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1. Argamassas Inovadoras

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Academic year: 2021

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1. Argamassas Inovadoras

ID21 Análise da aderência de sistemas de revestimentos argamassados: uso de cimento cola como chapisco submetidos a diferentes curas

Thaís S. Fernandes, Rafael Mascolo, Ângela B. Masuero

(2)

ANÁLISE DA ADERÊNCIA DE SISTEMAS DE REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS: USO DE CIMENTO COLA COMO CHAPISCO

SUBMETIDOS A DIFERENTES CURAS

Thaís S. Fernandes1*, Rafael Mascolo1, Ângela B. Masuero1

1: Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul Av. Osvaldo Aranha 99, 3º andar, Porto Alegre/RS - Brasil

thaischmidt@hotmail.com, rafaelmascolo@yahoo.com.br e angela.masuero@ufrgs.br

Palavras-chave: Revestimento Externo, Chapisco, Cimento Cola, Ciclos Térmicos

Resumo. Nos revestimentos de fachada, constituídos por camadas de argamassa, a aderência ao substrato é uma das principais preocupações. Portanto, é objeto de estudo em diversas pesquisas, principalmente quando o substrato é de concreto, que é quando essa propriedade atinge seus mínimos. Desta forma, inúmeros estudos buscam métodos e materiais para melhorar a aderência destes elementos, entre os quais estão os procedimentos para incrementar a rugosidade da superfície do concreto e as argamassas de preparação, classificadas como chapiscos. Tradicionalmente, o chapisco é produzido por uma mistura fluída de cimento e areia grossa, contudo a mesma não apresenta desempenho satisfatório em relação à ancoragem quando em substratos pouco porosos, como o concreto, impulsionando assim o desenvolvimento de materiais alternativos. Atualmente, estão disponíveis no mercado chapiscos industrializados, com especial destaque ao aplicado com desempenadeira dentada, que propicia bons resultados.

Alguns construtores optam por utilizar outros materiais, cuja função principal é diferente, como forma de satisfazer as necessidades de aderência do revestimento, tais como o uso das argamassas colantes, também denominadas de cimento-cola, as quais são aplicadas da mesma forma que os chapiscos desempenados. Neste estudo, comparou-se a aderência proporcionada por 4 tipos distintos de chapisco: convencional; argamassa colante ACIII, argamassa colante ACIII com convencional, e desempenado. Cada um dos chapiscos foi aplicado sobre substrato de concreto e revestido por argamassa de revestimento, ambos padronizados. A avaliação foi realizada para duas distintas condições de cura dos chapiscos, onde metade das amostras, após a aplicação dos chapiscos, permaneceu por 72h em câmara climatizada a 23ºC e 60% de umidade, e o restante foi exposta a ciclos térmicos de aquecimento. Aos 28 dias de idade da argamassa de revestimento realizaram-se os ensaios de aderência à tração. Verificou-se que os chapiscos de argamassa colante com convencional e somente argamassa colante apresentaram melhor aderência ao substrato de concreto, atingindo médias de 0,91 e 0,85 MPa, respectivamente, para a cura em câmara climatizada. O chapisco desempenado e o convencional obtiveram 0,78 e 0,23 MPa, respectivamente, para cura em temperatura controlada. Com exceção do chapisco convencional, os sistemas sofreram considerável redução da resistência de aderência nas placas expostas aos ciclos térmicos de aquecimento, ocorrendo a maior queda, de 31,32%, nas amostras executadas com chapisco desempenado. Estimou-se ainda o custo para cada tipo de chapisco, obtendo-se o chapisco desempenado como o de maior custo, R$17,04/m²,

(3)

Thaís S. Fernandes, Rafael Mascolo, Ângela B. Mauero

1. INTRODUÇÃO

Nos revestimentos de argamassa, a aderência ao substrato é um fator determinante para o desempenho e estabilidade dos mesmos. O descolamento desta camada é uma manifestação patológica recorrente e grave, visto que a queda total ou parcial do revestimento pode provocar danos a terceiros. Ademais, seu desprendimento torna a edificação vulnerável às intempéries e prejudica o valor estético da construção. Conforme apontam Carasek e Cascudo [1], o descolamento desta camada de acabamento é mais incidente nas fachadas sobre a superfície da estrutura de concreto da edificação, ou seja, quando o substrato do sistema é composto por este material. Esse fato foi confirmado experimentalmente por Candia e Franco [2], que obtiveram resistência de aderência à tração até 53,57% inferior quando o substrato consistia de concreto, comparado ao substrato de blocos cerâmicos. Ruduit [3], ao analisar 2616 resultados de ensaio de aderência em obras do estado do Rio Grande do Sul/Brasil, identificou que a aderência de revestimentos argamassados de fachada sobre elementos cerâmicos é em média 41,18% superior do que quando aplicado sobre substrato de concreto. Carasek e Cascudo [1] também constataram que o destacamento ocorre majoritariamente na interface entre a base e o chapisco, deixando a superfície do concreto praticamente limpa, sem vestígios da aplicação do revestimento. Por estas razões, muitas pesquisas buscam melhorias na ligação entre essas camadas, estudando procedimentos de preparação da base de concreto e melhorias nas argamassas de chapisco.

Pretto [4], ao analisar a influência da rugosidade gerada por tratamentos superficiais realizados sobre o concreto, identificou que procedimentos como escovação e lixamento aumentam a aderência quando se utiliza chapisco convencional, porém quando se adotam os industrializados tais tratamentos são ineficazes. Já Gasperin [5] analisou a influência da aplicação do chapisco convencional, de forma manual e mecânica, e com diferentes composições granulométricas da areia utilizada na confecção do mesmo. A autora observou que a aplicação manual, apesar de rudimentar, apresentou maior uniformidade e resistência à aderência e o agregado com granulometria contínua propiciou melhores resultados. Moura [6] dedicou seus estudos para identificar se a cura da argamassa de chapisco exerce interferência sobre a aderência do sistema. Para tal, chapiscos convencionais e industrializados foram expostos a curas com temperatura de 40ºC ou circulação de ar, constatando-se que em ambas as condições provocam uma redução desta resistência. Candia e Franco [2] também identificaram que o tipo de chapisco altera os resultados do ensaio de resistência por aderência à tração, onde os industrializados propiciam valores superiores aos convencionais.

Com a necessidade de aumentar a aderência dos revestimentos, empresas construtoras adotam procedimentos que visam aumentar a extensão de aderência da base, como escovação, lixamento e apicoamento. Também nota-se que cada vez mais os chapiscos industrializados estão sendo utilizados, principalmente sobre as superfícies de concreto, como mostrou Fernandes et al. [7] em seu levantamento. As argamassas de preparo industrializadas são fornecidas em diversas formas, contudo o chapisco rolado e o aplicado com desempenadeira têm recebido maior atenção do setor.

Nesta busca por soluções, ocorrem, muitas vezes, improvisações nos canteiros de obra, e desta forma iniciou-se o emprego de cimento cola em substituição ao chapisco desempenado. Esta prática está sendo adotada no sul do Brasil, inclusive por construtoras de grande porte.

O cimento cola, também denominado argamassa colante, foi concebido para fixar elementos cerâmicos. Largamente utilizado em países como Brasil e Portugal, o cimento cola se consolidou como o material mais adequado para essa finalidade, substituindo por completo a técnica de assentamento com argamassa dosada em obra. Medeiros e Sabbatini [8] afirmam que a principal diferença entre as argamassas colante e convencionais é sua alta capacidade de retenção de água, que permite o assentamento dos elementos cerâmicos em uma camada de menor espessura. No Brasil, essas argamassas são divididas em 3 classes: ACI, de uso exclusivo interno; ACII, de uso interno e externo e ACIII, também de uso interno e externo, com as variações E, tempo em aberto estendido, e D, deslizamento reduzido. A norma brasileira NBR 14081-1 [9] distingue o tipo ACIII, como uma argamassa com resistência de aderência superior as demais, portanto esta é a mais indica para o uso em fachadas. Apesar de incluir requisitos semelhantes, a classificação distingue-se da contida na norma européia EN 12004 [10], que classifica este material segundo características como:

(4)

o desenvolvimento de resistência rápido (F), a capacidade de reduzir o deslizamento (T), tempo de aberto estendido (E) e deformabilidade (S).

Neste estudo, buscou-se avaliar o desempenho do cimento cola utilizado como chapisco, em comparação ao desempenado e convencional, próprios para essa finalidade. Para isso, confeccionaram-se amostras com substrato de concreto e revestimento padronizados, variando o chapisco e a cura realizada do mesmo. Por fim realizou-se o ensaio de aderência à tração em todos os sistemas, totalizando 96 arrancamentos, a fim de comparar os comportamentos dos diferentes materiais adotados na pesquisa.

2. PROGRAMA EXPERIMENTAL

As amostras confeccionadas constituíam-se por 3 camadas: substrato, chapisco e revestimento de argamassa. A base foi moldada em concreto com dimensões de 35x25x4 cm e o revestimento foi executado com argamassa dosada em laboratório com espessura de 2,5cm. Foram empregados 4 tipos de chapiscos sobre o substrato: convencional; desempenado; argamassa colante ACIII e ACIII com posterior aplicação de chapisco convencional, ilustrados na figura 1. O chapisco desempenado e o cimento cola foram aplicados com desempenadeira dentada de 8 mm.

Figura 1. Os quatro tipos de chapisco utilizados

A camada de chapisco foi submetida a duas curas distintas: em câmara climatizada, mantida a temperatura constante de 23ºC, e em sistema dotado de ciclos térmicos, com a incidência de períodos de temperatura mais elevadas. Como o objetivo da exposição desta camada a maiores temperaturas foi simular a aplicação da mesma em um dia quente, estabeleceu-se uma temperatura de 40ºC durante 6 horas, seguidas de 18 horas em 23ºC. Para produzir tais ciclos térmicos, as amostras foram posicionadas em um dispositivo com lâmpadas incandescentes, provido de termopares para controlar as temperaturas máxima e mínima. A figura 2 (a) ilustra a planta baixa do equipamento empregado, contudo, ressalta-se que para este experimento os circuladores de ar foram removidos. A imagem (b) mostra o interior do dispositivo já em funcionamento e os respectivos corpos de prova. Após 3 ciclos de 24h, o sistema foi desligado, e no mesmo dia aplicou-se o revestimento de argamassa sobre todas as placas.

(5)

Thaís S. Fernandes, Rafael Mascolo,

Figura 2. Dispositivo para a cura dos chapiscos: (a) planta baixa (b) equ Após a aplicação do revestimento, a

durante 28 dias. Sequencialmente,

segundo as recomendações da NBR 15258 [11]

determinada através do arrancamento por tração de isolados através de corte com serra

Figura 3

No sistema de revestimento com chapisco convenciona durante o corte, possivelmente

obtidos com os elementos remanescentes são apresentados no item 2.1. Preparação e caracterização do

Para a confecção do substrato de concreto, empregou basáltica, com traço em massa de

elementos empregou-se uma betoneira de eixo vertical, do laboratório L abatimento de 140 mm, através do procedimento da

elemento, realizaram-se ensaios de absorção capilar e resistência à comp recomendações das normas NBR 9779

apresentados na tabela abaixo.

(a)

Thaís S. Fernandes, Rafael Mascolo, Ângela B. Mauero

para a cura dos chapiscos: (a) planta baixa (b) equipamento em uso Após a aplicação do revestimento, as amostras permaneceram em câmara climatizada

Sequencialmente, verificou-se a resistência de aderência à tração do sistema dações da NBR 15258 [11]. A referida norma estabelece que tal resistência seja através do arrancamento por tração de 12 corpos de prova com

isolados através de corte com serra diamantada, processo demonstrado na figura 3

3. Ensaio de resistência à aderência por tração.

No sistema de revestimento com chapisco convencional, diversos corpos de prova romperam possivelmente devido a maior fragilidade dos mesmos. Contudo, os

remanescentes são apresentados no item 4.1.

aracterização do substrato

Para a confecção do substrato de concreto, empregou-se cimento tipo CPV, areia

em massa de 1,0:2,9:3,1 e relação água/cimento de 0,65. Para a mistura dos se uma betoneira de eixo vertical, do laboratório LAMTAC/UFRGS. Obteve m, através do procedimento da NBR NM 67 [12]. Para a caracterização deste

se ensaios de absorção capilar e resistência à compressão, segundo as recomendações das normas NBR 9779 [13] e NBR 5739 [14]. Os resultados de tais ensaios são

(b)

para a cura dos chapiscos: (a) planta baixa (b) equipamento em uso.

s amostras permaneceram em câmara climatizada à 23ºC aderência à tração do sistema, que tal resistência seja com 50mm de diâmetro, tada, processo demonstrado na figura 3.

Ensaio de resistência à aderência por tração.

corpos de prova romperam-se devido a maior fragilidade dos mesmos. Contudo, os resultados

CPV, areia quartzosa e brita 0,65. Para a mistura dos se uma betoneira de eixo vertical, do laboratório LAMTAC/UFRGS. Obteve-se . Para a caracterização deste se ensaios de absorção capilar e resistência à compressão, segundo as . Os resultados de tais ensaios são

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Tabela 1. Caracterização do concreto do substrato.

Resistência à compressão

- NBR 5739 (MPa)

Absorção de água por capilaridade 72h - NBR 9779 (g/cm²)

Média 32,56 1,35

Coeficiente de variação (%) 2,98 8,13

O substrato foi confeccionado em formas metálicas sem desmoldante, seu adensamento foi realizado em mesas vibratórias, da mesma forma que os CP’s utilizados para sua caracterização. Nas primeiras 24 horas, as placas de concreto foram mantidas em condições ambientes, porém embaladas em sacos plásticos para evitar a perda de água. Posteriormente, submergiram-se os substratos em água saturada com cal até completarem 28 dias de idade. As placas foram limpas com escova de cerdas macias e água corrente, para a remoção da cal superficial. Após secos em temperatura ambiente, escovaram-se os prismas de concreto com escova de cerdas de aço, no intuito de aumentar a extensão de aderência.

2.2. Preparação e caracterização das camadas de chapisco

Como informado acima, empregaram-se 4 sistemas de chapiscos e para tal foram utilizados 3 materiais: chapisco convencional, argamassa colante tipo ACIII e chapisco desempenado. No sistema com argamassa colante e chapisco convencional, utilizaram-se os mesmos materiais empregados nas demais placas. O lançamento do chapisco convencional sobre a argamassa colante foi realizado 30 minutos após a aplicação da mesma.

Para todos os materiais, moldaram-se corpos de prova de 4x4x16 cm, que foram expostos as mesmas condições das placas. Desta forma, dispôs-se metade desses CP’s em câmara climatizada à 23ºC e sua desforma ocorreu 24 horas após a moldagem. O restante dos corpos de prova foi inserido na câmara para ciclos térmicos, juntamente com os prismas chapiscados. A desforma destes elementos só ocorreu ao final do terceiro dia, com o término dos ciclos térmicos, quando foram também dispostos em câmara climatizada.

Os itens abaixo trazem uma descrição dos procedimentos e caracterizações realizados e seus respectivos resultados.

2.2.1 Chapisco convencional

Para o chapisco convencional empregou-se cimento CPII-F e areia média, com traço em massa de 1:5 (cimento:areia), e relação água/cimento de 1,2. Obteve-se o índice de consistência de 410 mm, através do procedimento da NBR 13276 [15]. Calculou-se a densidade de massa do chapisco em estado fresco, segundo os procedimentos da NBR 13278 [16], resultando em 2253,09 kg/m³. Os resultados dos ensaios realizados aos 28 dias são expostos na tabela 2, onde nota-se que o processo de cura das primeiras 72h não influenciou as propriedades deste material.

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Thaís S. Fernandes, Rafael Mascolo, Ângela B. Mauero

Tabela 2. Caracterização do chapisco convencional.

Ensaio

Ciclos térmicos Câmara climatizada Média Coef. De

variação (%) Média Coef. De variação (%) Absorção por capilaridade

NBR 15259 (g/cm²) 9,24 6,67 8,51 14,27

Densidade Aparente

NBR13280 (g/cm³) 1,98 1,02 2,01 2,59

Módulo Dinâmico de Elasticidade

NBR 15630 (GPa) 14,70 6,82 15,87 8,03

Resistência à compressão

NBR 13279 (MPa) 6,95 10,10 6,56 17,48

Resistência à tração na flexão

NBR 13279 (MPa) 2,64 14,65 2,89 5,77

2.2.2 Argamassa Colante

O preparo deste material seguiu as instruções do fabricante, que determina 1 litro de água para cada 5 kg do material. O índice de consistência obtido para a argamassa colante foi de 220 mm, mostrando uma coesão muito superior a do chapisco convencional. Contudo, a densidade de massa deste material revelou-se inferior, com 1821,65 kg/m³. Os ensaios de caracterização realizados em estado endurecido foram similares aos realizados para o chapisco convencional e os resultados encontrados são dados na tabela 3. Da mesma forma que no item anterior, é possível perceber que as distintas curas não ocasionaram alteração nas propriedades medidas nestes corpos de prova.

Tabela 3. Caracterização da argamassa colante Ensaio

Ciclos térmicos Câmara climatizada Média Coef. De

variação (%) Média Coef. De variação (%) Absorção por capilaridade

NBR 15259 (g/cm²) 2,49 4,02 2,46 11,05

Densidade Aparente

NBR13280 (g/cm³) 1,58 0,85 1,58 0,54

Módulo Dinâmico de Elasticidade

NBR 15630 (GPa) 12,82 0,46 11,74 0,12

Resistência à compressão

NBR 13279 (MPa) 9,77 17,61 10,27 25,90

Resistência à tração na flexão

NBR 13279 (MPa) 4,45 17,14 4,51 8,03

2.2.3 Chapisco Desempenado

O procedimento de caracterização do chapisco desempenado foi similar ao adotado para a argamassa colante e convencional. Obteve-se um índice de consistência de 191 mm e uma densidade de massa de 1692,47 kg/m³ sendo, portanto, o material menos denso e mais coeso dentre os 3. Para as caracterizações realizadas aos 28 dias, os resultados são apresentados na tabela 4. As propriedades deste chapisco são semelhantes às mensuradas para o cimento cola.

(8)

Tabela 4. Caracterização do chapisco desempenado

Ensaio

Ciclos térmicos Câmara climatizada Média Coef. De

variação (%) Média Coef. De variação (%) Absorção por capilaridade

NBR 15259 (g/cm²) 2,61 16,07 2,29 6,78

Densidade Aparente

NBR13280 (g/cm³) 1,50 0,98 1,53 0,15

Módulo Dinâmico de Elasticidade

NBR 15630 (GPa) 10,93 1,60 11,91 0,65

Resistência à compressão

NBR 13279 (MPa) 9,58 13,85 9,61 13,12

Resistência à tração na flexão

NBR 13279 (MPa) 3,97 7,97 3,67 16,97

2.3 Argamassa de Revestimento

A dosagem da argamassa para o revestimento buscou propiciar uma elevada resistência mecânica a esta camada, para que não ocorresse ruptura no interior da mesma, durante o ensaio de aderência à tração. Para tal, o traço adotado foi de 1:1:3 (cimento:cal:areia), com cal hidráulica maturada durante 24 horas. A mistura dos elementos foi realizada em betoneira de eixo vertical, também adotada na produção do concreto do substrato. A relação água/cimento empregada foi de 1,02, resultando um índice de consistência igual a 182 mm e densidade de massa de 2122,99 kg/m³.

Para a execução do revestimento sobre as placas de concreto, já chapiscadas, utilizou-se uma caixa de queda com 1m de altura, proporcionando uma energia padrão ao processo de lançamento da argamassa. Para o nivelamento do revestimento foram empregados moldes de madeira, de maneira que estivessem com altura de 2,5 cm acima da camada de chapisco, mantendo assim a espessura do revestimento constante. Após sua aplicação, as placas foram cobertas por sacos plásticos, para evitar a perda de água para o ambiente. Com esta camada enrijecida, removeram-se os moldes de madeira e as amostras foram armazenadas em câmara climatizada.

As caracterizações da argamassa aos 28 dias, cujos resultados estão expostos na tabela 5, foram realizadas sobre prismas de 4x4x16 curados em câmara climatizada, juntamente com os sistemas em estudo.

Tabela 5. Caracterização da argamassa de revestimento

Ensaio

Câmara climatizada

Média Coef. De variação (%)

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Thaís S. Fernandes, Rafael Mascolo, Ângela B. Mauero

A norma NBR 13281 [17] classifica as argamassas em 6 classes, de forma crescente, para cada uma das propriedades apresentadas na tabela 5, com exceção do módulo de elasticidade que não possui classificação. Por exemplo; a classe M1 tem densidade aparente inferior 1,2 g/cm³, enquanto a M6 fica acima de 1,8 g/cm³. Segundo esta norma, a argamassa de revestimento adota está na classe 6, para os 4 dos ensaios realizados.

3. ESTIMATIVA DE CUSTO

No intuito de comparar os sistemas também segundo seu custo benefício, estimou-se o custo para execução de cada um, englobando material e mão de obra. Para tal, utilizaram-se os dados fornecidos pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices (SINAPI). Este sistema possui índices, atualizados mensalmente, para elaboração de orçamentos de obras e serviços de engenharia, que sejam financiados com dinheiro público no Brasil. Os dados são fornecidos em planilha, onde constam composições para cada atividade, são considerados o consumo médio dos materiais e o tempo estimado para a execução dos serviços. O cálculo foi realizado com base na planilha de composições analíticas de outubro de 2015, necessitando pequenas adaptações.

Para estimativa do custo do chapisco composto por argamassa colante coberta por convencional, adotou-se a soma de ambos os insumos, para o custo do material. Para a mão de obra foi utilizado o valor para a aplicação de chapisco desempenado acrescido do preço para a aplicação de convencional, pois a base de dados não possui os custos para a argamassa colante aplicada como chapisco. Os demais sistemas utilizados constam integralmente no sistema, portanto o custo para cada atividade foi simplesmente replicado na tabela do item 4.2.

4. RESULTADOS 4.1. Aderência

Os resultados obtidos no ensaio de resistência à aderência são apresentados na tabela 6, ressalta-se que as médias expostas foram obtidas com a exclusão dos valores distantes 30% da média global, como preconiza a norma NBR 15528 [11]. O coeficiente de variação, dado em porcentagem, refere- se à variação entre os valores utilizados para a média apresentada.

Tabela 6. Caracterização da argamassa de revestimento

Chapisco

Convencional

Argamassa Colante

Arg. Colante e

Convencional Desempenado

Ciclo Térmico Média (MPa) 0,32 0,77 0,81 0,57

Desvio Padrão 0,09 0,29 0,14 0,05

Coef. de variação (%) 27,59 37,67 17,35 9,2

Câmara climatizada Média (MPa) 0,23 0,85 0,91 0,83

Desvio Padrão 0,06 0,10 0,14 0,10

Coef. de variação (%) 26,59 11,78 15,85 12,55

Os resultados encontrados demonstram a influência negativa do aumento da temperatura sobre a aderência do sistema. Para o chapisco executado com argamassa colante ACIII, a cura com ciclos de temperatura de 40ºC e 23ºC propicia uma aderência 9,41% inferior à cura em câmara climatizada a 23 ºC. Quando este material é coberto por uma camada de chapisco convencional, essa queda é ainda maior, onde o sistema curado em ciclos térmicos apresenta resistência 10,99% inferior. O chapisco desempenado é o material que mais sofre os efeitos da temperatura nos primeiros dias, com uma redução de 31,32% da aderência. Ruduit [3] obteve resultados análogos aos do presente

(10)

trabalho, e observou que a cura do chapisco desempenado à 50ºC diminui a aderência do sistema em 39,39%, comparado à cura à 23ºC. Contudo, Moura [6] identificou comportamento oposto para um sistema de revestimento com chapisco desempenado, obtendo uma resistência de aderência de 0,09 MPa para cura à 23ºC e 0,21 MPa (57,14% maior) para cura em ciclos térmicos.

O chapisco convencional diferiu dos demais, conforme evidencia a figura 4, com maior aderência para a cura em 40ºC, porém ressalta-se que para esse sistema foram realizadas apenas três extrações por cura. Como relatado anteriormente, os corpos de prova romperam-se no momento de corte com a serra copo. Este fato somado a alta variabilidade do ensaio, com coeficientes de variação acima de 25% em ambas as situações, pode ter distorcido o resultado deste material. Outra possível hipótese para a inversão de comportamento neste sistema, é que o mesmo tenha elevado sua resistência devido ao processo de cura térmica. Taylor [18] afirma que por acelerar a dissolução dos constituintes anidros do clínquer, a cura térmica acelera o enrijecimento e a resistência dos materiais de base cimentícia. Em sua pesquisa, Moura [6] não identificou diferença entre a aderência do sistema com chapisco convencional curado à 23ºC e com ciclos térmicos, medindo 0,14 MPa para ambos. Na figura 4 são apresentados os resultados médios de aderência, bem como os máximos e mínimos valores validados pela norma NBR 15528 [11].

Figura 4. Resultado do ensaio de aderência.

O sistema com maior aderência em ambas às curas é o com argamassa colante e chapisco convencional, com uma resistência de aderência média 6,59% superior à do sistema somente com a argamassa colante ACIII e 74,72% superior ao com chapisco convencional, para a cura em câmara climatizada. Portanto, apesar de ter sido concebido para outra finalidade, este material apresenta

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Thaís S. Fernandes, Rafael Mascolo, Ângela B. Mauero

de 72,3%. Ademais do ambiente controlado de laboratório, a alta relação água/cimento do concreto utilizado para a moldagem dos substratos pode ter favorecido a ancoragem do revestimento. Essa relação afeta diretamente a porosidade do concreto, que conforme exposto no item 2.1 apresentou uma absorção capilar de 1,35 g/cm² em 72h.

4.2. Estimativa de custo

A tabela 7 apresenta os custos calculados para os 4 sistemas ensaiados, os valores são dados em reais, que atualmente possui um cambio de 4:1 com o euro. A argamassa colante com chapisco convencional não apresenta o maior custo, apesar de se tratar do sistema que proporciona maior aderência, seu custo de 16,16 reais por m² é equivalente a aproximadamente 4,04 euros/m². O sistema somente com argamassa colante necessita de um investimento 24,24% inferior, diferença bem superior ao decréscimo de 6,59% de resistência de aderência entre os sistemas, fazendo deste chapisco uma opção técnica e economicamente interessante. O material que demanda maior investimento é o industrializado desempenado. Ressalta-se ainda o baixo custo do convencional, 76,94% mais econômico que o desempenado, torna-o uma opção economicamente interessante.

Tabela 7. Custo dos chapiscos

Chapisco

Convencional

Argamassa Colante

Arg. Colante e

Convencional Desempenado

Mão de Obra (R$/m²) 2,1 5,04 7,14 5,04

Material (R$/m²) 1,82 7,2 9,02 11,99

Custo (R$/m²) 3,93 12,24 16,16 17,04

5. CONCLUSÕES

Demonstrou-se, através do programa experimental realizado, que a exposição das argamassas de chapiscos a temperaturas elevadas, aparentemente pode acarretar numa queda da resistência de aderência do sistema. Contudo, destaca-se que os materiais estudados possuem comportamentos distintos a esta exposição, visto que o sistema com chapisco desempenado sofreu uma redução na aderência média 3 vezes superior a obtida com o cimento cola.

O cimento cola do tipo ACIII mostrou-se eficiente quando utilizado como argamassa de preparação para substratos de concreto, de modo que propiciou elevada resistência de aderência, em ambas as curas, e possui desempenho ao que parece melhorado em relação à aderência quando acrescido de uma camada de chapisco convencional. Conclui-se, portanto, que apesar de não ter sido idealizada para este fim, esta classe de argamassa colante pode desempenhar o papel de chapisco em fachadas, como já tem sido realizado por algumas empresas construtoras.

Ademais do desempenho, os construtores consideram o custo/benefício dos materiais ou sistemas, pois as edificações precisam ter viabilidade econômica, sem prejuízo ao desempenho.

Os custos do sistema de chapisco desempenado, o qual tem uso específico para melhorar aderência entre substrato de concreto e revestimento argamassado, apresentou o maior custo, mas não o melhor valor médio de resistência, embora com resultados acima do mínimo preconizado.

Os resultados de desempenho somados a estimativa de custo, constatam que apesar de haver uma indicação de incremento na aderência, o uso de chapisco convencional sobre o cimento cola não parece interessante economicamente, pois o ganho em desempenho é na faixa de 5% enquanto o custo sobe mais de 30%. Em termos gerais os chapiscos convencional e cimento cola apresentaram a melhor relação custo/aderência, destacando-se que os valores de cimento cola ficaram bem acima do mínimo exigido, o que não é o caso do convencional.

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Por fim, salienta-se que estatisticamente (a um nível de 5% de significância) há diferença significativa das médias apenas do grupo de chapisco convencional para os demais, independente do tipo de cura, visto que esse tratamento não apresenta diferença significativa entre os grupos. Assim, as diferenças de médias nos resultados dos grupos de cimento cola, cimento cola com convencional, e desempenado são indicativos da diferença de desempenho, necessitando de maior quantidade de dados e estudos.

REFERÊNCIAS

[1] H. Carasek, O. Cascudo, "Descolamento de Revestimentos de Argamassa Aplicados sobreEstruturas de Concreto – Estudos de casos brasileiros," in Congresso Nacional de Argamassas de Construção 2007, 2007, Não paginado.

[2] M. C. Candia, L. S. Franco, Contribuição ao Estudo dasTécnicas de Preparo daBase no Desempenho dosRevestimentos de Argamassa,Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, 1998, Não paginado.

[3] F. R. Ruduit, Contribuição Ao Estudo Da Aderência De Revestimentos De Argamassa E Chapiscos Em Substrato De Concreto, Dissertação de mestrado em engenharia civil na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009, pp. 1-175.

[4] M. E. J. Pretto, Influência Da Rugosidade Gerada Pelo Tratamento Superficial Do Substrato De Concreto Na Aderência Do Revestimento De Argamassa, Dissertação de mestrado em engenharia civil na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007, pp. 1-261.

[5] J. Gasperin, Aderência De Revestimentos De Argamassa Em Substrato De Concreto:

Influência Da Forma Deaplicação E Composição Do Chapisc,Dissertação de mestrado em engenharia civil na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011, pp. 1-189.

[6] C. B. Moura, Aderência De Revestimentos Externos De Argamassa Em Substratos De Concreto: Influência Das Condições De Temperatura E Ventilação Na Cura Do Chapisco, Dissertação de mestrado em engenharia civil na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007, pp. 1-232.

[7] T. S. Fernandes, A. B. Masuero, G. R. Antunes, Práticas e materiais mais empregados para construir revestimentos externos aderidos em Porto Alegre/RS, In.: Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, 2015.

[8] J. S. Medeiros, F. H. Sabbatini, Tecnologia E Projeto De Revestimentos Cerâmicos De Fachadas De Edifícios, Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, 1999, pp. 1-27.

[9] Associação brasileira de normas técnicas, NBR 14081: Argamassa colante industrializada

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Thaís S. Fernandes, Rafael Mascolo, Ângela B. Mauero

[11] Associação brasileira de normas técnicas, NBR 15528: Argamassa para revestimento de paredes e tetos - Determinação da resistência potencial de aderência à tração, Norma técnica brasileira, 2005, pp. 1-5.

[12] Associação brasileira de normas técnicas, NBR NM 67: Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone, Norma técnica brasileira, 1998, pp. 1-8.

[13] Associação brasileira de normas técnicas, NBR 9779: Argamassa e concreto endurecidos — Determinação da absorção de água por capilaridade, Norma técnica brasileira, 2012, pp. 1-3.

[14] Associação brasileira de normas técnicas, NBR 5739: Concreto - Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos, Norma técnica brasileira, 2007, pp. 1-9.

[15] Associação brasileira de normas técnicas, NBR 13276: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Preparo da mistura e determinação do índice de consistência, Norma técnica brasileira, 2005, pp. 1-3.

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[17] Associação brasileira de normas técnicas, NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Requisitos, Norma técnica brasileira, 2005, pp. 1-7.

[18] H. F. W. Taylor. Cement chemistry. Academic Press, Inc., London, 1997.

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