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Mídias sociais: panorama de sua utilização pelas organizações do Terceiro Setor na cidade de Manaus. Huini Ferreira LIMA 1 Maria Emília O.P.

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Mídias sociais: panorama de sua utilização pelas organizações do Terceiro Setor na cidade de Manaus

Huini Ferreira LIMA1 Maria Emília O.P. ABBUD2

Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM

Resumo

O artigo tem como objetivo discutir os resultados do Projeto de Iniciação Cientifica- PIBIC Terceiro Setor a utilização das Mídias Sociais na Cidade de Manaus, realizado no período de 2012 a 2013 na Universidade Federal do Amazonas. O projeto, financiado pelo CNPq, integra os estudos desenvolvidos pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação – PPGCCOM e do Grupo de Pesquisa Comunicação Social:

Estudos Interdisciplinares. O resultado da pesquisa indicou que grande parte das organizações do Terceiro Setor, cadastradas no Conselho Municipal de Assistência da Cidade de Manaus utilizou as mídias sociais de forma intuitiva, sem planejamento estratégico, objetivos previamente definidos e, provavelmente, sem o auxílio de um profissional de comunicação.

Palavras-Chave: terceiro setor; mídias sociais; comunicação estratégica; relações públicas.

A pesquisa

O objetivo da pesquisa proposta foi identificar quais, quantas, com que frequência e finalidade foram utilizadas as mídias sociais pelas organizações do Terceiro Setor na Cidade de Manaus. Definiu-se como universo de pesquisa as 69 organizações que constavam na Relação de Entidades Ativas do Conselho Municipal de Assistência Social – CMAS de Manaus no ano 2012.

São elas: Ação Social de Educandos – ASE; Aldeias Infantis S.O.S. Brasil / Aldeia S.O.S. do Amazonas - apenas nacional; Associação Amazonense de Integração de Pais

1Aluna do Curso de Comunicação Social - Relações Públicas da Universidade Federal do Amazonas, e membro do Grupo de Pesquisa Comunicação Social: Estudos Interdisciplinares. huinilima@gmail.com

2Orientadora do trabalho Professora Adjunta do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas, Doutora em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Vice Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação – PPGCCOM / UFAM, Vice coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa da UFAM, Vice Coordenadora do Curso de Relações Públicas, Líder do Grupo de Pesquisa Comunicação Social: Estudos Interdisciplinares, pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ciências da Comunicação, Informação, Design e Artes- INTERFACES. emiliaabbud@hotmail.com.

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de Deficientes Mentais – ADEME- ; Associação Amazonense do Campo de Atenção Psicossocial "Chico Inácio"; Associação Beneficente de Assistência Social dos Profissionais da Saúde do Est. do AM; Associação Beneficente Social Violeta;

Associação Comunitária de Apoio à Criança e à Família do Estado do Amazonas – ACACF; Associação das Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo; Associação de Amigos do Autista do Amazonas – AMA; Associação de Apoio à Criança com HIV - AACH / Casa Vhida; Associação de Apoio às Mulheres Portadoras de Câncer - Lar das Marias; Associação de Apoio às Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais – AAPPNE; Associação de Capacitação Emprego e Renda para Portadores de Deficiência do Amazonas – ACERPAM; Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Manaus – APAE; Associação dos Cabos, Soldados e Taifeiros da Aeronáutica do Estado do Amazonas – ACASOTA; Associação dos Idosos Futuristas do Amazonas – AIFA; Associação dos Surdos de Manaus; Associação Espírita e Beneficente Jésus Gonçalves; Associação Missionária Irmãs Nossa Senhora do Carmo; Associação para o Desenvolvimento Coesivo da Amazônia – ADCAM; Associação para o Desenvolvimento Integrado e Sustentável – ADEIS; Associação Pestalozzi do Amazonas; Associação “Philippe Sociais” da Comunidade Católica Nova Aliança – CNA; Associação Sociocultural Noêmia Santana; Campanha Nacional de Escolas da Comunidade - CNEC / Centro Educacional Álvaro Botelho Maia; Campanha Nacional de Escolas da Comunidade - CNEC / Centro Educacional Eduardo Ribeiro; Cáritas Arquidiocesana de Manaus; Casa Andréa do Amazonas; Casa da Criança; Casa do Idoso São Vicente de Paulo; Centro de Formação Vida Alegre – CFVA; Centro de Solidariedade São José - Escola Agrícola Rainha dos Apóstolos; Centro de Tratamento de Adições, Álcool e Drogas – CENTRAD; Centro de Vida Independente do Amazonas - CVI-AM; Centro Educacional Santa Teresinha – CEST; Centro Social Nossa Senhora das Graças – CSNSG; Clube de Mães da Japiinlândia – CMJ; Congregação das Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações - Instituto Filippo Smaldone; Desafio Jovem de Manaus; Fundação Amazônia Sustentável – FAZ; Fundação de Apoio ao Idoso Doutor Thomas – FDT; FUNDAÇÃO FÉ E ALEGRIA; Grupo de Apoio à Criança com Câncer - GACC – AM; Inspetoria Laura Vicuña; Inspetoria Santa Terezinha – IST; Instituição Unidos Pela Amazônia – IUPAM; Instituto Beneficente Frei Izidoro Irigoyen / NAF - Núcleo de Apoio às Famílias de Usuários de Drogas; Instituto de Assistência à Criança e Adolescente Santo Antônio – IACAS; Instituto Novo Mundo – INM; ISMA - Pró Menor Dom Bosco; Jovens Com Uma Missão - JOCUM - Abrigo Infantil Monte Salém;

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Lar Batista Janell Doyle; Lar Fabiano de Cristo - Casa Joanna de Ãngelis; Legião da Boa Vontade – LBV; Movimento Comunitário Vida e Esperança – MCVE; Núcleo Assistencial Espírita Caridade com Jesus; Núcleo de Amparo Social Tomás de Aquino - NASTA / Abrigo Moacyr Alves – AMA; Núcleo de Amparo Social Tomás de Aquino – NASTA / Lar Francisco de Assis; Obra Social Nossa Senhora da Glória Fazenda da Esperança Dom Gino Malvestio; Obras Sociais do Centro Espírita Sementeira de Luz;

Serviço Missionário do Amazonas – SEMA; Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC; Serviço Social do Comércio- SESC; Sociedade Beneficente Cristã do Amazonas – SBCA; Sociedade Brasileira de Educadores pela Paz – SBEP;

Sociedade Espírita de Assistência “Nosso Lar” – SEANL; Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas; Sociedade Sulina Divina Providência; União das Mães Espíritas “Marília Barbosa”.

O Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS foi criado pela Lei Orgânica do Município, Art. 380, em 23 de novembro de 1995. É um espaço público institucional com poder deliberativo, normativo e controlador da Política Municipal de Assistência Social no âmbito do município de Manaus. Tem por finalidade apoiar, discutir, planejar e elaborar ações no campo da Assistência Social.

Delimitou-se para coleta de dados, o período de outubro a dezembro de 2012. Nesse processo utilizou-se os mecanismos de pesquisa nos sites das mídias sociais e no site de busca Google Search. O Google foi selecionado por atualizar sua base de dados diariamente. O site possui um mecanismo conhecido como page rank que permite ordenar as páginas mais acessadas de forma que as mais relacionadas às palavras pesquisadas sejam visualizadas inicialmente pelo usuário. O Google também possui um recurso, Em cachê, que armazena todos os dados encontrados pelo mecanismo de busca.

Portanto, mesmo que o site original da organização não estivesse no ar na ocasião da pesquisa, foi possível acessá-lo por meio deste mecanismo. Em síntese, o Google é um mecanismo de busca, simples, que possibilitou a realização do estudo proposto.

Diante do exposto, reiteramos que os instrumentos de coleta de dados utilizados foram o Google e o mecanismo de busca específico dos sites das mídias sociais. As informações, coletadas nos sites das mídias sociais pesquisadas (Blogs, Google Groups, Wikipedia, MySpace, Facebook, Last.fm, YouTube, Second Life, Flickr, Twitter, Wikis) foram armazenadas em uma planilha do Programa Excel para posterior análise.

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Resultados

Em relação à quantidade de organizações do Terceiro Setor cadastradas no CMAS que utilizavam as mídias sociais, no período delimitado para coleta de dados, verificou-se que 30 (43.5%) organizações não faziam uso de nenhuma mídia social; 22 (31.8%) faziam uso de apenas uma mídia social, 13 (18.8%) utilizavam duas mídias sociais e 4 (5.7%) três ou mais mídias sociais, totalizando 39 (56.5%) organizações que faziam uso das mídias sociais.

Na ocasião identificou-se que 30 (43.5%), portanto, uma parcela significativa das organizações do Terceiro Setor em Manaus, não utilizavam as mídias sociais. Este dado merece destaque, provoca muitos questionamentos para um estudo futuro: as causas da não utilização das mídias sociais por significativa parcela das organizações do Terceiro Setor.

Os dados obtidos na pesquisa realizada indicaram quais as mídias sociais foram mais utilizadas pelas 39 organizações que possuíam páginas nos sites de mídias sociais. O Facebook destacou-se em 27 (69,2%) organizações pesquisadas. Foi o mais presente.

Em seguida vieram os Blogs, utilizados por 14 (35,8%) organizações e o Orkut, em 9 (23%) organizações. Destacamos a significativa presença de perfis das organizações no Orkut, uma mídia social considerada em desuso por grande parcela da população brasileira; todavia, identificou-se que os perfis das organizações que utilizavam Orkut foram criados há cerca de 4 anos e permaneciam desatualizados na ocasião da pesquisa.

Assinalamos que as organizações cadastradas possuíam mais perfis hospedados no site do Orkut, aparentemente em desuso, do que no Twitter utilizado por 8 (20.5%) organizações e no Youtube utilizado por 3(7.7%) organizações.

A coleta de dados nos permitiu constatar ainda que as mídias sociais Google Groups, Wikipédia, Last.Fm, My Space, Flirk, Wikis e Second Life não foram utilizadas por nenhuma das organizações pesquisadas no período analisado. Fato merecedor de uma análise futura, seria necessário “ouvir” os representantes das organizações para identificar de que maneira eles elegem as mídias sociais que utilizam, o que não foi o objetivo do estudo proposto.

Inicialmente definiu-se que para analisar com que frequência e finalidade, as organizações do Terceiro Setor da cidade de Manaus cadastradas no Conselho Municipal de Assistência Social, utilizavam as mídias sociais, selecionaríamos as organizações que utilizassem 3 ou mais mídias sociais. No entanto, no período em que

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os dados foram coletados observou-se que apenas 4 organizações preenchiam esse requisito. Na busca por uma amostra significativa de dados foi eleito como universo amostral as organizações que utilizavam duas ou mais mídias sociais.

Diante do contexto apresentado, torna-se essencial destacar que o segundo momento da pesquisa foi realizado com 17 das organizações cadastradas no Conselho Municipal de Assistência Social da Cidade de Manaus – CMAS. Buscou-se verificar com que frequência e finalidade estas organizações fizeram uso das mídias sociais.

Salienta-se que das 17 organizações que constituíram o universo de análise, apenas 8 fizeram atualizações nos três meses delimitados para o período de coleta de dados (outubro, novembro e dezembro de 2012). Foram elas: Associação Amazonense de Integração de Pais de Deficientes Mentais – ADEME; Associação de Apoio à Criança com HIV - AACH / Casa Vhida; Fundação Amazônia Sustentável – FAS; Grupo de Apoio à Criança com Câncer - GACC – AM; Inspetoria Laura Vicunã; Senac- AM;

Sesc-AM; Dasafio Jovem de Manaus.

Para a análise da frequência de utilização das mídias sociais pelas organizações do Terceiro Setor cadastradas no CMAS, criamos as seguintes categorias de análise:

Sites das mídias sociais atualizadas: Facebook, Twiter, Blog, YouTube.

Intervalos de atualizações: 1 a 5 atualizações, 6 a 10 atualizações, 11 a 15 atualizações e mais de 15 atualizações (o número máximo de atualizações foi 23).

A criação destes intervalos de atualizações foi necessária para que pudéssemos analisar a frequência com que as organizações do Terceiro Setor de Manaus cadastradas no CMAS utilizam as mídias sociais.

Esclarecemos que o universo de análise foi composto por organizações que utilizam duas ou mais mídias sociais e observamos que algumas organizações atualizavam seus perfis com mais frequência em um site de mídias sociais do que em outro, o que nos levou a analisar a frequência de atualização individualmente, em cada um dos sites de mídias sociais. Diante do contexto analisado, verificou-se que 52.9% das organizações não fizeram nenhuma atualização, no período de 90 dias, e que as mídias sociais mais atualizadas foram o Facebook 6 (35.2%), seguido do Twitter 4 (23.5%) e do Blog 2(11.7%).

No período de noventa dias de coleta de dados (outubro, novembro e dezembro de 2012), o Facebook foi atualizado por duas organizações de 1 a 5 vezes; uma organização de 6 a 10 vezes; por três organizações mais de 15 vezes. O Twitter, foi atualizado por uma organização de 1 a 5 vezes; por uma organização de 6 a 10 vezes; e

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por duas organizações mais de 15 vezes. O Blog foi atualizado por uma organização de 1 a 5 vezes; por uma organização de 11 a 15 vezes. Destaca-se que o Youtube foi o menos atualizado, apenas por uma organização de 1 a 5 vezes.

Enfatiza-se que só foi possível fazer a análise da finalidade da utilização das mídias sociais nas páginas de 8 das 17 organizações que utilizavam 2 ou mais mídias sociais, uma vez que apenas 8 organizações haviam atualizado seus perfis nas mídias sociais no período da coleta de dados. Foram elas: Associação Amazonense de Integração de Pais de Deficientes Mentais – ADEME; Associação de Apoio à Criança com HIV - AACH / Casa Vhida; Fundação Amazônia Sustentável – FAS; Grupo de Apoio à Criança com Câncer - GACC – AM; Inspetoria Laura Vicunã; Senac- AM; Sesc-AM; Dasafio Jovem de Manaus.

Para compreender a finalidade da utilização das mídias sociais coletamos a totalidade das publicações, divulgadas pelas organizações, no período delimitado para coleta de dados. A partir da análise do material coletado foram estabelecidas 5 categorias de análise: Agradecimentos (publicações em que a organização agradece as contribuições recebidas); Notícias institucionais (refere-se às publicações que divulgam informações sobre a organização); Captação de recursos (refere-se às publicações que sensibilizam a sociedade para doação de recursos humanos e financeiros); Divulgação de eventos (corresponde as publicações que tem o intuito de promover os eventos realizados pela organização); Outros (abrange as publicações que não se enquadram nas categorias anteriormente constituídas tais como: notas de pesar, datas comemorativas, boas-vindas, utilidade pública).

Os dados coletados nos permitiram concluir que as mídias sociais foram utilizadas pelas organizações do Terceiro Setor cadastradas no CMAS, para publicar: Agradecimentos, por 3 organizações; Notícias Institucionais, por 4 organizações; Captação de Recursos, por 3 organizações; Divulgação de Eventos, por 4 organizações e Outros, por 6 organizações. Esclarecemos que as organizações publicaram em diferentes categorias constituídas.

As Notícias institucionais e Divulgação de Eventos ocuparam lugar de destaque nas publicações das organizações nas mídias sociais. Agradecimentos e Captação de Recursos tiveram significativa parcela de representatividade. Não podemos deixar de mencionar que 6 das 8 organizações publicaram uma diversidade de conteúdos que por não estarem contemplados nas categorias previamente constituídas foram incluídos na categoria Outros.

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A diversidade de conteúdos constatada - as organizações publicaram informações de utilidade pública, datas comemorativas nacionais, notas de pesar, boas vindas, informações sobre o trânsito entre outras - indicou que ao utilizar as mídias sociais, aparentemente as organizações não estabeleceram critérios para seleção do conteúdo das mensagens veiculadas. O que demonstra que as organizações cadastradas no Conselho Municipal de Assistência Social da Cidade de Manaus, no ano de 2012, não fizeram uso das mídias sociais de forma planejada e articulada.

Discussão

A comunicação quando estabelecida estrategicamente é capaz de promover visibilidade, aproximação, engajamento, aumentar as possibilidades de captação de recursos humanos e financeiros, abrir espaços de diálogo entre a organização do Terceiro Setor e seus públicos de interesse e firmar parcerias com empresas, governos e órgãos investidores de recursos.

Embora muitos gestores de organizações do Terceiro Setor não percebam a importância da comunicação e de que forma o planejamento estratégico comunicacional pode contribuir para a organização, uma vez que estão absorvidos por demandas que consideram prioritárias, deve-se destacar que grande parte dessas organizações sobrevive de doações advindas dos públicos com os quais se relaciona, e que se esses relacionamentos não forem gerenciados estrategicamente, por profissionais qualificados, podem vir a fenecer.

Uma das mais recentes pesquisas, sobre as organizações não governamentais, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, apontou que em 2012 o Brasil possuía 290,7 mil Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos; o que representa 5,2% de todas as entidades públicas e privadas cadastradas no IBGE.

É notória a expansão do Terceiro Setor, percebe-se que existe um número cada vez maior de organizações defendendo causas nobres em busca de doadores, voluntários, parceiros, mantenedores, concorrendo pelo apoio do Estado e da sociedade. Está claro que apenas as boas intenções não bastam, é preciso planejamento, transparência, comunicação estratégica, avaliação de impactos e profissionalismo por parte das organizações para que se destaquem em meio às outras.

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Nesse sentido, a pesquisa mencionada anteriormente demonstra que as organizações do Terceiro Setor têm investido na profissionalização, ressalta que 33% dos trabalhadores deste setor já possuem nível superior.

Segundo Schleinige (2005, p.2), “Durante muito tempo o idealismo pôde garantir a existência de uma organização, pois a causa conquistava doações financeiras e também mobilizava voluntários. Mas a realidade hoje não é mais a mesma”.

A prática de fazer doações a fundo perdido, movidos apenas pelo “impulso solidário”

está dando lugar, nas palavras de Beghin (2005), a neofilantropia. A busca de resultados que gerem impacto social com um custo reduzido. As pessoas estão acompanhando, cada vez mais, os resultados de suas doações. Procura-se impacto para as ações e projetos de maneira que os doadores privados percebam o retorno social de sua ação e o mercado o resultado de seu investimento.

Tendo em vista essa realidade, a comunicação no Terceiro Setor precisa ser estratégica.

A forma como a organização se relaciona e se comunica com seus públicos de interesse torna-se uma questão vital. Para Marchiori, (2008, p. 24), “ser estratégico significa oportunizar uma mudança, um novo comportamento e não simplesmente informar o que aconteceu na organização.” Desta forma, torna-se necessário estabelecer uma via de mão dupla nesta construção.

Nesse sentido, em sua função estratégica a comunicação considera os anseios e expectativas da organização e dos grupos a ela relacionados (públicos). Respaldando-se em diagnósticos cria planejamentos, utilizando-se de meios e mensagens, à fim de estabelecer fluxos informacionais contínuos e bidirecionais e criar relacionamentos estratégicos.

Nos dizeres de Grunig; Ferrari; França (2009, p.158) “A comunicação estratégica é um processo pelo qual a empresa conduz, intencionalmente, a comunicação de modo que ela seja clara, aberta e com objetivos voltados para o mercado e para seus públicos de interesse.”

É tarefa do profissional de Relações Públicas o gerenciamento da comunicação com os diferentes públicos de interesses. Trata-se de uma atividade que analisa, interpreta e avalia opiniões e expectativas, além de estimular o desenvolvimento de processos de mudanças dos públicos e da própria organização (MARCHIORI, 2008).

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A utilização das mídias sociais

Com o advento das mídias sociais a atividade de Relações Públicas ganhou uma nova dimensão, o estabelecimento e a manutenção das relações com os públicos de interesse, possibilitado pela comunicação, é atualmente facilitado pelas mídias sociais e Internet.

De acordo com Silva e Barrichelo (2006) além das tradicionais matérias jornalísticas impressas, releases, malas-direta, folders, esse ambiente promove as interações, reciprocidades e apropriações, possibilitadas pelos suportes tecnológicos e digitais, onde os sujeitos destinatários são atuantes e determinantes da qualidade da comunicação, ao contribuir para os processos de representação e reconhecimento da organização nos diferentes campos da sociedade contemporânea.

Para Terra (2010) é preciso entender as necessidades dos públicos e escolher os instrumentos adequados para cada tipo, nas mais distintas conexões de uma organização, online e off-line. De acordo com a autora a chave para utilizar as mídias sociais, com sucesso, é ter o que dizer e planejar como fazê-lo, pois, a ferramenta em si é secundária uma vez que o contexto muda constantemente.

Diante do exposto, a análise dos dados coletados na pesquisa proposta permitiu-nos verificar que o planejamento comunicacional estratégico não tem sido realizado pelas Organizações do Terceiro Setor cadastradas no CMAS da Cidade de Manaus.

Constatou-se que estas não estabeleciam critérios para seleção dos conteúdos divulgados e que, aparentemente, faziam uso dessas ferramentas de maneira intuitiva, sem planejamento estratégico ou objetivos previamente definidos e, provavelmente, sem o auxílio de um profissional de comunicação.

O mesmo foi percebido diante da análise da frequência da utilização das mídias sociais.

Observou-se que mais da metade das organizações não fez nenhuma atualização em um período de três meses, ou seja, embora possuíssem os perfis não atualizavam. Deixando de usufruir de um espaço de comunicação de amplo alcance e de baixo custo.

Para Oliveira (2012) atualizar os perfis das organizações nas mídias sociais é fundamental, pois, o cliente/consumidor está sempre à procura de informações e busca ser ouvido pela organização, ainda que seja para fazer duras críticas ou elogios aos seus produtos e/ou serviços.

Segundo o Manual de Orientação para Atuação nas Redes Sociais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, publicado em 2012, o sucesso nas

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mídias sociais depende, em grande parte, da frequência de atualização de seus perfis. O Manual recomenda a seguinte frequência: Facebook 1 a 3 atualizações por dia; Twitter 1 a 3 atualizações por dia, uma por hora em caso de crise ou campanha; YouTube 2 atualizações por mês; Blogs 2 a 5 atualizações por semana.

Foi observado na pesquisa realizada que o maior número de atualizações, no período de 90 dias de coleta, foi de 23 atualizações, realizadas no Facebook, por uma única organização. Ou seja, nenhuma das organizações analisadas fez atualizações constantes, de acordo com a com frequência recomendada.

Considerações Finais

Segundo dados do estudo Net Insight conduzido pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística - IBOPE, divulgado em janeiro de 2013, o número de brasileiros com acesso à internet em ambiente domiciliar e de trabalho chegou a mais de 72,4 milhões de pessoas, das quais 53,5 milhões se comportaram como usuários ativos da rede. A pesquisa indica ainda que em janeiro de 2013, os internautas brasileiros passaram em média 10 horas e 26 minutos navegando em páginas de redes sociais.

Diante do exposto, observa-se que o povo brasileiro está conectado e que o potencial das mídias sociais é incontestável.

As mídias sociais possuem amplo alcance e enquanto instrumentos de comunicação, quando comparadas aos demais, têm um custo significativamente reduzido. Portanto, o amplo alcance e baixo custo tornam as mídias sociais um espaço atrativo e estratégico para as organizações do Terceiro Setor.

Em síntese, a pesquisa realizada evidencia a importância da comunicação estratégica para que as Organizações do Terceiro Setor captem recursos humanos e financeiros, obtenham visibilidade e atestem sua idoneidade e transparência. Reiteramos que as organizações precisam investir na profissionalização, em todos os setores e, especialmente, em uma área estratégica como a comunicação.

É compreensível que grande parte das organizações do Terceiro Setor não possua recursos financeiros para investimento em comunicação. Todavia, orienta-se que as Organizações do Terceiro Setor cadastradas no Conselho Municipal de Assistência Social da cidade de Manaus busquem o auxílio de profissionais de comunicação voluntários, estabeleçam parcerias com Instituições de Ensino Superior- IES (públicas e privadas), Agências Experimentais

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universitárias e Grupos de Pesquisa em Comunicação, cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPq. Certamente, estes terão muito a contribuir.

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