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Governador do Estado do Ceará Camilo Sobreira de Santana. Secretário do Turismo Arialdo de Mello Pinho

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Governador do Estado do Ceará Camilo Sobreira de Santana

Secretário do Turismo Arialdo de Mello Pinho Secretário do Meio Ambiente

Artur José Vieira Bruno

Secretário Executivo Fernando Bezerra

Secretária de Planejamento e Gestão Interna Maria Dias Cavalcante

Coordenadora da Coordenadoria de Biodiversidade Doris Day Santos da Silva

Instituição Contratante:

Secretaria do Turismo do Estado do Ceará

Unidade de Gerenciamento de Projeto (UGP/PROINFTUR): Luiz Mauro Aragão Rosa

Instituição Executora:

Greentec Consultoria e Planejamento Agroflorestal e do Meio Ambiente Ltda Responsáveis Técnicos:

Eng. Florestal Eduardo Riberio Felizola – CREA/DF: 8.763/D

Eng. Florestal Rogério Henrique Vereza de Azevedo – CREA/DF: 10.570/D

Comissão de Acompanhamento (SEMA):

Matheus Fernandes Martins (Gestor da UC e Coordenador da Comissão) Doris Day Santos da Silva

Tatianna Karinne Angelo Ferreira Pedro Victor Moreira Cunha

Apoio(SEMA):

Roberta da Rocha Miranda Rafaela Antunes de Queiroz Kelven Pinheiro de Souza

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SUMÁRIO

1 - APRESENTAÇÃO ... 6

2 - INTRODUÇÃO... 8

3 – ETAPAS DE TRABALHO ... 12

4 - ESTRUTURA DO PLANO DE MANEJO ... 44

5 - ORGANOGRAMA DA EQUIPE TÉCNICA ... 45

6 - MATRIZ DE ORGANIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO... 46

7 - CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO ... 48

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Carta imagem com a representação da APA do Estuário do Rio Curu e limites municipais ... 10 Figura 2 - Carta planimétrica com a representação do limite da APA do Estuário do

Rio Curu, estradas, rede hidrográfica e localidades. ... 11 Figura 3 - Formato de parcela circular proposto pelo método de Avaliação Ecológica

Rápida (AER) para os levantamentos de flora ... 18 Figura 4 - Exemplos de equipamentos a serem utilizados para o levantamento das

espécies da flora. A) ficha de campo, B) podão, C) câmera digital e D) GPS... 20 Figura 5 - Exemplos de técnicas a serem empregadas no levantamento da fauna. A)

binóculo para visualização de espécies, B) armadilha de pegadas, C) armadilha tomahawk, D) pitfalls em transecções, E) instalação de câmera trap e F) busca ativa no período noturno ... 22 Figura 6 - Cronologia dos modelos de planejamento da recreação em áreas naturais

protegidas. ... 27 Figura 7 - Etapas do processo de planejamento do método VIM ... 28 Figura 8 - Representação esquemática da Matriz Pressão, Impacto, Estado e

Resposta. ... 32 Figura 9 - Exemplo de resultado obtido em uma Matriz Pressão, Impacto, Estado e

Resposta. ... 33 Figura 10 - Resultado da interação entre a sensibilidade ambiental do meio e a

intensidade de ocupação e estratégias de gestão associadas. ... 35 Figura 11: Zoneamento Ambiental proposto pelo antigo plano de manejo da APA do

Estuário do Rio Curu. ... 36 Figura 12 - Organograma de funcionamento da equipe técnica para elaboração do

Plano de Manejo ... 45

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Nomenclatura, definição, caracterização e objetivos de manejo definidos para o Zoneamento Ambiental no Roteiro Metodológico para Elaboração e Revisão de Planos de Manejo das Unidades de Conservação Federais (ICMBio, 2018) ... 37 Quadro 2 – Modelo esquemático proposto para apresentação dos programas de

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LISTA DE SIGLAS AER Avaliação Ecológica Rápida

APA Área de Proteção Ambiental APG Angiosperm Phylogeny Group APP Área de Preservação Permanente CATS Complex Adaptative Tourism Systems CCE Capacidade de Carga Efetiva

CCF Capacidade de Carga Física CCR Capacidade de Carga Real

COEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente CSE Capacidade de Suporte Ecológico CSF Capacidade de Suporte Físico CST Capacidade de Suporte Turístico GPS Global Position System

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará MONA Monumento Natural

MOP Matriz de Organização do Planejamento ONG Organização Não Governamental

OPP Oficina de Planejamento Participativo

PAVIM Protected Areas Visitor Impact Management PDCA Plan, Do, Check and Act

PEIR Pressão, Estado, Impacto e Resposta

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PO Ponto de Observação

PROINFTUR Programa de Valorização da Infraestrutura Turística do Litoral Oeste RAIS Relação Anual de Informações Sociais

REVIS Refúgio de Vida Silvestre

SAC Sistemas Adaptativos Complexos SEMA Secretaria do Meio Ambiente do Ceará

SEMACE Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará SETUR Secretaria de Turismo do Ceará

SIG Sistema de Informações Geográficas

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza TR Termo de Referência

UC Unidade de Conservação

USNPS United States National Park Service UTM Universal Transversa de Mercator VIM Visitor Impact Management ZPA Zona de Preservação Ambiental

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ZUR Zona de Urbanização ZUS Zona de Uso Sustentável

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1 - APRESENTAÇÃO

Este Plano de Trabalho foi elaborado de acordo com as diretrizes expressas no Termo de Referência emitido para os serviços de revisão e atualização do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) do Estuário do Rio Curu.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), Lei Federal nº 9.985/2000, as Unidades de Conservação (UCs) são espaços territoriais, legalmente instituídas pelo Poder Público, que compreendem características naturais relevantes (incluindo seus recursos ambientais) e apresentam objetivos de conservação e limites definidos, bem como submetem-se a um regime especial de administração com vistas à sua proteção (BRASIL, 2000).

As Unidades de Conservação devem dispor de um Plano de Manejo, que é definido pelo SNUC como:

o documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade (BRASIL, 2000).

Visando garantir a consolidação dos conhecimentos sobre as Unidades de Conservação, a elaboração dos Planos de Manejo deve ser concebida para ser realizada de forma gradativa em etapas, que iniciam com conhecimento da situação atual da UC, por meio da construção de um diagnóstico socioambiental atualizado e da realização de uma análise estratégica, até a definição das ações de manejo que serão consubstanciadas no zoneamento ambiental da UC e nos programas de manejo necessários ao alcance dos objetivos de sua criação.

Este plano de trabalho procura garantir a participação social no contexto da revisão e atualização do plano de manejo da APA do Estuário do Rio Curu, por meio da criação de espaços de construção conjunto, distribuídos em todas as etapas de trabalho, que possibilitem o envolvimento do gestor da unidade, do seu conselho gestor e, principalmente, atores da sociedade civil interessados na proteção e conservação da área.

A gestão das unidades de conservação do Estado do Ceará, incluindo a APA do Estuário do Rio Curu, está a cargo da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), que possui, dentro de suas atribuições, a realização de monitoramento e atividades de educação ambiental. A SEMA possui autarquia vinculada, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE), que possui atribuição de realizar atividades de caráter permanente, tais como: ações de fiscalização, monitoramento, licenciamento ambiental.

Entretanto, a revisão e atualização do Plano de Manejo da APA do Estuário do Rio Curu foi contratado pela Secretaria de Turismo do Estado do Ceará (SETUR), no âmbito do Programa de Valorização da Infraestrutura Turística do Litoral Oeste (Proinftur), tendo em vista a importância estratégica da área para o desenvolvimento do turismo regional atrelado à proteção dos recursos naturais.

Apesar de existirem diferentes roteiros metodológicos destinados à orientar a elaboração de Planos de Manejo, sempre se torna necessário promover ajustes e nivelamentos na abordagem conceitual e metodológica do trabalho no sentido de atender às particularidades de cada UC, bem como adequar às diretrizes expressas nos diferentes Termos de Referência.

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O presente Plano de Trabalho é apresentado em capítulos, iniciando com uma introdução que apresenta a caracterização preliminar da UC, seguida da descrição teórica e metodológica a ser utilizada em cada etapa prevista para a revisão do plano, passando pela definição do organograma funcional da equipe técnica e pela proposta de matriz de organização do planejamento com a apresentação dos produtos que visam assegurar o cumprimento das metas dentro dos prazos estabelecidos.

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2 - INTRODUÇÃO

Segundo SEMACE (2010), a Área de Proteção Ambiental (APA) do Estuário do Rio Curu abrange uma área aproximada de 881 hectares, tendo sido criada por meio do Decreto nº 25.416, de 29 de março de 1999, no intuito de proteger, das pressões antrópicas atuantes no seu território, um ecossistema de notável beleza cênica, de alta fragilidade ambiental e de elevado valor ecológico e turístico.

A APA do Estuário do Rio Curu é uma unidade de conservação de Uso Sustentável, e segundo a definição adotada pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza esta categoria de UC caracteriza-se por ser:

uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais (BRASIL, 2000). A APA do Estuário do Rio Curu está localizada na divisa entre os municípios de Paracuru e Paraipaba e seu acesso ocorre pela pela CE 085 (Estruturante) e a seguir pela rodovia CE 341, a uma distância de, aproximadamente, 85 km da capital Fortaleza (SEMACE, 2010. Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Curu. Disponível em: https://www.semace.ce.gov.br/2010/12/08/area-de-protecao-ambiental-do-estuario-do-rio-curu/).

O estuário do rio Curu encontra-se situado em uma planície aluvial ocupada por manguezais que servem como um filtro natural e fonte de alimentos para diversas espécies de animais, além de funcionar como berçário natural e abrigo para reprodução de peixes, crustáceos e aves (SEMACE, 2010. Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Curu. Disponível em: https://www.semace.ce.gov.br/2010/12/08/area-de-protecao-ambiental-do-estuario-do-rio-curu/).

A foz do rio Curu forma, ao mesmo tempo, uma enseada natural e um cabo que encontram-se em bom estado de preservação, se configurando como um atrativo natural de exuberante beleza cênica (SEMACE, 2010. Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Curu. Disponível em: https://www.semace.ce.gov.br/2010/12/08/area-de-protecao-ambiental-do-estuario-do-rio-curu/).

Na APA ocorre uma grande diversidade de avifauna com a presença de diversas espécies migratórias que utilizam o estuário do rio Curu para forrageio e descanso. Tal situação é considerada de extrema importância biológica e deve ser abordada no decorrer dos produtos a serem elaborados no plano de manejo.

Vale ressaltar que tanto os manguezais, quanto as restingas (como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues) e as faixas marginais dos rios são considerados espaços legalmente protegidos pelo novo Código Florestal (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012), tendo sido enquadradas como Áreas de Preservação Permanente e que tem como função ambiental preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

No interior da APA existem seis comunidades que sobrevivem do uso direto dos recursos naturais existentes, em especial a pesca e a agricultura de subsistência, são elas: Santa Rita, Torrões, Trapiá, Curuzinho, Crôa dos Pinhões e Capim-Açu (SEMACE, 2010. Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Curu. Disponível

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em: https://www.semace.ce.gov.br/2010/12/08/area-de-protecao-ambiental-do-estuario-do-rio-curu/).

Na APA são realizadas diferentes atividades relacionadas ao turismo e ao lazer, tais como: caminhadas nas trilhas ecológicas, além de atividades náuticas não poluidoras, como passeios de caiaque e pesca amadora. Desta forma, a população dos municípios de Paracuru e Paraipaba, veranistas e turistas usufruem do potencial natural existente na UC (SEMACE, 2010. Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Curu. Disponível em: https://www.semace.ce.gov.br/2010/12/08/area-de-protecao-ambiental-do-estuario-do-rio-curu/).

De acordo com SEMACE (2010), os principais problemas ambientais na APA decorrentes da ação antrópica são ocasionados pelos desmatamentos, queimadas, caça e pesca predatória, prática de carcinicultura e disposição irregular de resíduos sólidos em área de praia e mangue.

Vale destacar que a APA do Estuário do Rio Curu possui um Plano de Manejo que foi elaborado em 2005. Mesmo este não tendo sido publicado, as informações constantes no Diagnóstico, no Zoneamento Ambiental e nos Programas de Manejo propostos deverão ser avaliadas e atualizadas, de forma a compreender a realidade atual da UC e atender aos seus objetivos específicos de criação.

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Figura 1 - Carta imagem com a representação da APA do Estuário do Rio Curu e limites municipais

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Figura 2 - Carta planimétrica com a representação do limite da APA do Estuário do Rio Curu, estradas, rede hidrográfica e localidades.

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3 – ETAPAS DE TRABALHO

Inicialmente vale ressaltar que existem na literatura vários documentos técnicos que orientam a elaboração de planos de manejo em Unidades de Conservação, sendo que todos estes documentos são providos de adaptações entre eles, com vistas a atender, principalmente, aos objetivos das diferentes categorias de manejo existentes, a variabilidade socioambiental envolvida, o estado de conservação da área protegida, a fragilidade ambiental da área, entre outros.

No caso específico das Áreas de Proteção Ambiental (APA) merece ser destacado o Roteiro Metodológico para a Gestão de Área de Proteção Ambiental (IBAMA, 2001), que traz em seu conteúdo a base conceitual, os princípios fundamentais, a sequência de procedimentos e de atividades a serem executadas, bem como as metodologias associadas à elaboração do quadro socioambiental da UC, sistema de informações georreferenciado, formulação dos programas de ação e do zoneamento ambiental. Mais recentemente, o ICMBio publicou um novo Roteiro Metodológico para elaboração e revisão de planos de manejo voltado para atender às UCs federais (ICMBio, 2018). Este roteiro apresenta uma nova abordagem na elaboração dos planos de manejo em nível federal, cuja estrutura está baseada em três componentes distintos: componentes fundamentais (propósito da UC, significância da UC, recursos e valores fundamentais), componentes dinâmicos (avaliação das necessidades de dados e planejamento, subsídios para interpretação ambiental, mapeamento e banco de dados de informações geoespaciais) e componentes normativos (zoneamento, atos legais, administrativos e normas gerais).

Portanto, o novo roteiro do ICMBio não prevê a apresentação de um diagnóstico temático, tal como solicitado no TR, que inclui ainda o levantamento de informações primárias em campo relacionadas aos meios físico, biótico e socioeconômico. Do ponto de vista do processo participativo, o novo roteiro prevê a realização de apenas uma oficina de trabalho.

O roteiro do ICMBio prevê ainda que os programas de manejo sejam tratados como planos específicos, os quais serão elaborados após a conclusão do plano de manejo, como parte da sua estratégia de implementação, de forma que cada UC deverá apresentar uma lista de necessidades de planejamento, hierarquizada de acordo com as respectivas prioridades.

Para a atualização do Plano de Manejo da APA do Estuário do Rio Curu deverão ser seguidas as etapas, atividades, eventos participativos e produtos, previstos no Termo de Referência, fazendo-se uso do novo roteiro metodológico do ICMBio (ICMBio, 2018), especificamente, no que diz respeito à análise dos componentes fundamentais e dinâmicos durante a etapa de diagnóstico e à proposta de zoneamento ambiental prevista para a etapa de planejamento da UC.

Galante et al. (2002) aponta que a elaboração de um plano de manejo deve ser gradativa, contínua, flexível e participativa, conforme descrito a seguir:

 Gradativa, porque a evolução dos conhecimentos sobre os recursos da Unidade de Conservação, ao longo das fases, condiciona a ampliação e o aprofundamento das ações de manejo sobre os seus recursos.

 Contínua, porque cada nova Fase sempre englobará os conhecimentos e as ações da fase precedente. Além disto, cada nova fase será planejada já durante a implementação da fase anterior, não existindo interrupção entre as fases.

 Flexível, porque sua estrutura apresenta a possibilidade de agregar novos conhecimentos e eventuais correções ao manejo durante a implementação de

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qualquer uma das fases. As ações de monitoramento e reavaliação efetuadas durante a implantação do Plano indicarão a necessidade de se fazer ou não tais correções.

 Participativa, porque sua elaboração prevê o envolvimento da sociedade no planejamento, através das Oficinas de Planejamento. Além disso, sua estrutura prevê ações no entorno das Unidades visando a cooperação das populações vizinhas e a melhoria da sua qualidade de vida.

Independente da categoria de manejo e do formato de apresentação, os planos de manejo foram concebidos para serem elaborados em etapas, através das quais serão garantidos a consolidação dos conhecimentos sobre a UC e o suporte à definição das estratégias de manejo a serem adotadas.

A passagem de uma etapa para outra deve ocorrer quando o conhecimento científico atingir suficiente profundidade por meio da implantação das ações previstas em cada fase do trabalho, especialmente aquelas que são pré-requisitos para a etapa posterior, sendo que a disponibilidade de recursos para proceder-se aos estudos previstos em cada etapa é considerado um fator condicionante neste processo.

Assim como no caso da APA do Estuário do Rio Curu, existem diversas unidades de conservação que necessitam revisar seus planos de manejo em função da acelerada dinâmica de ocupação do território aliada à necessidade de aprofundamento do conhecimento científico e de aperfeiçoamento da gestão das unidades.

A revisão e atualização do Plano de Manejo da APA do Estuário do Rio Curu deve se basear nas seguintes diretrizes específicas:

 Atualização do diagnóstico ambiental, abrangendo os meios físico, biótico e socioeconômico em suas diferentes áreas de influência, com vistas à atualização da avaliação estratégica e do planejamento da UC;

 Identificação dos atores públicos e sociais atuantes no território para o engajamento no processo de revisão do plano de manejo e obtenção de informações de interesse, de forma a construir uma proposta em parceria com os anseios da sociedade;

 Avaliação e revisão dos limites originais da APA, identificando possíveis localidades para serem inseridas ou excluídas, no caso de uma revisão e atualização de limites que se faça justificável técnica e politicamente.

 Atualização do uso e ocupação das terras com o levantamento do estado atual da pressão exercida pelas atividades e empreendimentos, do impacto decorrente destas atividades, da integridade dos ecossistemas e das respostas adotadas em termos da gestão territorial e ambiental;

 Fortalecimento institucional e de participação social na tomada de decisões para a gestão da APA, com a identificação de possíveis parcerias e convênios para o estabelecimento de pesquisas científicas, atividades de educação ambiental, fomento às cadeias produtivas, desenvolvimento social e econômico da população local, entre outros.

 Formulação do zoneamento ambiental da APA objetivando o ordenamento territorial, por meio da proteção das áreas de maior fragilidade ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais nas áreas de maior aptidão à ocupação.  Identificação e ordenamento das ações prioritárias voltadas à gestão da UC por meio de diferentes programas de gestão que possam contribuir efetivamente

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para o sucesso da gestão da UC, assim como para a preservação dos patrimônios natural e cultural existentes.

A seguir apresenta-se o detalhamento metodológico a ser adotado nas 7 etapas de trabalho previstas para a revisão do Plano de Manejo da APA do Estuário do Rio Curu, conforme especificação definida no Termo de Referência.

1ª Etapa – Planejamento

Após a contratação do trabalho deverá ocorrer uma primeira reunião técnica de planejamento entre a Empresa Consultora e a Equipe Técnica de Supervisão do Plano de Manejo da SEMA, no intuito de realizar uma apresentação entre as partes, harmonizar os interesses específicos, discutir as expectativas para o desenvolvimento do trabalho, disponibilizar as informações já levantadas para a UC e apresentar o Plano de Trabalho.

O Plano de Trabalho deve conter, minimamente, as estratégias de trabalho; o detalhamento da metodologia a ser empregada no desenvolvimento das diversas atividades, a definição das áreas de abrangência do estudo, a definição da Matriz de Organização do Planejamento (MOP), com cronograma físico informando datas e pessoas envolvidas para realizar a atividade de reconhecimento de campo, bem como a especificação de todos os indicadores de resultado para cada etapa de trabalho. A partir desta primeira reunião, a empresa consultora dará continuidade a etapa de Planejamento, devendo ser incorporados os subsídios produzidos na reunião técnica de planejamento, e assim obter os detalhamentos necessários à aprovação do Plano de Trabalho.

A critério da Equipe Técnica de Supervisão poderá ser solicitada uma nova reunião presencial ou por vídeoconferência para apresentação do Plano de Trabalho ajustado em função das observações do grupo.

Nesta etapa será realizada uma reunião interna, nas instalações da empresa Greentec, com toda a equipe técnica definida para a execução dos serviços. Nesta ocasião serão passadas para a equipe: as etapas de trabalho, o cronograma de execução, o nível de envolvimento de cada membro da equipe, as atividades participativas, assim como as primeiras demandas em termos das metodologias de trabalho que serão adotadas e sistematização das informações disponibilizadas. Indicadores/Produtos:

a) Relatórios da(s) Reunião(ões) Técnica(s), Listas de Frequência e Atas de reunião; b) Plano de Trabalho Consolidado

2ª Etapa - Coleta e Análise das Informações Básicas Disponíveis

Essa etapa deve incluir as atividades de levantamento, coleta e análise de informações bibliográficas e cartográficas existentes sobre a UC e suas diferentes áreas de influência (municípios, bacias, setores censitários, etc), junto aos órgãos públicos, universidades, instituições privadas e sociedade civil organizada, dentre outros.

As informações contidas no atual Plano de Manejo da APA, dentre elas: a base cartográfica, o Diagnóstico Socioambiental, a proposta de Zoneamento Ambiental e os Programas de Manejo, deverão ser avaliadas com relação a sua pertinência e, devidamente, atualizadas durante o trabalho de revisão do Plano de Manejo.

Com base nas informações disponibilizadas, a empresa consultora organizará uma base de dados cartográfica digital e das principais referências bibliográficas

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disponíveis sobre a UC e sua área de influência, de modo a subsidiar a elaboração da etapa de diagnóstico e a consecução das etapas subsequentes relacionadas ao planejamento da APA.

As referências bibliográficas serão organizadas em um banco de dados por meio do software Microsoft Access, que deverá conter informações sobre a área de conhecimento, autor(es), título do trabalho, formato do arquivo, ano da publicação, o tipo de documento, além do documento devidamente anexado.

Nesta etapa será elaborado um mapa base da APA, contendo: o limite da UC, os limites municipais e estaduais, sedes municipais, áreas urbanas e zonas rurais, localidades, áreas industriais, limites de outras UCs inseridas na região, hidrografia, sistema viário (interno e externo), dentre outros.

Indicadores/Produtos:

a) Banco de Dados das Referências Bibliográficas; b) Mapa base preliminar da UC

3ª Etapa – Reconhecimento de Campo e Articulação Política

Nesta etapa será realizado ainda o reconhecimento de campo da UC, que deverá contar com a participação dos técnicos da Empresa Consultora, da equipe de gestão da UC e da Equipe Técnica de Supervisão do Plano de Manejo da SEMA.

Espera-se que o envolvimento destes atores facilite o nivelamento das informações sobre a UC e o estabelecimento dos primeiros contatos com os funcionários das áreas e as comunidades locais afetadas direta e indiretamente pela UC.

A atividade de reconhecimento de campo objetiva realizar um primeiro levantamento da área, para a identificação das características ambientais relevantes, dos possíveis conflitos, das ameaças e oportunidades, do manejo dos seus recursos naturais e dos atores atuantes no território, os quais poderão se envolver, futuramente, na Gestão da UC.

Nesta etapa está prevista a realização de uma reunião com a participação de diferentes atores, em especial: Conselho Gestor, funcionários da UC e comunidade local. Esta reunião terá como objetivo principal dar publicidade à elaboração do Plano de Manejo, com destaque para a apresentação das etapas de trabalho, processos participativos (oficinas), site do projeto e cronograma de execução do trabalho.

Em virtude de possíveis restrições de saúde pública, a reunião poderá ser realizada a distância, por videoconferência ou outra metodologia apropriada, a ser acordada com a Equipe de Supervisão do Plano de Manejo antes da sua realização.

Toda a mobilização, divulgação e logística para a realização das reuniões será de responsabilidade da empresa contratada.

A partir do reconhecimento de campo será formulado um relatório fotográfico do levantamento realizado que ilustrará as características e particularidades dos aspectos físicos, bióticos e humanos existentes na área da APA do Estuário do Rio Curu. Além disso, será elaborado um relatório para a reunião realizada com comunidade, conselho gestor e funcionários da UC.

Ainda durante a atividade de reconhecimento de campo deverão ser confirmadas as informações contidas no mapa base da UC e seu entorno imediato, no sentido de consolidá-lo, posteriormente, em um mapa base final. Em especial deverá ser feita uma revisão dos limites da UC com base nas especificações contidas no decreto de criação frente às observações levantadas em campo, de forma a promover os ajustes

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julgados necessários e apresentar o memorial descritivo do levantamento, contendo as coordenadas UTM, azimutes e distâncias entre cada um dos vértices da UC. Indicadores/Produtos:

a) Relatório da reunião de divulgação do Plano de Manejo; b) Mapa base final.

4ª Etapa – Elaboração do Diagnóstico Socioambiental, Levantamento da Capacidade de Suporte e Declaração de Significância da UC

Nesta Etapa deverá ser apresentado um diagnóstico socioambiental formulado a partir da utilização de informações secundárias disponíveis na bibliografia especializada e de dados primários levantados em pesquisa de campo.

O diagnóstico socioambiental deverá contemplar a área da poligonal da UC e seu entorno imediato, envolvendo as interações ecológicas e socioeconômicas identificadas no território a partir da utilização de diferentes escalas de abordagem temática (bacias hidrográficas, municípios, setores censitários, etc).

O conteúdo do diagnóstico levará em consideração as diretrizes expressas no Termo de Referência, e partirá inicialmente das informações disponíveis na bibliografia especializada, a qual possibilitará o entendimento dos levantamentos realizados e a compreensão da existência de lacunas de informação, o que ajudará a definir as estratégias a serem adotadas para a pesquisa de campo.

A etapa de diagnóstico resultará na obtenção de diferentes mapeamentos temáticos, que irão compor, em conjunto com o mapa base da UC, o Sistema de Informações Geográficas do Plano de Manejo. A disponibilização dos mapeamentos temáticos possibilitará a realização de operações de análise espacial, em ambiente SIG, que resultarão na compreensão de diferentes aspectos de interesse, dentre eles: recursos e valores fundamentais, as unidades da paisagem, as fragilidades ambientais, as potencialidades socioeconômicas, dentre outras informações consideradas relevantes para subsidiar a etapa de planejamento da UC (Zoneamento Ambiental e Programas de Manejo).

A. Diagnóstico do Meio Físico

De acordo com o Termo de Referência, o diagnóstico do meio físico deverá caracterizar as seguintes variáveis temáticas:

 Geologia (evolução geológica regional através de estudos sobre a litologia, tectônica e distribuição estratigráfica);

 Geomorfologia (abordando sobre a evolução e tipos de relevo; faixas de altitude mais frequentes; declividades mais representativas);

 Pedologia (descrição das características físicas dos solos: textura, estrutura, densidade, permeabilidade, profundidade, porosidade, capacidade de saturação, aptidão agrícola e restrições de uso);

 Climatologia (regime de precipitação, temperaturas, ventos, umidade e outros dados que estejam disponíveis);

 Hidrografia (principais bacias hidrográficas, cursos d'água e suas nascentes (indicando as épocas de cheias e vazantes e outros aspectos de sua dinâmica sazonal ou não), lagos, lagoas e/ou banhados (identificando sua importância e conexão com outros ambientes lênticos e/ou lóticos) e áreas suscetíveis à erosão, inundação, assoreamento, entre outros).

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Deverão ser identificados e localizados elementos abióticos peculiares que necessitem de preservação, proteção ou tratamento específico; caracterizar os serviços ambientais/ecossistêmicos da área, como abastecimento de água, regulação hídrica, contenção de solos e áreas suscetíveis a incêndios.

Além das variáveis temáticas apresentadas anteriormente, o diagnóstico do meio físico deverá abordar análises integradoras que possibilitem o conhecimento dos seguintes aspectos:

 Unidade dos Sistemas Ambientais: definida a partir da integração entre os componentes da paisagem.

 Fragilidade Natural: definida por indicadores de vulnerabilidade natural à perda de solo por erosão, inundação e assoreamento, além de identificar e localizar elementos abióticos peculiares que necessitem de preservação, proteção ou tratamento específico.

 Potencialidade Natural: definida pelos serviços ambientais dos ecossistemas e pelos recursos naturais disponíveis, tais como: abastecimento de água, contenção de solos, entre outros.

B. Diagnóstico do Meio Biótico

O diagnóstico do meio biótico deverá reunir as seguintes informações sobre o estado de conservação dos ecossistemas existentes na UC e no seu entorno imediato:

 Caracterizar os habitats (fauna e flora) da área proposta e sua distribuição, incluindo sempre que possível, as espécies mais representativas de cada formação;

 A ocorrência de endemismos; espécies raras, migratórias, exóticas, em perigo, vulneráveis ou ameaçadas de extinção e espécies novas, indicando sua localização;

 Avaliar o impacto de espécies invasoras (fauna e flora) sobre a vegetação;  Identificar e caracterizar espécies bioindicadoras, de interesse econômico ou

invasoras, e/ou sob pressão de uso, caça, extração e coleta;

 Identificar, quando possível, a origem das ameaças às espécies classificadas localmente como ameaçadas;

 Descrever corredores biológicos existentes e incluir os aspectos da biologia subterrânea do patrimônio espeleológico existente;

 Identificar e caracterizar, quanto a fauna, as espécies que sofrem pressões decorrentes de alterações ambientais e relacionadas aquelas espécies outrora existentes, identificando há quanto tempo não são avistadas, bem como indicado o seu reaparecimento.

Os dados secundários disponíveis sobre a UC deverão ser complementados por meio de informações obtidas em campo, por meio do uso da metodologia de Avaliação Ecológica Rápida (The Nature Conservancy, 2003) que compreende um conjunto de técnicas e procedimentos sistematizados, conforme será apresentado a seguir. A Avaliação Ecológica Rápida (AER) é considerada uma metodologia de pesquisa da biodiversidade desenvolvida ao longo dos últimos anos pela The Nature Conservancy e tem como objetivo suprir as lacunas de informação disponível sobre biodiversidade, produzindo informações preliminares, integradas e espacialmente explícitas sobre a distribuição de espécies da fauna e da flora.

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A Avaliação Ecológica Rápida de uma área representa um levantamento flexível, acelerado e direcionado para a caracterização dos tipos vegetacionais, assim como da flora e fauna associadas, que faz uso de uma combinação de recursos técnicos, tais como: imagens de sensoriamento remoto, sobrevoos de reconhecimento, coletas de dados de campo e visualização de informação espacial para gerar informações úteis para o planejamento da conservação em múltiplas escalas.

As Avaliações Ecológicas Rápidas continuam focalizando a conservação em nível de paisagem, mantendo a ênfase nos filtros grossos/finos, onde a conservação das paisagens (filtro grosso) resulta na conservação das espécies vegetais e animais contidas nestas (filtros finos) (The Nature Conservancy, 2003).

A escolha dos sítios a serem investigados pelo método de Avaliação Ecológica Rápida, durante a etapa de diagnóstico do Plano de Manejo da APA do Estuário do Rio Curu, deverá seguir os critérios apontados pela The Nature Conservancy (2003), mais especificamente:

 I - Importância Ecológica: representada pela riqueza e singularidade de ecossistemas, existência de processos ecológicos (como sítios de alimentação ou reprodução de espécies migratórias) e de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção;

 II - Grau de Ameaça: baseado na projeção dos níveis atuais e futuros de impacto antrópico na área-alvo ou regiões adjacentes, e os consequentes riscos para a manutenção da biodiversidade local e do equilíbrio dos ecossistemas presentes;

 III - Oportunidades: a infraestrutura disponível, a existência de informações sobre a importância ecológica de determinada área, a existência de projetos conservacionistas que podem incluir determinada área, as possibilidades reais para desenvolvimento comunitário e programas de educação ambiental, entre outros tópicos, deverão ser avaliados com a perspectiva de análise de sustentabilidade dos projetos propostos;

 IV - Extensão: é imprescindível que se estabeleça uma extensão geográfica representativa que suporte a dinâmica dos ecossistemas locais.

A escolha dos sítios a serem investigados para fins de amostragem será realizada a partir da interpretação de imagens de satélite, bem como de observações realizadas em campo na área da UC, que possibilitarão fazer a seleção prévia dos diferentes ecossistemas, representativos das distintas fitofisionomias existentes na APA, a serem investigados.

Na escolha dos sítios amostrais deverá ser levado em consideração a existência de levantamentos secundários produzidos na APA, como no caso do Plano de Manejo atualmente existente, de forma que a amostragem a ser realizada em campo cubra as áreas consideradas lacunas de informação ou mesmo ratifique os levantamentos realizados nas áreas já estudadas.

A amostragem da flora será baseada nos procedimentos da Avaliação Ecológica Rápida (AER), que segue um protocolo para inventário florístico qualitativo, baseado em Pontos de Observação (POs). Os POs são áreas pontuais com raio de 20 m, o que totaliza 1.256 m2, o que é adequado para a caracterização de uma floresta de 50

hectares (TNC, 2003), onde serão registradas todas as plantas existentes e os grupos florísticos dominantes (THE NATURE CONSERVANCY, 2003).

Figura 3 - Formato de parcela circular proposto pelo método de Avaliação Ecológica Rápida (AER) para os levantamentos de flora

(20)

Fonte: Greentec

A princípio serão utilizados três Pontos de Observação (POs) para cada fitofisionomia identificada na APA, o que pode ser considerada uma intensidade de amostragem acima do requerimento mínimo, que é de, pelo menos, um PO para cada tipo vegetacional distinto.

Desta forma, espera-se levantar informações sobre todas as formações vegetacionais existentes na UC, sejam elas mais raras e complexas, mais comuns e melhor conhecidas, ou ainda aquelas consideradas mais ameaçadas.

As espécies vegetais existentes dentro das parcelas serão identificadas quando possível em campo, atribuindo a elas nome científico e nome comum a serem indicados pelo botânico responsável.

Quando o material botânico não puder ser identificado em campo, ou quando a identificação for incompleta, esta espécie será coletada para análise e comparação às espécies já registradas em acervo de herbários locais e também através da literatura pertinente.

A classificação taxonômica das espécies vegetais identificadas será baseada no Sistema APG III, os nomes científicos e a distribuição geográfica das amostras serão embasadas no Flora do Brasil 2020; The Plant List e Forzza et al. (2010); Os nomes populares atribuídos são referentes aos conhecimentos locais das próprias comunidades.

Conforme preconizado pela The Nature Conservancy (2003), para cada espécie levantada será atribuída, de forma subjetiva, uma ocorrência ou densidade, podendo ser:

• Abundante: espécies cujas populações são muito numerosas e que chegam a formar manchas ou agregados monoespecíficos;

• Comum: espécies também numerosas, porém não formando agregados; • Ocasional: espécies cujo padrão de ocorrência assemelha-se àquele esperado

ao acaso;

• Raro: espécies que ocorrem em baixas densidades, com 1 indivíduo por Ponto de Observação (PO).

Os dados sobre as espécies, obtidos através de literatura ou levantamentos de campo, serão organizados e apresentados para cada tipo vegetacional existente na APA, dando ênfase aos aspectos de riqueza de espécies, status e endemismo,

20 metros

(21)

considerando-se as espécies mais notáveis, como as novas, raras, vulneráveis, em perigo e/ou ameaçadas de extinção, além das espécies invasoras.

Esta síntese dos dados por tipo vegetacional tem como finalidade destacar os tipos vegetacionais com maior diversidade de plantas e maior número de espécies de interesse.

O trabalho de campo a ser realizado pela equipe de flora, em especial o levantamento das espécies e o respectivo entendimento sobre o status de conservação dos tipos vegetacionais (ecossistemas) e importância biológica das plantas (espécies raras, ameaçadas, imunes ao corte, entre outros), deverá subsidiar as futuras recomendações de manejo para a UC, de modo a promover a persistência das espécies e dos ecossistemas de importância no contexto da paisagem da APA. O processo de coleta em campo será desenvolvido com o auxílio de tesoura de poda manual, podão, sacos plásticos, fita adesiva, câmera digital, GPS para marcação do ponto amostral, ficha de campo para anotações, além de prensa e jornal para as exsicatas, conforme ilustrado na figura 4.

Figura 4 - Exemplos de equipamentos a serem utilizados para o levantamento das espécies da flora. A) ficha de campo, B) podão, C) câmera digital e D) GPS

Fonte: Greentec

O levantamento dos dados primários da fauna existente na APA será realizado para diferentes grupos faunísticos, dentre eles: mastofauna, herpetofauna, ornitofauna e ictiofauna. Este levantamento fará uso de diferentes técnicas de levantamento, que envolvem o uso de armadilhamento (tomahawk, pitfall, câmera trap, rede de neblina e rede de emalhar) ou mesmo observações indiretas (avistamentos, rastros, pegadas, busca ativa, fezes e entrevistas com a comunidade local)

De forma complementar, será empregado o método de registro oportunístico, que consiste em realizar observações fora dos pontos amostrais (pontos e transectos), percorrendo-se bordas e o interior das matas, campos, áreas alagadiças, áreas

A B

(22)

antropizadas, entre outras, registrando os contatos auditivos e visuais com o objetivo de obter o maior número possível de espécies.

Para auxiliar o trabalho de campo serão utilizadas lanternas de mão e cabeça, gravador digital, máquina fotográfica digital, GPS e gancho herpetológico. Para identificação das espécies serão utilizados guias de campo e livros de referência da área. Toda a nomenclatura científica utilizada na lista de espécies será baseada nas listagens oficiais produzidas pelos respectivos comitês técnicos responsáveis.

Os métodos de levantamento a serem empregados, a localização das áreas de amostragem e a forma de recolhimento dos dados serão devidamente definidos após a reunião com a equipe de acompanhamento e realização da etapa de reconhecimento de campo.

Assim como no levantamento da flora, estima-se que para o levantamento da fauna serão realizadas de duas a três campanhas para cada grupo faunístico, dentro das premissas do método de Avaliação Ecológica Rápida, que deverá se concentrar, prioritariamente, no levantamento de espécies-alvo ou bioindicadoras e, de forma complementar, naquelas espécies consideradas mais comuns e melhor conhecidas. Desta forma, serão elaboradas listas das espécies da fauna silvestre da APA para cada grupo estudado, associando-se a ocorrência das mesmas em relação às diferentes fitofisionomias existentes, sítios de reprodução, alimentação e refúgio, bem como o grau de ameaça antrópica verificado nessas áreas.

No relatório de diagnóstico da fauna, as espécies ameaçadas de extinção serão determinadas de acordo com a Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, elaborada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e regulamentada pelas Portarias do Ministério do Meio Ambiente nº 444/2014 – Fauna Ameaçada, nº 445/2014 – Peixes e Invertebrados Aquáticos Ameaçados e Portaria nº 647/2019 - Plano de Ação Nacional para Conservação das Espécies Ameaçadas e de Importância Socioeconômica do Ecossistema Manguezal - PAN Manguezal.

A Empresa Consultora providenciará todas as licenças e autorizações necessárias, de acordo com o previsto na legislação vigente para todo material biológico, cuja coleta seja indispensável para fins do diagnóstico das Unidades de Conservação. Todo material coletado deverá ser preferencialmente depositado em Coleções de Referência Regionais de Instituições Públicas no Estado do Ceará, sendo devidamente documentado.

(23)

Figura 5 - Exemplos de técnicas a serem empregadas no levantamento da fauna. A) binóculo para visualização de espécies, B) armadilha de pegadas, C) armadilha tomahawk, D) pitfalls em transecções, E) instalação de câmera trap e F) busca ativa no período noturno

Fonte: Greentec

Propõe-se que os levantamentos de campo da fauna e da flora, por meio do uso do método de Avaliação Ecológica Rápida, sejam realizados em uma única campanha, com duração de até 10 dias, sendo que os pontos amostrais deverão ser lançados de modo a contemplar as diferentes fitofisionomias e ambientes existentes, em especial: as áreas de manguezais, planícies fluvio marinhas, complexo lagunar estuarino, dentre outras.

Desta forma, espera-se contribuir com o conhecimento sobre a riqueza de espécies da flora e da fauna, todavia não se espera esgotar o conhecimento sobre as espécies existentes com a AER, sendo necessário dar continuidade nos levantamentos de campo durante a implantação do plano para eliminar os possíveis efeitos da sazonalidade, tendo em vista que os diferentes fatores abióticos, tais como: temperatura, precipitação e ventos, que interferem diretamente na ocorrência de espécies.

A B

C D

(24)

De acordo com o TR, na caracterização da fauna e da flora deverão ser observados os seguintes itens:

a) Análise das fitofisionomias e aspectos de riqueza de espécies, status e endemismo, considerando-se as espécies mais notáveis, como as novas, raras, vulneráveis, em perigo e/ou ameaçadas de extinção, além das espécies invasoras;

b) Tipos de pressões que vêm sendo exercidas sob a fauna e a flora, indicando os locais na base cartográfica;

c) Avaliação do estado atual da proteção e conservação dos recursos ambientais em questão e recomendações para o manejo e/ou controle dos mesmos;

d) Lista de espécies vegetais e animais da UC, comentada, apresentando o nome científico e popular;

e) Indicações de plantas de especial interesse para a fauna e exóticas, acompanhadas de recomendações de estudos e de manejo para seu controle e prevenção;

f) Considerações acerca dos riscos e efeitos do fogo sobre a biodiversidade. C. Diagnóstico do Meio Socioeconômico

O diagnóstico do meio socioeconômico será embasado no levantamento de dados secundários e complementado por meio da realização de levantamentos primários, importantes à conservação dos recursos naturais.

Em função das características da UC, as informações socioeconômicas deverão ser levantadas observando-se em diferentes escalas de abordagem, ou seja, no nível municipal, setores censitários e mesmo local, no caso das informações coletadas em campo.

As informações coletadas em campo serão obtidas por meio de observações diretas, aplicação de questionários dirigidos, realização de reuniões e ainda por meio do uso da metodologia de mapeamento participativo, a qual deverá ser aplicada nas comunidades tradicionais, propiciando entendimento e espacialização das formas de uso dos recursos naturais.

Desta forma, as metodologias a serem utilizadas em campo deverão considerar as diferenças entre os grupos sociais abordados, a fim de garantir a participação de cada grupo no processo de construção do Plano de Manejo, bem como na sua implementação.

O diagnóstico socioeconômico deverá contemplar os seguintes aspectos: 1. Dimensão histórico-cultural

 Identificação e caracterização dos antecedentes históricos da região onde se localiza a UC, considerando a dinâmica econômica e as alterações significativas da paisagem, com ênfase nas formas de acesso aos recursos naturais. A contratada deve atentar para o processo de formação étnico-racial da população, considerando o processo de colonização e suas repercussões na ocupação do território;

 Identificação do patrimônio cultural, considerando o conjunto dos bens materiais (arqueológico, paisagístico, etnográfico, histórico) e imateriais (práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas) relevantes ao fortalecimento da identidade cultural da população local.

(25)

 Verificação da existência de povos e comunidades tradicionais e sítios de especial interesse para conservação destes valores, bem como suas formas de interação e uso dos recursos naturais.

2. Dinâmica Econômica e Uso dos Recursos Naturais

 Levantamento e análise das atividades econômicas e cadeias produtivas atuantes na UC;

 Avaliar as formas de uso e manejo tradicionais utilizadas pela população local e seus sistemas produtivos (atuais e tendências);

 Identificação das atividades e alternativas econômicas sustentáveis com potencial para serem desenvolvidas na região da UC em substituição à práticas econômicas tradicionais que geram impactos negativos sobre a UC;

 Caracterização do uso atual da terra, definido pelo manual do Uso da Terra do IBGE, discutindo-se as tendências de ocupação e articulação regional, definidas em função dos fluxos econômicos e populacionais e da localização das infraestruturas;

 Levantamento, identificação e análise das oportunidades de usos públicos atuais e futuros no âmbito da área de estudo e no contexto municipal e regional (atrativos e áreas naturais e culturais, atividades já realizadas e/ou com potencial ecoturístico, etc);

 Caracterização do perfil ocupacional da população, a partir de análise do mercado de trabalho, considerando os dados mais recentes disponíveis no IBGE, a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) disponíveis no Ministério do Trabalho e Emprego;

 Identificação das possibilidades de mercado, face às características da região, como festas, turismo e feiras. As informações devem ser disponibilizadas de modo a facilitar a elaboração futura de um plano de negócios para a UC. 3. Dinâmica Demográfica

 Caracterização dos aspectos relacionados à dinâmica demográfica na área de influência da UC, considerando as informações disponibilizadas pelo último censo do IBGE de 2010, dentre eles: distribuição da população urbana e rural, densidade demográfica, taxa de mortalidade infantil, taxa de natalidade, taxa de migração, assim como distribuição da população por idade, sexo, cor/raça e grau de escolaridade.

4. Infraestrutura, Equipamentos e Serviços

 Caracterização da infraestrutura existente: saneamento, energia, rede de comunicação e sistema viário regional;

 Caracterização dos equipamentos públicos existentes nas UC, incluindo os equipamentos de cultura, esportes, recreação e lazer;

 Caracterização dos serviços: estrutura educacional (levantamento da rede escolar pública e privada, indicando o nome das escolas, creches e a localização), estrutura de saúde (levantamento das unidades de saúde), transporte, segurança pública e rede bancária.

5. Levantamento e Caracterização das Comunidades e Percepção das Comunidades Sobre a UC

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 Identificação de grupos sociais que possuem interesses diversos e usufruem da área da UC para a obtenção de bens e/ou produtos para seu sustento, sejam eles tradicionais (comunidades indígenas, quilombolas, etc), que participam diretamente de atividades econômicas dentro das UC (agentes de turismo locais, pescadores, entre outros) e aqueles que são indiretamente influenciados pela existência da UC (investidores, turistas, ONG's, ecologistas, órgãos governamentais, entre outros);

 Caracterização da composição de cada grupo e de redes de interesses complementares, a fim de identificar prováveis alianças ou possíveis potencializações de conflitos, bem como suas preocupações, potencialidades, limitações e interesses, entre eles: forças e tensões sociais, cultura, grupos e movimentos comunitários, lideranças comunitárias, forças políticas e sindicais atuantes e associações;

 Identificação da visão dos diferentes atores sociais que atuam na UC relativo ao entendimento do significado e importância da sua implantação, relação com os servidores da Unidade, expectativas com relação à área.

6. Planos, Programas e Projetos

 Identificação e análise dos planos, programas e projetos privados e públicos em âmbito federal, estadual e municipal, com interferência direta ou indireta na UC, especificando abrangência, os objetivos e órgãos envolvidos;

 A contratada deverá realizar análise integrada dos diversos instrumentos de ordenamento territorial dos municípios integrantes da UC, a exemplo do Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal, identificando diretrizes e ações constantes nestes instrumentos de planejamento, tendências de ocupação e pressão.

7. Conflitos Socioambientais

 Identificação dos conflitos ambientais, em especial os agrários, de uso e ocupação territorial, de acesso à água, em áreas de APP, desmatamento, e ocupações irregulares. Identificação dos conflitos de acesso aos recursos naturais, para buscar soluções e acordos entre os envolvidos.

D. Capacidade de Suporte

Segundo Cordeiro, et al. (2013), o conceito de Capacidade de Suporte assenta-se em dois pressupostos: i) o de que os fatores ambientais impõem limites sobre a população que uma área pode acomodar e; ii) quando esses limites são ultrapassados, o meio ambiente diminui sua capacidade de acomodar essa população (STANKEY apud WEARING; NEIL, 2001).

Os estudos orientados para determinar a Capacidade de Suporte objetivam aferir e preconizar, em termos quantitativos, o nível máximo permitido de exploração em certo sistema de modo a não causar sua degradação (CORDEIRO et al. 2013).

Segundo Getz (1983), todos os conceitos de Capacidade de Suporte vinculam a noção de limite ou do limiar além do qual o desenvolvimento, o uso, o crescimento ou mudança não pode ocorrer, ou não deve ser permitido. Para estabelecer os critérios de definição, a maioria dos métodos descritos usa as características inerentes ao sítio e sua gestão definida pelas metas e objetivos de uso dos recursos.

Segundo Araújo (2006), a Capacidade de Suporte Turística (CST) pode ser entendida a partir de duas correntes de pensamento acerca do assunto. A primeira dá ênfase na população local e coloca a CST como o ponto de saturação no qual o núcleo receptor

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poderá ser prejudicado pela visitação, em detrimento de sua capacidade de atração. A segunda enfoca a saturação como fator de insatisfação por parte do turista, causando o declínio do interesse pelo núcleo.

A Capacidade de Suporte Turística depende de variáveis que mudam com o tempo conforme as circunstâncias, lhe conferindo uma natureza relativa e dinâmica e que requerem ações de monitoramento e revisões periódicas, assim como um sistema contínuo de planejamento, pesquisa e ajuste de manejo, tal qual utilizado no Ciclo PDCA (plan, do, check and act) (ECOBRASIL, 2020. Capacidade de Carga Turística: Considerações Iniciais. Disponível em: http://www.ecobrasil.eco.br/site_content/30-categoria-conceitos/1178-cct-consideracoes-iniciais).

Dentre as possíveis abordagens, a metodologia de avaliação da Capacidade de Suporte Turística pode ser fundamentada na determinação de um número máximo de usuários que uma área de visitação pode suportar sem que impactos significativos sejam ocorrentes (STANKEY; MANNING, 1986).

Com relação à visitação de unidades de conservação, a capacidade de suporte pode ser entendida como o tipo e nível de uso que pode ser conciliado enquanto sustenta os recursos desejados e as condições recreativas que integram os objetivos da Unidade e os objetivos de manejo” (TAKAHASHI, 1998 apud PIRES, 2005).

Segundo Maciel et al. (2008), a maioria das metodologias hoje utilizadas na determinação da Capacidade de Suporte Turística em ambientes naturais fazem uso, em diferentes medidas, de 4 principais componentes:

a) Componentes biofísicos: são aqueles relacionados aos recursos naturais; b) Componentes socioculturais: levam em conta os impactos do turismo sobre a população local;

c) Componentes psicológicos dos visitantes: relaciona-se ao número máximo de visitantes para os quais uma área está apta a oferecer uma experiência turístico recreativa satisfatória num determinado período;

d) Componentes de manejo e gestão: refere-se ao nível de visitação que pode ser controlado numa determinada área, e está relacionado com a disponibilidade de infraestrutura e de recursos humanos para a gestão da área em questão Desta forma, diferentes países e organizações criaram, ajustaram ou adaptaram novos métodos relacionados à Capacidade de Suporte Turística conforme suas necessidades, como pode ser observado na figura 6.

(28)

Figura 6 - Cronologia dos modelos de planejamento da recreação em áreas naturais protegidas.

Fonte: Cifuentes (1992); Newsome, Moore e Dowling (2002); Slider (2009); adaptado por Instituto Ecobrasil (2011)

De acordo com o Termo de Referência, o Estudo da Capacidade Suporte deve ser baseado no uso dos Sistemas Turísticos Adaptativos Complexos (Complex Adaptative Tourism Systems – CATS) e adotar o escopo metodológico denominado Gestão de Impacto de Visitantes em Áreas Protegidas – PAVIM.

Os Sistemas Adaptativos Complexos são sistemas dinâmicos capazes de se adaptar e evoluir com um ambiente em mudança, no qual muitos elementos ou agentes interagem, levando a resultados que, muitas vezes, são difíceis de se prever olhando-se as interações individuais. A parte "complexa" dos Sistemas Adaptativos Complexos (SAC) diz respeito à grande interligação encontrada nestes sistemas e sua dificuldade de previsão (USP, 2017).

Por sua vez, a metodologia PAVIM é uma adaptação do método VIM (Visitor Impact Management), desenvolvido por pesquisadores para o USNPS – United States National Park Service, que foca principalmente a capacidade de carga e o impacto da visitação em áreas protegidas (MAGRO, 2000).

A metodologia PAVIM pode ser dividida em três componentes básicos relacionadas ao impacto da visitação em áreas naturais (EAGLES et al. 2002):

 Identificação dos problemas e seu estado de condição;  Determinação das causas potenciais;

 Seleção das estratégias de manejo potenciais.

Segundo Graefe et al. (1990 apud FREIXÊDAS-VIEIRA, 2000), a identificação dos problemas e o seu estado de conservação é considerada a fase mais importante do método, abrangendo cinco, de suas oito etapas (Figura 7).

(29)

Os autores partem do princípio de que todo e qualquer tipo de visitação causa impacto. Assim, a metodologia busca manter os impactos em níveis aceitáveis, a partir da determinação de critérios que vão de encontro com os objetivos da Área Protegida. Para tanto, são estabelecidos indicadores para o monitoramento dos impactos (SEABRA, 2000).

Figura 7 - Etapas do processo de planejamento do método VIM

Fonte: Adptado de Graefe et al. (1990)

De forma complementar, o TR propõe que seja utilizada a metodologia da Capacidade de Carga de Cifuentes et al. (1992), que foi desenvolvida para ser uma metodologia mais facilmente aplicável às áreas protegidas dos países em desenvolvimento, em razão da falta de recursos e de informações de pesquisas necessárias para a utilização dos outros modelos mais difundidos. Além disso, é o único modelo matemático dentre as outras metodologias e, portanto, define um número exato de visitantes em um local.

(30)

Os estudos de capacidade de carga com base na metodologia definida por Cifuentes, consideram três etapas, cada qual apresentando-se como capacidade corrigida da outra, isto é, reduzida ou mantida em relação à anterior (CIFUENTES, 1992).

Abaixo uma breve definição dessas etapas:

 Determinação da Capacidade de Carga Física (CCF) através da relação entre espaço disponível e espaço ideal de ocupação por pessoa durante determinado período de tempo. Pode ser entendido também como a Capacidade de Suporte Físico (CSF);

 Identificação da Capacidade de Carga Real (CCR) submetendo a CCF a fatores de correção inerentes a cada área estudada. Pode ser entendido também como a Capacidade de Suporte Ecológico (CSE);

 Obtenção da Capacidade de Carga Efetiva (CCE) através da restrição da CCR em função das possibilidades de manejo e administração do local (CIFUENTES, 1992). Pode ser entendido também como a Capacidade de Suporte Turístico (CST)

A Capacidade de Carga Física (CCF) ou Capacidade de Suporte Físico (CSF) de uma determinada área é dada por meio de variáveis como avaliação da área disponível, de fatores relacionados com a visita (tempo de visitação e tempo durante o qual o atrativo permanece aberto à visitação) e do espaço ocupado por cada visitante. A Capacidade de Carga Real (CCR) ou Capacidade de Suporte Ecológico (CSE) é determinada por meio da aplicação de Fatores de Correção que quantificam fatores relativos à fragilidade ambiental do sítio e, por sua vez, a Capacidade de Carga Efetiva (CCE) ou Capacidade de Suporte Turístico (CST) é obtida considerando-se a disponibilidade de recursos operacionais para gestão e infraestrutura destinada à visitação (Capacidade de Manejo).

a) Capacidade de Carga Física (CCF) ou Capacidade de Suporte Físico (CSF): irá identificar o número máximo de visitantes que é possível ter em determinada área durante um período definido. Para determinar a Capacidade de Carga Física deve ser levado em consideração as seguintes variáveis: área total de visitação, área ocupada por um visitante, tempo total em que a área está aberta e tempo necessário para visitar o local. Vale ressaltar, que o caso de praias, o que se verifica em geral é um tempo muito maior de permanência, baixa rotatividade e falta de controle de ingresso (MACIEL et al. 2008). Pode ser calculada pela seguinte fórmula:

CCF = S / s.v. * I / t.v. Onde:

S: área total de visitação

s.v.: área ocupada por um visitante T: tempo total em que a área está aberta t.v.: tempo necessário para visitar o local

b) Capacidade de Carga Real (CCR) ou Capacidade de Suporte Ecológico (CSE): Determinará o número máximo de visitantes que é possível ter em uma área específica de acordo com suas características ecológicas, seguindo princípios que levem em conta possíveis danos à fauna e à flora locais. Neste sentido torna-se necessário atribuir valores para cada um dos fatores bióticos existentes e no conhecimento atual da biota local, no sentido de se restringir ou incrementar a

(31)

capacidade de carga em função do tipo de uso e ocupação que se verifica atualmente e que se pretende futuramente (MACIEL et al. 2008).

CCR = CSF * 100/100 – FL1 * 100/100 – FLn Onde:

CCF: Capacidade de Carga Física FL: fatores físicos e bióticos de redução

c) Capacidade de Carga Efetiva (CCE) ou Capacidade de Suporte Turístico (CST): A análise da Capacidade de Carga Efetiva ou Capacidade de Suporte Turístico (CST) ocorre por meio da aplicação de um fator de redução, sobre a Capacidade de Carga Real (CCR) ou Capacidade de Suporte Ecológico (CSE), derivado de restrições decorrentes de limitações na infraestrutura de recepção e da capacidade de gestão do número de usuários previsto. Tipicamente, são considerados fatores de restrição a ausência ou insuficiência de instalações sanitárias, falta de coleta de lixo, falta de sinalização interpretativa e programas de educação ambiental adequados, equipamentos de alimentação e hospedagem, entre outros (MACIEL et al. 2008).

CCE = CCR * 100 / 100 – FC1 * 100/100 – FCn Onde:

CCR: Capacidade de Carga Real

FC: fatores condicionantes relacionados à infraestrutura

Conforme pode ser observado anteriormente, cada um dos níveis representa uma capacidade corrigida em relação à anterior, por isso a CCF (CSF) será sempre maior do que a CCR (CSE), que por sua vez poderá ser maior ou igual à CCE (CST), de forma que, ao final, obtêm-se a relação CCF(CSF)>CCR(CSE)>CCE(CST).

E. Declaração de Significância da UC

Com base nos conhecimentos adquiridos na etapa de diagnóstico será formulada a Declaração de Significância da UC que representa uma síntese da importância científica, ecológica e socioeconômica da APA do Estuário do Rio Curu, considerando aspectos de exclusividade, raridade, grau de ameaça, representatividade, entre outros.

De acordo com o TR emitido para o trabalho serão considerados os seguintes aspectos na construção da Análise de Significância:

a) Importância ecológica;

b) Existência de endemismos e de espécies raras; c) Atributos cênicos e atrativos turísticos relevantes;

d) Exclusividades culturais, históricas, arquitetônicas e/ou arqueológicas; e) Aspectos da geodiversidade, da paleontologia e da espeleologia;

f) Representatividade em relação aos ecossistemas, fauna e flora e presença de áreas com condições significativas para a conservação da biodiversidade e geoconservação;

g) Aspectos relacionados ao planejamento e gestão das UCs, como recursos humanos e financeiros, equipamentos, infraestrutura;

h) Definição de todos os tipos de Áreas de Preservação Permanente inseridos na UC, dentre outros.

(32)

Nesta etapa deverá ser realizada pelo menos uma oficina destinada à apresentação e discussão do diagnóstico e demais estudos realizados, tendo por finalidade obter contribuições, em especial da população local, que possam subsidiar o conhecimento da UC. Toda mobilização, divulgação e logística (espaço físico e lanche) da(s) oficina(s) será de responsabilidade da contratada.

Além da comunidade local, deverão participar desta Oficina os seguintes atores: (i) a Equipe Técnica de Supervisão do Plano de Manejo; (ii) os representantes das instituições (públicas, privadas e não governamentais); (iii) representantes da sociedade civil e (iv) membros do Conselho Gestor da UC..

Propõe-se que na oficina a ser realizada seja utilizada uma dinâmica de grupo baseada na metodologia da Matriz Pressão, Estado, Impacto e Resposta (PEIR), desenvolvida e aprimorada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) no ano de 1995, com o intuito de fornecer mecanismos para o monitoramento das dinâmicas ambientais nos países membros desta instituição. O uso do método da Matriz Pressão, Estado, Impacto e Resposta possibilitará obter uma análise integrada dos aspectos socioambientais que interferem diretamente nas dinâmicas da paisagem local, identificando-se as inter-relações existentes entre as pressões antrópicas atuantes no território, os impactos decorrentes dessas pressões, a condição atual dos recursos ambientais e dos serviços ecossistêmicos, bem como as respostas em termos das ações de gestão ambiental e de ordenamento territorial (Figura 8).

A seguir apresenta-se uma descrição de cada um dos componentes da Matriz Pressão, Estado, Impacto e Resposta.

 Pressão: São as forças econômicas e sociais subjacentes, tais como o crescimento da população, o consumo ou pobreza. Na visão política, é o ponto de partida para enfrentar os problemas ambientais (PNUMA, 2008);

 Estado: Refere-se às condições do meio como resultado da pressão. A análise do estado deve levar em consideração o modelo de desenvolvimento da sociedade em questão. Os indicadores de estado ajudam na descrição e análise dos ecossistemas onde as cidades estão assentadas. É importante considerar a região de acordo com o ecossistema em que está inserida e os elementos em questão, à medida que se observa a evolução do estado do meio ambiente local. A avaliação do estado deve incluir aspectos qualitativos e quantitativos dos recursos, que mostra a interação a partir da perspectiva ambiental e a qualidade de vida da população que depende desses recursos (PNUMA, 2008);

 Impacto: Refere-se aos efeitos produzidos sobre o estado do ambiente em aspectos como o próprio meio ambiente, o ambiente construído, a economia urbana local, a qualidade de vida e a saúde humana. O estado do meio ambiente causa impactos na economia urbana e produtividade em geral. O objetivo da utilização de indicadores de impacto é calcular os aspectos econômicos e sociais, que poderiam ajudar os responsáveis políticos a calcular os danos ambientais que as influências externas causam (PNUMA, 2008);

 Respostas: São as ações coletivas ou individuais que atenuam ou evitam impactos negativos, corrigem danos causados, conservam os recursos naturais ou contribuem para a melhoria da qualidade de vida da população local. Os indicadores de resposta permitem avaliar os instrumentos de intervenção dos diversos setores que atuam na cidade (PNUMA, 2008).

(33)

Figura 8 - Representação esquemática da Matriz Pressão, Impacto, Estado e Resposta.

Fonte: Sepe, 2008.

A Figura 9 exemplifica um possível resultado do arranjo funcional de uma Matriz Pressão, Impacto, Estado e Resposta.

Referências

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