Fórum de Integração das Ações do Grupo de Trabalho de Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Porto de Vitória
“Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário”
Por Ernani Pereira Pinto, membro da Comissão Permanente Nacional
Portuária (CPNP), presidente do Sindicato Unificado da Orla Portuária do Espírito Santo (Suport-ES),
membro do Conselho de
Autoridade Portuária (CAP) e diretor da CUT-ES
Falta de água potável de fácil acesso para os trabalhadores
Falta de instalações sanitárias
Falta de manutenção nos
equipamentos e máquinas de trabalho
Local para descanso e
alimentação para os portuários
Falta de iluminação
Máquina sem manutenção em Portocel
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Problemas básicos em alguns portos
Controle de pragas e insetos, entre outros
Controle de pombos (transmissor da
criptococose)
Segurança de acesso aos terminais
Falta de ambulância para atendimentos emergenciais
Distribuição e utilização
correta de EPIs
Pombos no silo da CodesaProblemas básicos em alguns portos
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Trabalhadores avulsos e
vinculados devem receber e ter tratamento isonômico, tanto no trato, quanto na responsabilidade.
Os locais de aguardo devem ser dignos, capazes de
recepcionar os trabalhadores dentro dos padrões de
higiene e saúde e segurança.
Locais de aguardo
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Em alguns portos e
terminais privados houve melhorias nas estruturas físicas.
Os trabalhadores devem contribuir para
manutenção deste local.
o Jornadas excessivas de trabalho o Sem paradas para alimentação,
hidratação, descanso ou para uso dos sanitários
o Sem pausas para atividades de esforço repetitivo
o Falta de revezamento em funções que exigem esforço físico e mental
Intervalos de trabalho
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Nas atividades de estiva e capatazia os trabalhadores estão mais
expostos aos riscos por terem a
necessidade de operarem e
manusearem com cargas e estarem afetos as cargas suspensas.
Atividades de maior risco
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Operadores de empilhadeira: ficam
sobrecarregados e têm de manobrar mercadorias com peso superior ao indicado, fazendo com que a máquina fique instável e perca o equilíbrio, o que leva o veículo a atingir outros trabalhadores que atuam no pátio e também o próprio
operador, que pode cair da cabine.
Acidentes mais comuns
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O trabalhador portuário avulso Jairo de Oliveira de Sousa, 55 anos, morreu no dia 26 de setembro de 2012, quando trabalhava em uma empilhadeira, em Portocel.
Um fardo de celulose teria caído sobre ele.
Acidente com guindaste no pátio da Codesa
Acidentes mais comuns
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Acidentes com
veículos: colisões com carretas e guindastes nos pátios.
Conferentes e
capatazia: são alvos de cargas não
devidamente
empilhadas e que, às
vezes, vão de encontro
a esses trabalhadores.
Acidentes mais comuns
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Intoxicação: manipulação incorreta de produtos químicos
Mutilações: pés e mãos
Solução
Equipes maiores para executar um determinado trabalho, de forma que o portuário não fique sobrecarregado e com pouco tempo e segurança para desenvolver suas tarefas.
Ácido exposto no pátio da Codesa
Campanhas educativas:
programas de incentivo à
prevenção e sobre os riscos do uso das drogas têm sido
divulgados aos trabalhadores por meio de campanhas
educativas realizadas pelas empresas contratantes, pelas companhias docas, pelo
Ogmo e pelos sindicatos.
Uso de drogas entre trabalhadores
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Monitoramento: está sendo intensificado o monitoramento e a vigilância antidroga nos
terminais, principalmente no período noturno.
Bebida alcoólica: há
terminais que já adotaram o
bafômetro no porto público
para evitar riscos durante o
trabalho.
Problemas de coluna, desgastes nas
articulações, nos ossos, pressão alta e problemas relacionados ao uso de bebida alcoólica entre outros vícios.
Problemas de saúde que acometem os trabalhadores portuários
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Morosidade na perícia dos trabalhadores afastados
Manutenção de afastamentos do trabalho/suspensão do benefício
Ações judiciais
Reabilitação profissional/funcional
Remanejamento dos trabalhadores para outras atividades
Dificuldades na reintegração dos trabalhadores afastados do
trabalho por acidentes ou doenças
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
o Muitos estão aposentados por problemas de saúde adquiridos em
decorrência de atividades executadas ou por causa de ambientes e condições que não ofereciam a
segurança necessária para a execução de
determinada atividade.
Aposentadoria por invalidez
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
o Aposentadorias por invalidez também são decorrentes de
problemas coronários,
desgaste na estrutura
física, pressão arterial,
entre outras.
Contratos de forma terceirizada e até
“quarteirizada” trazem para os portos pessoas não
qualificadas para
determinadas atividades.
Precarização da mão de obra:
baixos salários em virtude da pouca qualificação dos
profissionais.
Quarteirização
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Insegurança para o ambiente de trabalho.
Estimula o mercado a trabalhar de forma
irresponsável, uma vez que não é oferecido o devido
amparo aos trabalhadores no
caso de situações graves como
acidentes e até mortes.
Quarteirização
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Essa prática é condenada pelos sindicatos que representam
trabalhadores e não é permitida por lei, pois a 12.815/13 determina que as
contratações sejam realizadas por portuários devidamente registrados ou cadastrados nos Ogmos. Além de haver a vedação do uso deste tipo de
mão de obra.
• O sindicato acompanha a situação de saúde e de trabalho do
associado, dando assistência
inclusive à família, e informando sobre os procedimentos a serem adotados.
Os sindicatos e os acidentes de trabalho
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
• O sindicato vai até a empresa para avaliar as condições de trabalho que podem ter levado o portuário ao acidente e busca, junto à empresa, soluções para que o
ambiente passe por
reconfigurações e novos acidentes não mais
aconteçam.
• Foco na prevenção e na
conscientização dos riscos que as
doenças trazem para os portuários
avulsos e vinculados.
Cumprimento das normas de saúde e segurança: avulsos x contratados
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Avulsos: mais resistência, ao passo que não querem ficar afastados de suas atividades porque vão ficar sem
receber.
Contratados: empresas estabelecem que os itens de
segurança são de uso obrigatório e estão ligados à produtividade não só individual, mas também
coletiva das equipes. Assim, os trabalhadores ficam mais
conscientes do uso dos
equipamentos. Qualificação: muitos lutam a todo tempo por melhor qualificação para exercer suas funções, a fim, também, de não serem advertidos e não verem
reduzir a oportunidade de trabalho.
Vários problemas já foram levantados e soluções apontadas para que sejam evitados transtornos desta natureza nos portos.
Vários portos do Brasil buscam, de alguma forma, evoluírem no sentido de buscar o
cumprimento da NR 29, porém, a maioria ainda deixa a desejar neste quesito.
Matriz de segurança
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Visitas técnicas
Estudo ergonômico
Verificar o tempo em que um
trabalhador pode ficar exposto a um certo período de trabalhado
utilizando determinados
equipamentos como portêineres, guindastes, empilhadeiras e outros.
Uso de EPIs
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Onde há regras definidas através de Convenção ou Acordos Coletivos de Trabalho os trabalhadores
desenvolveram o hábito de utilizar os equipamentos de segurança.
Onde não se tem estas regras, isso não ocorre tão bem por não acharem necessário ou simplesmente porque acham que incomoda.
Os trabalhadores tentam, a todo custo, agilizar suas tarefas para conseguirem cumprir as exigências dos empregadores e tomadores de serviços, pois, além de sua
remuneração estar atrelada à produtividade, há uma busca
constante das empresas que operam nos portos, direta ou indiretamente, em reduzir o tempo de embarque de determinadas cargas.
Isso gera estresse, sobrecarga de trabalho, falta de atenção, cansaço e acidentes.
Pressão e produtividade
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Têm ocorrido campanhas educativas e cursos de saúde e segurança no trabalho. Porém, isto somente não basta, pois, acima de tudo, é
necessário que se
compreenda que a cada embarcação, a cada tipo de carga, existe uma situação diferente de exposição dos trabalhadores.
Campanhas educativas
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É preciso que haja participação consciente dos trabalhadores também com seus colegas nas ações de cumprimento das
regras de segurança. O trabalho é uma cadeia de produção e não um ato isolado.
É necessário que os gestores dos portos tenham isso como compromisso e
responsabilidade, a fim de evitar danos à saúde dos trabalhadores.
Participação consciente
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Saúde e a segurança no
trabalho nos portos devem ser tratadas como políticas públicas, capazes de
valorizar a importância do ser humano no local de trabalho.
Políticas públicas
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
CPATP
No Espírito Santo, por exemplo, temos a
Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho
Portuário (CPATP)
funcionando e fazendo visitas periódicas nos portos. Isso ajuda a
compreender melhor a necessidade dos
trabalhadores no ambiente
de trabalho.
Alguns têm o compromisso de promover cursos periódicos, mas ainda é preciso que haja campanhas mais efetivas em todos os estados portuários da federação, voltadas ao
estímulo e gratificação
daqueles trabalhadores mais acertivos.
Os sindicatos também atuam no estímulo à qualificação.
No Espírito Santo, por exemplo, todos estão empenhados nesta direção.
Treinamento dos Ogmos
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Operador: deve focar suas
atividades também em treinamentos, em saúde, segurança e higiene para seus empregados.
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPAs): eleição de representantes dos empregados e também da empresa. São
desenvolvidas ações que façam com que os próprios trabalhadores sejam fiscais dos colegas no ambiente de trabalho, afinal, o ato incorreto de um trabalhador pode prejudicar o outro.
Treinamento dos operadores portuários
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Semanas Internas de Prevenção a Acidentes (Sipats): no caso dos avulsos, os Ogmos têm a função de orientar e treinar os trabalhadores para que as atividades sejam
desenvolvidas de forma correta e segura durante a jornada.
• Na proposta pelo governo federal, percebe-se o interesse de
empresários e até de setores do governo de precarizar a mão de obra e descentralizar a organização dos Ogmos e a organização da
classe portuária.
A segurança e a Lei 12.815/13
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
• Havendo mais recursos para investimentos nos portos públicos como está previsto na lei e normas regulamentadoras, esperamos que as rotinas de segurança sejam revistas e que um programa que vise o acompanhamento e o desenvolvimento de ações seja
devidamente cumprido e fiscalizado.
Na prática, não houve nenhuma preocupação a respeito disso, pois somente houve um discurso de
ineficiência nos portos, quando percebemos
claramente que o problema maior está na logística de transporte, que sofre a falta de investimentos nos modais, principalmente nas estradas. Sem sombra de
dúvidas, isso é reflexo intencional de precarização por falta de investimento nos portos públicos,
combinado a má gestão destes portos.
A segurança, a saúde e a MP
Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário
Já com a nova lei dos portos, busca-se construir mecanismos que venham de encontro à
necessidade real dos
trabalhadores portuários. É preciso identificar as doenças às quais os trabalhadores estão expostos, as ações que são efetivamente praticadas para corrigir essas distorções, através das instituições e entidades envolvidas. Um bom sinal para essa política pública portuária que não vise só o lucro é esse convênio celebrado entre
Secretaria de Portos e Ministério da Saúde.