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BC mantém Selic em 2% ao ano, mas já prepara terreno para alta no ano que vem

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Veículo: O Estado de S. Paulo - Caderno: Economia - Seção: - Assunto: Economia

- Página: B1, B2, B3 - Publicação: 10/12/20

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BC mantém Selic em 2% ao ano, mas já prepara

terreno para alta no ano que vem

BC mantém Selic em 2% ao ano, mas já prepara terreno

para alta no ano que vem

Apesar da aceleração das taxas de inflação, Banco Central deixa juro básico

no mesmo nível pela terceira vez consecutiva; porém, no comunicado do

Copom foi retirada expressão técnica que, na prática, permite a possível

elevação da taxa

O Estado de S. Paulo 10 Dec 2020

Fabrício de Castro Eduardo Rodrigues/ COLABOROU ALTAMIRO SILVA JUNIOR

O Banco Central manteve a Selic (taxa básica da economia) em 2% ao ano, apesar da aceleração da inflação. Em seu comunicado, o BC preparou terreno para possível elevação dos juros em 2021.

Apesar da aceleração recente da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem, por unanimidade, manter a Selic (a taxa básica de juros) em 2% ao ano. Esta é a terceira vez que a Selic não sofre alteração, após nove cortes consecutivos. Com isso, a taxa se manteve no menor nível da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996. Em seu comunicado, no entanto, o BC preparou o terreno para possível elevação dos juros em 2021.

O motivo é que as projeções de inflação estão se aproximando das metas perseguidas pelo BC nos próximos anos. Com isso, a avaliação é de que a instituição poderá acabar com o chamado forward guidance (ou prescrição futura, na tradução do inglês). Adotado em agosto, o forward guidance é uma indicação técnica do BC de que não pretende elevar os juros se a inflação seguir sob controle e o risco fiscal não se alterar. O problema é que, nos últimos meses, a inflação ao consumidor está mais salgada, puxada por aumentos de preços em itens como alimentoseenergia.oipca–índice oficial de inflação – fechou novembro com alta de 0,89%. Esse foi o maior porcentual para o mês desde 2015. Em 12 meses, a inflação acumulada já chega a 4,31%.

Ao avaliar o cenário, o BC afirmou que “em breve, as condições

paraamanutençãodoforwardguidancepodemnãomaissersatisfeitas”.naprática,seretiraresseponto técnico de suas comunicações, o BC ficará mais livre para elevar os juros se achar necessário.

“Adesancoragemdasexpectativas pode ser um problema para manter a inflação na meta no futuro”, avaliou o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo. “O Banco Central está tornando o comunicado mais duro, para evitar que o aumento da inflação de 12 meses, que vai ficar acima da meta nesse período, acabe contaminando e desancorando as expectativas.”

Nomercadofinanceiro,aexpectativa de alta de juros em 2021 já é uma realidade. De um total de 47 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperavam pela manutenção da Selic em 2% ao ano ontem. Porém, questionadas sobre o valor da taxa básica no fim de 2021, as casas citaram porcentuais entre 2% e 4,75%.

No Relatório de Mercado Focus, que compila as projeções das instituições financeiras, a expectativa é de que a Selic suba para 2,25% em agosto do próximo ano. O mês marcaria o início do ciclo de alta de juros. Mas pelo menos uma instituição, conforme o Focus, espera por uma elevação já em janeiro. Esses cálculos foram feitos antes da decisão de ontem.

No comunicado, o BC também alterou suas projeções para a inflação em 2020, de 3,1% para 4,3%. O valorjáestáacimadocentrodameta perseguida, de 4% – a margem detolerânciaéde1,5pontoporcentual (índice de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, o BC elevou a projeção de inflação de 3,1% para 3,4% e, em 2022, de 3,3% para 3,4%. Como a meta de 2022 é de 3,50%, o porcentual de 3,4% já estaria bem próximo do desejado – esse é mais um fator que pode contribuir para o BC elevar os juros em 2021.

Com a Selic a 2% ao ano, o Brasil vemsustentandoumasituaçãoincomum em sua história: a de figurar entre os países com os juros reais (descontada a inflação) mais baixos do mundo. Cálculos do site Moneyou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está em -1,69% ao ano.

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começam a ser aplicadas em outros países, o BC avaliou de forma positiva a possibilidade de imunização. No comunicado, ao analisar a economia global, a instituição afirmou que “os resultados promissores nos testes das vacinas tendem a trazer melhora da confiança e normalização da atividade no médio prazo”. /

Analistas preveem alta de juro mais cedo

No Boletim Focus, mexida na Selic é esperada para setembro, mas cada vez

mais analistas projetam elevação da taxa para meados de 2021

O Estado de S. Paulo 10 Dec 2020

Cícero Cotrim Douglas Gavras Maria Regina Silva Thaís Barcellos

ANDRE DUSEK/ESTADÃO - 21/6/2013 Regra. Indicação do BC de que não deve elevar juros com inflação sob controle pode cair

Diante do aumento da inflação, em meio ao ambiente de incerteza fiscal e à recuperação econômica mais rápida que o esperado, as apostas de economistas e agentes do mercado para uma alta dos juros estão sendo antecipadas. No Boletim Focus, do Banco Central, a alta da Selic é esperada para setembro, mas cada vez mais analistas passam a projetar uma elevação da taxa Selic já em meados do ano.

Para o economista da MB Associados e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, a inflação está terminando o ano bastante pressionada, o que mexe nas previsões sobre os juros. “Para o ano que vem, a inflação para o consumidor vai continuar subindo em 12 meses, com um pico por volta de maio. E os preços no atacado continuarão bastante pressionados. Muitas empresas vão preferir perder mercado e elevar preços.”

Ele ressalta que a inflação seguirá bastante pressionada no avançar do ano que vem. “Por essa razão, o BC vai acabar tendo de se render à realidade e começar a elevar a taxa Selic no mês de junho, mais ou menos. Com isso, a política monetária deve se alterar. É preciso lembrar também que as taxas longas de juros estão muito altas.”

Outro exemplo é o Jpmorgan. O banco antecipou a estimativa para o início do ciclo de alta de juros do início de 2022 para agosto de 2021. A economista-chefe do banco, Cassiana Fernandez, explica que a revisão foi motivada pelo cenário mais favorável para a recuperação econômica, principalmente no fim de 2021 e início de 2022, com a perspectiva de vacinação de ampla parcela da população contra a covid-19.

“Os números recentes de inflação começaram a incomodar. Desde o último Copom, a mediana do Focus para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo (IPCA) de 2021 passou de 3,0% para 3,47%. É um aumento relevante que deve acender a luz amarela.”

No início de novembro, o Credit Suisse já havia alterado o cenário para a política monetária, prevendo início do aumento de juros em junho, em vez de no segundo semestre do ano que vem, levando a Selic a terminar dezembro em 4,50%.

Da mesma forma, o Banco BV recentemente antecipou a expectativa de início da alta de juros de outubro para agosto de 2021, devido à retomada mais rápida da economia global, que deve “levar pressão” para 2022. A taxa Selic deve terminar o ano que vem em 3% e, depois de um ciclo longo, chegar a 6%.

Reajuste. No curto prazo, porém, o aumento das projeções de IPCA em 2020 devido à antecipação da retomada da bandeiras tarifárias pela Aneel não deve ser problema para o BC. “Isso deve dar mais conforto para o Banco Central, pois a inflação tende a ficar menor, gerando uma inércia menor para 2022”, diz o economista Carlos Lopes, do Banco BV.

O Banco Safra também já admite antecipar sua aposta para o início do aperto monetário do quarto trimestre “para o terceiro ou possivelmente para finais do segundo trimestre”, conforme relatório semanal. Segundo o banco, as seguidas revisões para cima nas projeções de inflação de 2021 têm levado ao questionamento sobre as condições para a manutenção dos juros no nível atual.

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discussões sobre quando deve acontecer estão sendo muito influenciadas pela inflação mais recente. “Honestamente, não é que seja um problema. Quando acontece um terremoto, logo depois tem uma série de pequenos tremores, a terra continua tremendo até que se estabilize novamente. A covid-19 foi o terremoto e esses números de inflação são as acomodações, mas vão começar a diminuir de intensidade. Pesa, sim, sobre os mais pobres, mas é algo passageiro.”

“Os números recentes de inflação começaram a incomodar (...) Deveria acender a luz amarela do BC.” Cassiana Fernandez

ECONOMISTA-CHEFE DO JPMORGAN

BC sentiu golpe da inflação e avisou que pode rever

política de dinheiro mais frouxo.

O Estado de S. Paulo 10 Dec 2020 Celso Ming

Ainflação voltou a dar seus pinotes, ameaça voltar aos 6,0% ao ano daqui a cinco meses e, no entanto, o Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária, o Copom, manteve os juros básicos (Selic) nos 2,0% ao ano (veja gráfico). Mas sentiu o golpe e avisou que pode ter de rever sua política de dinheiro mais frouxa e puxar novamente pelos juros.

Primeiramente, aos números. Nos 11 primeiros meses deste ano, a inflação acumulada no ano chegou aos 3,13% e foi para 4,31% em 12 meses (veja gráfico). Em junho, a expectativa do mercado, medida pelo Boletim Focus, do Banco Central, apontava para todo o ano uma inflação (evolução do IPCA) não superior a 1,6%. Agora, ninguém espera menos de 4,0%.

No segmento dos preços no atacado, houve uma disparada e tanto. O IGPM, em cuja composição entram 60% de preços no atacado, acumulou neste ano até o final de novembro alta de 21,97% e pode ir mais longe. Como o atacado de hoje tende a ser o varejo de amanhã, parte da alta no atacado pode ser transferida para o consumidor.

Para o Banco Central, essa inflação é o resultado de choques anômalos e temporários. A pandemia desorganizou a cadeia de fornecimentos e suprimentos. Na retomada da atividade econômica, muitas empresas foram apanhadas com estoques baixos demais. A pressão da demanda empurrou os preços para cima. A alta das commodities (cotadas em dólares) foi turbinada também pelo avanço do dólar em reais. E houve, em novembro, o reajuste dos preços da energia elétrica.

O Banco Central argumenta que essa esticada da inflação tende agora a refluir, ainda que seus efeitos acumulados se estendam até meados de 2021. Convém juntar os argumentos: o auxílio emergencial que distribuiu mais de R$ 275 bilhões a cerca de 68 milhões de pessoas e foi fator de aumento da demanda de alimentos e materiais de construção civil vai terminar agora em dezembro. E, se tiver continuidade, será por uma fração do valor pago até aqui. Termina, também, o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que beneficiou cerca de 9,8 milhões de trabalhadores. Portanto, mais desemprego significará também menor pressão de demanda. A alta das commodities agrícolas perderá força e esse enfraquecimento virá acompanhado de uma queda da cotação do dólar em reais, movimento que já começou. Por fim, a reativação da economia reorganizará as cadeias de fornecimento e suprimento. Com isso, o fluxo de estoques também voltará ao normal.

Se essa inflação não é causada por excesso de dinheiro no mercado e tende a perder força, não faz sentido puxar para cima os juros. É o que está subentendido no comunicado divulgado logo após a reunião do Copom nesta quarta-feira. A manutenção da Selic a 2,0% ao ano produz um efeito fiscal benéfico, não mencionado pelo comunicado: reduz as despesas com os juros da dívida e, nessas condições, retarda seu crescimento.

Essa estratégia do Copom tem chance de dar certo. Mas pode dar errado, quando se levam em conta outros fatores. O fator político, por exemplo, nunca estará sob controle das autoridades da área econômica e monetária.

O jogo de forças entre o governo e o Congresso é caótico e deve continuar assim. Sabe-se lá até que ponto será possível obter um equilíbrio mínimo nas contas públicas. E ainda há o risco de que a campanha eleitoral de 2022 seja antecipada para 2021 e piore tudo. O comunicado reconhece isso, mas adverte que nem essa hipótese de que os juros subirão será a correta, pois é preciso levar em conta também a fragilidade da recuperação.

EM PORCENTAGEM

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