Título Meu Pai e as Estampas de Eucalol Tipo de Cordel Causo
Temas leitura, eucalol, história Edição Atual 1ª (2020)
1ª Publicação 2020
Autor Gorete Amorim Colaboração Ivânio Cunha
Edição Cárlisson Galdino Localidade Arapiraca-AL
Estrutura 64 sextilhas (6 versos) Estrutura de Rrimas xAxAxA
Ainda quando criança Obrigado a trabalhar Brincadeiras da infância Não podia nem pensar Com o cansaço do dia Mal conseguia estudar.
Falando em estudar
Tinha o destino traçado Educação escolar
Só o ensino primário Pois só um filho de rico Fazia o secundário.
Sua rotina era dura
Logo cedo ele acordava Tomava café ligeiro Se atrasasse apanhava Seu pai era o patrão
Se brincasse o pau cantava.
Seu pai, um comerciante Não contratava empregado Ocupava a família
Com a lida do trabalho Nessa administração Era tudo controlado.
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MEU PAI E AS ESTAMPAS DE EUCALOL
Gorete Amorim Colaboração: Ivânio Cunha
Prestava atenção em tudo Esse era o seu ofício
Punia sem piedade
Qualquer erro cometido Assim contou nosso pai Lamentando o ocorrido.
Não tinha 14 anos Quando foi ameaçado Outra vez estava prestes A ser então castigado Pulou de sobre o balcão Sem tempo de ter cuidado.
Mercearias antigas
Tinham balcão muito alto Geralmente de madeira Rústico ou bem acabado Desses que o meu pai pulou Para não ser castigado.
Ao pular sem nem pensar Caiu dentro de uma lata Era a lata de sardinha Tipo quadrada e alta Fez na perna uma ferida Difícil de ser sarada.
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Uma marca ele carrega Para toda sua vida
Marcas do corpo e da alma Sem tamanho nem medida Fazer do mundo a casa Foi sua única saída.
Da infância também guardou Lembranças bem valiosas Dia a dia na mercearia Despertou vontades novas Deixou brotar fantasias Numa criança curiosa.
Além de vender comida Na mercearia se achava Vassoura, gilete, óleo
Creme dental se comprava Eucalol é o sabonete
Que o povo mais procurava.
Era comum quem comprava Levar até pra presente
Pois vinha em caixas floradas Numa beleza atraente
E fragrâncias variadas
Com gosto pra toda gente.
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Quem desejasse comprar Apenas uma unidade
Também podia encontrar Para atender a vontade Do freguês que desejasse Atender necessidade.
Quando chegavam as coisas Pra arrumar em prateleira Meu pai logo se ocupava Da parte da natureza
Higiene e perfumaria Como tarefa primeira.
Mas por que tanto interesse?
Tinha uma explicação Só tinha um dia feliz Nessa sua obrigação
Quando encontrava Eucalol Pra fazer arrumação.
Perguntava logo ao pai Quantas caixas ia abrir Pra vender por unidade Quando o povo lhe pedir Tinha todo o interesse De algo ali descobrir.
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Cada caixa de Eucalol Vinha com uma estampa Sobre Curiosidades
Viagens e outras tantas Conquista do Pólo Norte Como tema das estampas.
A alegria estampada
Nos olhos cheios de brilho Por encontrar na caixinha Estampa de algum estilo Para a sua coleção
De pares de vários tipos.
Com as estampas de viagens Passeava pelo mundo
Conhecimentos gerais
Ainda que não fosse a fundo De cada lugar um pouco
Aprendia sobre tudo.
“Sabonete do Brasil”
Dizia na propaganda Desperta a curiosidade De uma simples criança Nem por trás de um balcão Paravam suas andanças.
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Em “Viagem pitoresca Através dos continentes”
As estampas lhe envolviam Um horizonte diferente Algo das terras distantes Conhecia de repente.
Vou citar alguns exemplos Para que entendam melhor Curiosidade aguçada
De quem não brincava ao Sol E encontrava o seu alento Nas estampas de Eucalol.
Viu que feira na Indonésia Era de acontecimentos Povos de várias aldeias Iam lá nesses momentos Comprar, vender e também Ver as notícias e eventos.
Sobre as cerimônias fúnebres De lá, também aprendeu
Que se despediam alegres De todo alguém que morreu Crendo que renasceria
Para se juntar aos seus.
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Na dança das borboletas Um ritual de beleza
Sagrado, lá do Japão Religião e natureza
Se unem pra vestir rapazes Dançando em delicadeza.
Oasis em grandes desertos Confortava os viajantes Na Jordânia viram Aldeias Árabes, para os passantes Camelos e mulas lá
Tranquilos a descansar Era fácil esse flagrante.
Cada estampa um novo achado Isso é o que lhe fascinava
Sobre a muralha da China Leu que o olho nem piscava O portão lá de Pequim
Na estampo o encantava.
Já no Palácio Potala
Tinha as relíquias de Buda Mostradas por Dalai-Lama Vinha gente sem disputa De toda Ásia pra adorar Onde o budismo perdura.
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Da Babilônia ao Iraque A história era contada E nas ruínas de Níneva Essa história é encontrada Muitos séculos passaram Na arte é revelada.
Muitos países visitados Tando em seu lugar cativo Citamos alguns exemplos Pro leitor sentir o motivo Das estampas de Eucalol Causarem tanto prestígio.
De toda a África e Ásia Cada estampa passeava Registrando informações Que ninguém imaginava Não havendo bibliotecas Nessa fonte pesquisava.
Além de informações Geográficas, culturais Vinham curiosidades Consideradas mundiais E aquele rapaz franzino As achava colossais.
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Para citar um exemplo Dessas curiosidades
No Egito, em Heliópolis Mais bela entre as cidades Residia o Deus do Sol
Na lenda da antiguidade.
Da cidade nada resta
Como está dito na estampa Lá somente o Obelisco
Permanece pra lembrança Da beleza encantadora Que os sentidos alavanca.
Curiosidade mundial Tinha o Cristo Redentor Conhecido corcovado Todo cheio de esplendor Fazendo o Rio de Janeiro Abrir braços sem pudor.
Da União Soviética
Também tinha curiosidades
No Kremlin, que hoje é o Governo Residiram os Czares
E ainda guarda monumentos Todos espetaculares.
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São palácios e igrejas Mosteiros e muito mais Pertenciam a uma família Ditadora por demais
O patrimônio escapou Como obras ancestrais.
A série do Escotismo Esse menino guardou Nas estampas de Eucalol Ele também encontrou Diversas atividades
Que também lhe encantou.
Escoteiros aprendiam Desde cedo a cozinhar Mesmo não tendo receita Tinham que se preparar Pras situações difíceis Que pudessem encontrar.
Aprendiam a fazer fogo De diferentes maneiras Tinha fogo de aviso
E outros tipos de fogueiras Cada uma com sua função Fogueira até conselheira.
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Também tinha os Escoteiros Para os assuntos do ar
Vestiam uniformes próprios Para se identificar
A estrutura do avião
Todos tinham que estudar.
E os Escoteiros do mar!
Também deviam aprender Coisas sobre embarcação Tudo tinham que saber Se defender dos perigos Que viessem suceder.
Outra série interessante Que ao ver ele já gritava Era a série “Precursores Do Automobilismo” e dava Pra ver tipos de transporte Por horas admirava.
O primeiro carro Fiat*
Duas pessoas transportava O modelo conversível
O dono beneficiava
Acionava ou não capota Quando assim desejava.
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* O primeiro carro Fiat foi lançado em 1899.
Quando veio o Ford Touring Se tornou popularíssimo
Também aqui no Brasil Onde o automobilismo Assim como o futebol É esporte bem antigo.
“Viajando pelo Brasil”
Da série, uma escapou Trata do rei do Cangaço Essa estampa difamou
Hoje a história de Lampião Já se desmistificou.
O que a estampa trazia Ao menino impressionou Curioso como sempre Um dia sua visão mudou Leu a história do Cangaço E suas conclusões tirou.
Virgulino era de fato Homem de muito valor Enfrentou os poderosos E foi vingando a sua dor Uma dor que era de muitos Um bando então se formou.
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* O Ford Turing foi lançado em 1914.
“Conquista do Polo Norte”
Muito lhe interessava
Queria saber porque o homem Ali tanto se arriscava
O que tanto o atraia
O que mesmo explorava.
Descobriu que para muitos A missão foi incompleta O escandinavo Nansen Quase alcançou sua meta Seis meses vagando a pé Foi louvado sem modesta.
O primeiro americano A chegar ao Polo Norte Não devia ir sozinho Pois era causa de morte Peary marcou lá no ano 1909.
Pra quem morava em cidade Que mais parecia uma vila As estampas de Eucalol Eram fonte de pesquisa Jornais eram raridade Eram coisa pouco vista.
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Depois das belas estampas Nunca mais deixou de ler Lia bulas de remédio
Pelo gosto de saber
Porque a arte da leitura É algo de muito prazer.
As estampas pro menino Eram coisa de valor
Carregou junto aos pertences Quando o mundo ele ganhou Na vida toda as estampas Ele nunca abandonou.
Mudava de casa e emprego De rua e de cidade
Trabalhava noite e dia Já passou da jovem idade Foi pai, avó, bisavó
De estampas em validade.
Nas trilhas da dura vida Umas ficam no caminho Depois dos 80 anos
Ainda guarda com carinho As estampas que o levou Ao mundo quase todinho.
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Como foi que descobri Esse tesouro guardado?
Perguntei como criou
A arte de ler com agrado.
Ele me disse que foi
Por estampas despertado.
Estampas, mas que estampas?
Respondeu com alegria:
- As estampas de Eucalol Meu pai nas compras trazia Em caixas de sabonetes
Que a varejo vendia.
O trabalho era bem duro As estampas alivia
Muito significavam Pois uma a uma as lia Esperando encontrar Um motivo de alegria.
De repente sai da sala
E trouxe o que eu nem sonhava Uma caixa amarelada
Onde as estampas guardava
Me disse: “Eu perdi foi muitas”
Mas a relíquia ali estava.
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Peguei com muito cuidado Fiquei logo deslumbrada Pedi pra levar algumas E ele a caixa me entregava São coloridas, fascinam Parece um conto de fadas.
Levei as estampas pra casa E no caminho pensava
Essa história importante Precisa ser registrada Pois riqueza desse tipo Não é pra ser engavetada.
Sem valor comercial Amareladas pelo tempo As estampas de Eucalol
Viraram em algum momento De um menino em leitor
O mundo além do seu tempo.
Quando alguém cá na família Se destaca em criação
Logo aparece o recado É cria de Bastião!
Que é igual Professor Pardal Sempre um projeto em ação.
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