Ondas Sísmicas e a Estrutura da Terra
Parte II
Prof. Dr. Marcelo B. de Bianchi m.bianchi@iag.usp.br
2016
AGG 0110
Elementos de Geofísica
Fases Sísmicas (branches) nos sismogramas
Sismograma para o sismo do
Pakistão registrado em 26° e 67° de distância.
SS
ScS S
ScS2 ScS3
SSS
26° 67°
P : Onda P no manto (até ~100°) K : Onde P transmitida no núcleo externo
I : Onda P transmitida no núcleo interno
S : Onda S no manto
J : Onda S transmitida no núcleo interno
i : Onda P refletida na borda núcleo externo – núcleo interno
c : reflexão na borda manto – núcleo externo
Ondas Sísmicas no Manto
(Nomenclatura)
Reflexão na superfície (upgoing branches)
●
São definidos pelas letras p e s
minúsculas !
●
Por exemplo: pP, sP, pS e sS.
●
São normalmente definidas como fase de profundidades
P pP
Descontinuidade de Mohorovičić
●
Andrija observou que para certas
distâncias existiam dois registros para a mesma onda com ângulo de chegadas diferentes;
●
Seu modelo conseguia explicar os dados de estações próximas mas não conseguia explicar as chegadas
antecipadas nas estações mais longe;
●
A conclusão foi que certas chegadas pertenciam a camadas mais rasas (se propagando com uma velocidade
menor) e a outra chegada, que só aparecia no gráfico a uma certa
distância, pertencia a uma onda que estaria se propagando com uma
velocidade maior, atribuída a uma camada inferior.
●
Ele deu o nome da onda mais lenta de Pg (Onda P no
Granito/Gnaisse) enquanto que a outra ele chamou de Pn.
P
Pn
Pn v2
Pg
Pg
Tempo
Distância P
v1 Andrija Mohorovičić (January 23,
1857 – December 18, 1936) – fonte Wikipedia
Zona de Sombra do Núcleo
(a partir de ~100°)
Atenção, “K” se refere a uma onda P transmitida pelo núcleo externo !
Hipocentro Estação
Onda P Onda S
Hipocentro Estação
Onda P Onda S
Atenção, “I” significa que a onda atravessou o núcleo interno, enquanto que “i” a onda
apenas refletiu no núcleo interno; “K” é uma onda P no núcleo externo !!
Hipocentro Estação
Onda P Onda S
Hipocentro Estação
Onda P Onda S Atenção, “c” significa que a onda
refletiu no núcleo externo !!
I
J
PKIKP vs PKJKP
J : Onda S no núcleo interno, que foi
convertida de uma onda P na interface “ICB”
(Inner Core Boundary)
Exercício
Estrutura da terra
●
A Geofísica e a Geologia buscam compreender como que a Terra se formou e vem evoluindo nos últimos 4,5
bilhões de anos.
●
Explicar a sua estrutura é fundamental para
compreender os processos que agem no seu interior e mesmo na superfície do nosso planeta.
?
O que já sabemos
●
Um terremoto emite ondas que se propagam em todas as direções;
●
A velocidade das ondas depende das características do meio, mais especificamente da densidade, do
módulo de rigidez e do módulo de incompressibilidade e logicamente do tipo de onda;
●
A chegada dessas ondas são registradas por
estações sismográficas espalhadas ao redor do
mundo;
É uma questão de tempo !
Quanto tempo leva para uma onda atravessar a terra ?
1 minuto ? 10 minutos ? 2 horas ?
V = Δ s Δ t
Mais precisamente em torno de 20 minutos
É uma questão de tempo !
E se existir uma anomalia de maior velocidade no meio do percurso ? Demora mais ?
Demora menos ? O mesmo tempo ?
Voltando na equação de tempo de percurso:
Logo se V aumenta, a diferença de tempo (∆t) diminui para uma mesma distância (∆s) !!!
V = Δ s
Δ t → Δ t = Δ s
V
Modelos de Velocidade
●
Ao analisar os registros sísmicos é necessário conseguir explicar as observações
–
Tempos de chegada
–
Amplitudes
–
Polaridades
●
Para isso é necessário considerar um modelo para a Terra.
●
Alguns dos modelos existentes incluem:
– J-B (Harrold Jeffreys and Keith Bullen, 1940)
– PREM (Dziewonski and Anderson, 1981)
– IASP91 (Kennett and Engdahl, 1991)
– AK-135, AK-135-F (Kennett, Engdahl &
Buland, 1995)
●
Modelos são um conjunto de características do meio. Os modelos podem ser normalmente 1D ou 3D.
●
As características mais importantes para a sismologia são:
–
Velocidades para ondas P (representada por V
p, α)
–
Velocidades para ondas S ( V
s, β)
–
Densidade (ρ)
●
Em modelos 1D as propriedades variam apenas em uma dimensão, normalmente com a profundidade.
●
Modelos 3D as propriedades podem variar em qualquer direção.
Características Básicas
Diferentes modelos
●
Modelos:
– Esféricos, lateralmente heterogêneos
– Esféricos lateralmente homogêneos
– Estratificado semi- espaço → gradiente
– Modelo de camadas
Descontinuidades
●
É uma região onde existe uma mudança abrupta de determinada propriedade;
●
As descontinuidades
interagem com as ondas sísmicas, causando
conversões e reflexões para as ondas P e S.
Fig. 3.70: Results of deep reflection profiling across the North American Mid- continent Rift System under western Lake Superior. The top part of the figure shows the migrated reflection record, the bottom part the interpreted crustal structure (courtesy of A. G. Green).
O que pode causar uma descontinuidade
●
Composição: Contato entre dois tipos de rochas distintos – descontinuidades de 1
aOrdem;
●
Térmico: Causada por uma mudança abrupta na temperatura do meio;
●
Estrutural: Causada por uma reestruturação da rede cristalina dos minerais, normalmente devido ao
aumento excessivo da pressão;
Tempo: Distância:
t
p= 20 minutos → R
terra= 6.371 km →
20 * 60 = 1.200 s D
terra= 2 * 6.371 = 12.742 km
V
pm≈ 12.742 / 1.200 = 10.6 km/s
Terra ! V cte = ?
Semi espaço com velocidade constante
Terremoto
Estações
Ajuste na seção sísmica
20
0 20
°40
°60
°80
°100
°120
°140
°160
°180
°Distância Epicentral
Te m p o d e P e rc u rs o (m in )
15 10 5 0 20 min
15 10 5 0
10.6 km / s
Tempos para distâncias menores
20°
Dist=20° t p = 4 min 30s
90°
105°
Dist=105° t p = 14min 04 s Vp = 8,2 km/s
Vp = 12,0 km/s
Variações da média
20
0 20
°40
°60
°80
°100
°120
°140
°160
°180
°Distância Epicentral
Te m p o d e P e rc u rs o (m in )
15 10 5 0 20 min
15 10 5 0
10.6 km / s
<< 10. 6 k m / s
>> 10. 6 km / s
Devem ser
considerados os efeitos da:
●
Velocidade variável com a profundidade
●
Esfericidade da Terra (lei dos cossenos)
Importante
Interpretação de Fases
http://www.isc.ac.uk/
Inicio suas atividades
em
~1900 !
Modelo de Jeffrey & Bullens
●
Um dos primeiros modelos utilizados para a localização de tremores.
● JB Model, Thorne Lay, 51 The Earth's interior, In:
William H.K. Lee, Hiroo Kanamori, Paul C. Jennings and Carl Kisslinger, Editor(s), International
Geophysics, Academic Press, 2002, Volume 81, Part A, Pages 829-860, XX, ISSN 0074-6142, ISBN
9780124406520, http://dx.doi.org/10.1016/S0074- 6142(02)80258-3
● 7 regiões distintas:
A) Crosta
B) Manto superior C) Zona de transição
D) Manto inferior → D' e D'' (CMB) E) Núcleo externo (sem S)
F) Transição Núcleo Interno/externo (ICB)
G) Núcleo Interno (sem S)
Modelo PREM
●
Proposto em 1981
●
Obtido pela inversão de modos normais da Terra e tempos de percurso observados para telessismos
●
Repeitando os dados de massa e momento de inércia da terra
– Obteve a distribuição de densidade do planeta
– Velocidade para ondas P e S
– E coeficientes de atenuação
Outros parâmetros derivados
Modelo IASP91
●
O modelo IASP91 foi obtido a partir do ajuste dos tempos de percurso para ondas P e S em diferentes distâncias;
●
Ele defini basicamente 5
camadas principais, Moho, 410, 660, CMB e ICB.
●
Este modelo consegue prever o tempo de chegada para as
ondas vindas de um terremoto com uma precisão de até
dezenas de segundos;
Modelo IASP91
Modelo IASP91
Inge
Lehmann, 1936
Inge
Lehmann,
1936
Modelo IASP91
Núcleo Externo Manto Inferior
Zona de Transição
Manto Superior
Núcleo Interno Crosta
Vp Vs
Litosfera (até ~ 120km) Astenosfera (até ~ 220 km)
Principais descontinuidades:
* 35 km – Crosta / Manto (Moho) 410 km – Manto / Zt.
660 km – Zt. / Manto
* 2900 km – Manto / N.Externo
* 5100 km – N.Externo / N.Interno
* Mudanças de Composição Zt = Zona de transição N. = Núcleo
Resumo
Espessura da Crosta (médias globais)
Mooney et al., 1998
●
Valores de Vp entre 1.5 e 8 km/s
●
Maior diversidade de tipos de rochas para crosta
●
Variações significativas de profundidade
–
Até 15 km (nos oceanos incluindo 4 km de água)
–
Até 55-75 km (em
orogêneses recentes)
Profundidade Crustal
Crust 5.1 (Mooney et al, 1998)
Craton S.
Francisco Craton S.
Francisco Craton
Amazônico Craton Amazônico
Bacia do Paraná Bacia do
Paraná
Borborema Borborema
Faixa Goias - Tocantins Faixa Goias
- Tocantins
Fina
Espessa
Assumpção et al., 2013
Velocidade para onda P no manto, logo abaixo da moho (onda Pn)
Velocidades + altas =
zonas estáveis Velocidades
+ baixas = zonas ativas
Braile et al. 1989
Zona de Transição
● Corresponde a transformação estrutural da olivina, e acredita-se ser uma transformação guiada primordialmente pela temperatura dada uma certa pressão;
● Isso implica que a variações na sua estrutura estaria, primariamente ligadas a variações de temperaturas;
● A média global para os limites da zona de transição é definida entre 410 km e 660 km (Tz = 250 km) embora variações podem ser
interpretadas em respeito da temperatura nestas profundidades;
●
Embora diferentes
modelos propõe diferentes estruturas para a parte
superior do mando, a zona
de transição é consenso
entre eles !
Espessura da Tz
Menos espessa + quente
Mais espessa Mais espessa
+ fria
Subducção ao
longo do mundo
Dinâmica em
Zonas de subducção
Litosfera Oceânica
Litosfera Continental
Astenosfera
Crosta Oceânica
Fossa Vulcões
Crosta Continental
“Forearc”
Zonas de Subducção Andes
●
As zonas de subducção são as zonas que mais causam variabilidade no manto superior;
●
As placas sub-duzidas são mapeadas como anomalias de Alta velocidade no manto superior;
●
E estão associadas com a maior parte dos
terremotos;
Explorando o modelo IASP91
●
Qual é a velocidade média da crosta ?
●
Qual é a velocidade da onda Pn ? E da Sn ?
●
Onde estão as descontinuidades listadas nesta tabela ?
●
Qual a razão Vp/Vs para ondas na crosta e no manto ?
●
Como que a velocidade do modelo se comporta no manto litosférico ?
●