DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida-de que exteriorida-determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.
Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores:
Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser hu-mano…
Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.
A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de confl itos e deslocamentos.
Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma de-terminada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações
inter-pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno.
Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência signifi cativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu-nidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.
Trilhar novas veredas é o desafi o; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.
Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à
decifra-ção: “trouxeste a chave?”.
Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-entorpece-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.
O que é, o que é?
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em fl ores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.
Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe-cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito.
• Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto. • Identifi cação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a refl exão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas.
pertence, analisando a temática, a perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá iden-tifi car os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explo-rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos.
QUADRO-SÍNTESE
O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão.
✦ nas tramas do texto
• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura comparti-lhada.
• Apreciação dos recursos expressivos em-pregados na obra.
• Identifi cação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de fi lmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.
✦ nos enredos do real
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.
DICAS DE LEITURA
Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti-mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais:
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafi o.
Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a fi nalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta.
__________
1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
MARCIA KUPSTAS
De tanto bater, meu coração se cansou
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA2 3 4
Leitor crítico — Jovem Adulto Leitor crítico — 7–a e 8a séries
Leitor fl uente — 5a e 6a séries
PROJETO DE LEITURA
Coordenação e elaboração de Maria José Nóbrega
Enc de tanto bater COMUM.indd 1
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida-de que exteriorida-determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.
Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores:
Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser hu-mano…
Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.
A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de confl itos e deslocamentos.
Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma de-terminada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações
inter-pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno.
Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência signifi cativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu-nidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.
Trilhar novas veredas é o desafi o; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.
Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à
decifra-ção: “trouxeste a chave?”.
Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-entorpece-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.
O que é, o que é?
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em fl ores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.
Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe-cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito.
• Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto. • Identifi cação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a refl exão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas.
pertence, analisando a temática, a perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá iden-tifi car os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explo-rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos.
QUADRO-SÍNTESE
O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão.
✦ nas tramas do texto
• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura comparti-lhada.
• Apreciação dos recursos expressivos em-pregados na obra.
• Identifi cação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de fi lmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.
✦ nos enredos do real
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.
DICAS DE LEITURA
Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti-mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais:
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafi o.
Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a fi nalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta.
__________
1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
MARCIA KUPSTAS
De tanto bater, meu coração se cansou
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA2 3 4
Leitor crítico — Jovem Adulto Leitor crítico — 7–a e 8a séries
Leitor fl uente — 5a e 6a séries
PROJETO DE LEITURA
Coordenação e elaboração de Maria José Nóbrega
Enc de tanto bater COMUM.indd 1
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida-de que exteriorida-determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.
Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores:
Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser hu-mano…
Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.
A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de confl itos e deslocamentos.
Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma de-terminada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações
inter-pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno.
Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência signifi cativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu-nidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.
Trilhar novas veredas é o desafi o; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.
Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à
decifra-ção: “trouxeste a chave?”.
Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-entorpece-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.
O que é, o que é?
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em fl ores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.
Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe-cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito.
• Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto. • Identifi cação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a refl exão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas.
pertence, analisando a temática, a perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá iden-tifi car os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explo-rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos.
QUADRO-SÍNTESE
O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão.
✦ nas tramas do texto
• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura comparti-lhada.
• Apreciação dos recursos expressivos em-pregados na obra.
• Identifi cação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de fi lmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.
✦ nos enredos do real
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.
DICAS DE LEITURA
Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti-mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais:
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafi o.
Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a fi nalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta.
__________
1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
MARCIA KUPSTAS
De tanto bater, meu coração se cansou
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA2 3 4
Leitor crítico — Jovem Adulto Leitor crítico — 7–a e 8a séries
Leitor fl uente — 5a e 6a séries
PROJETO DE LEITURA
Coordenação e elaboração de Maria José Nóbrega
Enc de tanto bater COMUM.indd 1
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida-de que exteriorida-determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.
Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores:
Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser hu-mano…
Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.
A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de confl itos e deslocamentos.
Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma de-terminada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações
inter-pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno.
Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência signifi cativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu-nidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.
Trilhar novas veredas é o desafi o; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.
Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à
decifra-ção: “trouxeste a chave?”.
Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-entorpece-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.
O que é, o que é?
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em fl ores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.
Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe-cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito.
• Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto. • Identifi cação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a refl exão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas.
pertence, analisando a temática, a perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá iden-tifi car os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explo-rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos.
QUADRO-SÍNTESE
O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão.
✦ nas tramas do texto
• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura comparti-lhada.
• Apreciação dos recursos expressivos em-pregados na obra.
• Identifi cação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de fi lmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.
✦ nos enredos do real
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.
DICAS DE LEITURA
Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti-mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais:
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafi o.
Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a fi nalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta.
__________
1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
MARCIA KUPSTAS
De tanto bater, meu coração se cansou
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA2 3 4
Leitor crítico — Jovem Adulto Leitor crítico — 7–a e 8a séries
Leitor fl uente — 5a e 6a séries
PROJETO DE LEITURA
Coordenação e elaboração de Maria José Nóbrega
Enc de tanto bater COMUM.indd 1
ela mesma declara, o preconceito pode se disfarçar em piadinhas aparentemente inocentes, ou a soberba, em generosidade hipócrita. As questões que coloca para a fi cção –– como se comportam professores e colegas diante da diferença de cor de pele, de poder aquisitivo –– são questões que precisam ser enfrentadas no cotidiano escolar. Infelizmente, o molestamento e a humilhação no interior da escola não são apenas fenômeno fi ccional. Porém, é necessário que educadores se preparem muito bem para promover um debate pro-dutivo, em que, de fato, se problematize a questão. Para isso, é preciso compreen-der o que está por trás dela, estudar seus múltiplos aspectos: sociológico, histórico, cultural etc.
A fi cção de Marcia, inteligente e corajosa, pode disparar um debate mais que urgen-te. Afi nal, segundo os dados do IBGE, se somarmos os brasileiros que se declaram “pretos” aos que se declaram “pardos”, trata-se de um grupo populacional de mais de 47% da população do país.
QUADRO-SÍNTESE Gênero: novela
Palavras-chave: preconceito, racismo,
escola
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,
Geografi a, História
Temas transversais: Ética
Público-alvo: alunos de 7a e 8a séries do
Ensino Fundamental
PROPOSTAS DE ATIVIDADES Antes da leitura
1. Observe a capa de Andréia Vilela. Lado a
lado, o contraste entre um corpo feminino, branco, e um corpo masculino, negro. O contato entre os braços se alonga na sime-tria da regata branca que ambos vestem. Do rosto, apenas o detalhe das orelhas. Entre eles, o fundo branco em que se lê o título que desenha um coração cujo con-torno se completa com a linha do ombro
5 6 7
UM POUCO SOBRE A AUTORA
Marcia Kupstas nasceu na cidade de São Paulo, em setembro de 1957. Infl uenciada pela mãe, que sempre gostou muito de ler, desde cedo Marcia conviveu com os livros. Começou a escrever na adolescência, par-ticipando de grupos literários. Formou-se em Letras pela USP. Passou a sistematizar sua produção literária a partir de 1984, ga-nhou alguns concursos e publicou contos e resenhas em jornais e revistas. No ano de 1986, publicou seu primeiro livro, Crescer é perigoso, pela editora Moderna. Foi uma obra que, na época, causou grande impacto. Marcia ganhou o Prêmio Revelação do Con-curso Mercedes-Benz de Literatura Juvenil, em 1988. Desde então não parou mais de escrever. Já coordenou projetos nas áreas de Língua Portuguesa e Literatura, participou de antologias, escreveu livros infantis, ju-venis, para adultos, ensaios, contando com mais de setenta obras publicadas.
RESENHA
Durante o velório de Pierre Daveaux, padre Leon, seu sobrinho francês, o localiza após muitas tentativas. O padre, reconhecendo a difícil situação econômica da família do tio, propõe a Edna, fi lha de Pierre, uma bolsa
de estudos para seus fi lhos em um impor-tante colégio de elite da cidade, mantido pela congregação a que pertence. Após alguma resistência, Edna concorda com a matrícula dos fi lhos, Lúcio e Benjamim. Tampouco é fácil para o padre Leon con-vencer o reitor do colégio, Paul-Jacques, a concordar com a matrícula, pois, embora não declare, fi ca evidente sua relutância em aceitar a presença dos irmãos Daveaux: eles são pobres e de origem negra pelo lado materno.
No colégio, a vida dos dois jovens é muito dura. Moram em um local muito distante, precisam se dedicar a atividades comple-mentares para assimilar o conteúdo das diferentes matérias do currículo. Mas o que mais os afl ige são as muitas situações de provocação e de racismo, que começam com piadinhas grosseiras e se expandem até a execução de um plano que tem por objetivo criar um fl agrante para acusar Benjamim de furto e afastá-lo da namora-da Vicki, cuja rica família não vê com bons olhos seu envolvimento com o garoto ne-gro da periferia.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Marcia Kupstas discute nesse livro a temáti-ca da intolerância e do preconceito. Como
das personagens. Economicamente, o tema do livro está colocado.
2. O título do livro De tanto bater, meu
coração se cansou instiga a curiosidade do leitor. A frase pode se referir ao con-fl ito da narrativa, isto é, à situação que desencadeou os acontecimentos: cansada de algo, a personagem vai à luta. Mas pode se referir também ao desfecho, isto é, aos sentimentos da personagem após ter enfrentado muitas situações adversas: cansada de algo, desiste.
3. No texto da quarta capa, há uma série
de frases orientadoras:
a) Quando o amor tem de se defender do preconceito e da inveja...
b) Quando a intolerância e o racismo se disfarçam de generosidade...
c) Quando a dignidade tem de se defender na raça...
Verifi que se os estudantes percebem que tais frases confi rmam a hipótese de que o título faz alusão ao confl ito, pois cada uma delas apresenta um problema relacionado à questão racial, e as reticências instigam o leitor a imaginar como esse confl ito será enfrentado pela personagem: cansada de enfrentar um estado de coisas –– o precon-ceito ––, algo vai acontecer.
4. Leia para a turma os textos da epígrafe.
a) Explore as oposições presentes na frase
de La Fontaine: rico X pobre; branco X
negro. O que a máxima revela em relação “aos julgamentos da corte”?
b) E o pequeno texto expositivo sobre a pesca dos caranguejos? Que temas se es-condem por trás dele?
Durante a leitura
1. Leia para os estudantes a parte em que a
autora apresenta os motivos que a levaram a escrever o livro. Verifi que se localizam os trechos em que Marcia Kupstas apresenta, explicitamente, alguns elementos da intri-ga: Como reagem professores e colegas, numa escola de elite, quando dois rapazes
negros e pobres vão estudar no grande colégio? Como as pessoas se comportam diante da diferença de cor de pele, de costumes, de poder aquisitivo?
a) Personagens: professores, estudantes, os dois rapazes negros (protagonistas). b) Espaço principal: as dependências de um colégio de elite.
2. Convide-os a buscar a resposta a essas
questões nas páginas do livro, mas tam-bém proponha uma refl exão a respeito do comportamento das pessoas diante da diferença de cor de pele. Como se comportam professores e colegas da es-cola em que estudam os dois rapazes no enfrentamento das questões raciais e de classe social?
Depois da leitura ✦ nas tramas do texto
1. Convide a turma a recuperar oralmente
os principais episódios da narrativa. Uma forma interessante de fazê-lo é retomar os dois textos da epígrafe, mas também relacionar os episódios narrados às duas fábulas citadas no capítulo “O fantasma do francês”:
a) A fábula de La Fontaine, “O leão morto pelo homem”, que Lúcio precisava traduzir para dona Cyrina.
b) A fábula do lobo e os carneiros, que o pai de Edna reconta em uma de suas apa-rições à fi lha.
2. Acostumamo-nos ao desrespeito, à
agressão, à humilhação. Tratar as pessoas assim é tratá-las de modo injusto e indig-no. Essas “pequenas violências” que per-passam o cotidiano escolar se banalizaram a ponto de acharmos que é normal. Justiça e dignidade são virtudes morais que pre-cisam ser debatidas na escola.
a) Organize a turma em nove grupos, que terão como tarefa reler um dos nove capí-tulos do livro para localizar as passagens em que há algum tipo de situação de des-respeito, agressão e humilhação.
b) Peça que analisem como as personagens reagem às situações: os agressores, as víti-mas e os que assistem à cena.
c) Proponha também que avaliem o trata-mento que os adultos dão a essas situações quando precisam intermediá-las.
d) Como imaginam ser possível enfrentar o problema por meio do diálogo?
3. As condições desiguais que separam
ne-gros e brancos no país são claramente ex-pressas nos dados da pesquisa PNAD/2004 do IBGE: a renda média mensal dos empre-gados que se declaram negros e pardos é de R$ 443,00 ante os R$ 892,00 dos que se declaram brancos. Os negros ainda rece-bem 20% menos que os brancos, ainda que tenham a mesma escolaridade. As mulheres negras têm um rendimento médio 18% menor do que a média total da população afro-descendente.
Para estudar o assunto com os alunos, consulte a página do IBGE no endereço abaixo:
http://www.ibge.gov.br/home/estatis-tica/populacao/trabalhoerendimento/ pnad2004/default.shtm
4. Na edição de número 49 da revista
Com-Ciência –– Revista Eletrônica de Jornalismo Científi co –– de novembro de 2003, que trouxe como tema “O Brasil Negro”, é possível encontrar vários artigos para apro-fundar a refl exão sobre o tema:
a) Ações afi rmativas e políticas de afi rma-ção do negro no Brasil.
b) População negra no mercado de trabalho. c) Sistema de cotas para negros amplia debate sobre racismo.
d) Desconhecimento cria a idéia de uma "só África".
e) Presença do negro na mídia é marcada pelo preconceito.
f) Hip Hop fala contra o racismo e a desi-gualdade social.
Visite o endereço:
http://www.comciencia.br/reportagens/ne-gros/01.shtml
5. Uma outra possibilidade de
aprofunda-mento é conhecer a íntegra do Plano
Nacio-nal de Combate ao Racismo e à Intolerância. Para tanto, consulte a página do Ministério da Justiça no seguinte endereço:
http://www.mj.gov.br/sedh/rndh/racismo. html
6. Aproveite a leitura do livro para
desmas-carar os discursos pseudocientífi cos que dão sustentação às teorias racistas. Atu-almente, pesquisas provenientes de áreas como a biologia, a etnologia e a genética vêm destruindo a idéia de que há grupos humanos inferiores. Que tal desenvolver um projeto interdisciplinar para debater o assunto?
✦ nas ondas do som
A presença de trechos em francês no livro propõe uma oportunidade rara: a de tentar ler uma língua latina como o português. Para estimular a leitura, sugerimos ouvir com os alunos duas canções: Touche pas à mon pote (Não toque no meu camarada, companheiro, mano, brother), com letra e música de Gilberto Gil cujo título faz refe-rência ao slogan de um dos movimentos de combate ao racismo na França. Para saber mais, visite o site http://www.sos-racisme. org/
La lune de Gorée, com música de Gilberto Gil e letra de Capinan, faz parte do CD Quanta. A Ilha de Gorée, situada ao largo da costa do Senegal, em frente de Dakar, foi, entre os séculos XV e XIX, o maior cen-tro de comércio de escravos da África. As duas letras, na íntegra, você encontra no site ofi cial de Gilberto Gil: http://www. gilbertogil.com.br/sec_discografia_obra. php?id=392
✦ nas telas do cinema
De tanto bater, meu coração parou, dirigi-do por Jacques Audiard e distribuídirigi-do pela Videofi lmes.
Um homem de 28 anos, que parece destina-do a seguir os passos de seu pai no imoral e, às vezes, brutal mercado de negócios imo-biliários, depara-se com uma oportunidade inesperada que o faz acreditar que possa se tornar um grande pianista, assim como foi sua mãe. Dedicado, começa a se preparar para uma audição com uma virtuose chinesa que não fala sua língua. Porém, as pressões de seu trabalho diário logo se mostram mais pesadas do que poderia suportar.
DICAS DE LEITURA ◗ da mesma autora
Revolução em mim –– São Paulo, Moder-na
Eles não são anjos como eu –– São Paulo, Moderna
Crescer é perigoso –– São Paulo, Moderna O primeiro beijo –– São Paulo, Moderna Clube do beijo –– Rio de Janeiro, Rocco
◗ sobre o mesmo gênero
Na cor da pele –– Júlio Emílio Braz, Rio de Janeiro, José Olympio
Irmão negro –– Walcyr Carrasco, São Paulo, Moderna
O jogo da vida –– Vinicius Caldevilla, São Paulo, Moderna
◗ leitura de desafi o
A bíblia envenenada, de Bárbara Kingsol-ver, Rio de Janeiro, Revan.
Ficção com lastro na história real, o livro narra a aventura de um religioso norte-americano que, no fi nal dos anos 1950, leva a família para o então Congo Belga, no coração da África, com a missão de con-quistar, para a civilização cristã ocidental, corações e mentes dos africanos. O roman-ce é composto por narrativas alternadas da esposa e das quatro fi lhas menores do pas-tor, através das quais o leitor acompanha o amadurecimento de cada uma delas no convívio com a realidade da África.
MARCIA KUPSTAS
De tanto bater, meu coração se cansou
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ela mesma declara, o preconceito pode se disfarçar em piadinhas aparentemente inocentes, ou a soberba, em generosidade hipócrita. As questões que coloca para a fi cção –– como se comportam professores e colegas diante da diferença de cor de pele, de poder aquisitivo –– são questões que precisam ser enfrentadas no cotidiano escolar. Infelizmente, o molestamento e a humilhação no interior da escola não são apenas fenômeno fi ccional. Porém, é necessário que educadores se preparem muito bem para promover um debate pro-dutivo, em que, de fato, se problematize a questão. Para isso, é preciso compreen-der o que está por trás dela, estudar seus múltiplos aspectos: sociológico, histórico, cultural etc.
A fi cção de Marcia, inteligente e corajosa, pode disparar um debate mais que urgen-te. Afi nal, segundo os dados do IBGE, se somarmos os brasileiros que se declaram “pretos” aos que se declaram “pardos”, trata-se de um grupo populacional de mais de 47% da população do país.
QUADRO-SÍNTESE Gênero: novela
Palavras-chave: preconceito, racismo,
escola
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,
Geografi a, História
Temas transversais: Ética
Público-alvo: alunos de 7a e 8a séries do
Ensino Fundamental
PROPOSTAS DE ATIVIDADES Antes da leitura
1. Observe a capa de Andréia Vilela. Lado a
lado, o contraste entre um corpo feminino, branco, e um corpo masculino, negro. O contato entre os braços se alonga na sime-tria da regata branca que ambos vestem. Do rosto, apenas o detalhe das orelhas. Entre eles, o fundo branco em que se lê o título que desenha um coração cujo con-torno se completa com a linha do ombro
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UM POUCO SOBRE A AUTORA
Marcia Kupstas nasceu na cidade de São Paulo, em setembro de 1957. Infl uenciada pela mãe, que sempre gostou muito de ler, desde cedo Marcia conviveu com os livros. Começou a escrever na adolescência, par-ticipando de grupos literários. Formou-se em Letras pela USP. Passou a sistematizar sua produção literária a partir de 1984, ga-nhou alguns concursos e publicou contos e resenhas em jornais e revistas. No ano de 1986, publicou seu primeiro livro, Crescer é perigoso, pela editora Moderna. Foi uma obra que, na época, causou grande impacto. Marcia ganhou o Prêmio Revelação do Con-curso Mercedes-Benz de Literatura Juvenil, em 1988. Desde então não parou mais de escrever. Já coordenou projetos nas áreas de Língua Portuguesa e Literatura, participou de antologias, escreveu livros infantis, ju-venis, para adultos, ensaios, contando com mais de setenta obras publicadas.
RESENHA
Durante o velório de Pierre Daveaux, padre Leon, seu sobrinho francês, o localiza após muitas tentativas. O padre, reconhecendo a difícil situação econômica da família do tio, propõe a Edna, fi lha de Pierre, uma bolsa
de estudos para seus fi lhos em um impor-tante colégio de elite da cidade, mantido pela congregação a que pertence. Após alguma resistência, Edna concorda com a matrícula dos fi lhos, Lúcio e Benjamim. Tampouco é fácil para o padre Leon con-vencer o reitor do colégio, Paul-Jacques, a concordar com a matrícula, pois, embora não declare, fi ca evidente sua relutância em aceitar a presença dos irmãos Daveaux: eles são pobres e de origem negra pelo lado materno.
No colégio, a vida dos dois jovens é muito dura. Moram em um local muito distante, precisam se dedicar a atividades comple-mentares para assimilar o conteúdo das diferentes matérias do currículo. Mas o que mais os afl ige são as muitas situações de provocação e de racismo, que começam com piadinhas grosseiras e se expandem até a execução de um plano que tem por objetivo criar um fl agrante para acusar Benjamim de furto e afastá-lo da namora-da Vicki, cuja rica família não vê com bons olhos seu envolvimento com o garoto ne-gro da periferia.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Marcia Kupstas discute nesse livro a temáti-ca da intolerância e do preconceito. Como
das personagens. Economicamente, o tema do livro está colocado.
2. O título do livro De tanto bater, meu
coração se cansou instiga a curiosidade do leitor. A frase pode se referir ao con-fl ito da narrativa, isto é, à situação que desencadeou os acontecimentos: cansada de algo, a personagem vai à luta. Mas pode se referir também ao desfecho, isto é, aos sentimentos da personagem após ter enfrentado muitas situações adversas: cansada de algo, desiste.
3. No texto da quarta capa, há uma série
de frases orientadoras:
a) Quando o amor tem de se defender do preconceito e da inveja...
b) Quando a intolerância e o racismo se disfarçam de generosidade...
c) Quando a dignidade tem de se defender na raça...
Verifi que se os estudantes percebem que tais frases confi rmam a hipótese de que o título faz alusão ao confl ito, pois cada uma delas apresenta um problema relacionado à questão racial, e as reticências instigam o leitor a imaginar como esse confl ito será enfrentado pela personagem: cansada de enfrentar um estado de coisas –– o precon-ceito ––, algo vai acontecer.
4. Leia para a turma os textos da epígrafe.
a) Explore as oposições presentes na frase
de La Fontaine: rico X pobre; branco X
negro. O que a máxima revela em relação “aos julgamentos da corte”?
b) E o pequeno texto expositivo sobre a pesca dos caranguejos? Que temas se es-condem por trás dele?
Durante a leitura
1. Leia para os estudantes a parte em que a
autora apresenta os motivos que a levaram a escrever o livro. Verifi que se localizam os trechos em que Marcia Kupstas apresenta, explicitamente, alguns elementos da intri-ga: Como reagem professores e colegas, numa escola de elite, quando dois rapazes
negros e pobres vão estudar no grande colégio? Como as pessoas se comportam diante da diferença de cor de pele, de costumes, de poder aquisitivo?
a) Personagens: professores, estudantes, os dois rapazes negros (protagonistas). b) Espaço principal: as dependências de um colégio de elite.
2. Convide-os a buscar a resposta a essas
questões nas páginas do livro, mas tam-bém proponha uma refl exão a respeito do comportamento das pessoas diante da diferença de cor de pele. Como se comportam professores e colegas da es-cola em que estudam os dois rapazes no enfrentamento das questões raciais e de classe social?
Depois da leitura ✦ nas tramas do texto
1. Convide a turma a recuperar oralmente
os principais episódios da narrativa. Uma forma interessante de fazê-lo é retomar os dois textos da epígrafe, mas também relacionar os episódios narrados às duas fábulas citadas no capítulo “O fantasma do francês”:
a) A fábula de La Fontaine, “O leão morto pelo homem”, que Lúcio precisava traduzir para dona Cyrina.
b) A fábula do lobo e os carneiros, que o pai de Edna reconta em uma de suas apa-rições à fi lha.
2. Acostumamo-nos ao desrespeito, à
agressão, à humilhação. Tratar as pessoas assim é tratá-las de modo injusto e indig-no. Essas “pequenas violências” que per-passam o cotidiano escolar se banalizaram a ponto de acharmos que é normal. Justiça e dignidade são virtudes morais que pre-cisam ser debatidas na escola.
a) Organize a turma em nove grupos, que terão como tarefa reler um dos nove capí-tulos do livro para localizar as passagens em que há algum tipo de situação de des-respeito, agressão e humilhação.
b) Peça que analisem como as personagens reagem às situações: os agressores, as víti-mas e os que assistem à cena.
c) Proponha também que avaliem o trata-mento que os adultos dão a essas situações quando precisam intermediá-las.
d) Como imaginam ser possível enfrentar o problema por meio do diálogo?
3. As condições desiguais que separam
ne-gros e brancos no país são claramente ex-pressas nos dados da pesquisa PNAD/2004 do IBGE: a renda média mensal dos empre-gados que se declaram negros e pardos é de R$ 443,00 ante os R$ 892,00 dos que se declaram brancos. Os negros ainda rece-bem 20% menos que os brancos, ainda que tenham a mesma escolaridade. As mulheres negras têm um rendimento médio 18% menor do que a média total da população afro-descendente.
Para estudar o assunto com os alunos, consulte a página do IBGE no endereço abaixo:
http://www.ibge.gov.br/home/estatis-tica/populacao/trabalhoerendimento/ pnad2004/default.shtm
4. Na edição de número 49 da revista
Com-Ciência –– Revista Eletrônica de Jornalismo Científi co –– de novembro de 2003, que trouxe como tema “O Brasil Negro”, é possível encontrar vários artigos para apro-fundar a refl exão sobre o tema:
a) Ações afi rmativas e políticas de afi rma-ção do negro no Brasil.
b) População negra no mercado de trabalho. c) Sistema de cotas para negros amplia debate sobre racismo.
d) Desconhecimento cria a idéia de uma "só África".
e) Presença do negro na mídia é marcada pelo preconceito.
f) Hip Hop fala contra o racismo e a desi-gualdade social.
Visite o endereço:
http://www.comciencia.br/reportagens/ne-gros/01.shtml
5. Uma outra possibilidade de
aprofunda-mento é conhecer a íntegra do Plano
Nacio-nal de Combate ao Racismo e à Intolerância. Para tanto, consulte a página do Ministério da Justiça no seguinte endereço:
http://www.mj.gov.br/sedh/rndh/racismo. html
6. Aproveite a leitura do livro para
desmas-carar os discursos pseudocientífi cos que dão sustentação às teorias racistas. Atu-almente, pesquisas provenientes de áreas como a biologia, a etnologia e a genética vêm destruindo a idéia de que há grupos humanos inferiores. Que tal desenvolver um projeto interdisciplinar para debater o assunto?
✦ nas ondas do som
A presença de trechos em francês no livro propõe uma oportunidade rara: a de tentar ler uma língua latina como o português. Para estimular a leitura, sugerimos ouvir com os alunos duas canções: Touche pas à mon pote (Não toque no meu camarada, companheiro, mano, brother), com letra e música de Gilberto Gil cujo título faz refe-rência ao slogan de um dos movimentos de combate ao racismo na França. Para saber mais, visite o site http://www.sos-racisme. org/
La lune de Gorée, com música de Gilberto Gil e letra de Capinan, faz parte do CD Quanta. A Ilha de Gorée, situada ao largo da costa do Senegal, em frente de Dakar, foi, entre os séculos XV e XIX, o maior cen-tro de comércio de escravos da África. As duas letras, na íntegra, você encontra no site ofi cial de Gilberto Gil: http://www. gilbertogil.com.br/sec_discografia_obra. php?id=392
✦ nas telas do cinema
De tanto bater, meu coração parou, dirigi-do por Jacques Audiard e distribuídirigi-do pela Videofi lmes.
Um homem de 28 anos, que parece destina-do a seguir os passos de seu pai no imoral e, às vezes, brutal mercado de negócios imo-biliários, depara-se com uma oportunidade inesperada que o faz acreditar que possa se tornar um grande pianista, assim como foi sua mãe. Dedicado, começa a se preparar para uma audição com uma virtuose chinesa que não fala sua língua. Porém, as pressões de seu trabalho diário logo se mostram mais pesadas do que poderia suportar.
DICAS DE LEITURA ◗ da mesma autora
Revolução em mim –– São Paulo, Moder-na
Eles não são anjos como eu –– São Paulo, Moderna
Crescer é perigoso –– São Paulo, Moderna O primeiro beijo –– São Paulo, Moderna Clube do beijo –– Rio de Janeiro, Rocco
◗ sobre o mesmo gênero
Na cor da pele –– Júlio Emílio Braz, Rio de Janeiro, José Olympio
Irmão negro –– Walcyr Carrasco, São Paulo, Moderna
O jogo da vida –– Vinicius Caldevilla, São Paulo, Moderna
◗ leitura de desafi o
A bíblia envenenada, de Bárbara Kingsol-ver, Rio de Janeiro, Revan.
Ficção com lastro na história real, o livro narra a aventura de um religioso norte-americano que, no fi nal dos anos 1950, leva a família para o então Congo Belga, no coração da África, com a missão de con-quistar, para a civilização cristã ocidental, corações e mentes dos africanos. O roman-ce é composto por narrativas alternadas da esposa e das quatro fi lhas menores do pas-tor, através das quais o leitor acompanha o amadurecimento de cada uma delas no convívio com a realidade da África.
MARCIA KUPSTAS
De tanto bater, meu coração se cansou
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