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Sabrina Dourado COLEÇÃO. Descomplicando. Processo Civil. 6ª edição Revista, ampliada e atualizada

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2019

COLEÇÃO

Descomplicando

Processo Civil

Sabrina Dourado

6ª edição

Revista, ampliada e atualizada

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1

CONSIDERAÇÕES PREAMBULARES

Faz muito tempo que se pensa na necessidade de reformulação no modo de atuação do poder judiciário.

A sua trajetória foi impressa por constantes crises, consistentes, em regra, no acúmulo de processos em seus variados órgãos. Os fa- tores, que figuram como causa, são os mais diversos possíveis, desde a falta de estrutura e de recursos humanos, o aumento do grau de litigiosidade do povo brasileiro até a deficiência do sistema processual como um todo1.

No intuito de solucionar, ou, ao menos, minorar as problemá- ticas surgidas no cenário do judiciário brasileiro e da consequente lentidão e inoperabilidade do sistema processual no Brasil, vinha se optando, há muito, por intervenções no Código de Processo Civil.

Em verdade, muitas foram as mudanças impressas no dito sistema processual pátrio.

1. O Processo transformou-se, ao longo da história da jurisdição, de um simples meio de declarar o direito, em um instrumento de sua concreta realização. A ideia de efe- tividade concretiza-se na aptidão do processo para alcançar os fins para os quais foi instituído. Destaque, também, que o avanço da sociedade moderna tornou as relações entre os indivíduos mais complexas, e com isso houve aumento maciço das demandas.

Contudo, o Judiciário não é dotado de estrutura apta para bem atendê-las, e o cami- nho buscado pelo legislador, com as recentes reformas processuais, é o de desafogar a máquina estatal, uma vez que as mudanças operadas no ordenamento jurídico pátrio trazem ínsitas o clamor pela efetividade da tutela jurisdicional.

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DESCOMPLICANDO O DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Sabrina Dourado

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Consoante preleciona o clássico Araken de Assis2 um dos notórios objetivos das extensas reformas empreendidas nas leis processuais para debelar o que se costuma designar de ‘crise da justiça3’ consiste na bus- ca e implementação da celeridade. Assim, muitas reformas atingiram o CPC/73. Há quem diga que ele não mais se harmonizava em razão de tantas modificações.

É cediço que depois das reformas que se operacionalizaram no CPC/73, percebeu-se a necessidade de edificar um novo sistema pro- cessual. Fez-se necessário recomeçar. Tal necessidade se impôs em razão da falta de sintonia do mencionado código, bem como das mudanças cada vez mais velozes e bruscas na vida em sociedade. Os valores da década de 70 já não mais se compatibilizavam com a conectada e enér- gica sociedade dos anos 2000.

De saída, o CPC/73 sofreu com um grandioso número de revi- sões, tão impactantes algumas delas, que o Código transformou-se em uma colcha de retalhos, num “prédio” em ruínas, com grande perda sistemática – que, de resto, é o principal atributo que um código deve ter. Tornou-se insustentável a sua mantença tal qual ele se apresentava.

Costuma-se dizer que as reformas foram tantas, que impediram que ele se mantivesse harmônico.

2. ASSIS, Araken. Duração Razoável do processo e reformas da lei processual civil. In:

NERY JR, Nelson; FUX, Luiz; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (Coordenadores). Proces- so e Constituição. Estudos em homenagem ao professor José Carlos Barbosa Moreira.

São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 196.

3. Apesar de vulgar, na lição de Araken de Assis (2006, p.196) a fórmula ‘crise da jus- tiça’ soa excessiva e imprópria. Induz a crença que justiça em si perdeu-se em al- gum escaninho burocrático. Na verdade, busca-se nela expressar que a prestação jurisdicional prometida pelo Estado, no Brasil e alhures, tarda mais do que o devido, frustrando as expectativas dos interessados. O acesso a uma ordem jurídica justa é a possibilidade da complexa compatibilização do direito substancial como a realidade social judicialmente. Para tanto, é necessário “o perfeito conhecimento da realidade sócio-político-econômica do País, para que em relação a ela se pense na correta estruturação dos Poderes e adequada organização da justiça”. (COLNAGO, Lore- na de Mello Rezende; ZAGANELLI, Margareth Vetis. Acesso à justiça e o problema da efetividade do processo. Revista do programa de Pós-graduação em direito da Universidade Federal do Espírito Santo– Cadernos de Direito Processual. ano 1, n.

1.Vitória: UFES, 2006.p.10).

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Cap. 1 • CONSIDERAÇÕES PREAMBULARES 25

Ademais, outros motivos também levaram à criação de um novo código.

Nos últimos anos, o país e o mundo, como um todo, passaram por variadas alterações substanciais, que não seria errado dizer que pra- ticamente todos os paradigmas que inspiraram o CPC anterior foram revistos ou superados. As mudanças se deram nos planos diversos. Como exemplo, citamos drásticas mudanças nos planos normativo, científico, tecnológico e social.

Por fim, para fins de ilustração e realce, destacamos a chegada de uma nova Constituição Federal (1988), um novo Código Civil (2002) e o Código de Defesa do Consumidor (CDC, 1990) – apenas para citar três exemplos de conjuntos de normas, as quais alteraram profun- damente o direito pátrio.

O Código de 1973 não foi redigido para uma realidade jurídica tão diferente. Fez-se necessário construir um Código de Processo Civil adequado a essa nova estrutura jurídica.

1.1.  AS REFORMAS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – MAIORES ESCLARECIMENTOS

As reiteradas modificações processuais são sempre alvo de muitas discussões no cenário jurídico. De forma marcante, a chegada de um Novo Código de Processo Civil, o qual afastou a vigência do CPC/73, traz consigo uma série de expectativas. Ele trouxe inúmeras alterações processuais. Muitos têm sido os debates sobre suas inovações. Há tam- bém muitas críticas e incertezas que o cercam.

O intento da nova lei é a semelhante ao das diversas leis que foram publicadas nos derradeiros anos. A grande e imperiosa razão da mu- dança se dá com intuito de modificar o sistema processual, na tentativa de conferir celeridade e evitar a flagrante lesão ao princípio da razoável duração do processo e concretizar a garantia fundamental da efetividade e da tutela satisfativa, as quais serão estudadas com mais vagar.

No entanto, registre-se que a união desses objetivos não se dá única e exclusivamente por meio de reiteradas modificações na legislação. Faz-

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ASPECTOS RELEVANTES DA TEORIA GERAL DO

PROCESSO

2.1.  NOTAS INTRODUTÓRIAS

O Direito tem como missão prefacial organizar a sociedade a fim de impedir que os conflitos decorrentes da vida em conjunto impossi- bilitem a própria existência do homem.

Ele serve de modelo e guia. Costumamos dizer que ele é mecanis- mo de ordenar a vida na dita sociedade.

Os conflitos, por sua vez, surgem da resistência à satisfação volun- tária da pretensão de outrem. São comuns e cada vez mais recorrentes.

Nos dias de hoje, são cada vez mais complexos e reiterados.

O Estado-juiz, ao ser chamado para solucionar os mais variados desajustes de interesses, cuidará de proferir uma decisão aplicável no caso concreto, que será de obrigatório cumprimento por todos os envolvidos na demanda. Esta função é chamada de jurisdição.

Nesta toada, o Direito Processual pode ser conceituado como sen- do o ramo do direito público que estuda as normas que regulam o exercício da jurisdição pelo Estado-juiz, bem como a relação que se formará entre as partes quando submeterem seu conflito de interesses à apreciação deste Estado-juiz. Tal direito regula também as chamadas formas não jurisdicional de resoluções de conflitos, as quais estão mar- cadamente estimuladas.

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DESCOMPLICANDO O DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Sabrina Dourado

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Modernamente, afirma-se ser o ramo do Direito Público o que se propõe a definir contornos aplicáveis à resolução de lides e chancela de interesses relevantes, ainda que não conflituosos1, e, mesmo que não se- jam objeto de um Processo Jurisdicional.

Destarte, o Direito Processual Civil pode, ainda, ser conceituado como o conjunto de princípios e regras que regulam a função jurisdi- cional do Estado, responsável pela solução de contendas.

Possui natureza de direito público, como dito acima, pois sua fun- ção imediata é a aplicação do direito ao caso concreto, a fim de resta- belecer a ordem jurídica ditada pelo Estado de Direito.

A sua função mediata é a pacificação social. Eis um anseio da ju- risdição, bem como dos chamados equivalentes jurisdicionais, tais como:

autocomposição e arbitragem.

Como ciência, o Direito Processual é dotado de autonomia em relação aos demais ramos do direito, pois porta um conjunto de prin- cípios e organização peculiares, que lhe sustentam. Integra o grande subgrupo do direito público, tendo previsão constitucional. Subdivide-se em direito processual civil, direito processual penal, direito processual do trabalho etc.

2.2.  AUTONOMIA DO DIREITO PROCESSUAL

Há autonomia do Direito Processual Civil, ou direito instrumental, em face do direito civil, ou direito substancial, e perante outros tantos ramos do direito, em razão da evidente diversidade da natureza e de objetivos. Ele é um ramo autônomo do direito.

Contudo, esta autonomia não significa isolamento, distanciamento completo, uma vez que o Direito Processual Civil faz parte do siste- ma maior, a ciência do direito, da qual apenas é um dos seus vários

1. Eis o que ocorre nas casuísticas de Jurisdição voluntária, também chamada de não conflituosa. Para elas não há lide. Os sujeitos dirigir-se-ão ao Judiciário para obter a chancela dos seus interesses.

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Cap. 2 • ASPECTOS RELEVANTES DA TEORIA GERAL DO PROCESSO 31

ramos. Destacando-se aqui o forte intercâmbio e influência do pro- cesso com a constituição2.

AUTONOMIA NÃO SIGNIFICA ISOLAMENTO

2.3.  DIFERENÇA ENTRE O DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL

DIREITO MATERIAL ≠ DIREITO PROCESSUAL

O direito material estipula regras para distribuir os bens da vida, materiais e imateriais, como os direitos da personalidade, re- gras para o casamento e a união estável, celebração de contratos etc., as quais servem de parâmetro para o estado, no exercício da juris- dição, solucionar os conflitos, a exemplo, do Direito Civil, Direito do Trabalho e outros.

o direito processual trata da forma como as situações conflitu- osas ou não conflituosas serão analisadas pelo Judiciário ou estruturas privadas, dispondo sobre a distribuição do exercício jurisdicional da tutela pleiteada (processo de conhecimento, execução e cautelar). Com o CPC/15 foi fortalecida a técnica autocompositivas e reforçada a au- torização de utilização da arbitragem. Logo, tais mecanismos também são objeto do direito processual civil moderno.

2. Vivemos a era da Constitucionalização dos Direitos. É imperativa a necessidade de observarmos os ditames estabelecidos na carta Magna. O NCPC, no seu artigo 1º, sinaliza que o texto processual está rendido aos Princípios, regras e valores estabe- lecido na Constituição Federal. Entendemos que o mencionado artigo configura-se como importante norma de reforço. Ela possui um caráter educativo. Há quem o entenda por desnecessário.

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É cediço, que o processo é realidade eminentemente formal – conjunto de estruturas preestabelecidas. Não se resume, no entanto, ao cumprimento cego das mesmas.

PROCESSO É MEIO

Processo é marcha avante. A separação entre direito e processo não pode, entretanto, implicar num processo distante e frio em relação ao direito material que está sob sua proteção.

Há contato direto e indispensável entre eles. A visão instrumentalista do processo estabelece uma ponte indissociável entre o direito processual e o direito material. Tal instrumentalidade cresceu muito nos últimos anos. Seu fortalecimento é notável com a chegada do CPC/15. Fala- se na chamada INSTRUMENTALIDADE MÁXIMA DAS FORMAS.

A prevalência das formas, entretanto, não é absoluta, uma vez que o direito processual moderno repudia o apego ao formalismo excessivo.

Se o ato processual não ocorre na forma que foi estabelecida, muito embora atinja seu objetivo, é considerado válido se não causar prejuízo aos litigantes, ou ao exercício da jurisdição. Processo é meio, “fio con- dutor” e deve estar à serviço.

Nesse diapasão, o CPC/15 adota o Princípio da primazia do jul- gamento do mérito, o qual está estabelecido expressamente no seu art.

4º, privilegiando a decisão meritória e impedindo a chamada jurispru- dência defensiva.

Direito Processual Direito material

É meio de exercício da jurisdição ou dos equivalentes jurisdicionais. É ramo do Direito Público que se pres- ta a fornecer elementos de estudo da tutela jurisdicional ou resolução de conflitos por meios alternativos.

Situação jurídica substancial deba- tida. Ex: Direito Civil.

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