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Simpósio: um quarto de século de melhoramento de plantas participativo: tradições com futuro para sistemas sustentáveis

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Academic year: 2021

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Simpósio: um quarto de século de melhoramento de plantas participativo: tradições

com futuro para sistemas sustentáveis

Autor(es):

Moreira, Pedro Mendes

Publicado por:

Publindústria

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29972

Accessed :

5-Jul-2021 00:33:25

digitalis.uc.pt

impactum.uc.pt

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SIMPÓSIO

UM QUARTO DE SÉCULO

DE MELHORAMENTO

DE PLANTAS PARTICIPATIVO:

TRADIÇÕES COM FUTURO PARA

SISTEMAS SUSTENTÁVEIS

O

simpósio “Um quarto de Século de Melhoramento de Plantas Participativo: Tradi-ções com Futuro para Sistemas Sustentáveis” reuniu investigadores de 11 países e de 23 Instituições, na Escola Superior Agrária de Coimbra, no passado dia 10 de abril, no âmbito projeto SOLIBAM inserido no 7º programa quadro da União Europeia. O projeto SOLIBAM tem por objetivo o desenvolvimento de abordagens inovadoras que integrem o melhoramento de plantas e técnicas culturais. Estas abordagens permitirão o aumento do desempe-nho, da qualidade, sustentabilidade e estabilidade das culturas adaptadas aos sistemas de agricultura biológica e de baixo consumo de fatores externos, quer na Europa quer na África Subsariana. Deste modo, temas como o aumento da diversidade das culturas em sistemas de agricultura biológica e de baixo consumo de fatores externos, ensaios multilocais, desenvolvimento de novas variedades e comelhoramento, assim como a modificação da legislação de sementes, são elementos de base deste projeto. Adicionalmente o projeto SOLIBAM desenvolve estratégias de melhoramento participativo e de gestão agrícola específicas para zonas marginais e de minifúndio na Europa e em África; onde todos os atores, incluindo os utilizadores finais e consumidores, são envolvidos no melhoramento de variedades para agricultura biológica e de baixo consumo de fatores externos.

O Projeto SOLIBAM oferece uma mudança de paradigma e as bases científicas adaptam--se à realidade portuguesa e particularmente ao norte e centro do país. Sendo o melhoramento participativo uma componente de destaque do SOLIBAM, aproveitamos a oportunidade para o propor como tema do simpósio e homenagear o seu pioneiro na Europa, Silas Pêgo. Este enten-deu a tempo, que era urgente recolher recursos genéticos que estavam em risco de desaparecer e lançou as bases do que viria a ser o BPGV (Banco Português de Germoplasma Vegetal). A perceção do valor dos recursos genéticos locais e a necessidade destes serem melhorados no campo do agricultor, na conservação in situ/on farm, conduziu ao nascimento, em 1984, do primeiro projeto europeu de melhoramento participativo que se designou de projeto VASO (Vale do Sousa).

O presente simpósio constituiu uma oportunidade única de conhecer o que tem sido feito na área do melhoramento de plantas e gestão participativa a nível mundial e congregou alguns dos maiores especialistas mundiais na área com provas consistentes no terreno e para benefício dos agricultores e comunidades.

De um pequeno grupo a nível mundial, o melhoramento participativo de plantas foi ganhando cada vez mais adeptos e bases cien-tíficas sólidas. Tem-se conseguido aumentar a produção dos agricultores com custos com-petitivos, melhorando o ecossistema agrícola, o que terá consequências a nível do aumento da multifuncionalidade como é o caso do eco-turismo, o que poderá ser importante para os novos agricultores em Portugal. Só no Brasil o projeto liderado por Altair Machado, inves-tigador da Embrapa, e que marcou presença no simpósio, conta com mais de 200 000 agri-cultores e as estratégias de gestão da agrobio-diversidade em melhoramento participativo tem-se revelado bastante positivas no plano económico. A título de exemplo, o ensaio nacional de variedades do Brasil indicou a variedade Eldorado como a terceira mais pro-dutiva do Brasil. Segundo Altair Machado, no início, o projeto centrado no milho, foi sendo alargado para outras espécies como o feijão, mandioca, hortaliças e adubos verdes, tendo--se incluído a gestão dos agroecossistemas e a recomposição das paisagens locais.

A vasta experiência internacional de Salvatore Ceccarelli, consultor do CGIAR--ICARDA, trouxe-nos a panorâmica interna-cional do melhoramento participativo,

apre-105

AGROTEC / JUNHO 2013

FE I RA S

D E S T A Q U E

&

E V E N T O S

Por:

Pedro Mendes Moreira

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As atividades desenvolvidas pelo grupo on-farm conservation do European Cooperative Programme for Plant Genetic Resources (ECPGR), destacaram o melhoramento de plantas participativo na conservação da diversidade, mantendo-a em evolução e favorecendo a resi-liência às mudanças climáticas e às pragas e doenças das culturas. Sendo também um sólido argumento para a sua inclusão no segundo pilar da Política Agrícola Comum (PAC), o pilar da gestão sustentável dos recursos naturais e desenvolvimento sustentável nas áreas rurais. Assim, a ação deste grupo de trabalho é crucial para os anos vindouros e o seu fortalecimento indis-pensável.

Figura 2

O investigador Altair Machado explica o sucesso do melhoramento participativo de plantas no Brasil.

A coordenadora do projeto SOLIBAM, Véronique Chable deu-nos uma panorâmica sobre os trabalhos que têm sido realizados no projeto e de como as variedades tradicionais poderão adaptar-se às práticas dos agricultores, gestão das culturas e requisitos de qualidade. Processo que passa por fortes inovações coletivas como o envolvimento de diversos atores na discussão de dados e troca de sementes, pelas ferramentas genéricas para construir as bases do melhora-mento coletivo e gestão da diversidade e aumelhora-mento da capacidade de aprendizagem e autonomia para o melhoramento e gestão da diversidade. Para os investigadores o desafio do SOLIBAM é passar da multidisciplinaridade para a transdisciplinaridade. Foi também lançada a discussão sobre os meios que poderão ser empregues para alavancar o melhoramento participativo e refe-rido que no programa Horizon 2020 dar-se-á maior ênfase à investigação aplicada às culturas e à participação das pequenas e médias empresas.

Por fim, Riccardo Bocci , responsável no projeto SOLIBAM pela disseminação, formação e transferência de tecnologia, referiu algumas das lições aprendidas durante o projeto SOLIBAM. Essas lições podem ser resumidas nos seguintes pontos: partilhar é importante para inovar, a diversidade é a chave da sustentabilidade, tecnologia e progresso não são processos lineares, os sistemas informais de troca de sementes existem, apesar da legislação, e contribuem para a segurança alimentar mesmo em países desenvolvidos, novos acordos internacionais suportam a conservação e gestão on-farm. Foram também indicados alguns dos problemas chave e a necessidades de repensar a legislação de sementes ao nível da propriedade à proteção e reconhe-cimento, de direitos individuais a coletivos, de um catálogo oficial de variedades a um registo das variedades dos agricultores, dos critérios de distinto, uniforme e estável a identificável. sentando os aspetos positivos como é o caso

da mudança na atitude e envolvimento dos agricultores e os aspetos negativos tal como a atitude institucional e de alguns investiga-dores e as constrições legais na produção de sementes. De acordo com Salvatore Ceccare-lli, presentemente 47 países têm ou tiveram programas de melhoramento em 26 culturas (13 cereais, 6 leguminosas, 3 em raízes ou tu-bérculos, 2 hortícolas, 2 culturas industriais). Verifica-se também que o melhoramento participativo de plantas tem aumentado a eficiência do melhoramento de plantas. Fo-ram também elencadas pelo consultor algu-mas das fraquezas detetadas nos sistealgu-mas de certificação de sementes, onde muitas vezes são realizados em ambientes de estação, não tendo em conta rotações e sucessões de cultu-ras, com delineamentos estatísticos obsoletos e as opiniões dos agricultores são ignoradas e onde a produção é a característica decisiva. Algumas das inovações metodológicas foram apresentadas e tem vindo a tornar cada vez mais eficaz e cientificamente robusto o me-lhoramento participativo. O meme-lhoramento de plantas evolutivo foi também apresentado podendo adaptar-se a ambientes de agricultu-ra biológica, tornando os agricultores autos-suficientes na produção de sementes.

Figura 1

Silas Pêgo que fundou o primeiro projecto europeu de melhoramento participativo, no Vale do Sousa, em 1984 foi homenageado no simpósio

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D E S T A Q U E

&

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A organização do presente simpósio foi também uma ref lexão e uma tomada de consciência dos sucessos alcançados pelo melhora-mento e gestão participativa. Sucessos que a União Europeia segue com interesse através do projeto SOLIBAM. Os agricultores que conservaram as suas variedades tradicionais fazem-no por razões históricas, organoléticas e de adaptação ao seu sistema agrícola, mas também é altamente provável que algumas destas variedades façam a diferença para as gerações futuras. A conjuntura atual, mais do que nunca, indica-nos que é urgente ter projetos alterna-tivos em que o melhoramento participativo de variedades tradi-cionais seja considerado e que a soberania alimentar seja tida em consideração. Por exemplo, no vale do Mondego a conta de cultura pode chegar a 70%. Destes, 10% são respeitantes a mão de obra, o que indica que os 60% englobam os custos com máquinas, secagem, sementes, herbicidas e sistemas de rega; ou seja, produtos que direta ou indiretamente são importados.

Portugal tem para os produtos agrícolas (inclui o vinho e azei-te) 83% de autossuficiência, mas evidencia uma forte dependência do exterior em cereais e leguminosas. Esta dependência verifica-se também no setor das sementes, que em 2008 representou 197 mi-lhões de euros, correspondendo a 2,8% do PIB agrícola português. No setor das sementes as exportações representam 4,6 Milhões de Euros e as importações 53,2 Milhões de Euros (INE, 2009). A di-minuição deste défice exige uma articulação entre a investigação, agricultores e outros atores. Portugal é um país que ainda é rico em recursos genético, mas não basta. É necessário tornar esses recur-sos genéticos minimamente competitivos, aumentando a produção e mantendo a qualidade e consequentemente a soberania alimentar.

Numa área rondando os 150 000 hectares, a produção de mi-lho nacional em 2011 representou 831 706 toneladas tendo sido a produção mundial de 876 milhões de toneladas., Portugal produziu cerca de 0,1% do milho do planeta. Contudo e contrariamente ao que sucede com muitos outros países, Portugal tem um importan-te legado de variedades tradicionais de milho especialmenimportan-te vo-cacionadas para a alimentação humana, umas ainda conservadas nos campos dos agricultores, outras encontram-se em bancos de germoplasma nacionais, mas geralmente sem uma estratégia de utilização de longo prazo. Este legado poder-nos-ia diferenciar no mercado mundial, caso quiséssemos ter projetos alternativos com uma escala maior. O projeto VASO continua bem vivo e através do SOLIBAM com resultados francamente interessantes, temos mais de 12 locais de ensaios espalhados de Braga e Região de Basto ao Ribatejo. A continuação do nosso trabalho depende da colaboração de todos os atores (investigadores e docentes, agricultores, consu-midores, municípios, associações etc.), assim como financiamento, o qual tem sido obtido através de projetos da Fundação da Ciência e Tecnologia, da União Europeia e localmente pelo município de Lousada que tem apoiado o projeto VASO desde longa data.

Afinal, porque é que não podemos comer uma fatia de broa (de boa qualidade, com germoplasma nacional) num voo de uma com-panhia aérea nacional? Temos fado mas também broa! Porque é que as nossas crianças não podem comer nas suas escolas uma fatia de broa nacional genuína?

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Referências

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