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Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

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MODELAGEMCOMPUTACIONALDEUMGRCMONOFÁSICOCOMINSERÇÃODE

SATURAÇÃOMAGNÉTICAPORTÉCNICANEURAL

EDUARDO S.L.OLIVEIRA,ALEXANDRE COELHO,IVAN N. DA SILVA,MANOEL L DE AGUIAR

Laboratório de Controle e Eletrônica de Potência, Departamento de Engenharia Elétrica, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo

Avenida Trabalhador São-Carlense, 400, 13566-590, São Carlos-SP E-mail: dudu21@sc.usp.br

Abstract The objective of this paper is to present the functioning of a Single-Phase Switched Reluctance Generator and its simulation considering the nonlinear effects of saturation by an artificial neural network. For this a mathematical model that con-siders the state machine operation, for which we developed a computational model in Matlab Simulink environment, in which the integration is made between different parts of the system, such as the junction of the DC bus is presented, the drive driver, ma-chine dynamics and control of key shots. The behavior of current and voltage at different operating points of the system are shown through computer simulations. Experimental tests are also conducted to obtain a database enabling calculation of the actu-al surface area of the inductance of the machine by means of an artificiactu-al neuractu-al network. The results of computationactu-al simula-tions with inductance profiles obtained by the neural network demonstrate the functionality and simplicity of operation of a sin-gle-phase switched reluctance machine as a generator.

Keywords Switched Reluctance Machine, Single-phase Generator, Artificial Neural Network, Computational Simulation, Matlab, Simulink.

Resumo O objetivo deste artigo é apresentar o funcionamento de um Gerador a Relutância Chaveado Monofásico e sua simu-lação considerando-se os efeitos não lineares de saturação por meio de uma rede neural artificial. Para tanto é apresentado um modelo matemático em espaço de estado que contempla a operação da máquina, para o qual foi desenvolvido um modelo compu-tacional em ambiente Matlab Simulink, em que se faz a integração entre diferentes partes do sistema, tais como a junção do bar-ramento CC, o driver de acionamento, a dinâmica da máquina e o controle dos disparos das chaves. O comportamento da corren-te e corren-tensão em diferencorren-tes pontos de operação do siscorren-tema são mostrados mediancorren-te simulações computacionais. Ensaios experimen-tais também são realizados para obtenção de um banco de dados possibilitando o cálculo da superfície real de indutância da má-quina por meio de uma Rede Neural Artificial. Os resultados de simulações computacionais realizadas com perfis de indutância obtidos pela rede neural comprovam a funcionalidade e a simplicidade de operação de uma máquina a relutância chaveada mono-fásica como gerador.

Palavras-chave Máquina a Relutância Chaveada, Gerador Monofásico, Rede Neural Artificial, Simulação Computacional,

Matlab, Simulink.

1 Nomenclatura

v Tensão de fase aplicada.

i

Corrente de fase.

R

Resistência de fase.

L

Indutância de fase. e Força contra eletromotriz.

Velocidade angular do rotor. m

T Conjugado mecânico aplicado. emag

T Conjugado eletromagnético.

J

Momento de inércia.

D

Coeficiente de atrito.

Posição angular do rotor.

t

Tempo.

f Frequência

2 Introdução

A Máquina a Relutância Chaveada (MRC) teve sua concepção desde o início dos estudos em máquinas elétricas no início do século XIX (Anderson, 2001). Devido aos recentes avanços na eletrônica de potência e micro processamento, a MRC foi largamente beneficiada propiciando a

retomada dos seus estudos de forma confiável e eficiente.

A MRC apresenta um processo de fabricação relativamente simples, o qual se caracteriza por uma construção em dupla saliência com rotor e estator laminados e sólidos. Constitui-se de enrolamentos restritos aos pólos do estator, proporcionando menor perda por efeito Joule e uma evidente integridade física, o que possibilita a MRC trabalhar em alta velocidade com menor risco de danos à estrutura e por fim configurando-se uma máquina altamente robusta. No estator, cada par de pólos diametralmente opostos representam uma fase (Chuang et. al., 2005), normalmente ligados em série e percorridos pela mesma corrente pulsante (Sawata et. al., 1999). Construtivamente é um conversor eletromecânico de estrutura simples, conforme ilustrado na Figura 1.

Por sua simples construção a MRC é de baixo custo, de fácil manutenção e refrigeração e apresenta alta densidade de potência, sendo grandes estímulos para aplicações industriais. É uma máquina ausente de imãs permanente e de escovas, fator que agrega maior robustez e tornando-as aptas a serem utilizadas em ambientes de condições extremas de vibrações, poeira e umidade.

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Figura 1. MRC 6x6 em dupla saliência.

Sua geometria em dupla saliência ocasiona a não linearidade do circuito eletromagnético, sendo característica da MRC operar com corrente, tensão e conjugado oscilantes (Oliveira et. al., 2010). Porém, devido à melhor qualidade de componentes eletrônicos atuais, e com o aperfeiçoamento de técnicas de controle, tais deficiências estão sendo gradativamente reduzidas.

A MRC apresenta a capacidade de trabalhar como motor-gerador de partida (Shaoping e Qingfu, 2001), cuja característica é atraente para aplicações indústriais automobilísticas e aeroespaciais. De forma complementar, diante do apelo ambientalista em prol do desenvolvimento sustentável, a MRC vem sendo estudada na utilização em carros elétricos e híbridos, cujos resultados mostraram-se promissores (Aida et. al., 2008).

Aplicações da MRC em fontes alternativas estão em ascensão, com destaque para a utilização em parques geradores eólicos, pois se alia a vantagem de operação em velocidade variável da MRC com a sazonalidade dos ventos (Cardenas, 2004).

Por se tratar de uma máquina de funcionamento particular, os trabalhos que abordam a operação da MRC como gerador ainda são poucas as referências encontradas na literatura especializada. Adicionalmente, a sua configuração monofásica consiste de um tópico de investigação ainda mais raro.

Neste contexto, este trabalho tem como objetivo a modelagem, simulação computacional e validação experimental de um protótipo de Gerador a Relutân-cia Chaveado Monofásico (GRCM), com seis pólos no estator e rotor, para efeito de constatação de sua dinâmica de funcionamento. Os resultados simulados evidenciam que o GRCM pode ter bom resultado quando utilizado como um gerador alternativo.

3 Modelo Matemático

A MRC opera tanto como motor quanto como gerador. Sua função específica depende dos ângulos de disparo das chaves do conversor. Ao disparar a chave que submete uma corrente em uma fase onde a taxa de variação da indutância pela posição angular é positiva, a MRC opera como motor, se a taxa de

variação for negativa ela irá operar como gerador, assim como mostra a Figura 2.

O princípio básico de funcionamento da MRC é baseado na variação de fluxo em função da posição angular do rotor quando devidamente excitado seus enrolamentos de fase. Devido à sua topologia em dupla saliência, o deslocamento do rotor em relação ao estator provoca modificações no circuito magnético, o que por sua vez ocasiona consideráveis alterações na indutância de cada fase.

θ L Lmax Lmin Gerador Motor

Figura 2. Perfil trapezoidal ideal de indutância.

Para uma fase do GRCM, a tensão presente em seus terminais pode ser descrita por:

i v R i L e t        (1)

Os membros do segundo termo da equação representam, respectivamente, a queda de tensão na resistência da máquina, a queda de tensão devido ao efeito indutivo da fase e a força contra-eletromotriz (e), a qual depende da taxa de variação da indutância pela posição, da intensidade de corrente e da velocidade angular. Matematicamente (e) pode ser calculada da seguinte forma:

L e i        (2)

Na MRC, a tendência natural dos pólos de rotor e estator é permanecerem alinhados quando a bobina de fase é excitada, esta posição é de equilíbrio estável. Os enrolamentos das fases são alimentados por uma fonte CC externa. Uma vez que ω e i são positivos, o sinal de (e) é igual ao sinal de  L  . Na Equação (2), verifica-se que quando   L  0 a (e) é negativa a MRC está trabalhando como gerador. Por outro lado, caso   L  0, a MRC estaria operando como motor, convertendo energia elétrica em conjugado mecânico no eixo da máquina (Sawata, 2001).

Para o GRCM, o conjugado eletromagnético é restaurador e sempre atuará contra o sentido do movimento de rotação. A equação que engloba os aspectos mecânicos da máquina é:

m emag d T T D J dt         (3)

Como o GRCM em questão apresenta seis pólos no estator e seis no rotor, consequentemente, existem três fases diferentes e independentes que são

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acionadas simultaneamente, cada uma com sua indutância própria e sua corrente instantânea. Portanto, o conjugado eletromagnético resultante é expresso pela soma das parcelas de cada fase, como segue: 2 1 2 2 2 3 1 2 3 1 1 1 2 2 2 emag L L L T i i i                       (4)

Para facilitar as análises, o modelo matemático do GRCM é representado em equações matriciais de estado, ou seja: 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 1 2 3 1 1 1 2 2 2 3 3 3 0 0 2 0 0 0 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 . 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 m i R L L i R L L R L L i J J J D J i L v i L v i L v J T                                                                                                            (5) em que: 3 1 2 1 1 , 2 2 , 3 3 1 1 1 2 2 2 L L L

i

i

i

                     (6)

A partir das Equações (5) e (6), torna-se possível a inserção do modelo em programas computacionais de cálculo numérico para solução iterativa de sistemas de equações diferenciais.

A modelagem matemática pode também ser verificada em (Anderson, 2001), que aborda de forma completa tal modelagem.

4 Conversor Série de Potência

Diante de diversas topologias existentes de conversores eletrônicos de potência para o acionamento da MRC, destaca-se o conversor Half-Bridge (HB) ilustrado na Figura 3, o qual é tradicionalmente mais empregado para este propósito.

O conversor HB apresenta quatro componentes semicondutores, sendo dois diodos (D1 e D2) responsáveis pela desmagnetização da bobina mediante a carga e duas chaves controladas (Q1 e Q2) que por meio de seu funcionamento coloca a fonte CC em serie com as bobinas do GRC.

No acionamento de um GRC, em virtude de toda energia ser entregue à carga, torna-se desnecessário realizar a desmagnetização das fases por meio de dois diodos de roda livre após o desligamento das chaves principais. Neste contexto, alguns componentes semicondutores (Q1 e D2) da topologia tradicional do conversor HB podem ser removidos. Em (Fleury et. al., 2008), apresenta-se também uma

topologia alternativa que dispensa alguns componentes, sendo denominada de conversor série (CS), cuja estrutura é ilustrada na Figura 4.

Fonte CC Q1 Q2 D1 D2 R1 C1

Figura 3. Esquema elétrico para uma fase do conversor HB.

O CS é caracterizado por apresentar apenas dois componentes semicondutores, sendo um diodo (D1) e uma chave controlada (Q1) que por meio de seu chaveamento é capaz de conectar a fonte CC às bobinas do GRCM e à carga (C1 e R1).

Em seu funcionamento, o CS apresenta dois períodos distintos, são eles: o de excitação e o de geração.

Fonte CC Q1 D1 R1 C1

Figura 4. Esquema elétrico para uma fase do conversor CS.

O período de excitação de cada fase inicia-se quando a chave controlada é acionada determinando o caminho entre a fonte CC e a bobina da fase, a qual recebe então um pulso de tensão. Em virtude de o diodo estar reversamente polarizado nesta etapa, o período de excitação não apresenta nenhum efeito sobre a carga, permanecendo desconectada do circuito.

O período de geração de cada fase inicia-se quando a chave controlada deixa de conduzir e a fonte CC se soma à (e) gerada pela bobina, alimentando o circuito. O diodo entra em condução e é determinado o caminho que a energia gerada é entregue a carga. Como no período de geração, a fonte CC fica em série com a bobina e a carga, o conversor recebe o nome de conversor série. Este é o grande diferencial deste conversor para o tradicional conversor HB, além de apresentar menos componentes semicondutores.

5 Modelo Computacional

A modelagem computacional foi desenvolvida no software Matlab Simulink, pois este pode proporcionar a facilidade de integração de modelos

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entre diferentes partes do sistema elétrico, mediante o toolbox SimPowerSystem. Para tanto, realizou-se a junção do barramento CC, o modelo do conversor, o modelo da dinâmica do GRCM e o controle de disparos das chaves. O último foi modelado utilizando linhas de código em um bloco S-Function, enquanto que os demais sistemas foram representados por diagramas de blocos. A Figura 5 ilustra o sistema completo para a simulação do GRCM.

O bloco GRCM é constituído de sistemas de equações diferenciais de sua dinâmica, cujas entradas são as tensões das fases e o conjugado mecânico. As saídas são as correntes nas fases, a velocidade angular e a posição do rotor. Este conjunto de valores de tensão da fase e do conjugado é usado para a conexão do acionamento do CS com a dinâmica do GRCM, e a cada passo iterativo os valores das variáveis são realimentadas.

Figura 5. Diagrama Simulink completo GRCM.

A Figura 6 apresenta o fluxograma das etapas do controle das chaves controladas, realizado em S-Function. Como a variável de entrada é a posição angular, o sinal recebido é tratado e condicionado em períodos desejáveis, ou seja no momento em que cada fase deve ser acionada. Conhecendo-se o perfil da indutância da máquina, estabelecem-se os instantes em que se pode realizar o acionamento das chaves controladas. Toda a lógica de controle em protótipos é realizada com utilização de sensores ópticos de posição que, quando bem posicionados, realizam o acionamento real das chaves controladas.

Theta Tratamento de Theta Tabela de Indutância Tabela da Derivada da Indutância Faixa de Variação Desejada da Indutância Sem Acionamento das Chaves Com Acionamento das Chaves

Figura 6. Fluxograma do controle de acionamento das chaves controladas.

6 Rede Neural Para Obtenção do Perfil de Indutância

Pela Equação (5), observa-se que o modelo ma-temático utilizado para realizar a simulação da má-quina é altamente dependente dos valores de indu-tância das fases e de suas respectivas derivadas pela posição angular do rotor.

Visando a inserção no modelo computacional dos valores corretos dessas variáveis da máquina utili-zou-se uma rede neural Percepton multicamadas (PMC) com o algoritmo de treinamento backpropa-gation. Esta topologia de rede apresenta uma estrutu-ra simples de funcionamento e o algoritmo de trei-namento apresenta bons resultados ao se aplicar em aproximações funcionais (da Silva, 2010).

6.1 Levantamento da Base de Dados

As simulações da máquina foram realizadas ten-do como base daten-dos de um pequeno protótipo GRCM 6x6 em uma bancada de testes, mostrada na Figura 7. Alguns de seus parâmetros e dimensões são dados na Tabela 1. O GRCM consta com 140 espiras por fases montadas com fio 14 AWG.

A fim de levantar um banco de dados para possibili-tar a utilização da ferramenta neural, ensaios experi-mentais de rotor bloqueado foram realizados para aquisição ponto a ponto dos valores de corrente da fase, posição angular e sua respectiva indutância do GRCM experimentado.

O procedimento é simples porem extenso. Com o rotor bloqueado em uma posição específica, as fases do GRCM são ligadas em paralelo e realiza-se a excitação das fases com uma fonte CA variável. A frequência é mantida fixa em 60 Hz, enquanto se varia as correntes das fases de 0.5 A a 12 A em pas-sos de 0.5 A. O procedimento é repetido para cada incremento de 1 grau mecânico da posição do rotor, até que o mesmo passe da posição alinhada para desalinhada em relação ao estator excitado.

P gate12 I3 I2 I1 teta tt IL t VL T eta T M P g m D S T eta W I3 I2 teta P I1 v 1 v 2 v 3 TM I1 I2 I3 W Teta GRCM V1 V3 V2 T eta Fonte C C PhC Phc Fase4 PhB Phb Fase2 PhA Pha Fase1 m a k i + -defesamono_ Controle disparo das chaves

T M Clock

CARGA

v +-3

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Figura 7. Protótipo GRCM 6x6.

O procedimento é simples porem extenso. Com o rotor bloqueado em uma posição específica, as fases do GRCM são ligadas em paralelo e realiza-se a excitação das fases com uma fonte CA variável. A frequência é mantida fixa em 60 Hz, enquanto se varia as correntes das fases de 0.5 A a 12 A em pas-sos de 0.5 A. O procedimento é repetido para cada incremento de 1 grau mecânico da posição do rotor, até que o mesmo passe da posição alinhada para desalinhada em relação ao estator excitado.

Para cada posição específica, a indutância (L) de cada fase é dada pela seguinte equação:

 

2 1 2

1

2 2

L v iR  f  (7)

Ao fim do ensaio experimental, obteve-se um exten-so conjunto de dados que representam a função L(θ,i). De posse desse conjunto de dados, onde há uma relação de entradas (posição angular e corrente da fase) gerando sua respectiva saída (indutância) foi possível modelar a rede neural artificial para obten-ção do perfil de indutância do GRMC, apresentando assim a influência da saturação magnética da máqui-na.

Tabela 1. Características do GRC.

Parâmetros Valor

Culatra do Estator 12.42 mm

Culatra Rotor 12,42 mm

Comprimento total da pilha 55 mm

Altura do Dente do Estator 28.15 mm

Altura do Dente do Rotor 10.44 mm

Diâmetro do Estator 160 mm

Diâmetro do Rotor 79.4 mm

Entreferro 0,3 mm

Indutância (posição alinhada) 35 mH

Indutância (posição desalinhada) 10 mH

Largura do dente do Estator 20.71 mm

Largura do dente do Rotor 20.55 mm

Número de espiras por fase 140

6.2 Treinamento da PMC

O objetivo da PMC proposta é realizar uma a-proximação funcional em três dimensões para

gene-ralizar os valores de indutância a partir de um par ordenado de corrente da fase e posição angular do rotor, formando uma função do tipo L(θ,i), ou seja, o objetivo é mapear o sistema a partir de dados de entrada e saída. Assim sendo, tem-se que a PMC apresenta duas entradas (θ,i) e uma única saída, (L). Segundo (da Silva, 2010) e (Anthony, 2009) uma rede PMC com apenas uma única camada escondida é capaz de generalizar e mapear qualquer função contínua no espaço das funções reais. Porém, por apresentar desempenho no processo de treinamento melhor, a PMC escolhida é constituída de duas en-tradas, duas camadas escondidas com quatro neurô-nios em cada camada, e uma camada de saída com um único neurônio, conforme apresentado na Figura 8.

θ

i

L

Figura 8. Topologia de PMC usada para a aproximação da indu-tância.

Para o treinamento da PMC, foram utilizados 75% do banco de dados e os 25% restantes foram utilizado para validar a rede, constatando sua eficiência em generalizar o processo.

A PMC foi modelada com função de ativação do tipo tangente hiperbólica nas camadas intermediarias e com a função de ativação do tipo linear para a cama-da de saícama-da. A escolha cama-das funções de ativação foi baseada em que o neurônio da camada de saída tem como função realizar a combinação linear das fun-ções de ativação tangente hiperbólica dos neurônios das camadas anteriores, apresentando menor gasto computacional. Foi adotada a taxa de aprendizagem de 0,01. A precisão do processo foi estabelecida em 10e-8 e com o máximo de 1000 épocas de aprendiza-gem. Foi empregado o momentum com valor de 0.9. O objetivo da PMC é mapear uma superfície de indu-tância a partir de uma base de dados. Por ser uma base de dados experimental, está inserido nela erros provenientes de leitura de equipamentos ou erros de calibração dos equipamentos de medições. Assim, houve uma preocupação do projetista em não super dimensionar a PMC com grandes quantidades de neurônios para não culminar no problema de Overfit-ting, podendo a rede não se tornar generalista. 6.3 Teste de operação da PMC

Com a parcela do banco de dados não utilizada para o treinamento, fez-se o teste e a validação da PMC proposta. O sistema se comportou de forma generalista, e foi capaz de mapear o problema abor-dado. Em alguns pontos de operação a rede neural

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obteve erros razoavelmente elevados ao ser comparar com o banco de dados experimental, em torno de 10%, mas isso é explicado pelos erros inseridos no banco de dados devido medidas manuais e/ou cali-brações dos equipamentos. Portanto, além de realizar o mapeamento da curva de indutância, a PMC tam-bém operou como filtro para eliminação de ruídos indesejados.

A resposta da PMC para todo o banco de dados pode ser visto na Figura 9. Nota-se que o perfil da indu-tância sofre influência da posição angular do rotor, com seu valor máximo na posição de 30 graus (ali-nhamento dos polos) e também sofre influência da corrente da fase. Com o aumento da corrente, os valores da indutância decaem, o que é explicado pela saturação do material ferromagnético do rotor e esta-tor da máquina.

Para a fase de operação da PMC, o conjunto de pesos sinápticos e limiares de ativação foram inseridos no modelo computacional do GRCM, por meio de um S-Funcion, onde a cada passo iterativo da simulação a PMC recebe os sinais de (θ) e (i) fornecidos pelo próprio sistema e entrega o valor de (L) dando conti-nuidade na simulação. Esses passos iterativos se repetem até o termino da simulação.

Figura 9. Curva de indutância obtida por meio da PMC.

7 Resultados de Simulações Computacionais A estratégia empregada neste trabalho foi adotar um acionamento simultâneo das fases durante um período correspondente a 30 graus. Nas simulações, a posição de início da excitação é a posição de 10 graus antes do alinhamento das fases. Esta posição

foi determinada, mediante as análises de resultados de simulação computacionais, como melhor ponto de geração deste GRCM. O período de excitação dura até 30 graus após o início de condução das chaves controladas. A partir deste ponto, a energia armazenada nas bobinas de fase se transfere para o capacitor e a carga, terminando o ciclo.

O GRCM descrito foi simulado com velocidade constante de 1500 rpm com uma tensão de excitação de 45 V. As fases do gerador alimentam uma carga de 11 Ω em paralelo com um capacitor de 6 mF. Para as chaves controladas foram utilizados MOSFET do Toolbox Powersys do Simulink, com resistência interna de 0.18 Ω e diodos com resistência interna de 0.011 Ω. O enrolamento da fase consta com resistência de 0.33 Ω cada fase, com seu perfil de indutância mostrado na Figura 9.

A Figura 10 mostra o perfil de corrente para uma fase, indicando o pulso de condução das chaves controladas, a corrente de excitação e o pulso de corrente gerada para a fase, além do perfil de indutância. Fica claro a existência de um período de corrente nula, evidenciando a dinâmica de geração pulsante desta máquina. Nota-se também que a estratégia de acionamento utilizada para o GRCM acarretará no aparecimento de correntes nos períodos de ascendência da curva de indutância, o que provocará o surgimento de conjugado eletromecânico positivo, motorizando a máquina nesses instantes. Porém esta estratégia de acionamento utilizada foi a que obteve o melhor desempenho do conjunto.

Figura 10. Corrente, indutância e pulso da fase.

A Figura 11 mostra a dinâmica de funcionamento das fases da máquina. No período em que a chave controlada do conversor está conduzindo, a tensão resultante na bobina é a tensão CC de excitação, menos a perda ocasionada pela resistência interna da chave. Isso explica a pequena queda na parte superior do gráfico. Nesse mesmo intervalo a corrente na fase aumenta até cessar o período de excitação. No período de geração, a chave controlada não está conduzindo, o diodo entra em condução e entrega à carga a energia gerada pela bobina da fase juntamente com a energia advinda da fonte de excitação. 0 20 40 60 0 10 200 0.01 0.02 0.03 Posição Angular (graus) Corrente (A) In d u tâ n c ia ( L ) 0 10 20 30 40 50 60 0 0.01 0.02 0.03

Posição Angular (graus)

In d u tâ n c ia ( L ) 0 2 4 6 8 10 12 0 0.01 0.02 0.03 Corrente (A) In d u tâ n c ia ( L ) 1.265 1.27 1.275 1.28 1.285 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) C o rr e n te ( A ), I n d u tâ n c ia ( H ) (E s c a la s A ju s ta d a s ) Corrente da fase Indutância da fase Pulso da chave

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Figura 11. Dinâmica de funcionamento de uma fase do GRCM.

A Figura 12 mostra a tensão e a corrente no barramento CC de excitação do sistema. Os picos de corrente representados estão com maior amplitude que os picos de corrente de fase. O acionamento simultâneo das bobinas do GRCM promove a soma das componentes de corrente das três fases, justificando a elevação de valores de pico. A Figura 13 faz a comparação entre as duas correntes.

Figura 12. Tensão e corrente no barramento CC.

Figura 13. Corrente de entrada e na fase.

A Figura 14 mostra os perfis de corrente e tensão que são entregues a carga. Por se tratar de uma máquina de acionamentos sequenciais simultâneos, o GRCM sofre com descontinuidade de energia que supre a carga. Para suavizar essas descontinuidades, foi empregado um capacitor de 6 mF em paralelo com a carga, o qual fornece energia entre os pulsos de geração, conseguindo manter a corrente estável.

Operando a 1500 rpm, o GRCM consumiu do barramento CC de entrada 11,9 A e 45 V, totalizando uma potência de entrada de 535,5 W. Na carga os valores médios de tensão e corrente foram 7,5 A e 81,7 V, sendo entregue para carga uma potência de 612,7 W. Portanto ao subtrair a potência de entrada da potência entregue a carga, o GRCM gerou 77,2 W. Este valor já considera a perda elétrica da resistência das bobinas das fases e dos componentes semicondutores. Sendo assim este resultado comprova o funcionamento de uma MRC operando como GRCM.

Figura 14. Tensão e corrente na carga.

8 Conclusão

Neste trabalho, desenvolveu-se a modelagem computacional de uma MRC operando como gerador monofásico e excitado mediante um conversor série. Perfis de indutâncias foram embutidos no modelo de simulação por meio de uma PMC para constar o efeito da saturação magnética no modelo de simulação.

Os resultados de simulação computacionais demonstraram que uma MRC pode ser empregada em aplicações especiais de geradores monofásicos, tratando-se de máquina caracterizada pela sua simplicidade construtiva e de operação, bem como robustez e baixo custo.

A busca por máquinas que possam atuar com robustez e alto rendimento em aplicações de velocidade variavél, já que as que hoje atuam foram adaptadas para tal, trás um aumento nas investigações a cerca da MRC, pois a mesma opera bem em regime variavel, tendo uma crescente de trabalhos cintando aplicação em geração eólica e em veículos hibridos e elétricos.

Agradecimentos

Os autores são gratos à Universidade de São Paulo (USP) e à agência de fomento CAPES.

Referências Bibliográficas

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Referências

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