• Nenhum resultado encontrado

LEANDRO PEDROSA COSTA NATHALIA SÁ DOS SANTOS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "LEANDRO PEDROSA COSTA NATHALIA SÁ DOS SANTOS"

Copied!
86
0
0

Texto

(1)

LEANDRO PEDROSA COSTA NATHALIA SÁ DOS SANTOS

COMPARAÇÃO DA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO EM ATLETAS DE BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS COM

POLIOMIELITE E OUTRAS DEFICIÊNCIAS, APÓS O PIÇARRO TESTE ADAPTADO

Monografia apresentada à Universidade Federal de São

Paulo para a obtenção do título de especialista em

intervenção

fisioterapêutica em doenças neuromusculares

São Paulo 2010

(2)

LEANDRO PEDROSA COSTA NATHALIA SÁ DOS SANTOS

COMPARAÇÃO DA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO EM ATLETAS DE BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS COM

POLIOMIELITE E OUTRAS DEFICIÊNCIAS, APÓS O PIÇARRO TESTE ADAPTADO

Monografia apresentada à Universidade Federal de São

Paulo para a obtenção do título de especialista em

intervenção

fisioterapêutica em doenças neuromusculares

Orientadora: Ft. Esp. Maria Salete Conde

Co-orientador: Ft. Esp. Miguel Francisco Bezerra de Medeiros

São Paulo 2010

(3)

Costa, Leandro Pedrosa; Santos, Nathalia Sá

Comparação da Percepção Subjetiva de esforço em atletas de basquete em cadeira de rodas com poliomielite e outras deficiências, após o Piçarro Teste Adaptado. / Leandro Pedrosa Costa e Nathalia Sá dos Santos – São Paulo, 2010. - São Paulo, 2009.

xiii, 84 f.

Monografia (Especialização) – Universidade Federal de São

Paulo. Escola Paulista de Medicina. Pós-Graduação em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares.

Título em inglês: Comparison of perceived exertion in athletes of basketball in a wheelchair with polio and other disabilities, after Picarro Adapted Test

1.Basquete em cadeira de rodas 2.Poliomielite 3. Percepção Subjetiva de Esforço 4.Síndrome Pós-Poliomielite

(4)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA – SETOR DE DOENÇAS NEUROMUSCULARES

Chefe de departamento: Dra. Débora Amado Scerni

Coordenador do curso de especialização em Intervenções Fisioterapêuticas em Doenças Neuromusculares: Dr. Acary Souza Bulle de Oliveira

Dra. Sissy Veloso Fontes

Ft. Ms. Francis Meire Favaro Ortensi Ft. Ms. Abrahão Augusto J. Quadros

(5)

LEANDRO PEDROSA COSTA NATHALIA SÁ DOS SANTOS

COMPARAÇÃO DA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO EM ATLETAS DE BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS COM

POLIOMIELITE E OUTRAS DEFICIÊNCIAS, APÓS O PIÇARRO TESTE ADAPTADO

Presidente da banca:

Prof. Dr._________________________________________________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr._________________________________________________________

Prof. Dr._________________________________________________________

(6)

DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho a nossos familiares e amigos que nos ajudaram e apoiaram.

Aos atletas, que nos receberam em seus clubes sempre com o desejo de contribuir para a realização desta pesquisa.

Aos amigos do ambulatório de esporte adaptado da UNIFESP-EPM, que nos acolheram neste ano de muito trabalho e crescimento para nós.

(7)

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus em primeiro lugar, por ser nosso alicerce sempre.

Aos técnicos dos clubes e principalmente aos atletas, que participaram desta pesquisa nos auxiliando e contribuindo para a realização deste trabalho.

Aos coordenadores, aos mestres e amigos da especialização, que nos proporcionaram amizade, inúmeros conhecimentos, e a oportunidade da realização de mais uma etapa em nossas vidas.

A toda equipe do ambulatório de Esporte Adaptado da UNIFESP-EPM por nos proporcionar este ano inesquecível junto a eles, e principalmente a Maria Salete Conde e Miguel Medeiros, nossa orientadora e co-orientador por sempre se colocarem a disposição e sempre prontos a nos auxiliar a qualquer momento, por nos ensinaram o que é, e qual a importância de um trabalho científico, nos mostrar e nos aproximarmos do mundo do esporte adaptado e acima de tudo, nos fazer acreditar que é necessário sempre se envolver e ter amor por tudo o que se faz, para que seja bem feito.

(8)

SUMÁRIO

1 – Introdução 14

1.1 – Objetivo 15

2 - Revisão de Literatura 17

2.1 – Poliomielite Anterior Aguda 17

2.1.1 – Síndrome Pós-Poliomielite 19

2.1.1.1- Epidemiologia 20

2.1.1.2 – Etiologia 21

2.1.1.3 – Diagnóstico 22

2.1.1.4 - Quadro Clínico 22

2.2 - Exercício e Treinamento 24

2.2.1 – Prescrição e benefícios de exercícios físicos para deficientes 25

2.2.2 - O exercício físico e a Poliomielite/Síndrome Pós-Poliomielite 26

2.3 – Percepção Subjetiva de Esforço e Freqüência Cardíaca 32

2.4 – Adaptações Cardíacas e Respiratórias relacionadas ao exercício 34

2.5 - Basquete em Cadeiras de Rodas/ Histórico do Esporte Adaptado 36

2.5.1 - Regras do basquete em cadeira de rodas 38

2.5.2 - Classificação Funcional 39

2.5.3 - Cadeira de Rodas 40

2.5.4 - O treinamento Físico no Basquete em Cadeira de Rodas 40

2.6 - Duplo Produto 41

2.7 - Piçarro Teste Adaptado 41

2.8 - Índice de Fadiga 42

3. - Materiais e Métodos 42

3.1 - Análise Estatística 43

(9)

4. – Resultados 45

4.1- Caracterização da Casuística 45

4.2 - Análise das variáveis inter e intragrupos após o Piçarro Teste Adaptado 48

5 – Discussão 57

6 – Conclusão 65

7 – Anexos 66

8 – Referências 76

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Percepção Subjetiva de Esforço – Escala de Borg 33 Figura 2 – Comparação dos valores de freqüência cardíaca obtidos por todos os atletas nos diferentes momentos do Piçarro Teste 48 Figura 3 – Valores de freqüência cardíaca obtidos pelos atletas com seqüelas de poliomielite nos diferentes momentos do Piçarro Teste 49 Figura 4 – Valores de freqüência cardíaca obtidos pelos atletas sem poliomielite nos diferentes momentos do Piçarro Teste 51

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características Gerais da Amostra 45

Tabela 2 – Características Clínicas da Amostra 46

Tabela 3 – Caracterização do Atleta com Síndrome Pós-Poliomielite (SPP) 47

Tabela 4 – Comparação da variável tempo semanal de treino entre os grupos com e sem poliomielite 48

Tabela 5 – Comparação da variável Freqüência Cardíaca Máxima entre os grupos com e sem poliomielite 52

Tabela 6 – Comparação da variável Borg final entre os grupos com e sem pólio 53

Tabela 7 – Correlação entre a Percepção Subjetiva de Esforço ao final do Piçarro Teste (BORG final) e as variáveis: idade, massa, horas semanais de treino, tempo no BCR, Duplo Produto, pressão arterial sistólica e diastólica ao final do teste, freqüência cardíaca máxima e índice de fadiga em todos os atletas 54

Tabela 8 - Correlação entre a Percepção Subjetiva de Esforço ao final do Piçarro Teste (BORG final) e as variáveis: idade, massa, horas semanais de treino, tempo no BCR, Duplo Produto, pressão arterial sistólica e diastólica ao final do teste, freqüência cardíaca máxima e índice de fadiga em atletas de poliomielite 55

Tabela 9 – Correlação entre a Percepção Subjetiva de Esforço ao final do Piçarro Teste (BORG final) e as variáveis: idade, massa, horas semanais de treino, tempo no BCR, Duplo Produto, pressão arterial sistólica e diastólica ao final do teste, freqüência

cardíaca máxima e índice de fadiga em atletas sem poliomielite 56

(12)

LISTA DE ABREVIATURAS

% Porcentagem

ATP Adenosina Trifosfato

ANDE Associação Nacional de desporto para excepcionais AVDs Atividades de Vida Diária

BCR Basquete em Cadeira de Rodas

C7 Sétimo segmento nervoso da região cervical da medula espinal CAT Catalase

CK Creatinaquinase Cm Centímetro DC Débito Cardíaco

DNA Ácido Desoxirribonucléico ENMG Eletroneuromiografia ERs Espécies Reativas FC Freqüência Cardíaca HYC Homocisteína

ISMG Jogos Internacionais de Stoke Mandeville ISOD Organização internacional para Deficientes MCNA Membro Clinicamente não Afetados

L1 Primeiro segmento nervoso da região lombar da medula espinal L2 Segundo segmento nervoso da região lombar da medula espinal MI Membro Inferior

MMII Membros Inferiores MMSS Membros Superiores MS Membro Superior NMI Neurônio Motor Inferior

NWBA Associação nacional de Basquete em Cadeira de Rodas OMS Organização Mundial da Saúde

PA Pressão Arterial

PSE Percepção Subjetiva de Esforço R Resistência

RNA Ácido Ribonucléico

S1 Primeiro segmento nervoso da região sacral da medula espinal

(13)

S2 Segundo segmento nervoso da região sacral da medula espinal

SNC Sistema Nervoso Central SOD Superóxido Dismutase SPP Síndrome Pós-Poliomielite

T1 Primeiro segmento nervoso da região torácica da medula espinal T6 Sexto segmento nervoso da região torácica da medula espinal T7 Sétimo segmento nervoso da região torácica da medula espinal T8 Oitavo segmento nervoso da região torácica da medula espinal

T11 Décimo primeiro segmento nervoso da região torácica da medula espinal T12 Décimo segundo segmento nervoso da região torácica da medula espinal TECR Teste de Exercício Cardiorrespiratório

TMB Taxa Metabólica Basal

VFC Variabilidade da Freqüência Cardíaca VO2 máx Volume Máximo de Oxigênio

(14)

RESUMO

Introdução: Desde sua criação em 1944 o esporte adaptado vem sendo utilizado como forma de reabilitação e introdução destes atletas no meio social. Hoje mais do que isso o esporte adaptado tem crescido a cada dia e se tornado algo de grande valor no Brasil e no mundo. O esporte proporciona o bem estar físico e psicológico nos atletas melhorando assim sua auto-estima. Uma das primeiras modalidades esportivas foi o basquete em cadeira de rodas, conhecido por ser um esporte de exercício intenso e sobrecarga nas articulações dos membros superiores. Dados do ano de 2008 da Federação Paulista de Basquete sobre Rodas relatam 91 atletas com seqüelas de poliomielite, com média de idade de 34,7 anos, sendo que 47 destes estão na faixa etária entre 32 a 45 anos e todos em plena atividade física em seus clubes. Atletas estes que são expostos a exercícios de alta intensidade podendo então predispor a síndrome pós- poliomielite tendo em vista que os exercícios são dirigidos a unidades motoras que já estão trabalhando no seu nível máximo.Objetivo: Comparar a Resposta da Percepção Subjetiva de esforço (PSE) entre atletas de basquete em cadeira de rodas com e sem seqüelas de poliomielite, após o Piçarro Teste Adaptado. Material e Métodos: Estudo descritivo corte transversal, utilizando questionário estruturado e realização do Piçarro Teste adaptado. Resultados: Foram estudados 17 atletas, cinco atletas com seqüela de poliomielite (29,41%), 4 atletas com amputações (23,53%), 7 atletas com lesão medular (41,18%) e 1 com paralisia cerebral (5,88%), verificou-se tendência ao aumento dos valores de frequência cardíaca da primeira até a quinta volta, com queda na última. Os valores de frequência cardíaca máxima foram significantemente maiores que os valores preestabelecidos de frequência cardíaca alvo mínimo e máximo segundo a análise estatística. Foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os valores de percepção subjetiva de esforço entre os grupos, com maiores valores entre os atletas do grupo sem poliomielite. Conclusão:

Depois de realizado o Piçarro Teste adaptado observou-se que a reposta da percepção subjetiva de esforço do grupo dos atletas com outras lesões foi maior em comparação com a resposta do grupo dos atletas com seqüelas de poliomielite, o que demonstra que este tipo de exercício parece não ter sobrecarga para esta população, pelo fato destes apresentarem um sistema cardiovascular mais íntegro do que em relação aos atletas do outro grupo. A idade acometimento da poliomielite e recuperação funcional parecem não estar relacionados com o aparecimento da Síndrome Pós-Poliomielite, porém, é necessário uma amostra maior de sujeitos e mais estudos para tal afirmação.

Descritores: Basquete em cadeira de rodas, Poliomielite, Comparação da Percepção Subjetiva de Esforço (PSE), Síndrome Pós-Poliomielite.

(15)

1. Introdução

As doenças neuromusculares representam um grupo de afecções que comprometem a unidade motora, ou seja, o corpo celular do neurônio motor inferior, o seu prolongamento, a junção neuromuscular ou o tecido muscular. Dentre as doenças neuromusculares, encontram-se as lesões neuronais motoras, que são condições nas quais há alterações morfológicas ou bioquímicas que ocorrem no corpo do neurônio. A lesão neuronal motora caracteriza-se por envolvimento do corpo celular do neurônio motor inferior (NMI). (1)

Nos últimos 30 anos, tem-se observado ao redor do mundo, que muitos dos indivíduos que tiveram a poliomielite paralítica, desenvolveram décadas mais tarde, um conjunto de problemas de saúde como fadiga excessiva, dor muscular e articular, e a nova fraqueza muscular, sendo este último, o mais alarmante de todos os sinais e sintomas. Na década de 70, por causa de poucos artigos na literatura médica sobre essas alterações neurológicas, a postura dos profissionais de saúde foi de ceticismo.

Para complicar ainda mais, esse conjunto de sintomas não tinha nome. E sem nome, não existia doença. Somente na década de 80, após o conhecimento da história de milhares de pessoas com os mesmos sintomas na fase tardia da pólio, a comunidade médica adotou o nome Síndrome Pós-Poliomielite (SPP). (1)

Entre os principais mecanismos que levam à Síndrome Pós-Poliomileite (SPP) destacam-se o “supertreinamento” (overtraining) e a disfunção dos motoneurônios sobreviventes que causam uma desintegração dos terminais axonais. Quando expostos a fatores de estresse, por exemplo, o “supertreinamento”, esses motoneurônios que sobreviveram podem apresentar alterações eletrofisiológicas, diminuindo a velocidade de condução nervosa, ou podem apresentar degeneração precoce. (1,2)

O Esporte adaptado foi criado em 1944 após a II Guerra Mundial com dois propósitos primeiramente, foi a reabilitação desses pacientes oferecendo a oportunidade desses indivíduos experimentarem sensações e movimentos, que freqüentemente são impossibilitados pela limitação física ou barreiras ambientais e sociais, o segundo foi introduzir estes portadores de algum tipo de deficiência ao meio social. (3)

(16)

O esporte é benéfico, pois proporciona o bem estar físico e psicológico em todas as pessoas, portadores ou não de deficiência. Entretanto quando se fala em atletas com seqüelas de Poliomielite encontramos um paradoxo, já que o ganho de força é relevante, mas necessita de cuidados, o exercício muito intenso pode lesar o músculo que esta sendo recrutado. (4)

De acordo com os dados do ano de 2008 da Federação Paulista de Basquete sobre Rodas, existem cerca de 91 atletas com sequelas de poliomielite, com média de idade de 34,7 anos, sendo que 47 destes estão na faixa etária entre 32 a 45 anos e todos em plena atividade física em seus clubes, nos quais são realizados de três a cinco treinos por semana, em períodos de três a cinco horas, sendo treinado em limite máximo com varias repetições. (5)

No presente estudo utilizamos um teste idealizado por Ivan C. Piçarro, que consiste em percorrer seis tiros de 50 metros, anotando-se medidas de massa corporal dos indivíduos e do tempo de cada volta, para obtenção de um indicador final, o índice de fadiga. Este percurso de 50 metros é realizado em um percurso de 25 metros (ida e volta), com intervalo de 5 segundos em cada volta. O Piçarro Teste foi criado para atletas do desporto convencional, sendo adaptado para atletas em cadeira de rodas no estudo realizado por Medeiros e Boromello, em 2008. (6)

(17)

1.1Objetivo

Comparar a Resposta da Percepção Subjetiva de esforço (PSE) entre atletas de basquete em cadeira de rodas com e sem seqüelas de poliomielite, após o Piçarro Teste Adaptado.

(18)

2. Revisão da Literatura

2.1 Poliomielite Anterior Aguda

A Poliomielite Anterior Aguda é uma doença inflamatória e infecciosa, resultante da destruição dos neurônios motores localizados no corno anterior da medula espinhal.

Ela é causada pelo poliovírus, que é composto por cadeia simples de ácido ribonucléico (RNA), gênero Enterovírus, estando situado na família Picornaviridae.

(1,7,8)

As doenças neuromusculares representam um grupo de afecções que comprometem a unidade motora, ou seja, o corpo celular do neurônio motor inferior, o seu prolongamento, a junção neuromuscular ou o músculo estriado esquelético. A poliomielite é uma doença neuromuscular, pois o poliovírus atinge os neurônios motores espinais, afetando o Sistema Nervoso Central (SNC). (9)

O homem é o hospedeiro natural, e a infecção ocorre principalmente em crianças com idade inferior a cinco anos.(10) A transmissão ocorre primariamente pela via oral- fecal (por meio de objetos, alimentos e/ou água contaminados com fezes de doentes ou portadores) ou por transmissão direta, de pessoa a pessoa (por meio de secreções).

O período de incubação pode variar de 2 a 30 dias, a presença do vírus persiste na garganta cerca de uma semana, e nas fezes de 3 a 6 semanas. (1,7,8)

O agente causador da poliomielite, o poliovírus, foi identificado em 1908, pelo médico e biólogo americano Karl Landsteiner.(7) O poliovírus se divide em três tipos (um, dois e três), no qual o tipo um está relacionado com a forma paralítica da poliomielite. Ele possui alta infectividade, e a capacidade de se alojar e multiplicar no hospedeiro é de cem por cento. Contudo, possui baixa patogenicidade; a porcentagem dos indivíduos infestados que desenvolvem a doença é de apenas de 0,1 a 2,0%, a patogenicidade também está relacionada com os fatores intrínsecos do hospedeiro, sendo mais altas em adultos e adolescentes. (1,7,8)

Na maior parte dos casos, os poliovírus, são destruídos no estômago ou excretados pelo trato intestinal sem infecção, ou entram na corrente sanguínea, e proporcionam um estado semelhante ao da gripe, seguido de recuperação e imunização. (1) A poliomielite ocorre de duas formas, com infecção inaparente ou com manifestações clínicas, geralmente sendo: febre, cefaléia, mal estar, distúrbios gastrointestinais e rigidez de nuca, que podem ou não ser acompanhadas de paralisias.

(19)

Entretanto, se este vírus atravessarem a barreira hematoencefálica, atacarão os neurônios motores no cérebro, no tronco cerebral e na medula espinal e, deste modo, diferentes tipos de paralisias podem ocorrer, dependo da localização destes neurônios acometidos.(7,10)

A letalidade da poliomielite varia entre 2% e 10%, mas pode ser mais elevada, dependendo da sua forma clínica. (7)

Quando o acometimento ocorre no neurônio que está localizado na medula espinal, o indivíduo desenvolve a forma mais comum de acometimento do poliovírus, a poliomielite espinal. A poliomielite espinal é caracterizada por fraqueza muscular do tipo flácida, podendo ir desde o acometimento seletivo de alguns grupos musculares, até quadros de paraplegia e quadriplegia, sendo os membros inferiores os mais freqüentemente atingidos. Na maioria das vezes, nas formas de comprometimento espinhal, as paralisias são de distribuição assimétrica, embora esse padrão não seja obrigatório. Os reflexos miotáticos podem ser vivos inicialmente e posteriormente tornam-se hipoativos ou mesmo abolidos. A hipotonia é constantemente encontrada no membro afetado nos quadros paralíticos. O comprometimento bulbar ocorre de 10% á 15% dos casos, a qual indica o envolvimento motor de nervos cranianos e centros de controle respiratórios e circulatórios. Há distúrbios de consciência, alterações autonômicas e sinais de lesão de vias piramidais, e por fim, a pólio bulboespinal constitui combinação das formas bulbar e espinal da poliomielite. (1,7) Na infecção aguda da poliomielite paralítica, o vírus invade o SNC, causando lesão parcial ou total dos neurônios motores espinais, com desnervação de algumas fibras musculares resultando em paralisia flácida. Durante a fase de reabilitação do paciente, por meio da neuroplasticidade neuronal, ocorre brotamento axonal que reinerva as fibras musculares desnervadas pela infecção aguda, restabelecendo, pelo menos parcialmente, a capacidade funcional muscular. A recuperação da capacidade funcional é denominada de período de latência, também chamado de platô de estabilidade e está diretamente relacionada com o número de neurônios preservados. (11)

Este processo neurofisiológico gera “unidades motoras gigantes”, ocorre porque, um neurônio que antes inervava 200 fibras musculares, passa a inervar de 800 a 1000 fibras. Este processo é completado de 6 a 8 semanas, e além disso, há a hipertrofia das fibras musculares remanescentes, que contribuem com o processo de recuperação funcional. (11)

(20)

No Brasil os primeiros relatos de poliomielite ocorreram em 1911, em São Paulo e no Rio de Janeiro, porém o primeiro surto ocorreu em 1917, na Vila Americana de São Paulo e a partir daí a doença tornou se de notificação obrigatória no estado de São Paulo. Em 1953, no Rio de Janeiro, ocorreu a maior epidemia até então registrada no país. No município de São Paulo, em 1953 tivemos um ano epidêmico, porém foi nos anos 60 que tivemos os maiores coeficientes de morbidade observados no município.

(5)

O controle da poliomielite foi conseguido sem dúvida em função do desenvolvimento das vacinas: de vírus inativado (Salk) e a de vírus atenuado (Sabin). A vacina Sabin aceita em política de saúde publica, proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), têm sido aplicada na maior parte do mundo, por sua eficácia, imunidade duradoura, baixo custo e facilidade em seu manejo. Em 1994, no Brasil houve a erradicação da poliomielite, onde o país rerecebeu da OMS/OPS o “Certificado de Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus das Américas”. (1)

Ainda hoje existem quatro países onde a doença não foi erradicada, são eles:

Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão. (12,13)

Inúmeros pacientes que desenvolveram a doença durante as epidemias nas décadas de 1940 e 1950 passaram a apresentar os efeitos tardios da Poliomielite Anterior Aguda, que incluem um novo quadro de fraqueza muscular associada a fadiga, atrofia e dor, caracterizando uma condição conhecida como síndrome pós-poliomielite (SPP). (14,15,16)

2.1.1 Síndrome Pós-Poliomielite (SPP)

Nos últimos 30 anos, tem-se observado ao redor do mundo, que muitos dos indivíduos que tiveram a poliomielite paralítica, desenvolveram décadas mais tarde, um conjunto de problemas de saúde como fadiga excessiva, dor muscular e articular, e a nova fraqueza muscular, sendo este último, o mais alarmante de todos os sinais e sintomas. Na década de 70, por causa de poucos artigos na literatura médica sobre essas alterações neurológicas, a postura dos profissionais de saúde foi de ceticismo.

Para complicar ainda mais, esse conjunto de sintomas não tinha nome. E sem nome, não existia doença. Somente na década de 80, após o conhecimento da história de milhares de pessoas com os mesmos sintomas na fase tardia da pólio, a comunidade médica adotou o nome Síndrome Pós-Poliomielite (SPP). (1)

(21)

A síndrome pós-poliomielite (SPP) é uma desordem neurológica dos efeitos tardios da poliomielite, caracterizada por nova fraqueza muscular e/ou fadiga muscular anormal em indivíduos que tiveram poliomielite aguda, geralmente 30 a 50 anos atrás.

(17,18)

De acordo com Maynard & Headley (em 2000) a Síndrome Pós-Poliomielite, pode ser definida como uma alteração neurológica que produz um conjunto de manifestações clínicas que ocorrem em pessoas que tiveram historia prévia de poliomielite paralítica aguda, com período de estabilidade após a recuperação de pelo menos 15 anos. (10)

As seqüelas tardias da Poliomielite foram descritas pela primeira vez por Jean Martin Charcot, em 1875. Charcot descreve um caso de um jovem do sexo masculino, com diagnóstico de poliomielite paralítica na infância aos seis meses e que permaneceu com seqüela residual de fraqueza nos membros superior e inferior esquerdos, exercendo como profissão a curtição de couro, usando excessivamente os membros não afetados. Aos 19 anos ele apresentou sintomas de nova fraqueza nos membros superior e inferior direito, assim diagnosticado por Charcot como SPP;

posteriormente este mesmo achado foi descrito por Carrier, Cornil e Lepine. Jean Martin Charcot sugeriu que uma prévia doença da medula espinal poderia levar um indivíduo mais susceptível para uma subseqüente desordem espinal e que a nova fraqueza era secundária ao “superuso” (supertreinamento) que envolvia os membros.

(19,20)

Cerca de 100 anos após esse caso, também foi descrito que pacientes com história médica prévia de poliomileite paralítica poderiam desenvolver, após anos de estabilidade clínica e fuincional, novos sinais e sintomas, como perda da força muscular e atrofia. A partir deste momento, a SPP passou a ser reconhecida pela comunidade médico-científica. (17)

2.1.1.1 Epidemiologia

Numerosos estudos têm tentado estimar a prevalência desta doença. No entanto, devido as diferentes definições e metodologias aplicadas em cada um destes estudos, a prevalência tem sido estimada entre 22 à 80% entre os pacientes que apresentam poliomielite paralítica. (1)

(22)

Pesquisas internacionais mostram que a SPP é uma realidade presente em várias populações que foram acometidas pela poliomielite paralítica, apresentando o mesmo período de manifestação e as mesmas características clínicas, variando apenas nos percentuais. (17)

2.1.1.2 Etiologia

A etiologia da SPP ainda é desconhecida, porém diversas teorias foram propostas. Atualmente, não há muitas evidências que justifiquem uma relação da SPP com a reativação do poliovírus ou uma reação auto-imune. O envelhecimento natural com perda de neurônios após os 60 anos poderia ser um fator em pessoas mais velhas com SPP, pois a perda de alguns neurônios que apresentam acentuada depleção pode resultar em diminuição significativa de força muscular. Sugeriu-se que neurônios que mostravam recuperação histológica do vírus poderiam não ser normal quanto à sua fisiologia e estariam mais precocemente sujeitos à falhas e envelhecimento.(21)

Existem na atualidade nove teorias que tentam explicar a fisiopatologia da SPP, são elas: Disfunção da unidade motora (UM) devido ao “overwork” (trabalho excessivo), ou envelhecimento prematuro das unidades motoras afetadas pela pólio, outra teoria é a do “overuse” (supertreinamento) muscular; desuso muscular, perda normal de unidades motoras com o envelhecimento; predisposição de degeneração do neurônio motor devido ao dano glial, vascular e linfático; infecção crônica do poliovírus ou reativação do vírus; síndrome imunomediada, efeito do hormônio do crescimento e por fim combinação dos efeitos de desuso, overuse, dor, aumento de peso ou outras doenças. (1)

De acordo com a teoria de Overuse, as unidades motoras gigantes, já citadas anteriormente, que suprem os músculos da pós-poliomielite não podem manter indefinidamente a atividade metabólica aumentada necessária. Como resultado, as unidades motoras sobrecarregadas se degeneram, com fraqueza lentamente progressiva e fadiga rápida dos músculos. (1)

Tomlinson (1977), Dalakas (1995), Grimby (1989) e Trojan (1997), defendem que o overuse (supertreinamento), é uma das principais causas da SPP, onde esta unidade motora gigante é exposta a uma sobrecarga muito maior, acelerando o processo de remodelamento com desnervação e reinervação, apresentando disfunção, tornando se de sete a oito vezes maior que o normal através do brotamento terminal e reinervação

(23)

das fibras musculares desenervadas. Estas unidades motoras gigantes são submetidas a um continuo processo de remodelamento com desnervação e reinervação, conseqüentemente, elas também apresentam um aumento na demanda metabólica.

(11,20,21,22)

A combinação dos danos nos neurônios afetados e o aumento da demanda metabólica causada pelo aumento do território da unidade motora, após um período de anos, desencadeiam uma incapacidade das unidades motoras em sustentarem a demanda metabólica de todos os seus brotamentos terminais individuais, ocasionando deterioração lenta, com diminuição do numero de fibras musculares. (17)

2.1.1.3 Diagnóstico

O diagnóstico é baseado na clínica com caráter de exclusão. Não existe nem um teste sorológico, enzimático, eletrodiagnóstico ou biopsia muscular que possa diagnosticar a SPP. É necessário, colher uma história minuciosa do paciente, juntamente com o exame físico para excluir outras condições médicas que podem estar agravando e/ou causando os sintomas do paciente, os critérios diagnósticos são:

- Poliomielite paralítica prévia com evidência de perda de neurônio motor, confirmado por historia de doença paralítica aguda, sinais de fraqueza resídua e atrofia muscular no exame neurológico, e sinais de desnervação na ENMG;

-Início gradual ou súbito de nova fraqueza muscular progressiva e persistente ou fastigabilidade muscular anormal, com ou sem fadiga generalizada, atrofia muscular ou dor muscular e articular; um início súbito pode seguir um período de inatividade ou trauma ou cirurgia;

-Período de recuperação funcional parcial ou completa após a poliomielite paralítica aguda seguida de um intervalo (15 anos ou mais) de estabilidade de função neurológica;

-Persistência dos sintomas no mínimo de um ano;

-Eliminação de condições médicas associadas, neurológicas e ortopédicas. (1)

2.1.1.4 Quadro clínico

Os problemas físicos e as queixas mais freqüentes dos pacientes são:

- Fadiga profunda

- Dor muscular e/ou articular

(24)

- Fraqueza muscular de grupos não afetados pela poliomielite aguda que pode ser progressiva

- Câimbras e fasciculações

-Novas dificuldades na realização das atividades de vida diária, particularmente tarefas relacionadas com a mobilidade.

- Aumento da sensibilidade ao frio - Insuficiência respiratória

- Disfagia

- Nova atrofia muscular - Nova perda funcional - Distúrbios do sono - Problemas Psicológicos - Dificuldades na fala

-Aumento recente de peso (1,11,19,20,23,24,25,26)

As dores articulares parecem ser resultado do excessivo desequilíbrio em diferentes partes do sistema muscular esquelético. (19)

A fadiga é relatada como sendo o mais comum, e o mais debilitante sintoma da SPP, com uma freqüência acentuada. A fadiga na SPP pode ocorrer de duas formas:

Fadiga Geral (central) e Fadiga Muscular (periférica). A fadiga central relaciona-se com o sistema nervoso central (SNC), ocorre quando há uma redução da quantidade de unidades motoras funcionantes envolvidas na atividade ou uma redução da freqüência de disparos das unidades motoras centrais. É descrita como uma exaustão parecida com os sintomas álgicos de gripe e uma mudança marcante e repentina no nível de energia física e disposição mental que surge após uma atividade mínima. A fadiga periférica ocorre quando eventos neurais, mecânicos ou energéticos, podem impedir a produção da tensão. Os indivíduos com pós-poliomielite têm descrito a fadiga periférica, como uma sensação de peso nos músculos, aumento da fraqueza física e um aumento na perda da força durante o exercício. (1, 27)

A nova fraqueza muscular, com ou sem atrofia associada, pode envolver os músculos previamente afetados que foram parcialmente ou inteiramente recuperados, ou os músculos que parecem não ter sido afetados pela infecção original da poliomielite. A nova fraqueza é caracteristicamente assimétrica e é freqüentemente mais acentuado naqueles músculos que foram envolvidos na doença aguda e que

(25)

tiveram então uma boa recuperação. A nova fraqueza geralmente é também encontrada no membro clinicamente não afetado, que foi tido como poupado pelo poliovírus, mas que, de fato, podia estar com a poliomielite subclínica (existe a lesão no corno anterior da medula, mas, não há sinal clínico no membro) e foi submetido ao overwork (excesso de trabalho ou de esforço) através dos anos para compensar o membro mais afetado. (1)

2.2 Exercício e Treinamento

O exercício físico tem sido cada vez mais considerado como um dos fatores importantes para a preservação e melhora da saúde e da aptidão física do ser humano.

A atividade física vêm sendo praticada desde o início dos tempos pelos nossos antepassados como meio de sobrevivência até os dias atuais como meio de manutenção da saúde. (10). Qualquer movimento corporal produzido por contração muscular que aumente o gasto energético, é denominada de atividade física. (28,29)

Treinamento físico ou exercício crônico é o termo utilizado geralmente para exercícios que visem melhorar ou manter o rendimento desportivo ou aquele empregado para a manutenção da saúde. O treinamento físico (ou exercício crônico) pode ser classificação quanto a intensidade (leve, moderado ou intenso), volume (exercício de longa ou de curta duração) e freqüência de execução. (28,29)

Pode-se dividir os muitos tipos de exercícios em duas categorias (1) os exercícios que podem ser realizados por curtos períodos de tempo mas que exigem um esforço máximo ou submáximo; neste tipo de exercício o sistema predominante é o anaeróbio, a maior parte de ATP deve ser fornecida anaerobicamente pelo sistema do fosfagênio e pela glicólise anaeróbica; e (2) os exercícios que podem ser realizados por períodos de tempo relativamente longos mas que exijam um esforço submáximo, no qual sua principal fonte de ATP é representada pelo sistema aeróbio. Quanto mais curta a atividade, maior a contribuição da produção anaeróbica de energia, portanto, exercícios anaeróbicos são de curta duração e maior intensidade; já os exercícios aeróbicos são de longa duração e possuem intensidade menor e moderadas, portanto, eles utilizam ATP proveniente de fontes aeróbicas. (27,30)

(26)

2.2.1 Prescrição e benefícios de exercícios físicos para deficientes

Entre os indivíduos portadores de deficiência física, alterações bioquímicas e metabólicas indesejáveis se estabelecem com a inatividade física, resultando em redução da massa muscular e acumulo excessivo de tecido adiposo corporal, situação verificada através de parâmetros antropométricos. (30,31)

Pode-se dizer que a atividade física ou esporte adaptado para indivíduos com paraplegia não é apenas importante, mas sim necessária, uma vez que as atividades diárias destes indivíduos não são suficientes para a manutenção de sua capacidade cardiovascular. Isso é confirmado por Dallmeijer et al. (1999), que concluíram, após estudos com paraplegia e tetraplegia, que a atividade física é de extrema importância na manutenção da capacidade física e funcional destes indivíduos, principalmente após o primeiro ano de lesão. (30)

Os paraplégicos ativos possuem menores valores de freqüência cardíaca submáxima, quociente respiratório, ventilação minuto e consumo de oxigênio quando comparados aos sedentários com o mesmo quadro motor. Além disso, os indivíduos ativos atingem maiores valores de carga máxima e possuem limiar aeróbio (VO2 máx) 10 a 30% maior que os sedentários. (30)

Um fator de grande importância, e que deve ser lembrado, é a importância da alteração da pressão arterial (PA) e freqüência cardíaca (FC) nestes indivíduos paraplégicos. A fisiologia humana, compreende que, em um determinado nível de consumo de oxigênio, tanto a FC quanto a PA são mais elevadas durante o trabalho de braço em comparação ao trabalho de perna. A explicação para a FC mais elevada parece estar ligada a um fluxo simpático ao coração durante o trabalho de braço em comparação com o trabalho de perna. O aumento grande da PA do trabalho de braço, se deve à vasoconstrição nos grupos musculares inativos. Exemplificando, quanto maior o grupo muscular envolvido na realização do exercício, maior a quantidade de vasos de resistência (arteríolas) dilatados; conseqüentemente, essa menor resistência se reflete em uma diminuição da PA, relembrando que o débito cardíaco (DC) multiplicado pela a resistência (R), expressa o valor da PA (DC x R= PA).(27)

A prática de atividade física, seja em aulas de educação física, ou em atividades de lazer e desporto (competitivas ou não), trazem benefícios sociais, mentais e físicos inestimáveis. Há também, melhora no padrão do sono e diminuição da ansiedade e depressão por meio da prática regular de atividade física. Tais alterações,

(27)

especialmente no nível de deposição de gordura nos adipócitos, estão descritas na literatura como fator de risco para obesidade, dislipidemia, diabetes, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares, desfavorecendo a saúde dos indivíduos portadores de deficiência física sedentários. (32,33)

É necessário compreender claramente as necessidades pessoais, a história e as condições clínicas e fisiológicas atuais para prescrever as atividades físicas de forma adequada e segura. As pessoas podem variar muito suas condições de saúde e condicionamento físico, estrutura, idade, motivação e necessidades; desse modo recomenda-se uma abordagem individual em termos de prescrição de exercícios, claro que, é necessário sempre levar em consideração os objetivos para cada tipo de população. (34)

2.2.2 O exercício físico e a Poliomielite/ Síndrome Pós-Poliomielite

A teoria mais aceita da causa da SPP é a teoria do overuse; deste modo, existem diversos estudos na literatura que descrevem a relação do exercício físico com os pacientes de SPP.

Por um grande período de tempo foi descrito que o excesso de exercício imposto á musculatura (overuse) dos pacientes com SPP acarretaria em uma nova perda de neurônio motor inferior (NMI). Mais tarde isso foi questionado, e alguns estudos mostraram que, ao contrário do que se pensava, os exercícios considerados prejudiciais aos portadores de SPP podem ser benéficos, melhorando a aptidão física em geral. (35)

Estudos como os de HALSTED & ROSSI (1985) e RODRIGUEZ & AGRE (1991) mostraram que os exercícios podem melhorar a aptidão física em geral, aumentar a eficiência na realização das atividades de vida diária, oferecendo assim uma melhor qualidade de vida para os pacientes com SPP. (23,36)

Em 2005, no congresso sobre SPP realizado em Saint Louis, Missouri (USA) a adesão ou não da realização de exercícios para pacientes com SPP foi questionado.

Segundo NOLLET os exercícios podem melhorar a força muscular, nos casos de desuso e músculos parcialmente afetados, e que exercícios intensos não são recomendados, mas estes, podem ser indicados quando o grau de força muscular for maior que o grau 3, podendo assim, ajudar na manutenção da força muscular, desde que se evite overuse, já quando o grau de força muscular for menor que o grau 3, pode

(28)

ser prejudicial ao músculo, podendo ocorrer sinais de overuse. Outro tema abordado foi o estudo realizado por MAYO & HALSTEAD et. al. (2005) que analisaram 111 membros que acreditavam ter membros clinicamente não afetados (MCNA). Este trabalho mostrou que o conhecimento da presença ou ausência da poliomielite sub clínica, é necessário para se estabelecer um programa adequado de exercícios para pacientes de SPP.(35)

No estudo realizado por Neves et al, em 2006, relataram que a finalidade a longo prazo das intervenções no estágio da SPP é fornecer aos indivíduos acometidos princípios e métodos que reduzam a carga metabólica excessiva sobre os grupamentos musculares, e que, apesar de inúmeros estudos recomendarem programas de exercícios terapêuticos para pacientes com SPP, é necessário levar em consideração as particularidades e a condições clínicas individuais.(37)

Outros achados e hipóteses também foram estudados na população de síndrome pós poliomielite, como por exemplo o trabalho realizado por Bargieri em 2007. A hipótese de seu trabalho, é de que os pacientes com SPP apresentavam alteração da composição corporal, caracterizada pela redução da massa magra e o aumento da massa de gordura em decorrência das dificuldades de locomoção, não acompanhando pela adequação de hábitos alimentares. (38)

Bargieri (2007) apresenta em seu trabalho, que é necessário um nível mínimo de energia para manter as funções vitais do organismo no estado vigília. Essa necessidade de energia, expressa em função do tempo, recebe o nome de taxa metabólica basal (TMB). Nos pacientes com SPP a TMB estaria reduzida como conseqüência do comprometimento muscular e danos neuronais, contribuindo para alterações de composição corporal. Nos resultados do seu trabalho, foi possível verificar que os portadores de SPP realmente apresentavam valores menores na taxa metabólica basal (TMB) do que no grupo controle composto por indivíduos saudáveis, e também que não houve diferença entre o percentual de gorduras desses pacientes, mas a redução da TMB é um fator predisponente para a obesidade, recomendando então uma preocupação com programas nutricionais adequados para estes pacientes.

(38)

Para se correlacionar o exercício físico e a SPP, é necessário antes rever estudos realizados com uma população normal, sobre estresse oxidativo e exercícios, para que se possa relacionar e debater, o overuse e todos os temas abordados para esta

(29)

população especial de SPP. É importante levar em considerção os achados do estudo realizado por Aboulafia et al (2005), que compreendem que o exercício está associado ao aumento da geração de radicais livres, principalmente devido ao dramático aumento de consumo de oxigênio pelo tecidos ativos, que a quantidade de radicais livres nos tecidos biológicos está aumentada após o exercício agudo e/ou crônico e que quase esse aumento coincide com a presença de danos teciduais. Os danos associados ao estresse oxidativo induzidos pelo exercício intenso estão relacionados com a diminuição do desempenho físico, fadiga muscular, danos musculares, e até síndrome de sobretreinamento e do estado de treinamento dos indivíduos. Os danos musculares causados pelo estresse oxidativo, são mais acentuados em indivíduos pouco treinados, que realizam exercícios com intensidade e duração acima de seu estado de condicionamento físico; o estresse oxidativo ocasionado pelo exercício agudo intenso pode ser minimizado, pela realização de um treinamento, com sobrecargas progressivamente ajustadas, antes dos indivíduos serem submetidos ao estresse agudo de alta intensidade. A adaptação ao treinamento físico pode também ser em parte modulada pela geração de radicais livres, e o exercício regular promove adaptações na capacidade antioxidante, as quais protegem as células contra os efeitos deletérios do estresse oxidativo, prevenindo danos celulares subseqüentes. Conclui-se, neste estudo que, os radicais livres como resultados do exercício intenso, causam danos ao lipídios de membranas, proteínas, DNA e outros constiuintes celulares; porém o exercício moderado pode proteger o organismo dos efeitos deletérios dos radicais livres, pois o mesmo aumenta a capacidade antioxidante, sendo assim, benéfico a saúde. (39)

Lira em 2008 realizou um estudo com 30 indivíduos, dez com seqüela de poliomielite paralítica, dez com diagnóstico de SPP e dez no grupo controle. O objetivo era avaliar as respostas fisiológicas e bioquímicas ao exercício físico agudo em indivíduos com seqüela prévia de poliomielite paralitica e com a síndrome pós- poliomielite. Durante avaliação foram feitos testes força de preensão manual espirometria, teste de exercício cardiorrespiratório (TECR), testes funcionais (caminhada, subir, escada e levantar de uma cadeira), atividade plasmática de creatinaquinase (CK) e biomarcadores sanguíneos de estresse oxidativo (periodização lipídica no plasma), atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT) em eritrócitos e níveis plasmáticos de homocisteina (HYC); os biomarcadores de

(30)

estresse oxidativo foram medidos antes e depois do TECR. Os resultados apresentados neste estudo, sobre variáveis bioquímicas de estresse oxidativo em resposta a um exercício físico agudo e máximo são inéditos para indivíduos com SPP.

Tais resultados mostram a necessidade de se estudar estas variáveis em resposta a exercício em intensidade submáxima em diferentes domínios de intensidades, já que o entendimento dessas respostas pode orientar a formulação de programas de treinamentos para pacientes com SPP, baseados na produção de espécies reativas (Ers), ou seja, uma condição potencialmente nociva na SPP. Essas abordagens fisiológicas e bioquímicas como as utilizadas no presente estudo, podem servir de alicerce para o entendimento de outras doenças neuromusculares/degenerativas, constituindo um modelo interessante para estudo da repercussão de uma seqüela física/motora sobre um ou mais sistemas orgânicos e sobre a capacidade funcional no individuo. Tais estudos poderão produzir importantes contribuições para profissionais de diversas áreas da saúde. (40)

Dentre as conclusões obtidas neste trabalho, é possível e importante citar que indivíduos com SPP têm menor eficiência motora gastando mais energia por unidade absoluta de trabalho ou potência realizados, é possível também concluir, que o grau de sobrecarga muscular imposta pelas atividades de vida diária (AVDs) em pacientes com seqüelas paralítica de poliomielite pode ser investigado bioquimicamente pela atividade da enzima CK, e também que as medidas bioquímicas para a avaliação do estresse oxidativo pré exercício utilizadas no estudo, não permitiu concluir que o estresse oxidativo participe da fisiopatologia da SPP. Entretanto, devido á maior intensidade relativa de esforço com que os pacientes realizem as AVDS não é improvável que as espécies reativas possam mediar o processo de disfunção das unidades motoras. Além disso, os resultados sobre os biomarcadores de estresse oxidativo não fornece informação definitiva sobre o envolvimento de radicais livres na fisiopatologia da SPP.

(40)

Conde em 2007 estudou 21 atletas de basquete em cadeira de rodas que apresentavam sinais e sintomas típicos da SPP, como a nova fraqueza, dor muscular, dor articular, fadiga/cansaço associado atividade esportiva, aumento de peso e ansiedade. Neste estudo 42,9% apresentou comprometimento de membros inferiores (MMII), 4,8% de membro superior (MSE) e 81% marcha independente, e com prática de esporte de 1 a 22 anos. Destes 21 atletas estudados 23,8% referem a nova

(31)

fraqueza por um período superior a um ano 76,2% relataram dor muscular, 61,9% dor articular em membro superior direito (MSD), 19% fadiga/cansaço associado atividade esportiva, 61,9% referiu aumento de peso e 95,2% ansiedade. Através deste resultados foi possível concluir neste estudo, que havia indícios de SPP em 5 atletas estudados e não foi encontrado uma relação direta entre a SPP e atividade física praticada. A dor muscular e/ou articular pareciam estar correlacionadas à biomecânica do esporte, e havia uma tendência de SPP para aqueles atletas com maior tempo e duração na prática esportiva.(5)

Em um outro estudo realizado em 2008, Silva e Augusto tiveram o objetivo neste estudo de relacionar o tipo e a freqüência de treinamento físico com a alteração dos sinais da síndrome pós - poliomielite em atletas do basquete em cadeira de rodas com seqüela de poliomielite paralítica. Neste estudo, foram estudados 48 atletas deficientes com história de poliomielite paralítica, todos os atletas eram do sexo masculino, com idade variando de 23 a 51 anos. Dos 48 atletas estudados todos realizavam treino baseado em alongamento, aquecimento e situação de jogo, sendo que 35 atletas realizam o fortalecimento. Dos 48 atletas estudados 82,4% não apresentaram os sinais da nova fraqueza associados ao treinamento físico. Assim com base nestes resultados foi possível concluir que o tipo e a freqüência de treinamento físico parecem não estar influenciando no surgimento dos sinais tardios da SPP, que os atletas que treinam menos horas e menos dias na semana são os que apresentaram maiores déficits de força muscular, dor articular e muscular e que o tipo de fortalecimento parecem não estar interferindo nos sinais da SPP. (41)

Em outro e muito importante trabalho realizado por Medeiros e Boromello em 2009, com o objetivo de verificar a relação entre a intensidade do exercício físico de atletas de basquete em cadeira de rodas e a percepção subjetiva de esforço, foram estudados 22 atletas de basquete em cadeira de rodas com seqüelas de poliomielite paralítica, com média de idade de 36,95 anos, os atletas responderam um questionário estruturado para verificar os possíveis fatores predisponentes da SPP nos atletas com seqüelas de poliomielite paralítica. Todos os atletas realizaram o Piçarro teste Adaptado, que é um teste prático, no qual consiste na realização de 6 tiros de velocidade com distância de 50 metros (ida e volta num percurso de 25 metros) com intervalo de 5 segundos entre cada tiro, com o objetivo de identificar o índice de fadiga;

são cronometrados os tempos de cada tiro de 50 metros, assim com base nesse tempo

(32)

é calculada a velocidade de cada tiro e a partir desta velocidade são usados cálculos para se determinar aceleração, força e a potencia de cada tiro. Ao final, a potência de cada tiro é comparada, estabelecendo-se a curva dos 6 tiros, bem como o índice de fadiga a partir da potência máxima e da potência mínima atingidas no teste. Para a quantificação da intensidade do exercício e estabelecer a frequência cardíaca de treinamento foi mensurada a frequência cardíaca (FC) dos atletas em repouso antes do teste prático (Piçarro Teste Adaptado) e ao final o teste prático; para avaliar percepção subjetiva de esforço foi utilizada a escala de Borg após o primeiro tiro e após o último tiro do teste; também foram mensuradas as massas corporais de cada atleta somada ao peso da cadeira de rodas e o tempo de cada tiro para que no final fosse calculado o índice de fadiga a partir da comparação entre a potência máxima e a potência mínima atingidas no teste. Neste trabalho, o resultado da percepção subjetiva de esforço obteve média de 13,14 que na escala de Borg corresponde a “ligeiramente cansativo”.

Houve diferença entre a freqüência cardíaca (FC) final após o teste prático, denominado Piçarro Teste Adaptado e a FC de treinamento; onde a FC final após o teste prático denominado Piçarro Teste Adaptado obteve a média no valor de 69,12%

da média de FC máxima esperada. Dos atletas estudados, 5 apresentaram a nova fraqueza muscular, e a média da percepção subjetiva que eles obtiveram foi de 16 que corresponde na escala de Borg a “cansativo”; e a percepção subjetiva dos 17 atletas que não apresentaram a nova fraqueza muscular, na escala de Borg foi de 11 que corresponde a “relativamente fácil”. Através dos resultados deste estudo foi possível verificar que, a média dos valores da percepção subjetiva de esforço categorizou a intensidade do esforço na realização do teste prático Piçarro Teste Adaptado entre

”moderado” e “intenso”, demonstrando que não há sobrecarga de modo geral. A freqüência cardíaca ao final do Piçarro Teste Adaptado, obteve média que constitui a intensidade deste teste prático como “moderado”, demonstrando que os possíveis efeitos tardios da poliomielite não alteram os efeitos de treinamento por longo período no sistema cardiovascular. Foi também possível demonstrar neste trabalho, que esse tipo de exercício prático, constituiu em sobrecarga para os atletas com nova fraqueza muscular, pois o teste prático se categorizou como intenso, na escala de Borg.(6)

(33)

2.3 Percepção Subjetiva de Esforço e a Freqüência Cardíaca

O processamento de múltiplos sinais sensoriais que são recebidos através do desempenho físico individual, gera uma percepção geral de sinais de esforço, e também nos proporciona obter mais especificamente algumas sensações mais específicas como diminuição do ritmo respiratório, esforço muscular e dor articular.

Sendo assim a percepção subjetiva de esforço (PSE) é um conjunto de sensações, e definida como a quantificação subjetiva da intensidade do trabalho físico.(42)

Os primeiros estudos científicos sobre percepção de esforço ocorreram em 1957, com o trabalho de Stevens e em 1958, com o trabalho de Ekman, que tinham o objetivo de estabelecer uma escala de proporção sobre a percepção de esforço. Borg, através destes trabalhos desenvolveu uma escala de categorização; nela há 15 pontos, na qual varia de 6 a 20, com a meta de acompanhar a variação de freqüência cardíaca (FC) de 60 a 200 batimentos por minuto. Na tabela há também palavras descritivas que correspondem e fazem relação com o nível de nível de intensidade, a condição de esforço e a freqüência cardíaca. (42)

A escala de Borg é um instrumento muito utilizado, pois é de fácil aplicação. É possível relacionar a percepção de esforço com outras variáveis fisiológicas e/ ou psicológicas, e por haver muitas diferenças metodológicas e amostrais em diferentes e diversos trabalhos, instituir uma correlação precisa entre ainda não é possível. Além disso, deve-se levar em consideração circunstâncias como sobrecarga, ritmos circadianos, eficácia individual para dado exercício, poder de resposta individual, influências do sistema nervoso central, acúmulo de lactato, entre outras variáveis. (43)

Referências

Documentos relacionados

O treinamento físico aeróbio não foi capaz de evitar a diminuição da variabilidade da frequência cardíaca nos animais expostos a partículas finas do

Cartaxo, na qualidade de representante legal da firma INASI Comercio e Industria de Máquinas e Viaturas Lda, número de identificação fiscal 500 442 487 e sede na vila de Azambuja,

Este dado corrobora o achado de alguns estudos como o de Souza (2006), que apontou que alguns vínculos familiares são rompidos em decorrência do processo de dependência de

O conhecimento da resposta da FC nas diversas situações de exercício torna-se essencial para a correta prescrição e posterior controle das cargas de treinamento

– avaliar como as características econômicas e socias influenciam o consumo de carne bovina na população idosa na cidade de Santa Maria, RS, Brasil; – determinar quais são os

É como base nessa ideia de transcendental que Kant elaborará uma teoria da mente (enquanto realidade ‘composta’ de sensibilidade, entendimento e razão) que lhe permitirá olhar

• Elevado percentual alocado no principal ativo-alvo do Fundo propicia um maior retorno ao cotista 12. • Os rendimentos com origem em CRIs quando distribuídos aos cotistas do

Conector de cabo M20 de rede que aceita diâmetros de cabo de 10 a 14 mm com conector rápido IP68 externo de 3 polos Não é necessário abrir a luminária para a ligação