ESTUDOS DE VOCABUI.A!UO: UNA OUESTAO QUE 'l'ranscende 0 LIVRO DE POR'l'UGU S. Portuguesa e apoiado basicamente no livro didatico, portanto

ESTUDOS DE VOCABUI.A!UO: UNA OUESTAO QUE 'l'RANSCENDE 0 LIVRO DE POR'l'UGU£S

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Portuguesa e apoiado basicamente no livro didatico, por-tanto urge que ele seja considerado e analisado juntame~

Neste trabalho, objetivo refletir especificaoonte 52 bre os estudos de vocabulario, presentes ern praticarnente todos os livros didaticos de Portugues de Sa. a 8a. se-rie. A escolha desse topico deve-se, principalrnente,a i~ portancia que 0vocabulario desconhecido assume para 0 ~

um serio entrave para a cornpreensao de textos de ~alquer area de estudo.

Exarninando varias coleyoes de livros didaticos,pude constatar que os estudos de vocabulario, que tarnbernapa-recem sob outras denorninayoes, estao sernpre colocados a-pes 0texto basico da unidade ou do capitulo e que a

ti-gradayao quanta ao grau de dificuldade dos exerclcios e-xistente nos livros de Sa. a 8a. serie e deterrninada ap~ nas pela gradayao do grau de dificuldade dos textos nos

Pela tipologia comum dos exercicios e pelos seus objetivos, que geralmente sac apresentados no livro do professor, fica claro que se pretende com os estudos de vocabulario: 0reconhecimento do significado no texto do vocabulario supostamente desconhecido pelo aluno -- "su postamente" porque

e

0autor que 0escolhe -- e 0 enri-quecimento do vocabulario ativo do aluno. Dada a nature za comum da tipologia dos exercicios e de seus objeti-vos, julgo possivel a generalizayao dos comentarios e das reflexoes.

Visando ao primeiro objetivo, isto

e,

a que 0 alu-no compreenda ou descubra 0significado das palavras ou expressoes do texto que 0autor julga dificeis,sao pro-postos exercicios do tipo: a) testes de multipla esco-lha, nos quais 0aluno deve assinalar a alternativa que apresenta 0 significado da palavra em destaque nas ora-yoes dadas ou 0significado da palavra dada, em geral, com a indicayao da linha do texto onde ela aparece; b) relacionamento de duas colunas, uma das palavras difi-ceis e outra dos seus significados; c) "palavras cruz a-das de sinonimos"; d) "loteria de sinonimos".

o

reconhecimento do significado do vocabulario de~ conhecido ja implica, de certa forma, no enriquecimen-to do vocabulario do aluno, mas visando especificamente a esse objetivo, sac propostos exercicios do tipo: a) sUbstituiyao de palavras ou expressoes destacadas por

sinonimos ou antonimos; b) reescrita de oraQoes com subs tituiQao de palavras de sentido figurado; c) r.eescrita de oraQoes com substituiQao de expressoes populares por palavras ou expressoes do registro formal da lingua; d)

derivaQao de palavras por prefixaQao e/ou sUfixaQao. Alguns livros sugerem 0 uso do glossario ou de urn di cionario visando a urn ou outro objetivo. Ha,ainda,os que "facilitam" a leitura do texto apresentando urn "mini-di-cionario" antes do texto, simultaneamente a ele (geral-mente na margem direita) ou imediatamente apos.

A meu ver, os exercicios comentados podem ser uteis ao ensino de Lingua Portuguesa sob certos aspectos, mas sao passiveis de criticas sob muitos outros.

Os exercicios relacionados ao primeiro objetivo me parecem pouco interessantes e pouco eficazes ao que se propoem. A apresentayao das alternativas torna-os muito mecanicos e dissociados do texto, mesmo aqueles que rem~ tern0aluno

a

"linha tal" do texto, pois eles nao exigem do aluno 0uso de sua capacidade textual nem 0capacitam para tal;

e

0 tipo de exercicio que, conforme Luft(1985)

"colaboJt.a paJt.a a pouca pJt.at-ica da lIngua, a -in./leguJt.ant;a

e a pobJt.eza veJt.bal".

o

que me chama a atenyao

e

a total inexistencia de exerclcios ou atividades que instrurnentalizern 0aluno p~ ra 0reconhecimento do vocabulario desconhecido, ou pelo menos de boa parte dele, no momento da leitura. Tais e-xercicios deveriam explorar e desenvolver,

mente

a

capacidade lingdIstica do aluno, a sua capacida-de textual atraves de praticas de estrategias de infere~ cia pelo contexto do vocabulario desconhecido,atraves da identifica~ao das familiaridades lexicais da palavra em questao, entre outras.

Da forma como os exerclcios sac apresentados, 0al~ no se sente sempre dependente dos exerclcios do livro de portugues ou do dicionario para resolver seus problemas de vocabulario e, nao raro, do professor, que funciona como urn "dicionario ambulante".

Julgo imprescindlvel que 0aluno saiba que 0 texto -- e nao apenas 0 texto do livro de portugues pede 0-ferecer muitas "pistas" importantes que podem se consti-tuir em estrategias de inferencia de vocabulario des co-nhecido. Se 0 uso dessas estrategias, em certos casos,

nao e suficiente para a determina~ao do significado ex! to da palavra em questao, ele sera, com certeza,util pa-ra a compreensao geral do texto -- que sabemos, indepen-de tambem da compreensao de todas as palavras desconhec! das. ~ importante que nos, professores de portugues, te-nhamos em mente, conforme nos lembra llari (1985), que 0 encontro de vocabulario desconhecido e urna experiencia corriqueira, que devera repetir-se inUmeras vezes pelav! da afora, depois que 0aluno superar a experiencia esco-lar. Assim, e necessario que a escola se preocupe em fOE mar atitudes e consolidar habitosl que se preocupe pri-meiramente em acosturnar 0aluno a indagar 0sentido das

palavras desconhecidas e a aceitar que seus interlocuto-res the exijam esclarecimentos da mesma natureza. Julgo, por isso, que 0 uso do dicionario nao deve pre ceder ao das estrategias de inferencia de vocabulario.

Os exercIcios cujo objetivo

e

a amplia~ao do vocab~ lario ativo do aluno possibilitam a pratica da reda~ao, ainda que apenas de perIodos.

Essa pratica, se bem conduzida para que nao se redu za a processos mecanicos e automaticos, pode levar 0alu no

a

percep~ao das varias possibilidades de expressao de uma ideia,

a

pratica dos varios registros da lIngua e ao uso de vocabulario novo. Mas para que isso realmente ocorra, os livros didaticos devem explicitar a relevan-cia e 0objetivo dos exercIcios para que 0aluno e pro-fessor estejam conscientes do porque das atividades e p~ ra que possam nao apenas realiza-las bern, mas ~que~ tiona-las. A falta de orienta~ao mais especIfica para que o professor possa trabalhar melhor com 0material e mes-mo a falta de indica~oes bibliograficas, e uma grande la cuna dos livros didaticos.

Essas reflexoes me levam a crer que a falta desse trabalho com vocabulario intimamente relacionado ao tex-to, ao contexto e a estrategias de leitura e urn dos fato res que contribuem para que 0 aluno chegue

a

Universida de "sem saber ler".

de portugues; que "l.i.belL-to e conllc.i.en-te de llellll podelLell

de t.i.nglla.gem, ete podelLa. CILe..6CelL, dellenvotvelL up1JU;to CIL::f

-t.i.co e explLelllla.1L -toda. a. lllla. clL.i.a.-t.i.v.i.da.de" (Luft 1985).

lLARI, R. (1985). A lingftIstica e 0ensino da lIngua pOE tuguesa. Sao Paulo, Livraria Martins Fontes Ed. Ltda.

LUFT, C.P.(1985). LIngua e liberdade: por uma concepyao da lIngua materna e seu ensino. Porto Alegre,L & PM.