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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA

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PÓS-

GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A DESCENTRALIZAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Por: Tainah Vargas Monnerat Cyrino

Orientador

Prof. Francisco Carrera Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-

GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A DESCENTRALIZAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Ambiental.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os meus amigos de curso, por terem tornado essa jornada ainda mais agradável. Agradeço também a toda a minha família e amigos pela paciência e ajuda, principalmente a Thomeson de Souza Nascimento por ter me auxiliado ao longo de todo trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais Paulo Sérgio e Helian, por terem me dado todo suporte financeiro e principalmente emocional ao longo dos anos. Ao meu namorado Guilherme por todo amor e paciência dedicado a mim. E também a minha filha Mel por ter sido compreensiva com toda a minha falta de tempo e por ser a razão da minha vida.

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RESUMO

O trabalho trata da descentralização do licenciamento ambiental, com enfoque nos Municípios brasileiros, antes e depois do surgimento da Lei Complementar 140 de 08 de dezembro de 2011. Salienta ainda o conflito de competência existente entre os entes federativos e sua regulamentação com o advento da Lei Complementar 140/2011.

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METODOLOGIA

Os métodos utilizados para a elaboração desse trabalho foram: leitura de artigos e leis, pesquisa bibliográfica e documental, e entrevistas feitas com funcionários da Prefeitura do Município de Niterói.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I- Gestão Ambiental 09

1.1- Histórico da Gestão Ambiental 09

CAPÍTULO II- Política Nacional de Meio Ambiente 15

2.1- Licenciamento ambiental 16

2.1.1- Conceitos Fundamentais 18

2.1.2- - Competência no licenciamento 19

2.2- Constituição Federal de 1988 20

2.3- Lei Complementar 140/2011 22

CAPÍTULO III- Licenciamento Ambiental no Município de Niterói 31

3.1- Histórico 31

3.2- Competência 32

3.3- Limitações no processo de licenciamento 33 CAPÍTULO IV- Novos rumos do licenciamento com a Lei Complementar 140/2011

34

CAPÍTULO V- Considerações Finais 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

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INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 no seu artigo 225 diz que: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações.” O meio ambiente é considerado um bem público, e como tal, seu

uso deve ser assegurado a toda coletividade.

O Supremo Tribunal Federal já reconhece o ambiente como um direito fundamental de terceira dimensão, ou seja, um direito de essencialidade difusa, de toda coletividade, onde não só a sociedade, mas principalmente o Poder Público têm o dever se assegurá-lo. Para tanto, foram criados alguns instrumentos de controle, estabelecidos pela Lei Federal 6.938/1981, conhecida como a Política Nacional de Meio Ambiente, para verificar a possibilidade de qualquer intervenção antrópica no ambiente. Dentre os instrumentos de controle, encontra-se o licenciamento ambiental.

Licenciamento ambiental é um procedimento administrativo realizado pelo órgão ambiental competente, seja ele federal, estadual ou municipal para licenciar a instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades que se utilizam de recursos naturais ou que sejam potencialmente poluidores; visando manter um equilíbrio entre todas as pessoas, para que vivam de forma saudável e harmoniosa. Sendo assim o licenciamento uma forma de buscar a proteção ao ambiente através do controle das ações humanas.

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CAPÍTULO I

GESTÃO AMBIENTAL

Outrora era nítida a divisão existente entre os chamados ecologistas (defensores da natureza) e os que eram a favor da exploração sem limites dos recursos naturais. Posteriormente, com o surgimento do termo “desenvolvimento sustentável”, fez-se necessário o surgimento de outro tipo de profissionais que agregassem os valores ambientalistas à exploração desses recursos naturais, uma idéia de exploração racional e consciente. Surgem assim, os gestores ambientais.

A Gestão Ambiental possui caráter transdisciplinar, necessitando de profissionais de diferentes áreas de conhecimento para o seu devido andamento. Seu objetivo é ordenar as atividades antrópicas, de modo que causem o menor impacto possível no ambiente.

Mas o conceito de Gestão Ambiental não é uma necessidade nova, pois o homem sempre teve que interagir de forma responsável com o ambiente, e todas as vezes que isso não ocorreu as consequências foram trágicas. Isso se deu desde a Idade Média com o acúmulo indiscriminado de resíduos, causando uma contaminação do ar e da água e um consequente problema de saúde pública e se agravando com o advento da industrialização, devido ao aumento da poluição do ambiente.

1.1

– Histórico da Gestão Ambiental

Pode- se dizer que o movimento ambiental começou séculos atrás como resposta à industrialização. Logo após a Segunda Guerra Mundial, com o surgimento da energia nuclear, cresce o medo por mais um tipo de poluição, chamada de radiação. Em 1962 a cientista e escritora Rachel Carson publicou o livro “A Primavera Silenciosa”, onde fazia um alerta sobre o uso agrícola de

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pesticidas químicos sintéticos, e sobre a importância de preservarmos o meio ambiente e a saúde humana, impulsionando assim o movimento ambientalista. No final da década de 60 e início da década de 70 a visão ambiental estava começando a ser difundida e a preocupação com o uso sustentável do planeta e de seus recursos passava a ser um problema universal. Num momento inicial na Europa, entre a década de 70 e o começo da década de 80, os esforços estavam voltados para o desenvolvimento de estruturas legislativas e regulamentares, enrijecido por uma estrutura de licenciamento ambiental. Nessa época, o tema meio ambiente versus desenvolvimento ainda não fazia parte da agenda internacional, e não era uma preocupação dos governos, que em sua grande parte não possuíam uma regra para o setor. Mas a reação da indústria perante esse novo movimento ambientalista foi reacionária. A intenção da indústria era simplesmente assegurar que estava de acordo com as regulamentações, investindo em tecnologias pouco eficientes e se limitando as condicionantes ambientais encontradas nas licenças ambientais.

Esta relação meio ambiente e empresas só foi para o âmbito internacional após a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo) em 1972, ocorrida na capital da Suécia, Estocolmo. Essa Conferência foi considerada um marco histórico, por ter sido a 1ª Conferência global voltada para o meio ambiente. A Conferência ficou marcada pela posição dos países desenvolvidos que buscavam o “desenvolvimento zero” e a posição dos países em desenvolvimento que buscavam o “desenvolvimento a qualquer custo”. Muitos assuntos foram abordados, como a chuva ácida e a poluição atmosférica. As discussões contaram com 113 países, e como consequências se deu: a aprovação da Declaração Universal sobre o Meio Ambiente, a revisão dos padrões de consumo e a cooperação dos países para adoção de medidas mitigadoras de conservação do meio ambiente. Um ponto importante a se destacar na também chamada Declaração de Estocolmo é a cooperação internacional para

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a proteção do meio ambiente, tendo como base a livre troca de tecnologias ambientais e de experiências científicas. Em Estocolmo, o homem começa a fazer parte do conceito de meio ambiente; fase utilitarista, em que o homem cuida do bem jurídico como necessário à vida. Ainda em 1972, a Assembléia Geral da ONU criou o PNUMA- Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que coordena os trabalhos da ONU sobre questões ambientais em esfera global.

Em 1974 surgiu o primeiro resultado de um estudo científico que ligava a diminuição da camada de ozônio estratosférico ao uso de CFC-clorofluorcarbono, encontrados em aressóis, ar condicionado e etc. Passados alguns anos, foi diagnosticado que a quantidade de CFC havia crescido. É nesse contexto que se dá em 1985 a Convenção de Viena sobre a camada de ozônio, devido ao problema da destruição da camada de ozônio por gases químicos, a qual muitos países tornaram-se signatários. Essa convenção tornou-se um grande marco, pois além de ter sido a primeira vez que os países adotaram o Princípio da Precaução, foi também a primeira vez que os países se uniram para combater um problema ambiental Como desmembramento desta Convenção, surge em 1987 o Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio- SDOS, trata-se de um acordo internacional que passou a regular o uso e a produção de gases destruidores da camada de ozônio; uma de suas principais metas foi eliminar o uso do CFC- clorofluorcarboneto através de metas. O Protocolo também trouxe dentre algumas obrigações a dos países desenvolvidos, que tiveram mais consumo de SDOS, de contribuir não só através de assistência técnica, mas também financeira com os países em desenvolvimento para eliminar essas substâncias. Neste mesmo ano, foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, o relatório de Brundtland, “Nosso Futuro Comum”. O relatório refinou o conceito de sustentabilidade, trouxe a incompatibilidade entre o desenvolvimento sustentável e o padrão de produção

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e consumo, sugerindo um equilíbrio entre desenvolvimento econômico, meio ambiente e questões sociais, dentre outros. Algumas medidas foram ainda propostas pelo relatório, como a limitação do crescimento populacional, a garantia de recursos básicos a longo prazo, a preservação da biodiversidade dos ecossistemas, a diminuição do consumo de energia, o atendimento das necessidades básicas e muitos outros.

No ano de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, ocorreu a 2ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, chamada também de Rio 92 ou Cúpula da Terra. Em 1988 a Assembléia Geral da ONU, aprovou uma resolução que determinou que até 1992 deveria ser realizada uma Conferência para que pudesse ser avaliado o que havia mudado nos países, em termos de proteção ambiental, desde a Conferência de Estocolmo em 1972, estabelecer a transferência de tecnologias mais limpas aos países em desenvolvimento,estudar a incorporação das idéias ambientais no processo de desenvolvimento, estabelecer um sistema de cooperação internacional para casos de emergências e de prevenção ambiental e reavaliar o sistema de organismos da ONU. A Rio 92 diferente da Conferência de Estocolmo em 1972, ficou famosa por ter reunido o maior número de chefes de Estado e de Governo (cerca de 116 governantes) para discutirem meio ambiente e desenvolvimento, demonstrando assim a importância da questão ambiental no inicio dos anos 90. Durante a Rio 92 muitos assuntos foram discutidos, como a erradicação da pobreza, disponibilidade de água doce no Planeta, a proteção da atmosfera, a conservação da biodiversidade, a preocupação com o solo e principalmente com a qualidade de vida. Uma das principais intenções desta Conferência era introduzir a idéia de desenvolvimento sustentável, um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. Como consequência desta Conferência foram elaborados alguns documentos: Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Agenda 21, Declaração de Princípios

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para o Desenvolvimento Sustentável das Florestas, Convenção sobre Diversidade Biológica- CDB, Convenção- Quadro sobre Mudanças Climáticas.

A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento estabeleceu em seus 27 princípios, uma nova cooperação entre os Estados, para conservação e proteção do ecossistema terrestre e para erradicação da pobreza, buscando utilizar os recursos naturais de forma equilibrada, e tendo como base um padrão de produção e consumo sustentáveis. A Declaração proclamou ainda que os Estados têm soberania para explorarem seus recursos naturais de acordo com suas políticas ambientais, desde que não causem problemas ambientais em outros Estados. A Agenda 21 é um abrangente plano de ação com metas para melhoria da qualidade ambiental no Planeta, através de um novo modelo de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Este documento deve ser implementado pelos governos, pelas agências de desenvolvimento, pelas organizações das Nações Unidas e por grupos setoriais independentes. Já a questão das florestas foi amplamente discutida, mas foi o ponto com mais dificuldade de negociação. Dessa discussão surgiu a Declaração de Princípios para o Desenvolvimento sustentável das Florestas, que como o nome já diz é apenas uma declaração de princípios sem força jurídica. A Convenção sobre Diversidade Biológica, ou Convenção da Biodiversidade é um acordo internacional, que visa à conservação da diversidade biológica, o uso sustentável de seus componentes e a divisão equitativa e justa dos benefícios gerados com a utilização de recursos genéticos (MILARÉ, 2009). O último desmembramento da 2ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, mas não menos importante, foi a Convenção- Quadro sobre Mudanças Climáticas. Os objetivos desta Convenção eram a estabilização da emissão de gases de efeito estufa, o estabelecimento de medias de proteção do Meio Ambiente, a garantia dos Estados adotarem um desenvolvimento sustentável e assegurar que a produção alimentar não fosse

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prejudicada. A Conferência trouxe ainda alguns compromissos dos Estados, como a elaboração de relatórios de emissão de gases, a necessidade dos países desenvolvidos cobrirem os custos de adaptação dos outros países e a flexibilização das metas dos países em transição para economia de mercado.

Nesse contexto de mudanças climáticas, aquecimento global e gases de efeito estufa, surge em 1997 o Protocolo de Kyoto, resultado do aprofundamento da Convenção- Quadro sobre Mudanças Climáticas. O Protocolo de Kyoto é um instrumento internacional com compromissos mais rígidos quanto à diminuição dos gases de efeito estufa (dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, hidrocarbonetos fluorados, hidrocarbonetos perfluorados e hexafluoreto de enxofre) da atmosfera, tendo como objetivo o aumento de sumidouros para esses gases. Este Protocolo trouxe alguns compromissos para seus signatários, como a redução em níveis diferenciados da emissão dos gases de efeito estufa nos níveis de 1990 para os países signatários, a criação de uma “moeda ambiental”- Crédito de carbono, a cooperação entre os Estados, a criação de mecanismo de desenvolvimento limpo- MDL e o aumento da eficiência energética.

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CAPÍTULO II

POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE

Antes do advento da Lei 6.938/1981, cada Estado e Município tinha autonomia para traçar suas próprias diretrizes políticas relacionadas ao meio ambiente, embora na prática não demonstrassem interesse pelo tema. A edição desta lei foi um marco legal, pois o Brasil passou a ter de modo formal uma Política Nacional de Meio Ambiente, que passou a servir de base para toda a política pública ambiental a ser desenvolvida pelos entes federativos. Segundo o artigo 2° da Política Nacional de Meio Ambiente, Lei n° 6.938/1981: “A Política Nacional de Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana...”, ou seja, a lei trouxe instrumentos e mecanismos que contribuem para o desenvolvimento sustentável, estabelecendo padrões que auxiliam na proteção ao meio ambiente, com o intuito de minimizar os impactos negativos das ações antrópicas.

A Lei 6.938/1981 trouxe muitas inovações em matéria ambiental, instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente- SISNAMA, criou princípios e objetivos ambientais, como o princípio do poluidor/ usuário- pagador, princípio da prevenção e trouxe ainda instrumentos de política ambiental. Através do SISNAMA, que é composto por órgãos federais, estaduais e municipais, que atuam no setor de meio ambiente, a Lei 6.938/1981 criou um plano a partir do qual, todos os níveis de governo deveriam trabalhar de forma harmônica e integrada pela melhoria da qualidade ambiental. O principal órgão do SISNAMA é o Conselho Nacional de Meio Ambiente- CONAMA, que além de ser um consultivo, pois assessora as políticas governamentais, é também

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deliberativo, uma vez que traça critérios e padrões de controle ambientais necessários à manutenção da qualidade do meio ambiente. A referida Lei trouxe como instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente, o zoneamento ambiental, o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, a avaliação de impactos ambientais, o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente, o licenciamento e a fiscalização de atividades potencialmente poluidoras dentre outros.

A Lei 6.938/1981 é a norma ambiental mais importante, depois da Constituição Federal de 1988, pela qual foi recepcionada, pois além de ser inovadora é descentralizadora.

2.1- Licenciamento Ambiental

Licenciamento Ambiental é um instrumento do poder público, instituído pela Política Nacional de Meio Ambiente, pelo qual o órgão ambiental competente exerce o controle ambiental, estabelecendo limites e condicionantes para o exercício de uma atividade, tanto do setor privado quanto do setor público. É um procedimento administrativo vinculado, onde serão analisados todos os aspectos ambientais para a construção, ampliação, instalação e operação de um empreendimento utilizador de recursos naturais ou que possua potencial poluidor, de acordo com a resolução CONAMA 237 de 1997. Frente a outros instrumentos do direito ambiental, o licenciamento ambiental é de suma importância, pois é onde o princípio da prevenção se concretiza, princípio esse que é a base do direito ambiental brasileiro.

O objetivo do licenciamento ambiental é a busca do desenvolvimento sustentável, compatibilizando o desenvolvimento econômico e social com a conservação do meio ambiente. Ou seja, através deste instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente é possível evitar a poluição

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de corpos d’água, a poluição sonora, atmosférica, o crescimento populacional desordenado, desflorestamento irregular e etc.

De acordo com o artigo 19, do Decreto 99.274/1990, que regulamenta a Lei 6.938/1981,e com o artigo 8º da Resolução 237/1997 do CONAMA, existem três tipos de licenças ambientais:

- Licença Prévia (LP)- é a licença que dá início ao processo, na qual o órgão ambiental licenciador irá analisar preliminarmente o planejamento e a localização do empreendimento, com base nos planos de uso e parcelamento do solo;

- Licença de Instalação (LI)- é através desta licença que o empreendedor obtém a viabilidade ambiental de sua atividade ou de seu empreendimento, após atendimento a todos os requisitos e aprovação do projeto executivo; - Licença de Operação (LO)- esta licença autoriza o início das atividades do empreendimento licenciado, após o órgão responsável verificar a eficácia das condicionantes das licenças anteriores e seus respectivos métodos de controle ambiental.

Existem instrumentos necessários para o licenciamento ambiental de atividades e empreendimentos, como:

- Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)- É um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente, de acordo com o artigo 9º, inciso III da Lei 6.938/1981. Trata-se de um estudo dos possíveis impactos ambientais de uma atividade e suas medidas preventivas e mitigadoras, devendo ser apresentado ao público e ao órgão responsável;

- Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA)- são elementos da Avaliação de Impacto Ambiental, só são utilizados para atividades e empreendimentos com potencial para causar significativo impacto ao meio ambiente, de acordo com os órgãos licenciadores competentes e com a resolução nº 01/1986 do CONAMA. São realizados por uma equipe multidisciplinar e devem levar em conta os impactos em todos os meios,

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trazendo medidas de monitoramento e medidas mitigatórias. A diferença entre os dois é que o EIA é mais complexo e possui dados sigilosos do empreendimento, devendo ser analisado pelo órgão público, enquanto o RIMA possui uma linguagem mais simples e é de domínio público.

2.1.1- Conceitos Fundamentais

Meio Ambiente- são todos os fatores biótico, abióticos, culturais e sociais que afetam os ecossistemas e a vida humana. De acordo com a Política Nacional de Meio ambiente, Lei nº 6.938/1981, meio ambiente é: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Ecossistema- é um meio determinado, onde interagem fatores bióticos e abióticos, ou seja, é uma comunidade de seres vivos onde estes se relacionam entre si e com os fatores físicos do meio.

Sustentabilidade- é o uso dos recursos naturais pelas ações e atividades antrópicas, com o objetivo de suprir as necessidades da presente geração, mas sem comprometer o uso desses recursos pela geração futura.

Qualidade ambiental- são as características do local, como seu nível de poluição atmosférica, poluição das águas, e todos os tipos de poluição, que afetam todos os organismos vivos do meio, referindo-se não só ao ambiente natural como também ao construído. A qualidade ambiental se expressa através de índices e indicadores.

Impacto ambiental- “é uma alteração das características ambientais causada de forma natural pela conduta humana e causadora de um desequilíbrio, pois altera os elementos constitutivos do ambiente.” (FERNANDES, 2010).

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2.1.2- Competência no Licenciamento

O licenciamento ambiental foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro através da Política Nacional de Meio Ambiente que no seu artigo 10, trouxe a possibilidade do exercício do licenciamento ambiental em âmbito federal, e os artigos 17 ao 22 do Decreto 99.274/1990 vieram regulamentá-lo. Como o §1° do artigo 17 do referido Decreto concede competência ao CONAMA para fixar critérios básicos para o processo de licenciamento ambiental, surge nesse contexto a Resolução CONAMA 237/1997, sendo ainda a Resolução 01/1986 do CONAMA agregada ao licenciamento ambiental. Com base nessas normas, a competência para o exercício do licenciamento a nível federal pela União e a nível estadual pelos Estados é pacífica. Para isto, os entes federativos mencionados deverão ter legislação própria referente ao licenciamento ambiental, respeitando sempre as normas da União e as resoluções do CONAMA. Com relação aos Municípios, a Política Nacional de Meio Ambiente não fez uma previsão expressa como fez com os Estados e a União, pois em 1981, ou seja, antes da Constituição Federal de 1988, a jurisprudência e a posição majoritária dos doutrinadores eram de que o Município não era considerado como entidade estatal integrante da federação; mas o artigo 6° da resolução 237/1997 CONAMA diz:

“Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.”

Cabe salientar, que para realizar o exercício do licenciamento ambiental o Município deverá ter sua própria legislação instituindo o

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licenciamento ambiental, respeitando assim os critérios gerais da União e dos Estados.

Entende-se que com a criação do SISNAMA- Sistema Nacional do Meio Ambiente, o legislador federal reconheceu a relevância do papel dos Estados e Municípios na proteção do meio ambiente, além de procurar integrar os órgãos locais e regionais na execução de regras estabelecidas pelo CONAMA. Já o IBAMA executa apenas em caráter supletivo a fiscalização e o controle da aplicação das normas e padrões de qualidade ambiental.

2.2- Constituição Federal de 1988

O Brasil é um Estado Federativo, ou seja, o Estado Federal é a União de Estados membros e Municípios, que abrem mão de sua soberania em prol de um governo central, mas mantendo ainda certa autonomia de acordo com a Constituição Federal. Em razão disto, o Brasil possui três esferas de poder: o Poder Federal que pertence a União, o Poder Estadual pertencente aos Estados membros e o Poder Municipal, pertencente aos Municípios. Sendo assim, os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) são dotados de competência.

A Constituição Federal de 1988 foi a primeira que dedicou um capítulo próprio (VI do título VIII) ao meio ambiente, e estabeleceu não só a coletividade, mas também ao Poder Público o dever de preservar o meio ambiente, de acordo com o artigo 225:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

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A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a tratar sobre o meio ambiente natural, uma vez que as Constituições Federais anteriores nada diziam sobre o tema. Como decorrência destas inovações, outras novidades também foram trazidas pela atual Constituição Federal, como a competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em zelar pelo meio ambiente e seus recursos naturais.

De acordo com o artigo 23 da Constituição Federal:

É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

(...)

III- proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV- impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural;

(...)

VI- proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VII- preservar as florestas, a fauna e a flora; (...)

IX- promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;

(...)

XI- registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;

(...)

Parágrafo único: Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem- estar em âmbito nacional.

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Fica assim claro que compete a todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) o dever de proteção ao meio ambiente e aos recursos hídricos.

Ainda segundo o artigo 30 da Constituição Federal de 1988:

Compete aos Municípios:

I- legislar sobre assuntos de interesse local;

II- suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (...)

Portanto, fica clara a competência dos Municípios, atribuída pela própria Constituição Federal, para exercer o licenciamento ambiental, desde que os possíveis impactos ambientais da atividade ou empreendimento sejam de âmbito local, caso o empreendimento ou a atividade trouxerem risco a mais de um município, o órgão Estadual será o competente.

2.3- Lei Complementar n° 140/2011

A Lei Complementar n° 140/2011 surgiu para regulamentar as competências administrativas (ou competência material) comuns dos entes federativos relativos à proteção do meio ambiente. Em relação ao licenciamento ambiental, as normas que haviam sido estabelecidas pela Resolução n° 237/1997 foram ratificadas pela Lei Complementar 140/2011, permanecendo a execução do licenciamento ambiental pelos órgãos do SISNAMA- Sistema Nacional de Meio Ambiente, de acordo com o artigo 13 desta Lei Complementar:

Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos nos termos desta Lei Complementar.

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§ 1°- Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.

(...).

De acordo ainda com o artigo 3° da Lei Complementar:

Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício da competência comum a que se refere a esta Lei Complementar:

I- proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrática e eficiente;

II- garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais;

III- harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente; IV- garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades regionais e locais.

Este artigo 3° não deixa dúvidas quanto a competência comum dos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) em zelar pelo meio ambiente, incluindo a competência para exercer o licenciamento ambiental e fiscalizar os empreendimentos e atividades utilizadores de recursos naturais. Assim, em matéria de licenciamento ambiental o ente federativo pode delegar a execução de ações administrativas para outro ente, através de um convênio, desde que de acordo com o artigo 5° da Lei Complementar:

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Art. 5° O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.

Parágrafo único: Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas.

A Lei Complementar ainda estabeleceu nos seus artigos 7°, 8° e 9° as ações administrativas, competentes a cada ente federativo. A competência administrativa ou executiva fixa os limites para a atuação do Poder Público na execução de ações e medidas para o cumprimento das leis.

Art. 7o São ações administrativas da União:

I - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito nacional, a Política Nacional do Meio Ambiente;

II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;

III - promover ações relacionadas à Política Nacional do Meio Ambiente nos âmbitos nacional e internacional;

IV - promover a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental;

V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio à Política Nacional do Meio Ambiente;

VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; VII - promover a articulação da Política Nacional do Meio Ambiente com as de Recursos Hídricos, Desenvolvimento Regional, Ordenamento Territorial e outras;

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VIII - organizar e manter, com a colaboração dos órgãos e entidades da administração pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima);

IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional; X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;

XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente; XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;

XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida à União;

XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:

a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;

b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva;

c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;

d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;

f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e

emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei

Complementar no97, de 9 de junho de 1999;

g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou

h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a

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participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento;

XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em:

a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de conservação instituídas pela União, exceto em APAs; e

b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pela União;

XVI - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e de espécies sobre-explotadas no território nacional, mediante laudos e estudos técnico-científicos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ;

XVII - controlar a introdução no País de espécies exóticas

potencialmente invasoras que possam ameaçar os

ecossistemas, habitats e espécies nativas;

XVIII - aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos;

XIX - controlar a exportação de componentes da biodiversidade brasileira na forma de espécimes silvestres da flora, micro-organismos e da fauna, partes ou produtos deles derivados;

XX - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas;

XXI - proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na relação prevista no inciso XVI;

XXII - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito nacional ou regional;

XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais;

XXIV - exercer o controle ambiental sobre o transporte marítimo de produtos perigosos; e

XXV - exercer o controle ambiental sobre o transporte interestadual, fluvial ou terrestre, de produtos perigosos.

Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de atribuição da União exclusivamente

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nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento.

Art. 8o São ações administrativas dos Estados:

I - executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Nacional do Meio Ambiente e demais políticas nacionais relacionadas à proteção ambiental;

II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;

III - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Estadual de Meio Ambiente;

IV - promover, no âmbito estadual, a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental;

V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente;

VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; VII - organizar e manter, com a colaboração dos órgãos municipais competentes, o Sistema Estadual de Informações sobre Meio Ambiente;

VIII - prestar informações à União para a formação e atualização do Sinima;

IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual, em conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional; X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;

XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente;

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XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;

XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida aos Estados;

XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o;

XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

XVI - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em:

a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do art. 7o; e

c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Estado;

XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção no respectivo território, mediante laudos e estudos técnico-científicos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ;

XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas destinadas à implantação de criadouros e à pesquisa científica, ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7o;

XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre; XX - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito estadual; e XXI - exercer o controle ambiental do transporte fluvial e terrestre de produtos perigosos, ressalvado o disposto no inciso XXV do art. 7o.

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Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello: "A Constituição de 1988 modifica profundamente a posição dos Municípios na Federação, porque os consideram componentes da estrutura federativa. (...) Nos termos, pois, da Constituição, o Município brasileiro é entidade estatal integrante da Federação, como entidade político-administrativa, dotada de autonomia política, administrativa e financeira." Assim, o artigo 9° da Lei Complementar 140/2011, veio para regulamentar a Constituição Federal de 1988.

Art. 9o São ações administrativas dos Municípios:

I - executar e fazer cumprir, em âmbito municipal, as Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente e demais políticas nacionais e estaduais relacionadas à proteção do meio ambiente;

II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;

III - formular, executar e fazer cumprir a Política Municipal de Meio Ambiente;

IV - promover, no Município, a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e municipal, relacionados à proteção e à gestão ambiental;

V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional, Estadual e Municipal de Meio Ambiente;

VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; VII - organizar e manter o Sistema Municipal de Informações sobre Meio Ambiente;

VIII - prestar informações aos Estados e à União para a formação e atualização dos Sistemas Estadual e Nacional de Informações sobre Meio Ambiente;

IX - elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos ambientais; X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;

XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente;

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XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;

XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida ao Município;

XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:

a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou

b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

XV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, aprovar:

a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em florestas públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e

b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município.

Ainda de acordo com a Lei Complementar, as ações administrativas do Distrito Federal, serão todas as que competem aos Estados (artigo 8°) e aos Municípios (artigo 9°).

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CAPÍTULO III

LICENCIAMENTO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE NITERÓI

3.1- Histórico

Até o ano de 1997, não existia no Município de Niterói uma Secretaria Municipal de Meio Ambiente; o meio ambiente se fazia presente através do Departamento de Meio Ambiente que era subordinado à Secretaria Municipal de Urbanismo. O Departamento de Meio Ambiente tinha como funções a fiscalização ambiental e a educação ambiental no município.

A partir do ano de 1998 o meio ambiente se desvinculou da Secretaria Municipal de Urbanismo, e passou a ter uma Secretaria própria, SMMA- Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Mas no ano de 2000 as Secretarias Municipais de Urbanismo, Meio Ambiente e Controle Urbano se unificaram, formando uma só Secretaria chamada de SUMAC- Secretaria Municipal de Urbanismo, Meio Ambiente e Controle Urbano, onde o meio ambiente passou a ser uma subsecretaria.

No ano de 2005 o meio ambiente voltou a se desvincular da Secretaria Municipal de Urbanismo, e passou a ser SMARH- Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Em 2007 através de um convênio de cooperação firmado entre o Estado do Rio de Janeiro, por meio da SEA- Secretaria de Estado do Ambiente e o Município de Niterói, através da SMARH- Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o Município passou a realizar o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local (licença de desmonte, LP- licença prévia, Li- licença de instalação, LO- licença de operação).

Em 2009 a SMARH- Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos passou a fazer, além das licenças acima citadas, a licença

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de demolição, que até 2008 era executada pela SMU- Secretaria Municipal de Urbanismo. Já em 2011 a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos passou a ser chamada de SMARHS- Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade.

3.2- Competência

Atualmente a SMARHS- Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade do Município de Niterói, possui um setor próprio para o licenciamento ambiental, onde são emitidas as licenças: prévia, instalação, operação, demolição, desmonte e certidão de demolição para atividades e empreendimentos que gerem impactos ambientais locais, ou seja, impactos que não ultrapassem os limites geográficos do município, com base no artigo 30 da Constituição Federal de 1988.

Assim, segundo Fernandes:

“Na verdade, o impacto local corresponde ao elemento de interesse do Município, é o fator que determina a predominância do interesse de tal ente federativo. Desta forma, é através do impacto que se define o ente licenciador, visto que é necessário um elemento definidor do princípio da predominância do interesse e esse elemento é o impacto, que sendo de abrangência local, quer dizer dentro dos limites geográficos do ente local ele será o competente para exercer o licenciamento do objeto promovedor do impacto.”

Faz-se relevante ainda citar que o Código Ambiental do Município de Niterói, lei 2.602/2008, dedicou o capítulo VI e VII ao licenciamento ambiental municipal. De acordo com o artigo 82 da lei 2.602/2008:

“Ao Município, como membro do Sistema Nacional do Meio Ambiente, compete utilizar o procedimento do licenciamento ambiental como

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instrumento de gestão ambiental, visando ao desenvolvimento sustentável.”

3.3- Limitações no processo de licenciamento

O processo de licenciamento ambiental é complexo, necessita de uma equipe multidisciplinar capacitada e de uma estrutura administrativa eficiente, mas infelizmente ainda há um descaso do poder público com o meio ambiente em todo território nacional.

No município de Niterói, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade, que é a responsável pelo licenciamento ambiental no município, carece de:

- carros para a realização de vistorias; - mapas municipais;

- capacitação da equipe técnica responsável pelo licenciamento, e - computadores.

Essas limitações ao processo de licenciamento implicam em atrasos na elaboração e liberação das licencias ambientais.

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CAPÍTULO VI

NOVOS RUMOS DO LICENCIAMENTO COM A LEI

COMPLEMENTAR 140/2011

Antes da Lei Complementar 140/2011 o licenciamento ambiental era regulamentado pelo artigo 10 da Política Nacional de Meio Ambiente, Lei 6.938/1981, o qual diz que o licenciamento ambiental compte aos órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente- SISNAMA, e em caráter supletivo ao IBAMA, excluindo assim os Municípios. Mas em 1988, a CF em seu artigo 23 estabeleceu a competência comum dos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) para a proteção do meio ambiente. O problema era a insegurança jurídica e o ônus desnecessário que esse múltiplo licenciamento trazia, uma vez que era difícil definir em qual instância federativa o licenciamento deveria ser efetivado. Assim, na intenção de instituir um sistema de licenciamento ambiental único, o CONAMA criou a resolução 237/1997, que surgiu para regulamentar os aspectos do licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional de Meio Ambiente, inclusive como seria realizada a distribuição das competências comuns dos entes federativos.

Com a resolução 237/1997 do CONAMA, ficou claro que para delimitar a competência de cada ente federativo em matéria de licenciamento ambiental, deveria levar em conta a abrangência do impacto causado pelo empreendimento ou atividade a ser licenciada, de acordo com seus artigos 4,5 e 6.

“Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:

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I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.

II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados;

IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN; V- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação específica. (...)”

“Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades:

I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal; II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais; III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais Municípios;

IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento legal ou convênio. (..)”

“Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.”

Mas para que os Municípios implementassem o processo de licenciamento ambiental se fazia necessário que os mesmos tivessem um Conselho de Meio Ambiente com caráter deliberativo e paritário, e ainda que possuíssem profissionais capacitados e habilitados para tal processo.

Contudo, a resolução 237/1977 do CONAMA, não regulamentava o parágrafo único do artigo 23 da Constituição Federal de 1998, pois de acordo com o mesmo, seria necessária uma lei complementar para fixar as normas de cooperação entre os entes federativos, razão pela qual a doutrina apontava a

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inconstitucionalidade da resolução. Surge assim em 8 de dezembro de 2011 a Lei Complementar 140.

A Lei Complementar 140/2011 regulamentou o artigo 23 da Constituição Federal de 1988, fixando normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, decorrentes da competência comum, ou seja, com a referida lei complementar, as competências administrativas passam a ser regulamentadas. No que se refere ao licenciamento ambiental, pode-se notar que as normas estabelecidas pela resolução 237/1997 foram ratificadas, sem muitas alterações, permanecendo o sistema único de licenciamento ambiental realizado pelos órgãos integrantes do SISNAMA (artigo 13 da Lei Complementar 140/2011). Em relação ao licenciamento na esfera municipal, a lei complementar instituiu o termo de cooperação técnica entre os Estados e os Municípios, que antes era realizado através de convênios.

“Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.

§ 1o Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.

§ 2o A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada pelo ente federativo licenciador.

§ 3o Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços afins devem guardar relação de proporcionalidade com o custo e a complexidade do serviço prestado pelo ente federativo.”

O conceito de licenciamento ambiental estabelecido pela Política Nacional de Meio Ambiente e pela resolução 237/1997 do CONAMA foi ratificado pela Lei Complementar 140/2011, no seu artigo 2º, inciso I.

“Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se:

I - licenciamento ambiental: o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos

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ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental; (...) “

Em relação à competência no licenciamento ambiental, o critério da abrangência do impacto foi mantido: se local, cabe aos municípios; se extrapola mais de um município dentro de um mesmo estado, cabe ao Estado o licenciamento e se ultrapassa as fronteiras do estado ou do pais cabe ao órgão federal específico.

A Lei Complementar trouxe ainda as hipóteses de atuação em caráter supletivo os entes federativos nas ações de licenciamento:

Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:

I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação; II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e

III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos.

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CAPÍTULO V

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como é sabido a Lei Complementar 140/2011 veio disciplinar a execução da competência comum em matéria ambiental, por força da determinação prevista no parágrafo único do artigo 23 da Constituição Federal de 1988, matéria que antes era regulamentada pela resolução 237/1997 do CONAMA. A Lei Complementar 140/2011 trouxe poucas inovações, mas é importante, pois o que o texto Constitucional dizia que era pra ser regulamentado por lei complementar, era por uma norma administrativa do Conselho Nacional de Meio Ambiente.

Mas mesmo com o advento da referida lei complementar os problemas das atribuições sobrepostas na competência comum dos entes federados, ainda não foi totalmente resolvido, principalmente no que tange aos Estados e Municípios. Até o momento o que ocorre são diversos conflitos de competência entre os entes federados, principalmente em relação aos licenciamentos ambientais e ao EIA/RIMA, regulamentados por uma teia de normas previstas na Resolução 237/1997 do CONAMA.

No entanto deve-se ressaltar que em um ponto a lei complementar foi louvável, pois no seu artigo 13 a lei estabelece que as atividades e empreendimentos serão licenciados por um único ente federativo. E ainda no seu artigo 17, estabeleceu que não só o órgão ambiental responsável pelo licenciamento deverá fiscalizar, mas também todos os entes federativos com a competência comum de fiscalização da conformidade das atividades e empreendimentos potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais.

Porém, a lei complementar citada trouxe algumas inovações que valem ser questionadas, e que parece não vão resolver o problema da competência comum dos entes federativos. Isto porque a lei oferece poderes

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as chamadas Comissões Tripartites Nacionais, Comissões Tripartites Estaduais, e as Comissões Bipartites Distritais para executar a tarefa de gestão ambiental, o que na prática trata-se de definir os locais e as atividades que serão ou não licenciadas pelo órgão federal, estadual ou municipal de Meio Ambiente.

Os protetores desse sistema podem dizer que lei prevê a realização de convênios entre os entes federativos quanto a execução de ações a ele atribuídas na lei complementar, conforme disciplinado em seu artigo 5º. Mas, nesse aspecto dois problemas se apresentam, primeiro corremos o risco de ver politizada uma função eminentemente técnica, na formação das Comissões, já que a lei prevê a formação das mesmas de forma paritária, com representantes dos entes federativos. Como serão feitas essas nomeações?

Desconfia-se da constitucionalidade do artigo 5º da lei complementar, já que o caput do artigo 23 da Constituição Federal de 1988 determina ações conjuntas dos entes federativos, não cabendo se falar em delegação de poderes para desempenho das atividades. Desse modo, não cabe a uma lei infraconstitucional possibilitar a delegação de atribuições.

Outro dispositivo da lei que a inconstitucionalidade torna-se clara é o disposto no artigo 9º, inciso XV, alíneas “a” e “b”, que dá poderes aos municípios de aprovarem a supressão e o manejo de vegetação e de florestas, em unidades de conservação criadas pelos próprios municípios. Este artigo viola o §4º, do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, pois as florestas têm proteção tão acentuada na Constituição Federal de 1988 que, este dispositivo as considera como patrimônio nacional.

“Artigo 225 (...)

§4°- A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.”

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Ressalta-se ainda que é notório, que a grande maioria dos Municípios Brasileiros não possuem estrutura administrativa necessária para exercer uma eficaz fiscalização, e também que é no ente local que as pressões políticas atuam de forma mais forte.

Enfim, só o tempo vai dizer quanto a utilidade ou não da nova lei de Competências Ambientais.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

FERNANDES, Jeferson Nogueira. Licenciamento ambiental municipal: um instrumento local de efetivação de direitos fundamentais Brasil 1988-2008. Curitiba: Juruá, 2010.

BANDEIRA DE MELO, Celso Antônio. Curso de Direito Constitucional Positivo. 16ª Ed. São Paulo: Malheiros, 1999.

MILARÉ, Edis. Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina, jurisprudência, glossário. 6ª Ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009 <http://www.semasa.sp.gov.br/Documentos/ASSEMAE/Trab_52.pdf>Acesso em 13/06/2012. <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/cart_sebrae.pdf> Acesso em 13/06/2012. <http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/1234/legislacao_licenci amento_boratto.pdf?sequence=1> Acesso em 13/06/2012. <http://ambientalurbano.blogspot.com.br/2007/01/licenciamento-ambiental-municipal.html> Acesso em 13/06/2012. <http://www.suapesquisa.com/geografia/protocolo_kyoto.htm> Acesso em 12/06/2012.

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<http://www.jurisambiente.com.br/ambiente/politicameioambiente.shtm> Acesso em 11/06/2012. <http://www.dc.mre.gov.br/imagens-e-textos/revista3-mat10.pdf> Acesso em 11/06/2012. <http://www.dolceta.eu/portugal/Mod5/O-Relatorio-Brundtland-1987.html> Acesso em 08/06/2012. <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/91> Acesso em 08/06/2012. <http://www.ambientegelado.com.br/v21/protocolo-de-montreal-mainmenu-52.html> Acesso em 23/05/2012. <http://www.mma.gov.br/clima/protecao-da-camada-de-ozonio/convencao-de-viena-e-protocolo-de-montreal> Acesso em 23/05/2012. <http://www.ecolnews.com.br/camadadeozonio/salvando.htm> Acesso em 20/05/2012. <http://www.espacoacademico.com.br/014/14crattner.htm> Acesso em 10/05/2012.

Congresso Nacional. Lei Complementar 140 de 2011. Brasília-DF, 2011.

Congresso Nacional. Lei nº 6.938 de 1981, Política Nacional de Meio Ambiente. Brasília-DF: 1981.

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Referências

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