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PROJETO DE LEI N.º 651/XIII/3.ª (BE).

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PROJETO DE LEI N.º 651/XIII/3.ª (BE). RESPONSABILIZA A ENTIDADE EMPREGADORA PÚBLICA PELOS ENCARGOS DECORRENTES DA FORMAÇÃO E CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO TRABALHADOR.

PROJETO DE LEI N.º 569/XIII/2.ª (PSD) ESTABELECE A RESPONSABILIDADE DA ENTIDADE PATRONAL PELA FORMAÇÃO OBRIGATÓRIA DOS TRABALHADORES EM FUNÇÕES PÚBLICAS E PELA RENOVAÇÃO DOS TÍTULOS HABILITANTES INDISPENSAVÉIS AO DESEMPENHO DAS SUAS FUNÇÕES, PROCEDENDO À QUARTA ALTERAÇÃO À LEI GERAL DO TRABALHO EM FUNÇÕES PÚBLICAS, APROVADA EM ANEXO À LEI N.º 35/2014, DE 20 DE JUNHO.

- PARECER DA ANMP-

I.ENQUADRAMENTO DAS INICIATIVAS LEGISLATIVAS.

A Comissão de Trabalho e Segurança Social, no âmbito da Assembleia da República, remeteu à ANMP, para audição o Projeto de Lei n.º 651/XIII/3.ª (BE) e o Projeto de Lei n.º 569/XIII/2.ª (PSD) que pretendem alterar a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, no sentido de cometer responsabilidades às entidades empregadoras públicas relativamente aos encargos que decorram de formação e certificação obrigatória e renovação de títulos habilitantes essenciais ao exercício de funções públicas cometidas ao trabalhador.

II.CONTEÚDO DAS INICIATIVAS LEGISLATIVAS.

As iniciativas legislativas em epígrafe serão analisadas em conjunto e de um parecer único por parte da ANMP, na medida em que ambas procuram dar resposta a uma questão já sinalizada no passado, designadamente por vários Municípios, que se prende com o enquadramento legal para que o Município suporte, na qualidade de entidade empregadora pública, os encargos emergentes de formação ou certificação profissional obrigatória ao exercício das funções, bem como quotizações para ordens profissionais ou outros encargos obrigatórios de que dependa a habilitação profissional para o exercício de determinada função.

Proposta do BE – Projeto de Lei n.º 651/XIII/3.ª

O Projeto de Lei do BE pretende introduzir alterações aos artigos 71.º e 72.º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de Junho, respetivamente, no âmbito do elenco de “Deveres do empregador público” e das “Garantias do Trabalhador” aperfeiçoando os normativos que regulam a formação profissional em ambas as óticas. O Projeto faz incluir naqueles normativos a previsão legal expressa de uma obrigação, por parte do empregador público, de garantir a “certificação profissional” adequada ao desempenho da atividade profissional do trabalhador, criando-se, em conformidade, uma norma que habilita a entidade empregadora pública a suportar diretamente os encargos com formação obrigatória ou certificação profissional necessárias ao exercício das funções, ou, em alternativa, a proceder ao reembolso destes encargos, junto do trabalhador.

O projeto reforça, ainda, nas alterações introduzidas, a necessidade de a formação profissional ser não só adequada à qualificação do trabalhador mas, também, às necessidades no quadro do regime da formação profissional na Administração Pública.

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No que respeita à entrada em vigor das alterações, o projeto do BE propõe que estas alterações entrem em vigor com o Orçamento do Estado subsequente à sua publicação.

Proposta do PSD – Projeto de Lei n.º 569/XIII/2.º

O Projeto de Lei do PSD preconiza, igualmente, alterações à Lei geral do Trabalho em Funções Públicas – aos mesmos artigos 71.º e 72.º -- no sentido de estabelecer a obrigatoriedade de os empregadores públicos custearem as despesas com formação profissional obrigatória e renovação de títulos profissionais, exigidos por lei para o desempenho da atividade profissional dos Trabalhadores.

Nesse sentido, são introduzidas alterações à LGTFP, nos normativos referenciados, no sentido de à entidade empregadora pública caber a obrigação de proporcionar a formação profissional, designadamente, a que seja legalmente obrigatória à manutenção ou renovação dos títulos profissionais, reforçando-se (igualmente), o princípio de que o empregador público deve proporcionar ao trabalhador ações de formação profissional adequadas à sua qualificação e necessidades socioprofissionais, acompanhando estas alterações da previsão, em coerência, deste direito relativamente ao trabalhado. Propõe-se, em consonância, a inclusão de um normativo que habilita a entidade empregadora pública a reembolsar estas despesas de formação obrigatória, quando não as suporte diretamente e, ainda, os encargos com a obtenção do título habilitante quando posterior à constituição da relação jurídica de emprego público e essa necessidade decorra por causa ou no interesse da mesma.

III. APRECIAÇÃO E SUGESTÕES DA ANMP.

Em geral.

Após análise dos Projetos de Lei em apreço, a ANMP não pode deixar de sublinhar que são ambos muito idênticos no seu conteúdo e génese, pretendendo-se, sumariando a intenção dos Projetos, responsabilizar as entidades empregadoras públicas pelos encargos decorrentes da formação e certificação profissional do trabalhador, necessária ao exercício da sua atividade profissional.

Em ambos os Projetos é adiantado como exemplo a situação dos motoristas de transportes rodoviários afetos ao transporte de mercadorias e passageiros, como sendo paradigmático, na medida

Esta questão não é nova, tendo sido já objeto de análise por parte da ANMP, embora noutra ótica -- do mesmo problema, na nossa perspetiva -- designadamente no que respeita à particular questão das quotizações para as ordens profissionais, quando se trate de profissões regulada que obriguem, para o seu exercício, ainda que no âmbito de uma relação jurídica de emprego público, face à ausência de enquadramento legal que possibilite, aos Municípios, presentemente, assumir estes encargos.

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Não obstante, importa referir que são vários, já, os Municípios que proporcionam formação obrigatória aos trabalhadores incluindo a que providencia a renovação de títulos habilitantes indispensáveis ao desempenho das suas funções, encarando-se este situação como um investimento na valorização profissional dos trabalhadores em funções públicas, numa ótica de melhoria do serviço pública e de equidade face aos restantes trabalhadores, correndo, em coerência, os encargos desta “formaçãoe certificação profissional” dos trabalhadores, por conta dos Municípios.

A questão de princípio é transversal a várias situações profissionais que careçam de formação obrigatória, designadamente contínua, que careçam de certificação ou de outros tipos de “validação” profissional que sejam impostos por lei e que, nessa medida, sejam condição da habilitação do trabalhador em funções públicas à continuidade ou ao regular exercício das suas funções profissionais.

Neste contexto, entende a ANMP que as propostas de alteração aos artigos 71.º e 72.º da Lei Geral do Trabalho em funções públicas, apresentadas em ambos os Projetos de Lei, revestem particular pertinência, dando resposta a uma questão antiga e conferindo enquadramento legal expresso para que este tipo de encargos possam ser assumidos pelos empregadores públicos.

Em particular.

Definição mais objetiva do âmbito. Uma vez que as alterações pretendem, no seu essencial, a definição da responsabilidade pelos encargos decorrentes da manutenção ou renovação de títulos profissionais inerentes e obrigatórios ao exercício de determinadas funções, parece-nos que a redação conferidas aos artigos da LGTFP deverá assumir maior objetividade e definir melhor a respetiva abrangência para a situação expendida (encargos decorrentes da manutenção ou renovação de títulos profissionais inerentes e obrigatórios ao exercício de determinadas funções) e para a responsabilidade pelas das quotizações ou contribuições obrigatórias para ordens ou associações profissionais que a lei imponha para o exercício da profissão.

Qualificação inicial. A ANMP entende que relativamente às qualificações iniciais, as mesmas já deverão (salvo previsão legal em contrário) ser detidas pelo candidato à data da integração na respetiva carreira/função, sendo exigida em sede de procedimento de recrutamento, pelo que entende a ANMP que o legislador deverá consignar, expressamente que, a entidade empregadora não suportará os respetivos custos nesta circunstância, salvo situações excecionais devidamente fundamentadas, em que a necessidade e interesse do serviço justifique dotar um trabalhador de uma determinada qualificação que lhe permita desempenhar uma nova função.

Necessidade de autorização prévia. Na medida em que estas alterações implicam, para as entidades empregadoras públicas, de formação profissional e de encargos, às entidades empregadoras públicas, parece-nos -- não obstante se trate de um dever -- que deverá ser criada uma norma que preveja, expressamente, que o suporte destes encargos ou reembolso, carece de um procedimento de autorização prévia que confirme essa necessidade, seja no que respeita a formação obrigatória seja quanto a quotizações ou contribuições impostas por lei a ordens ou associações profissionais de que dependa o exercício de funções públicas.

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Regime de acumulação de funções e período de permanência obrigatória em exclusividade. Entende a ANMP que estes encargos só deverão ser suportados pelas entidades empregadoras públicas se e enquanto os trabalhadores em funções públicas exerçam as suas funções em regime de exclusividade, mais precisamente, sem acumulação de funções privadas de idêntica natureza para as quais seja igualmente exigível a respetiva formação ou certificação obrigatória, ou seja exigível eventuais quotizações ou contribuições impostas por lei. Propõe-se, em conformidade, que seja criado um período de permanência obrigatória em regime de exclusividade que poderá ser afastado desde que o trabalhador proceda, junto da respetiva entidade empregadora, ao ressarcimento dos encargos com a respetiva formação. Já nas circunstâncias de os encargos com a manutenção do título válido para o exercício da profissão assumirem natureza de obrigação periódica (mais uma vez o exemplo das quotizações para ordens profissionais) a autorização para acumulação de funções privadas determinará a cessação da responsabilidade da entidade empregadora pública pelo respetivo cumprimento, passando este encargo a caber diretamente ao trabalhador.

Cessação da relação jurídica de emprego público. Ressarcimento das despesas com formação. Nas situações de cessação de relação jurídica de emprego público por causa imputável ao trabalhador, deverá a entidade empregadora pública ser ressarcida das despesas relativas a formação obrigatória à manutenção ou renovação de títulos profissionais, consignando-se um período obrigatório de permanência em funções na entidade empregadora pública, após o qual o direito ao ressarcimento caduca.

Outras situações. Documentos de emissão obrigatória. Os Projetos de Lei estão direcionados para o reembolso dos custos associados à obtenção de títulos/formação obrigatórios para o desempenho das suas funções públicas, o que não acrescentam é o enquadramento legal para o reembolso de despesas relativas aos documentos/certificados/registos obrigatórios, para a obtenção dos mesmos. Tendo em conta que por lei os documentos de despesa são obrigatoriamente emitidos no nome e contribuinte do trabalhador, não é possível proceder ao reembolso. São exemplos desta situação registos criminais, cartão IMT, Certidão de Registo de Infrações do Condutor (RIC), de custos elevados para os trabalhadores que não podem apresentar documento com NIF do empregador público para reembolso.

Pese embora estes projetos lei se refiram, em particular, aos assistentes operacionais - motoristas, existe também uma diferenciação entre os trabalhadores em funções públicas na administração central e os trabalhadores da administração local, designadamente na forma de obtenção do registo criminal para os trabalhadores a exercer funções em contato regular com menores, independentemente da respetiva função/categoria/carreira.

Nos termos do n.º4 do artigo 2º, na redação dada pela Lei 103/2015, de 24 de agosto, a saber: “O certificado requerido por particulares para os fins previstos nos n.ºs 1 e 2 tem a menção de que se destina a situação de exercício de funções que envolvam contacto regular com menores e deve conter, para além da informação prevista nos n.ºs 5 a 8 do artigo 10.º da Lei n.º 37/2015, de 5 de maio”, passou a ser obrigatório, e se para a administração central foram desenvolvidas, pelo Ministério da Justiça plataformas eletrónicas que permitem aos trabalhadores a obtenção do registo criminal de forma gratuita, ao invés dos trabalhadores da Administração Local que têm de custear o certificado,

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Desta dualidade de procedimentos e critérios a ANMP já deu nota às correspondentes áreas governativas, solicitando um procedimento que garanta, para os trabalhadores das Autarquias, a gratuitidade daquele procedimento, questão que poderia ser acautelada, desde já, nas presentes iniciativas legislativas, pondo termo, igualmente, a este problema atual e cuja resolução é também urgente.

IV.POSIÇAO DA ANMP.

Face ao exposto, desde que acauteladas e clarificadas as sugestões e dúvidas enunciadas, a ANMP nada tem a opôr à presente iniciativa legislativa.

Associação Nacional dos Municípios Portugueses Coimbra, 04 de Abril de 2019

Referências

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