TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE RONDÔNIA
Turma Recursal - Porto Velho
100.601.2008.002700-0 Recurso Cível
Origem: 60120080027000 Porto Velho - RO (2ª Vara do Juizado Especial Cível)
Rcte/Rcdo : Bradesco Seguros S/A
Advogado : Jacimar Pereira Rigolon(OAB/RO1740) e outro(a/s)
Rcdo/Rcte : Eder da Rocha Lopes
Advogado : Célio dos Santos Ferreira(OAB/RO1224)
Relator : Juiz Roberto Gil de Oliveira
RELATÓRIO
Bradesco Seguros S.A. insurge-se contra a sentença que julgou parcialmente procedente a Cobrança de Seguro Indenizatório movido por Eder da Rocha Lopes, condenando-a ao
pagamento no valor de 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais), atualizado monetariamente a partir do ajuizamento da ação, e acrescidos de juros legais a partir da citação.
Eder da Rocha Lopes também recorre da r. sentença que julgou parcialmente procedente a presente ação de cobrança de seguro obrigatório.
Alega que foi vítima de acidente de trânsito em 30/01/1991 que lhe causou lesão corporal grave, com debilidade permanente na mão esquerda constatado através do Laudo de Exame de Corpo de Delito de fls. 11.
Pugna o recorrente/recorrido pelo pagamento de R$ 16.600,00 (dezesseis mil e seiscentos reais), equivalente a 40 (quarenta) salários mínimos vigentes na data da liquidação do sinistro, conforme disposto no art. 5º, § 1º da Lei 8.441/92.
A r. sentença recorrida entendeu que, sendo ajuizada a ação em 17/03/2008, época em que já vigorava a Lei nº 11.482/2007, o valor devido ao segurado é de R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais)
VOTO
A sentença merece ser reformada e ambos recursos merecem provimento.
As preliminares argüidas pela Recte/Recdo Bradesco Seguros S/A foram analisadas, a
exaustão, no ato da prolação da sentença pelo juízo monocrático. Inexistindo necessidade de nova análise.
Ademais, este Colégio Recursal em sua resolução 2/6 nos enunciados número I-2 (válida fixação em salário mínimo), I-3 (o Juizado é competente para apreciar e julgar ações relativas a
DPVAT) e I-7 (laudo médico é exigido não havendo necessidade de qualquer outro para quantificar a debilidade sofrida) já manifestou-se a respeito das argüições realizadas pelo recorrente.
Porém, tenho que assiste razão à Bradesco Seguros S/A no que pertine à aplicação da tabela da SUSEP, quanto ao dever de pagamento do seguro obrigatório em razão de acidente
automobilístico.
De acordo com art. 3º da Lei 6.194/74, vigente à época do acidente, é taxativa ao fixar o pagamento de 40 vezes o valor do maior salário mínimo vigente no país - no caso de invalidez permanente. No entanto, para invalidez permanente, conforme anteriormente mencionado, dispôs ser a indenização de "até" quarenta salários mínimos, dando assim margem para a SUSEP regulamentar a matéria.
Desta forma, segundo a tabela da SUSEP disponível para consulta em seu site na internet, a indenização importa em 60% na hipótese de debilidade de uma das mãos, situação à qual se encaixa o Recte/Recdo Eder da Rocha Lopes.
Portanto, julgo provido o recurso interposto pela Bradesco Seguros S.A.
Pretende o autor/recorrente a reforma da sentença no que tange a aplicação pelo magistrado de primeiro grau da regra imposta pelo artigo 3º, alínea "a", da Lei n. 6.194/74, com a redação dada pela Lei 11.482 de 31/05/2007, onde estabelece que o valor devido no caso de seguro obrigatório por invalidez permanente deverá ser "até R$ 13.500,00".
Com razão o autor/recorrente. É incontroverso nos autos que o fato gerador do direito do autor cobrar o seguro obrigatório por danos pessoais aconteceu em 30/01/1991, antes da vigência da MP n. 340/2006 em 30/12/2006 que foi convertida na Lei 11.482 de 31/05/2007, e neste particular, não é cabível a sua aplicação.
O magistrado a quo fixou a indenização em valor certo de R$ 13.500,00 baseando-se no valor total previsto na Lei 11.482/07, ainda não vigente à época dos fatos, portanto, não aplicável ao
presente caso e, não devendo ser retroagida por não beneficiar o requerente.
No entanto, considerando o valor do salário mínimo da data do ajuizamento da ação que é o mesmo valor da data da prolação da sentença que é de R$ 415,00 e multiplicando-o por 40, chega-se a cifra de R$ 16.600,00, valor este que pretende o autor, porém, como já explanado acima, o segurado somente faz jus a 60% deste valor que é exatamente R$ 9.960,00 (nove mil, novecentos e sessenta reais).
Isto posto, VOTO PELO PROVIMENTO DE AMBOS OS RECURSOS para reformar a sentença no sentido de condenar a Bradesco Seguros S/A ao pagamento da indenização no equivalente a 60% (sessenta por cento) de 40 (quarenta) salários mínimos vigentes à época do
ajuizamento da ação, ou seja, R$ 9.960,00 (nove mil, novecentos e sessenta reais).
DECISÃO
Como consta da ata de julgamentos, a decisão foi a seguinte: PRELIMINARES REJEITADAS, E NO MÉRITO RECURSOS PROVIDOS. UNÂNIME.
Presidente o Juiz Jorge Luiz de Moura Gurgel do Amaral.
Relator o Juiz Roberto Gil de Oliveira.
Tomaram parte no julgamento os Juizes Juiz Jorge Luiz de Moura Gurgel do Amaral, Juíza Rosemeire Conceição dos Santos Pereira de Souza, Juiz Roberto Gil de Oliveira,.
Porto Velho, 8 de setembro de 2008.
Bel. Valéria Rosa Soler da Silva
Secretária do Turma Recursal - Porto Velho
Data da distribuição: 21/07/2008
08/09/2008
Turma Recursal - Porto Velho
100.601.2008.002700-0 Recurso Cível
Origem: 60120080027000 Porto Velho - RO (2ª Vara do Juizado Especial Cível)
Rcte/Rcdo : Bradesco Seguros S/A
Advogado : Jacimar Pereira Rigolon(OAB/RO1740) e outro(a/s)
Rcdo/Rcte : Eder da Rocha Lopes
Advogado : Célio dos Santos Ferreira(OAB/RO1224)
Relator : Juiz Roberto Gil de Oliveira
EMENTA
RECURSO INOMINADO. SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT). VALOR QUANTIFICADO EM SALÁRIOS MÍNIMOS. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL. APURAÇÃO DA
INDENIZAÇÃO A PARTIR DA LIQUIDAÇÃO DO SINISTRO. LEI Nº 8.441/92. APLICAÇÃO DA TABELA DE PERCENTUAL SUSEP.
1.O valor de cobertura do seguro obrigatório de responsabilidade civil de veículo automotor (DPVAT) é de quarenta salários mínimos vigentes a época da liquidação do sinistro.
Inteligência do art. 5º, § 1º da Lei 8.441/92. 2. Comprovada através de laudo do IML a
debilidade permanente do acidentado é devida a indenização com aplicação da tabela editada pelo Conselho Nacional de Seguros em face da delegação prevista na lei ao órgão
regulamentador. 3. Sentença parcialmente reformada.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes Membros do " Turma Recursal - Porto Velho" PRELIMINARES REJEITADAS, E NO MÉRITO RECURSOS PROVIDOS. UNÂNIME., na forma do relatório constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Participaram do julgamento: Juiz Jorge Luiz de Moura Gurgel do Amaral, Juíza Rosemeire Conceição dos Santos Pereira de Souza, Juiz Roberto Gil de Oliveira,. Eu, Valéria Rosa Soler da Silva - Secretario(a) do Juiz Presidente, digitei e providenciei a impressão.
Porto Velho, 8 de setembro de 2008.
JUIZ JORGE LUIZ DE MOURA GURGEL DO AMARAL PRESIDENTE
JUIZ ROBERTO GIL DE OLIVEIRA RELATOR
