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Requalificação da Paisagem da Fortaleza de São José da Ponta Grossa

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Academic year: 2021

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Manuela Marques Lalane

Graduação em Arquitetura e Urbanismo, mestranda em Engenharia Civil. manuelalalane@hotmail.com

Gilberto Sarkis Yunes

Graduação em Arquitetura e Urbanismo, graduação em Pintura, mestrado em Arquitetura e Urbanismo e Doutorado em Estruturas Ambientais Urbanas.

gsyunes@uol.com.br

Sérgio Castello Branco Nappi

Graduação em Engenharia Civil, graduação em Administração, mestrado e doutorado em Engenharia de Produção.

nappi@arq.ufsc.br

Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis/SC – Brasil. Caixa Postal 476.

Resumo

Parte integrante do maior conjunto defensivo do sul do Brasil, a Fortaleza de São José da Ponta Grossa compõe um dos mais belos cenários arquitetônicos e paisagísticos da Ilha de Santa Catarina.

Nesse sentido, a fundamentação teórica para a formulação de uma proposta de requalificação dessa Paisagem, foi dividida em diversas etapas de estudo que vão desde a conceituação teórica de Patrimônio e Paisagem Cultural, até exemplos práticos de políticas de desenvolvimento durável, visando à revitalização de áreas históricas, cujo objetivo é o de preservar o seu entorno e integrar a sociedade às atividades desenvolvidas no contexto criado.

Embasados, portanto, nas políticas nacionais e regionais de preservação do Patrimônio Cultural, na defesa da memória e de seus bens representativos, é que estão ancorados os esforços de conservação e revitalização desta fortificação militar do século XVIII, que se constituem nas propostas apresentadas ao final da presente exposição.

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Resumen

Parte integrante del mayor grupo de defensa en el sur de Brasil, la Fortaleza

de São José da Ponta Grossa compone uno de los más bellos escenarios de

arquitectura y paisaje de la isla de Santa Catarina.

En este sentido, el fundamento teórico para la formulación de una propuesta de recalificación de este Paisaje se divide en distintas fases de estudio que van desde el concepto teórico de Patrimonio y Paisaje Cultural, con ejemplos prácticos de las políticas de desarrollo durable, en orden de la revitalización de zonas históricas, cuyo objetivo es preservar el entorno e integrar la sociedad en las actividades desarrolladas en el contexto creado.

Fundamentada en las políticas nacionales y regionales para la preservación del Patrimonio Cultural, en la defensa de la memoria y de sus bienes representantes, es que se anclan los esfuerzos de conservación y revitalización de esta fortificación militar del siglo XVIII, que constituyen las propuestas presentadas al final de esta exposición.

1 Introdução

O Litoral de Santa Catarina apresenta um Patrimônio Cultural excepcional. Mas são as fortificações militares do Século XVIII que se destacam entre as mais imponentes realizações de natureza arquitetônica do Estado. Isso se deve não apenas à história e aos fatos épicos que encerram, mas também à sua arquitetura monumental e à sua paisagem, indiscutivelmente exuberante.

As quatro primeiras fortalezas construídas em Santa Catarina foram idealizadas pelo engenheiro militar José da Silva Paes, que chegou à Ilha sabendo das dificuldades que encontraria para a implantação de seu Sistema Defensivo. Isso porque as condições de defesa da Vila de Nossa Senhora de Desterro eram bem conhecidas, principalmente em função das suas muitas praias e excelentes baías, fáceis de aportar.

Essa multiplicidade de portos naturais fez com que, num primeiro momento, fossem escolhidos três pontos ao norte da Ilha, cujo objetivo era de

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3 impedir a entrada de invasores pela Baía Norte e aos portos naturais aí existentes. Sendo assim, foram construídas a Fortaleza de Santa Cruz (1739), na Ilha de Anhatomirim (Fig. 1), a Fortaleza de São José da Ponta Grossa (1740), ao norte da Ilha de Santa Catarina (Fig. 2) e a Fortaleza de Santo Antônio (1740), na Ilha de Ratones Grande (Fig 3).

O sistema defensivo projetado por Silva Paes, procurava implantar um sistema físico de defesa que assegurasse a posse da terra pela ocupação efetiva do território, controlasse o acesso seguro das embarcações às baías norte e sul, garantisse a ordem interna e servisse como base de apoio à navegação e às operações militares de longa distância. O sistema foi planejado levando-se em consideração, também, uma composição de tropas, armamentos e embarcações, sendo que o sucesso dependeria da somatória destas forças.

Após a invasão espanhola de 1777 e da perda da Colônia do Sacramento, a importância estratégica da Ilha de Santa Catarina desapareceu, sendo estas fortalezas, progressivamente abandonadas, até a completa desativação de Anhatomirim, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Nesta época, algumas fortificações já haviam desaparecidos e outras se encontravam em ruínas, embora muitas delas já fossem tombadas como Patrimônio Histórico Nacional. O processo de redescoberta e reabilitação das fortificações catarinenses ocorreu a partir do início dos anos 70, tomando decisivo impulso após a adoção da Fortaleza de Anhatomirim pela Universidade Federal de Santa Catarina, em 1979, consolidando-se definitivamente com o Projeto Fortalezas, em 1989, e com o Projeto Fortalezas Multimídia, a partir de 1995.

Figura 1: Fortaleza Santa Cruz de Anhatomirim.

(Foto: Alberto Luiz Barckert)

Figura 2: Fortaleza de São José da Ponta Grossa (Foto: Alberto Luiz Barckert)

Figura 3: Fortaleza de Santo Antônio de Ratones (Foto: Alberto Luiz Barckert)

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2 Breve Histórico

A Fortaleza de São José da Ponta Grossa está situada à Barra Norte da Ilha de Santa Catarina, no extremo Oeste da praia de Jurerê, na localidade conhecida como Ponta Grossa. Esta Fortaleza, junto com as outras duas, a de Santa Cruz de Anhatomirim e a de Santo Antônio de Ratones, formavam um sistema triangular de defesa da Barra Norte da Ilha de Santa Catarina.

Distribuída em três diferentes terraplenos interligados por rampas e cercados por espessas muralhas de pedra, as construções desta Fortaleza formam um harmonioso conjunto que se adapta à topografia local. (Fig. 4). Entre seus edifícios mais significativos estão a Portada (Fig. 5), a Capela (Fig. 6), único exemplar do gênero que resistiu entre todas as fortalezas, e a Casa do Comandante e o Paiol da Pólvora, com dois pavimentos geminados. O abastecimento de água era realizado em uma Fonte, externa às muralhas da Fortaleza.

A Fortaleza da São José da Ponta Grossa apresentava o inconveniente de ter pelas costas uma elevação, por onde o acesso era possível. Procurou-se remediar esta situação com a construção da pequena Bateria de São Caetano. Segundo Tonera1, desta bateria em ruínas resta, hoje, uma base de guarita, trechos de muralhas e vestígios de uma pequena construção que teria servido de Casa da Guarda e Casa da Palamenta. Em 1938, a Fortaleza foi tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e, em 1992, após a sua restauração, passou a ser gerenciada pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Figura 6: Imagem do Quartel da Tropa com a Capela ao fundo, durante as obras de restauração. (Foto: Acervo

DAEx/UFSC) Figura 4: Imagem aérea da

Fortaleza São José da Ponta Grossa restaurada. (Foto:Ademilde Silveira Sartori)

Figura 5: Portada (Foto: Acervo

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2.1 Plano Diretor

A fim de retratar a realidade da área da Fortaleza e buscando embasar a proposta para a formulação de regras de ocupação, o IPHAN2 realizou um levantamento planimétrico das edificações e de cada lote ocupado na área da Fortaleza de São José da Ponta Grossa, no ano de 1995. As diretrizes registradas neste documento fazem parte da “Proposta de Plano Diretor para a Área da Fortaleza de São José da Ponta Grossa”, de dezembro de 2005, que atualmente encontra-se em revisão. Essa proposta foi elaborada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 14ª Brigada da Infantaria Motorizada, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Instituto do Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) e Associação dos Moradores da Praia do Forte (AMPRAFO).

Dentro dos princípios sobre os quais foram pautadas as propostas do plano diretor, estabeleceu-se normas e critérios para a ocupação do solo no imóvel SC 05-0016, onde se situa a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, o sítio histórico onde está inserida e ainda, o entorno deste sítio. Para tanto foram considerados dois tipos básicos de ocupação: o Sítio Histórico e o seu Entorno (Fig. 7).

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2.2 Uso do Solo

Quanto à caracterização do uso do solo (Fig.8), a área em estudo inscreve-se, segundo o IPUF3, em:

2.2.1 APC-1 Áreas de Preservação Cultural

Art. 26 Áreas de Preservação Cultural (APC) são aquelas destinadas à preservação de sítios de interesse histórico, antropológico e arqueológico, subdividindo-se em:

I - Áreas Históricas (APC-1) que se destinam à conservação do patrimônio histórico e etnológico, abrangendo monumentos, edificações, espaços e povoações;

2.2.2 APR-3 Áreas dos Parques e Reservas Naturais

Art. 31 Áreas dos Parques e Reservas Naturais (APR) são aquelas instituídas pelo poder público e destinadas à conservação da natureza, estando o uso e ocupação do solo nessas áreas sujeito a plano e regulamentação específicos, respeitadas as disposições da Legislação Municipal.

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3 Proposta de Requalificação

A importância cada vez mais acentuada dos bens culturais no mundo contemporâneo, conduz a novas exigências nas formas de gestão do Patrimônio, a fim de que respondam eficazmente às múltiplas solicitações que a sociedade impõe. Nesse sentido, a intervenção no Patrimônio é, sem dúvida, um processo complexo que envolve uma série de conhecimentos técnicos, especializados nas mais variadas áreas do saber.

A proposta de Requalificação da Paisagem da Fortaleza de São José da Ponta Grossa envolve, portanto, inúmeros aspectos que vão desde a gestão do Patrimônio Histórico, até a conceituação da Paisagem enquanto Patrimônio Cultural, passando pela problemática da ocupação desordenada do Sítio Histórico e pela necessária vinculação da comunidade local aos programas e projetos de preservação da Fortaleza e de sua paisagem circundante.

A seguir são apresentadas três propostas de intervenção que demonstram o caráter de Requalificação que se pretende.

3.1 Parque Cultural da Fortaleza de São José da Ponta Grossa – Um Museu a Céu Aberto

“Paisagem é uma realidade dinâmica

transformada pelo tempo, pela natureza e redefinida pelo Homem. O valor da paisagem é definido pela sua história, pelo seu caráter, pela sua “singularidade” – pela relação entre natural e construído”. 4

Enquanto objeto físico, a paisagem é constituída por ambas as componentes - natural e cultural – ela se constitui num importante recurso para o homem, já que preenche algumas das suas necessidades materiais mais primárias, bem como necessidades relativas à sua curiosidade, às suas experiências intelectuais, religiosas e estéticas, bem como à necessidade de períodos de recriação essenciais à sua vida.

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8 Neste sentido, a conservação deste recurso deve englobar não apenas a dimensão natural como também a dimensão cultural. Ela se justifica, na medida em que o prolongamento da sua existência possua usos e valores que beneficiarão as gerações atuais e futuras da humanidade.

O Parque Cultural da Fortaleza de São José da Ponta Grossa (Fig.9) engloba uma série de propostas que visam à preservação integral do bem, assim como a valorização de todos os aspectos envolvidos na sua salvaguarda, desde projetos de restauro, até projetos de integração social e capacitação da comunidade, através de programas de educação patrimonial, por exemplo. Ressalta-se, ainda, que a proposta de Requalificação da Fortaleza de São José da Ponta Grossa inclui a adaptação dos principais percursos de visitação do Sítio Histórico à Norma Brasileira de Acessibilidade (NBR9050/2004)

Figura 9: Proposta para o Parque Cultural da Fortaleza de São José da Ponta Grossa5

Desta forma, a proposta de consolidação de ruínas hoje praticamente abandonas - a antiga Fonte d’água e a Bateria São Caetano - e sua integração ao percurso de visitação, assim como o projeto paisagístico que se faz necessário para a revitalização do sítio como um todo, entre outros aspectos, são essenciais na medida que permitirão a consolidação dessa Paisagem Cultural, garantindo à sociedade o conhecimento e a apropriação integral desse Patrimônio.

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3.2 Centro de Interpretação das Fortalezas de Santa Catarina

“A arquitetura é uma constante na paisagem – revelando- se pela sua ausência – “paisagem natural” – ou pela sua existência – “paisagem construída”. A arquitetura ambiciona “Ser”, na paisagem”. 6

A proposta de um Centro de Interpretação das Fortalezas de Santa Catarina (Fig.10 e Fig.11) envolve a sinalização das estruturas visitáveis, o projeto paisagístico das ruínas e da sua envolvente, a aquisição, quando necessário e indispensável, de imóveis e terrenos, a execução de material promocional e de divulgação, assim como ações de divulgação e de sensibilização da comunidade local e do público em geral.

Figura 10: Planta Baixa - Acessos secundários

Figura 11: Maquete eletrônica

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10 Essa infra-estrutura contempla, por exemplo, uma sala de exposições, um pequeno auditório, corredores com painéis multimídia e totens explicativos, sala com acesso público à computadores e à internet, loja de suvenir e um café, além de copa e vestiário para funcionários (Fig. 12 e Fig.13). Funções estas, agrupadas com a finalidade de

apoiar os trabalhos a serem desenvolvidos no Sítio Histórico , servindo, também, como local de acolhimento aos visitantes.

Figura 12: Planta Baixa – Acesso Principal Figura 13: Planta Baixa – Auditório

Enquanto arquitetura, o Centro de Interpretação (Fig.14 e Fig.15) está inserido na concepção geral do projeto paisagístico de toda a área envolvente do monumento, procurando definir a acessibilidade ao edifício e a aproximação ao Patrimônio Edificado, de forma a conduzir os visitantes à sua descoberta, num percurso que se inicia no próprio Centro de Interpretação.

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11 Figura 14: Perspectiva do Centro de Interpretação Figura 15: Perspectiva do Centro de Interpretação (Café)

O Sítio Histórico da Fortaleza insere-se numa Paisagem Cultural de grande valor e beleza, exigindo uma minimização de qualquer intervenção, seja ela arquitetônica ou paisagística. Nesse sentido, o mais importante é a valorização e o realce do impacto que o visitante pode sentir com a paisagem circundante. Paisagem essa que interessa interpretar e respeitar como força da natureza e como produto cultural das vivências humanas.

3.2.1 Acessibilidade

“A acessibilidade e o patrimônio histórico são duas questões distintas, de difícil comparação, surgidas em épocas diferentes, mas que tem algo em comum: o homem. O homem construiu a história e deve ter condições de conhecê-la, valoriza-la e utiliza-la”. 7

O Centro de Interpretação, em seus 420m², tem como proposta a garantia de acessibilidade ao conhecimento do Patrimônio Cultural representado pelo conjunto de Fortificações da Ilha de Santa Catarina, visto que na maioria delas, torna-se impraticável a adaptação do bem tombado sem descaracterizá-lo. Nesse sentido, reforça-se a importância do Centro de Interpretação enquanto garantia de acesso por meio de informação visual, auditiva ou tátil, ao conjunto de Fortalezas da Ilha de Santa Catarina.

3.2.2 A escolha do terreno

Com cerca de 6.500m², o terreno possui uma localização privilegiada (Fig.16 e Fig.17), próximo à Portada da Fortaleza, com uma excelente vista da Baia Norte e ainda abriga a antiga Fonte d’água, cujo projeto de consolidação de ruínas e integração ao conjunto da Fortaleza de São José da Ponta Grossa, fazem parte das diretrizes gerais para a Requalificação da Paisagem.

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12 Figura 17: Centro de Interpretação no primeiro plano e Fortaleza ao fundo

Figura 16: Centro de Interpretação visto a partir do primeiro terrapleno da Fortaleza

3.3 Projeto de Restauro do Calabouço e da Casa da Guarda

Junto a Portada, um dos edifícios mais significativos da Fortaleza de São José da Ponta Grossa, estão localizados o Calabouço e a Casa da Guarda (Fig. 18). Lugar de prisão preventiva ou provisória, de inimigos ou, como era comum, dos próprios soldados da Fortaleza, o Calabouço possui o piso em chão batido, pequena luminosidade e grande umidade, que torna esse ambiente ainda mais insalubre.

Figura 18: Levantamento topográfico. À esquerda, localização do Calabouço (1) e Casa da Guarda (2). 8

Construída junto à portada, a Casa da Guarda promovia a segurança da Fortaleza, funcionando como posto de vigilância e controle de entrada e saída da fortificação. A pequena dimensão e a forma afunilada das janelas, tipo seteira, permitiam a entrada de luz do ambiente exterior e possibilitavam variados ângulos de vigia, sem prejudicar a segurança dos defensores.

Semi-enterradas, atualmente essas edificações apresentam-se em avançado estado de deterioração, comprometendo tanto o Patrimônio Cultural legado, como a saúde dos usuários e, principalmente, dos funcionários que

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13 exercem a função de recepção e guarda da Fortaleza, instaladas nos antigos Calabouço e Casa da Guarda, respectivamente.

É possível observa-se no interior dessas edificações, a existência de manchas, zonas erodidas, assim como a presença de microorganismos nas superfícies das paredes e da cobertura (Fig. 19).

Figura 19: Situação atual do Calabouço (à esq.) e da casa da Guarda (à dir.) da Fortaleza de São José da Ponta Grossa. (Foto: Acervo Pessoal)

3.3.1 Proposta de Recuperação

A proposta de recuperação e conservação do Calabouço e Casa da Guarda (Fig. 20), precedida de pesquisa histórica, levantamento fotográfico e arquitetônico e levantamento dos problemas patológicos existentes, baseia-se nas seguintes etapas: recuperação das paredes laterais, recuperação da cobertura e tratamento interno dos ambientes.

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3.3.2 Recuperação das Paredes Laterais

Conforme ilustrado pela Figura 21, o processo de recuperação das paredes do Calabouço e da Casa da Guarda, principalmente para a eliminação da umidade, seria realizado através das seguintes etapas10:

1. Retirar a parte da terra adjacente à face externa da parede até uma

profundidade que permita a colocação posterior de semi-tubos de concreto cujo objetivo principal é a contenção da terra;

2. depois de colocado o referido semi-tubo, entrar no mesmo e continuar a

retirada da terra, de forma que se possa descer este semi-tubo e colocar-se outro acima do existente. Se houver necessidade devem colocar-ser colocadas guias para facilitar a descida, ao mesmo tempo que mantém-se a perpendicularidade do sistema;

3. repetir este processo, de escavação e colocação de um novo semi-tubo,

até atingir-se a profundidade desejada;

4. concluída a colocação desses semi-tubos, executa-se estas mesmas

etapas para o semi-tubo adjacente. Pode-se também optar pela colocação desses semi-tubos de forma paralela, conforme está ilustrado na Figura 21, já citada;

5. executar um dreno na base dos semi-tubos, direcionando a água que

por ventura possa existir (lençol freático e chuvas) para o exterior da edificação;

6. cobrir os semi-tubos com placas de concreto para evitar a entrada de

água da chuva, permitindo a ventilação no interior dos semi-tubos para que haja a evaporação da água, fator essencial para reduzir-se de maneira significativa os níveis de umidade;

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15 Figura 21: Etapas de recuperação das Paredes Laterais.

3.3.3 Recuperação da Cobertura

Conforme ilustrado pela Figura 22, o processo de recuperação da Cobertura do Calabouço e da Casa da Guarda resume-se nas seguintes etapas:

1. Remover a terra sobre as abóbadas;

2. impermeabilizar a superfície externa das abóbadas (camada de berço,

manta de impermeabilização, camada de amortecimento);

3. executar uma mureta próxima aos semi-tubos, de forma a direcionar a

água da chuva para os condutores e levá-la ao exterior da edificação;

4. executar uma treliça metálica de suporte do piso, tipo deck; 5. executar o deck de madeira como piso.

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4 Considerações Finais

A história humana tem expressão no Patrimônio Cultural legado e constitui-se na identidade cultural de um povo. Pensar em Patrimônio nos remete àquilo que foi herdado e que sobrevive do passado. Quando se trata da cidade e da paisagem, no entanto, nos colocamos dentro de uma outra situação, onde o conceito de Patrimônio “desliza da concepção de nação para a sociedade

inserindo o ambiente natural; incluindo ainda a noção de Patrimônio como

memória, inscrevendo-o assim no presente”. 11

Valorizar uma paisagem cultural significa valorizar o meio natural ao qual o ser humano imprimiu marcas de suas ações e formas de expressão. É resultado de uma soma de todas as expressões resultantes da interação do homem com a natureza. E a manutenção de uma identidade cultural se dá de forma muito mais simples a partir do momento em que se entende a preservação como uma condição essencial para o desenvolvimento de uma sociedade e como um indicador de uma boa qualidade de vida. É dessa forma que se faz possível acompanhar os processos de evolução e assim registrar referências culturais, tão importantes para a garantia da compreensão da memória social.

Notas

1 TONERA, Roberto. Fortalezas Multimídia. Florianópolis: Projeto Fortalezas Multimídia/Editora da UFSC,

2001. CD-ROM.

2 IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 3 IPUF - Instituto do Planejamento Urbano de Florianópolis

4 João Santa-Rita, In Estudos/Patrimônio. Publicação do IPPAR – Instituto Português do Patrimônio

Arquitetônico (2001, p.99).

5 1. trilha 2. mirante (deck de madeira) 3. platô existente. 4. casa da administração 5. estacionamento 6.

vagas para deficientes físicos 7. rampa de acesso ao trapiche 8. escadaria de acesso à praia 9. trapiche 10. rampa de acesso ao percurso principal 11. início do novo percurso principal 12. percurso principal 13. trilha de acesso à fortaleza 14. rampas 15. mirante sobre a rocha 16. acesso ao centro de interpretação 17 fonte d’água 18. percurso secundário de acesso à fortaleza 19. centro de interpretação 20. chegada principal à Fortaleza 21. trilha existente 22. escadaria de acesso à praia 23. trilha 24. mirante (deck de madeira) 25 trilha (passarela de madeira sobre a rocha) 26 mirante (deck de madeira) 27. escadaria de acesso à praia 28. percurso existente de acesso à fortaleza 29. Fortaleza São José da Ponta Grossa 30. Bateria São Caetano

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6 João Santa-Rita, In Estudos/Patrimônio. Publicação do IPPAR – Instituto Português do Patrimônio

Arquitetônico (2001, p.99).

7 ANDRADE, Isabela. (Acessibilidade em Edifícios do Centro Histórico de Pelotas – RS. Dissertação de

Mestrado)

8 Fonte: ETUSC - Escritório Técnico e Administrativo da Universidade Federal de Santa Catarina

9 ETUSC - Escritório Técnico e Administrativo da Universidade Federal de Santa Catarina.

10 A proposta de utilização de semi-tubos de concreto para contenção de terra e, simultaneamente, permitir a

evaporação da água foi indicada pelo Professor Mário Mendonça de Oliveira. Já o processo de execução de colocação dos semi-tubos é de autoria do Professor Sérgio Castello Branco Nappi.

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