mais afetadas são as vitaminas, espe-cialmente a vitamina E, e os fitoquími-cos, como os compostos fenólicos.

No arroz preto e no arroz vermelho, notou-se uma perda significativa de an-tocianinas e proantocianidinas, respec-tivamente, com o cozimento. No entan-to, ainda assim, esses tipos especiais de arroz apresentam quantidades maiores de compostos fenólicos do que os grãos não-pigmentados, mesmo após o cozi-mento, devido aos altos teores destas substâncias nos grãos crus.

Quanto maior a temperatura du-rante o cozimento, maior a degrada-ção desses compostos. Assim, sugere-se evitar o uso de panela de pressão, onde a temperatura chega a 120˚C, durante o cozimento, de forma a pre-servar ao máximo esses fitoquímicos.

O arroz que não é arroz

O arroz selvagem, embora seja fre-quentemente considerado um tipo de arroz preto pelo consumidor brasileiro, trata-se de um grão proveniente de uma gramínea do gênero Zizania, que é uma planta aquática, nativa do con-tinente norte americano e de regiões ecologicamente semelhantes, localiza-das no continente asiático.

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Preto, vermelho, branco integral e selvagem, além de outros arrozes coloridos são mais saudáveis e saborosos

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22 • A Lavoura - Nº 703/2014

Não foram encontrados regis-tros de produção desse grão, em es-cala comercial, no Brasil. O grão, dis-ponível no comércio, é proveniente do Canadá e é apreciado como uma especialidade gastronômica por seu aspecto, de grãos longos e es-curos, sua textura, firme na parte ex-terna e escura e macia na parte cen-tral branca, e por seu sabor e aroma característicos, semelhantes ao de castanha ou ervas torradas.

O mais rico

O arroz selvagem apresenta ca-racterísticas nutricionais diferen-ciadas em relação ao arroz integral, seja colorido ou não, tais como teor proteico 40% mais alto e teor lipídi-co 70% menor do que os enlipídi-contra- encontra-dos no arroz integral. Os conteúencontra-dos de minerais e fibra alimentar são semelhantes aos encontrados nos grãos da espécie Oryza sativa L.

Em relação aos compostos bioa-tivos, capazes de reduzir o desen-volvimento de doenças como dia-betes e câncer, o arroz selvagem apresenta teores quatro vezes maio-res do que o arroz integral branco.

Qual escolher?

Como os diferentes tipos de grãos têm composições químicas distintas, pode-se dizer que cada um tem propriedades particulares e muito benéficos para a saúde. Considerando os grãos integrais, que são os mais ricos em nu-trientes, pode-se dizer que o arroz selvagem se destaca pelo alto teor protei-co, sendo interessante quando se deseja aumentar a ingestão de proteínas na dieta, principalmente no caso de indivíduos que tenham restrições no consu-mo de alimentos de origem animal.

Quanto ao arroz integral branco, vermelho e preto, a composição e os teores de fitoquímicos são os aspectos que mais os diferenciam, e assim é aconselhável revezá-los no cardápio de maneira a oferecer uma variedade maior desses com-postos. É importante mencionar que as características sensoriais, ou seja, aspec-to, sabor, textura e odor dos tipos pigmentados de arroz são diferentes em rela-ção ao arroz integral branco.

Por apresentarem um sabor e odor mais marcantes, algumas combinações usuais com roz, como por exemplo, ar-roz e feijão, arar-roz e feijoada, talvez possam destoar. Por outro lado, podem ser servi-dos, entre diversas variações, acompanhados de vegetais e carnes, peixes, crustáceos ou aves, conferindo um sa-bor particular e inigualável a esses pratos.

ComPosIÇão Em NUTRIENTEs Dos TIPos DE ARRoZ

Arroz branco polido

g/ 100 g arroz Arroz vermelhog/ 100 g arroz g/ 100 g arrozArroz preto Arroz branco integralg/ 100 g arroz Arroz selvagem g/100 g arroz

Carboidratos 79,3 g 73,3 g 70,0 g 76,2 71,2

Proteínas 6,4 g 7,2 g 7,9 g 7,6 11,6

Lipídeos 0,3 g 2,3 g 2,8 g 2,5 0,8

Fibra alimentar 1,6 g 3,2 g 5,0 g 3,7 4,4

Minerais 0,3 g 1,2 g 1,6 g 1,4 1,4

Fonte: isabel Massaretto Obs.: O arroz contém aproximadamente 12g de água / 100 g de arroz.

M ar i Har t Divulgação Embr apa Clima Temper ado

Além de nutritivo, o arroz negro tem sabor inusitado e é ótimo para a elaboração de pratos culinários

O arroz selvagem tem características nutricionais diferenciadas Arroz com a casca (à esquerda)

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24 • A Lavoura - Nº 703/2014

AdUBAçãO

sua adubação

é cOMPEtitivA?

Álvaro Vilela de Resende – Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo

Á lv ar o Vilela de R esende 24 • A Lavoura - Nº 703/2014

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A Lavoura - Nº 703/2014 • 25

Por envolver mais de 30% do

custo de produção e ser um dos

principais condicionantes da

produtividade, o gerenciamento

do fornecimento de nutrientes

é um componente do sistema

de cultivo que pode impactar

substancialmente a rentabilidade

das lavouras.

m aspecto intrigante na moderna agricultura do Brasil é o fato de a maioria dos produtores de grãos não ter uma dimensão mais exata de quanto seria a dosagem de adubos apropriada aos diferentes ambientes de produção constituídos pelos talhões da propriedade. Embora todo produtor identifique variações de produtivi-dade conforme o talhão, a cultivar, as condições climáticas e as práticas culturais, poucos consideram essa informação como critério para a tomada de decisão na hora de planejar o uso de fertilizantes para a safra vindoura.

O resultado dessa atitude costuma ser a aplicação de doses fixas dos mesmos fertilizantes a cada safra, sucessiva-mente. Assim, parece não ser claro, para muitos agricultores, o papel de uma adubação mais eficiente para a competitivi-dade na produção de grãos.

Plantio direto

A expansão do plantio direto levou a um maior tampo-namento dos ambientes de cultivo e tornou mais complexo o diagnóstico do status de fertilidade do solo, de modo que, num primeiro momento, o desempenho das culturas pode não refletir, de forma visível, eventuais mudanças no manejo da adubação. nessas condições, os benefícios de um dimen-sionamento mais criterioso do aporte de nutrientes não são sentidos imediatamente, mas poderão aparecer em médio ou longo prazos, influenciando a eficiência econômica do sistema de produção.

Doses

duas situações têm se tornado comuns nas regiões agrí-colas do País: a primeira diz respeito ao agricultor que acha que aumentar as doses dos fertilizantes que está acostuma-do a usar é sempre garantia de colheitas crescentes. A

se-U

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26 • A Lavoura - Nº 703/2014

gunda refere-se ao produtor que se acomodou e usa sempre a mesma adubação, apesar de investir em sementes e tratos culturais mais modernos, que geram no-vos patamares de produtividade.

A eficiência no uso de fertilizantes pode ser baixa nos dois casos. O agricultor que exagera na adubação costuma ter um solo “saturado” de nutrientes, em que as aplicações adicionais não correspondem a ganhos de produtividade econo-micamente compensadores, além de aumentar a chance de perdas e desequilí-brios nutricionais.

Por outro lado, o agricultor que investe em novas tecnologias mas não atualiza sua adubação, acaba comprometendo as reservas de nutrientes do solo, prejudi-cando a quantidade e a qualidade da matéria orgânica no plantio direto, além de não potencializar a renda que poderia usufruir de outras tecnologias, como, por exemplo, da utilização de cultivares de alto potencial genético.

num cenário em que os preços de venda de grãos commodities recebem forte influência do exterior e os preços de compra de fertilizantes sofrem também uma pressão de demanda interna, com difícil previsão de comportamento do mercado, a economicidade das adubações deve ser posta em cheque constantemente. Para ser eficiente, o produtor não pode fechar os olhos e fazer adubações grosseiras.

Adubação bem definida

Conhecer mais a fundo as características do seu sistema de cultivo, que afetam a nutrição das lavouras, e se cercar do apoio de profissionais bem informados ao especificar e dimensionar a adubação, podem representar o diferencial na busca de produtividade eficiente.

Embora possa parecer óbvio, enfatizamos os termos “especificar e dimensionar a adubação”, pois os nutrientes não são apenas o n, P e K, mas n, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn, Mo, zn..., cujas proporções disponíveis no solo oscilam ao longo das safras e o desequilíbrio de um, compromete a eficiência dos demais. Portanto, uma aduba-ção bem definida, em termos quantitativos, e quantitativos é um pré-requisito tão

Para ser eficiente, o

produtor não pode

fechar os olhos e

fazer adubações

grosseiras

AdUBAçãO

Lavoura com plantio direto. No detalhe, adubação com ureia em superfície

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mais importante quanto mais intensivo for o sistema de cultu-ras adotado e quanto maiores as produtividades alcançadas.

Manejo nutricional

A visão de adubação do sistema — e não de uma safra/ cultura isoladamente — tem se mostrado um aspecto pre-ponderante para o bom planejamento do manejo nutricio-nal das lavouras.

O padrão de alternância das culturas e as produtivida-des obtidas têm implicações nos estoques e na ciclagem de nutrientes no ambiente de produção. Sabe-se, por exemplo, que o milho cultivado após soja beneficia-se largamente do nitrogênio fixado pela leguminosa e liberado com a decom-posição dos restos culturais.

Baixas doses na adubação nitrogenada para o milho de segunda safra, em sucessão à soja, são suficientes para atender a demanda frente ao potencial produtivo nessa época de cultivo.

Por outro lado, no milho de primeira safra rotacionado com soja, a adubação nitrogenada para cultivares de alta pro-dutividade precisa ser reforçada, visto que o estoque do siste-ma (solo + palhadas) poderá contribuir com apenas parte da extração total do nutriente pelo milho nessas condições.

uma adubação deficitária penalizará a qualidade do plantio direto com um balanço negativo de N no sistema, num processo que, se continuado, irá depauperar o que de-morou anos para ser construído.

Fósforo

no caso do fósforo, tem-se verificado uma tendência de acúmulo nos solos ao longo do tempo, principalmente nos

mais argilosos, elevando bastante a fertilidade. Esse proces-so de enriquecimento do proces-solo, asproces-sociado à maior eficiên-cia no aproveitamento dos nutrientes proporcionada pelo sistema plantio direto, faz com que não ocorram ganhos significativos de produtividade com adubações fosfatadas pesadas. Por isso, deve ser revisto o uso contínuo de fórmu-las carregadas em P, que foi uma prática recomendada no passado para a abertura de áreas agrícolas, mas que pode ser anti-econômica em solos de fertilidade construída culti-vados e adubados há muitos anos.

Potássio

Em se tratando do potássio, é preciso atentar para a ex-portação relativamente maior pela soja em comparação ao milho, o qual acumula uma grande proporção do nutriente nas partes vegetativas que irão compor a palhada e sofre-rão ciclagem após a colheita dos gsofre-rãos. De qualquer modo, sistemas de produção mais intensivos requerem um grande fluxo de K para atender a demanda de extração pelo milho e pela soja de alta produtividade, o que implica na necessida-de necessida-de maior quantidanecessida-de do nutriente na adubação.

n P e K

Percebe-se com esses comentários envolvendo n, P e K que, a partir de certo nível tecnológico, que é oportuno procurar quantificar, de forma mais precisa, as entradas e saídas para se aprimorar a adubação de cada talhão, o que, obviamente também vale para todos os demais nutrientes. informações relativas às quantidades extraídas, exportadas e cicladas são fundamentais para se identificar a demanda de cada nutriente, confrontar com o diagnóstico de análises de solo e foliares, estimar os créditos existentes no sistema e chegar à necessidade de aplicação via fertilizante.

Milho com ureia em superfície Plantas bem adubadas, preservando as folhas mais velhas sem deficiência

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Os ajustes serão mais confiáveis quando se dispuser de tais informações atualizadas e aferidas localmente, o que exige monitoramento mais frequente dos talhões.

Alguns desses aspectos são detalhados na Circular Téc-nica 181 da Embrapa Milho e Sorgo, disponibilizada em de-zembro de 2012 (em http://www.infoteca.cnptia.embrapa. br/bitstream/doc/951901/1/circ181.pdf), que apresenta uma abordagem voltada para o manejo da adubação nPK em sistemas de cultivo de milho visando à alta produtivida-de na região do Brasil central. A publicação traz reflexões so-bre a dinâmica desses nutrientes no sistema plantio direto, estimativas de extração e exportação, além da sugestão de critérios para refinar o cálculo das adubações.

Melhoria do manejo

na interação da pesquisa com o produtor, observam-se com frequência oportunidades de melhoria do manejo da fertilidade do solo que poderiam se refletir em maior competitividade para o sistema de produção conduzido na fazenda.

A constatação mais comum é a aplicação desproporcio-nal de nutrientes. Há casos em que o ajuste na aplicação de um único nutriente pode aumentar o retorno do inves-timento em outras tecnologias (sementes, defensivos, má-quinas, irrigação). Há também situações em que é possível estabelecer uma estratégia variável na aquisição de fertili-zantes, utilizando-se das reservas do solo nos momentos de alta dos preços dos nutrientes e recompondo-as quando os preços forem mais favoráveis.

Com a evolução dos sistemas de produção de grãos, justificam-se os esforços em informar, atualizar e conscien-tizar os profissionais de assistência técnica, agentes públi-cos e consultores privados, sobre as modificações na rela-ção solo-nutriente-planta e as possibilidades de avanços gerenciais requeridos na agricultura moderna. O agricultor, como cliente das tecnologias, precisa conhecer e deman-dar tais avanços. Vale relembrar que também na fertilidade do solo a eficiência econômica deve ser o primeiro ponto a se observar quando se fala em produção sustentável, na plenitude do conceito (sustentabilidade econômica, am-biental, social, ética etc).

AdUBAçãO

Rotação de culturas ajuda na fertilidade do solo, como no caso do milho cultivado após soja

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