• Nenhum resultado encontrado

Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional"

Copied!
56
0
0

Texto

(1)

Unidade 1

Ana Carla F. Gasques

Segurança do Trabalho e Saúde

Ocupacional

Livro Didático

Digital

(2)
(3)

Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA

Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA

Autora

ANA CARLA F. GASQUES Desenvolvedor

CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS

(4)

A AUTORA

Ana Carla F. Gasques

Olá!!! Sou a Professora Ana Carla F. Gasques. Sou Engenheira Ambiental e de Segurança do Trabalho e mestre em Engenharia Urbana.

Possuo experiência como docente do Ensino Superior para cursos de Engenharia, onde orientei trabalhos de conclusão de curso com enfoque em Segurança do Trabalho e Gestão de Projetos. Também sou orientadora e banca avaliadora de monografias de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. Sou apaixonada por esta área e gosto de transmitir o que sei. Fui convidada pela Editora TELESAPIENS a integrar seu elenco de autores independentes e estou feliz em poder te ajudar nesta fase de muito estudo e trabalho. Sendo assim, pode contar comigo!

(5)

Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que:

ICONOGRÁFICOS

INTRODUÇÃO:

para o início do desenvolvimento de uma nova com- petência;

DEFINIÇÃO:

houver necessidade de se apresentar um novo conceito;

NOTA:

quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento;

IMPORTANTE:

as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você;

EXPLICANDO MELHOR:

algo precisa ser melhor explicado ou detalhado;

VOCÊ SABIA?

curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias;

SAIBA MAIS:

textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento;

REFLITA:

se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre;

ACESSE:

se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast;

RESUMINDO:

quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens;

ATIVIDADES:

quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada;

TESTANDO:

quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas;

(6)

SUMÁRIO

O trabalho, o homem e a evolução histórica da prática laboral ...11 Surgimento e Legislações de segurança do trabalho no mundo e no Brasil...23 Legislações sobre Segurança do Trabalho no Brasil...28 Conhecendo as Normas Regulamentadoras...33 Conceitos e consequência da falta de segurança do trabalho e saúde ocupacional...43 Conceitos básicos ...43 Consequências da insegurança do trabalho ...49

(7)
(8)

01 LIVRO DIDÁTICO DIGITAL

UNIDADE

(9)

INTRODUÇÃO

Você sabia que a área de segurança do trabalho e saúde ocupacional é de extrema importância no dia a dia dos mais diversos setores empresariais e industriais? Isso mesmo! Sua principal responsabilidade é minimizar, controlar e eliminar os riscos à saúde dos trabalhadores. Mas, quando teve início a preocupação com a segurança do trabalhador? As primeiras legislações foram decorrentes da preocupação com a situação dos operários, ou seja, está diretamente ligada a evolução do homem e do trabalho. O trabalho é a capacidade desenvolvida pelo homem ao longo dos anos para modificar o meio a fim de atender suas necessidades porém, ao longo dos anos, o trabalho passou a ser fonte de lesões, adoecimento e morte. Em decorrência disso, medidas foram necessárias para minimizar os danos e, a segurança do trabalho se torna fundamental para garantir melhor qualidade ao trabalhador dos ambientes de trabalho.

Ficou interessado(a)? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!

(10)

Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos você será capaz de:

1. Contextualizar trabalho e a evolução histórica da prática laboral.

2. Identificar legislações de segurança do trabalho no mundo e no Brasil.

3. Conhecer as Normas Regulamentadoras brasileiras;

4. Aprender conceitos e as consequências da insegurança do trabalho.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho!

OBJETIVOS

(11)

O trabalho, o homem e a evolução histórica da prática laboral

OBJETIVO

Olá, ao término desta competência você será capaz de entender como a evolução do trabalho se relaciona à evolução humana e onde insere-se a segurança do trabalho neste processo evolutivo. Este conhecimento vai ser fundamental para melhor compreensão dos demais aspectos envolvidos na segurança no trabalho nas próximas unidades. E então? Motivado (a)? Vamos lá!!!

Antes de adentrarmos no universo da segurança do trabalho e da saúde ocupacional em si, é necessário compreender as bases desta temática, ou seja, conforme apresentado no objetivo, compreender como a evolução do trabalho se relaciona à evolução do homem. A relação trabalho-homem vem sendo discutida há muitos anos, alguns estudiosos, inclusive, retratam que esta preocupação ocorre desde a época da Antiguidade.

O primeiro fundamento do valor do trabalho “é o próprio homem, seu sujeito, o trabalho está em função do homem e não o homem em função do trabalho” (MIGLLACCIO FILHO, 1994, p. 22). Pode-se dizer que o trabalho teve seu surgimento de forma simultânea ao surgimento do homem. Desde o início da história, o homem, para se desenvolver, vem modificando o ambiente a fim de garantir sua existência, seja para alimentar, proteger e/ou residir.

A definição de trabalho de forma genérica pode ser tida como a capacidade do homem de alterar o ambiente para garantir sua sobrevivência. Entretanto, a palavra trabalho, do ponto de vista histórico e etimológico, tem origem do latim, “Tripallium”, cuja definição remete a uma ferramenta de tortura que exercia peso sobre os animais. Segundo Cassar (2014, p. 3) “a partir daí, decorreram variações como “tripaliare” (trabalhar) e “trepalium” (cavalete de três paus usado para aplicar a ferradura aos cavalos)”. Ou seja, o trabalho, inicialmente estava associado ao sofrimento.

(12)

No dicionário da língua portuguesa, a palavra trabalho é definida como o conjunto de atividades, produtivas ou criativas, exercidas pelo homem para alcançar determinado objetivo. Antes de dar continuidade ao primeiro tópico desta competência, convido-lhe a fazer uma reflexão...

REFLITA

Como o homem foi modificando o ambiente ao longo do tempo? Quais formas de trabalho foram surgindo com a evolução humana? As formas de trabalhar hoje são as mesmas de 100 anos atrás?

Para entender de forma mais clara o que é o trabalho, inicialmente vamos abordar a evolução do homem e sua relação com as formas de trabalho... Mas, para te tranquilizar, não vamos voltar às aulas de história, a ideia aqui é apresentar uma visão geral e sequenciada dos principais aspectos de cada fase de destaque.

Na pré-história, durante os períodos paleolítico, mesolítico e neolítico, o homem, nômade, residia em cavernas e vivia da caça e da pesca para garantir sua existência. Ou seja, exercia trabalho de maneira rústica, transformando o ambiente ao seu redor com poucas interferências e, quando os recursos findavam, buscavam novos locais para se estabelecer.

Posteriormente, com o passar dos anos e o desenvolvimento do extrativismo, o homem melhora suas percepções de cognição e deixa de ser nômade, passando a se fixar em determinadas regiões e a formar grupos. Neste período tem-se a descoberta da agricultura, a qual é tida como um dos marcos do desenvolvimento do trabalho e responsável pela necessidade de estabelecer lugar fixo para morar e, consequentemente, ter sua lavoura. A prática da agricultura permitiu e incentivou o homem a desenvolver novas ferramentas para cultivo da terra, aperfeiçoando sua prática laboral, a qual, foi um importante aspecto direcionador de padrões sociais.

A agricultura deu origem a riquezas, a qual, por sua vez, incentivava aos trabalhos de forma manual e, ao mesmo tempo, propiciava ações

(13)

comerciais de troca, compra e venda. Com relação ao trabalho como aspecto limitante de padrão social, no período da Grécia Antiga (durante os Impérios Romano e Egípcio), o trabalho estava relacionado à posição social, ou seja, as classes inferiores eram aquelas que modificavam o ambiente a favor de um representante de autoridade.

No decorrer da Idade Antiga, houve implementação de novas ferramentas tanto voltadas para arte quanto para melhorias na agricultura, com equipamentos de tração animal (Figura 1) bem como melhorias de caráter econômico, com o surgimento do dinheiro (a partir de minerais como ouro e prata) e a valoração dos produtos.

Figura 1: A figura representa uma das primeiras evoluções da forma de trabalho do homem no ambiente: o uso de equipamentos de tração animal

Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/buffalo-agricultor-cultivar-1822581/ (Acesso em 06/01/2020)

Percebe-se, até aqui, que com o desenvolvimento do homem o trabalho também foi recebendo avanços. Entretanto, no período da Idade Moderna o trabalho enfrentou barreiras, tendo em vista que este período de forte influência da Igreja Católica tinha por enfoque a extensão do poder a partir do acúmulo de terras. Dessa forma, o trabalho era voltado

(14)

apenas para cultivo de alimentos na agricultura e produção artesanatos.

Neste período qualquer avanço sem a autorização/concessão da Igreja era tido como algo ruim e, por isso, houve um período de estagnação do trabalho.

Esta fase de estagnação durou até a Idade Moderna, ou, também denominada fase do Renascimento, onde o trabalho deixa de ser artesanal e passa a ter características de produção, com a prática de manufatura.

A manufatura é considerada um modelo de produção mais racional e eficiente, a qual consiste no desenvolvimento produtivo a partir do uso de equipamentos.

É importante destacar que os primeiros registros de pagamento por prestação de serviços são deste período e, além disso, e em decorrência da organização da sociedade em classes (senhores x escravos), existia uma espécie de punição e submissão relacionada ao trabalho. Os senhores eram as pessoas com riquezas que eram proprietários dos escravos, os quais trabalhavam em condições precárias, sem garantias e/

ou remuneração.

Relacionando o regime de escravidão com a evolução do trabalho, é importante destacar que este é tido como a primeira organização de trabalho organizada. Seu surgimento relacionava-se aos avanços na agricultura e no consequente aumento na demanda por mão-de-obra para garantir que os senhores se mantivessem e mantivessem suas famílias. Para Martins (2003, p. 34) isso acontecia

através do aprisionamento de inimigos, as guerras passaram a fornecer mão-de-obra, iniciando sua relação de trabalho. Nes- se regime, a pessoa era considerada como res, propriedade da outra, sendo obrigada a trabalhar forçadamente, passível de punição corporal ou negociação comercial.

Apesar de ser considerada uma forma de trabalho organizado, os escravos não possuíam reconhecimento jurídico, ou seja, não tinham direitos. Além disso, além do trabalho desgastante, suas condições

(15)

eram precárias e, muitas vezes, eram acorrentados em ambientes sem ventilação e desconfortáveis para que não houvessem fugas.

VOCÊ SABIA?

No Brasil, a escravidão teve início com os portugueses e os índios e, depois, dos negros trazidos da África. Este regime permaneceu até 1888 com a Lei Áurea, a qual institui a abolição da escravidão no Brasil. Além disso, em 7 de dezembro de 1940 foi instituído o Código Penal (Decreto de Lei n.o 2.848) que proíbe a conduta de manter alguém em situação de escravidão. O Art. 149 da Lei no 10.803 de 2003 classifica como crime a restrição de uma pessoa à condição equivalente à de escravo, seja por submissão a trabalhos forçados ou em decorrência de jornadas de trabalho exaustivas, ou, ainda, em decorrência de condições inadequadas de trabalho, definindo como pena reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência praticada.

A partir desta abordagem geral sobre a evolução da prática laboral e sua relação com o desenvolvimento do homem, podemos ter uma visão sobre as modificações e avanços do trabalho no decorrer dos anos.

Ademais, entendemos que o trabalho é um dos meios de atuação do homem sobre o meio no qual está inserido, desenvolvido de diferentes maneiras, em decorrência do seu desenvolvimento e de sua herança cultural, social e ideológica.

Mas, você deve estar se perguntando: onde está a segurança do trabalho em todo este processo evolutivo? Até este momento da evolução histórica existem poucos relatos envolvendo a saúde dos trabalhadores e seu ambiente de trabalho. O principal marco para a segurança do trabalho é a Revolução Industrial, iniciada em 1760, responsável pela impulsão da industrialização e da mecanização.

Pode-se dividir a Revolução Industrial em duas fases, a primeira entre 1780 e 1860 ocorreu na Inglaterra e é caracterizada como a fase de transição do artesanato à industrialização ou também chamada fase da

(16)

industrialização. Nesta fase ocorreu a mecanização da agricultura e das oficinas, o ferro passou a ser material básico e a nova fonte energética foi o carvão. Este é o período da história de mais avanços com relação ao trabalho, principalmente a partir de 1776 quando James Watt criou a máquina a vapor e esta foi aplicada à produção, modificando a estrutura social e comercial do período.

Outras descobertas são destaque e foram importantes na primeira fase, tais como: navegação a vapor, locomotiva a vapor, aparecimento das primeiras estradas, telégrafo elétrico e selo postal. Aos poucos, em decorrência destas descobertas, as oficinas mecanizadas se transformaram em fábricas e usinas com máquinas pesadas que substituíam a força humana. Em decorrência destes avanços, o tempo de produção foi reduzido e aumentou-se a produtividade.

A segunda fase da Revolução Industrial, ou Segunda Revolução Industrial, ocorreu entre 1860 e 1914 e outros países também fizeram parte tal como Estados Unidos, Alemanha, França, Rússia e Itália. É tida como a fase de desenvolvimento industrial, o novo material básico é o aço no lugar do ferro e a eletricidade e os derivados de petróleo substituem o carvão como fonte energética. Ocorrem mais avanços nos setores industriais, de transportes e de telecomunicações com a invenção do motor a explosão e do motor elétrico, do automóvel e do telégrafo, do telefone e do cinema.

As fábricas eram locais de improviso e as condições era péssimas (ambientes quentes, pouca ventilação e úmidos) e as jornadas de trabalho eram de até 16 horas diárias sem intervalos, independente de gênero e idade. Em função de serem ambientes organizados de improviso, seu interior era um local com altas temperaturas, e as máquinas apresentam riscos eminentes de acidentes já que seus projetos e desenvolvimento não consideraram os usuários.

(17)

Além disso, os requisitos de trabalho eram determinados pelo empregador, não havia leis e o contrato era tido como de comum acordo entre as partes, porém, sabe-se que era o empregador quem delimitava as condições que regiam a relação de emprego. Outro ponto de destaque deste período é que no período de inatividade, mesmo que em decorrência de doença, o trabalhador não recebia salário e, em decorrência das condições, as pessoas ficavam inválidas em poucos anos.

Entretanto, com o aparecimento das máquinas em troca do trabalho artesanal a produtividade nas fábricas multiplicou e, então, iniciou-se a produção em larga escala com o consequente aumento nas demandas.

Houve necessidade de mais mão de obra e, em decorrência do declínio dos artesãos, teve início um processo de êxodo rural. Dessa forma, a mão de obra para operação das máquinas era de famílias pobres e eram empregados homens, mulheres e até crianças.

O trabalho era desenvolvido de acordo com a experiência e a prática dos trabalhadores, porém em função da falta de conhecimento dos colaboradores foram constatadas baixa produtividade das empresas.

Além disso, tanto em função das altas jornadas de trabalho quanto da falta de treinamento, ocorriam diversos acidentes e muitos trabalhadores acabavam perdendo membros nas máquinas.

Constata-se que o trabalho era desenvolvido pelo empregado da forma com a qual ele estava acostumado ou sabia e em função de não existir mecanismos para avaliação, controle e melhorias no processo produtivo, alguns estudos sobre o trabalho foram sendo feitos. Em decorrência da queda de produtividade, do desperdício e das perdas nas indústrias, na qual Frederick Taylor estudou, em 1904, uma forma de elevar a produtividade a partir da análise de tempo e. métodos. Ou seja, estudou as melhoras formas de desempenhar uma função no menor tempo possível (Figura 2).

(18)

Figura 2 – Abordagem proposta por Taylor para otimização trabalho e aumento da produtividade a partir da padronização de atividades e especialização do trabalhador.

Fonte: adaptado de Chiavenato (2014).

Impedindo o trabalhador de trabalhar conforme sabia, Taylor buscou padronizar os processos produtivos, fragmentando as atividades do processo produtivo, reduzindo a diversificação a partir da especialização dos colaboradores. Ou seja, cada trabalhador passa a ser responsável por uma função e apenas faria esta ação em toda sua jornada de trabalho, aperfeiçoando-se.

Além disso, foram definidos 4 princípios, sendo eles: planejamento, preparo, controle e execução e também estabelecidos treinamentos aos trabalhadores e a supervisão de forma continuada. Com essas adaptações, foi possível identificar o melhor método para que uma determinada ação fosse desempenhada no menor tempo, aumentando a produtividade.

A fim de motivar os trabalhadores, Taylor ainda propõe condições para reduzir o cansaço dos trabalhadores (tal como intervalos de trabalho) e incentivos salariais e prêmios por produtividade. Frente a este contexto de incentivo financeiro ao trabalhador, o homem tem um conceito de “homo economicus”, ou seja, acredita-se que todo ser humano é entusiasmado excepcionalmente a partir de recompensas salariais, econômicas e/ou materiais.

A visão de Taylor é conhecida como Teoria administrativa científica e foi de fundamental importância para as indústrias tanto na fase de transição para industrialização quanto na fase de desenvolvimento

(19)

industrial. Importante destacar aqui que os princípios Tayloristas podem ser identificados em organizações até hoje.

Além de Taylor, outra pessoa é importante nesta época, Henry Ford.

A partir de 1910 instituiu uma teoria definida como produção em massa, em série e em cadeia contínua, que ficou mundialmente conhecida como fordismo. Segundo os princípios de Ford, o operário era responsável por sua adaptação as condições de trabalho das máquinas, os salários eram pagos em função da rentabilidade. Havia, ainda, valores mínimos para aquilo que era produzido. Ford aumentou a capacidade de produção por meio da capacitação dos colaboradores e da organização de linhas de montagens.

Posterior à fase de desenvolvimento industrial tem-se a fase denominada gigantismo industrial, ocorrida entre 1914 e 1945, onde houve uma crise econômica. Nesta fase, os princípios estabelecidos por Taylor foram confrontados por Henri Fayol em 1916, que relacionava a eficiência com a estrutura organizacional, suas relações e suas funções dentro do todo de forma geral.

Neste contexto, para melhorar a produtividade estipulava-se uma hierarquia a partir de uma gerência, ou seja, uma visão de cima para baixo, porém, diferente de Taylor que desenvolveu estudos, Fayol possuía uma abordagem mais simplificada sem experimentos. A visão clássica proposta por Fayol era prescritiva e normativa, e princípios básicos foram definidos, dentre os quais destacam-se: divisão do trabalho; autoridade e responsabilidade; hierarquia; departamentalização e coordenação.

Também tinha por estímulo os incentivos salariais e materiais porém havia centralização da tomada de decisão, comandos em excesso e os interesses da organização prevaleciam frente aos individuais.

Tanto a visão de Taylor quanto de Fayol foram alvo de críticas tendo em vista que não consideravam as relações entre os diferentes trabalhadores e, em decorrência disso, em 1932 Elton Mayo desenvolveu uma abordagem mais democrática a partir de uma experiência denominada “Experiência de Hawthorne”, onde foram observados diferentes aspectos do ambiente

(20)

de trabalho de uma fábrica e o impacto destes nos trabalhadores, no que diz respeito à sua sensação e produtividade.

A experiência em questão constatou que o trabalhador é motivado por fatores sociais (ao contrário dos incentivos financeiros das outras teorias). Diante disso, para Mayo a melhoria na produtividade era decorrente de melhores condições de trabalho (tal como iluminação, pausas e ventilação) bem como em decorrência de fatores de comunicação, motivação e atividades em grupo. Neste cenário, o “homo economicus”

passa a ser visto como “homo social”, ou seja, o ser humano passa a ser motivo a partir de suas relações interpessoais.

EXPLICANDO MELHOR

A fim de sintetizar a evolução do trabalho a partir da Revolução Industrial, o quadro a seguir apresenta as fases da história do trabalho, o período correspondente e a teoria administrativa relacionada:

Fase Período Ano Teoria

administrativa Transição para a

industrialização

Primeira Revolução

Industrial 1780 a 1860 Científica

Desenvolvimento industrial

Segunda Revolução

Industrial

1860 a 1914 Científica

Gigantismo Industrial

Entre as duas Grandes Guerras

Mundiais

1914 a 1945

Clássica e Relações Humanas Fonte: adaptado de Chiavenato (2014).

(21)

A fase do gigantismo industrial, além de ser caracterizada pelos estudos envolvendo as relações humanas, é a fase em que as empresas atingem proporções enormes, atuando em operações de âmbito internacional e multinacional em decorrência dos avanços tecnológicos e na área de comunicação.

Além das fases supracitadas e explicadas, ainda se tem as fases moderna (iniciada após a Segunda Guerra até aproximadamente 1980 e é caracterizada pelo elevado desenvolvimento tecnológico e pela divisão entre países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em desenvolvimento) e a de globalização após 1980 (definida por uma extensa variabilidade e complexidade das organizações).

SAIBA MAIS

Que tal ver, de uma forma prática, como era o trabalho na época da Revolução Industrial? Recomendo que assista ao resumo do filme “Tempos modernos” de 1936. Interpretado por Charles Chaplin, este filme aborda o dia a dia de um operário em uma linha de montagem. Está disponível pelo link https://bit.ly/3gksPTl. (Acesso em 06/01/2020).

RESUMINDO

E então? Ficou claro o que foi apresentado no decorrer desta competência? Conseguiu aprender? Agora, só para ter certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. A partir desta competência, você compreendeu que o trabalho é a capacidade que o homem possui de modificar o meio no qual está inserido a fim de atender suas necessidades.

Apesar de não ser possível definir com exatidão quando o trabalho surgiu, pode-se dizer que este se desenvolveu com o homem e sofreu influência do processo evolutivo nos diferentes períodos.

(22)

Ao longo dos anos o trabalho recebeu diferentes funções: caça, agricultura até à escravidão (tida como a primeira forma organizada de trabalho). Entretanto, o principal marco foi o período da Revolução Industrial entre os séculos XVIII e XIX, caracterizado pelo avanço nos processos produtivos a partir da foram criados novas formas de produção, a partir da industrialização e da mecanização. A partir deste período, em decorrência da queda de produtividade por abstenções, surgiram teorias de administração, para melhoria da produtividade nas organizações, tal como as propostas por Taylor, Ford, Fayol e Mayo, as quais direcionaram as ações das fases nas quais fizeram parte.

Por fim, foi possível constatar com esta competência, como o ambiente interferiu no desenvolvimento do homem e como este em seu processo evolutivo foi modificando as formas de trabalho visando aumento de produtividade.

(23)

Surgimento e Legislações de segurança do trabalho no mundo e no Brasil

OBJETIVO

Olá, ao final desta competência você terá condições de compreender o contexto relacionado ao surgimento da segurança do trabalho e as legislações envolvendo esta temática. Também conhecerá as legislações que propiciaram o desenvolvimento desta área no Brasil. Está preparado? Vamos juntos!!!

Vimos na competência anterior que o trabalho foi sofrendo mudanças conforme o homem se desenvolveu. Ao longo da história, o homem esteve constantemente exposto a riscos, mas a partir da revolução industrial, com a invenção das máquinas a vapor, esses riscos foram agravados e o que antes era fonte de sustento, com os avanços a partir da Revolução Industrial passou a ser responsável por doenças e até mortes.

Este período modificou não apenas as relações econômicas e industriais mas também a forma de olhar para o trabalho, do artesanato individualizada para os processos produtivos em organizações. Neste contexto, tem-se o olhar para o homem como proletariado cujo rendimento precisa ser satisfatório ao empregador, ou seja, ele precisa trabalhar mais em uma mesma carga horária.

Nas linhas de produção não existiam medidas para promover a saúde do trabalhador tampouco para garantir sua integridade física. O foco estava em aumentar a produtividade e reduzir custos a partir da mão de obra barata. Em decorrência disso, passaram a ser comuns casos de absenteísmo e de presenteísmo nas linhas de produção.

(24)

EXPLICANDO MELHOR

Absenteísmo ou também denominado absentismo consiste na falta de assiduidade ou, ainda, ausência, ao trabalho. Ou seja, são as faltas ao trabalho, sejam elas justificadas ou não, resultantes de doenças ou até desmotivação. Já presenteísmo pode ser caracterizado como um comportamento multifatorial que faz com que os trabalhadores, mesmo doentes, continuem nos ambientes de trabalho, ou seja, é uma resistência, por parte do trabalhador, à doença, em decorrência do medo de sofrer advertência ou até ser demitido. Fonte: Araújo (2012).

Dessa forma, foi possível entender que o ambiente de trabalho é o espaço no qual o ser humano desempenha seu papel, ou seja, é o espaço preparado para as diversas atividades a serem desenvolvidas.

E, este ambiente do mesmo modo que pode ser adequado e atender às necessidades do colaborador bem como proporcionar maior produtividade individual, também pode ser local de insatisfação, favorável a acidentes e afastamentos.

Poucos estudos envolvendo a qualidade dos ambientes de trabalho e/ou os elementos que poderiam causar problemas aos trabalhadores foram feitos até 1473. Neste ano, foi publicado o primeiro material sobre saúde e trabalho, consistindo em um panfleto sobre doença ocupacional, o qual, em 1556 serviu de base para que fossem divulgadas informações sobre fatores de risco, acidentes de trabalho e as doenças mais comuns no contexto da mineração.

Em 1700 um médico italiano publicou uma obra denominada

“doenças dos trabalhadores”, onde abordava o contexto de 50 cargos, relacionando-os com as respectivas doenças decorrentes da atividade laboral. Em função da relevância de sua obra, o autor, Bernardino Ramazzini, foi denominado “pai” da medicina do trabalho.

A partir da Revolução Industrial e suas características laborais já apresentadas anteriormente (como as altas jornadas de trabalho) e a procura por trabalhadores mais baratos (mulheres, crianças e idosos) a Inglaterra aprovou, em 1802, uma lei denominada “Saúde e Moral dos

(25)

Aprendizes”. Esta legislação teve por principal ponto o estabelecimento do limite de jornadas diárias de trabalho para 12 horas, proibição de turnos noturnos e implantação de medidas de higiene nas manufaturas tal como ventilação do chão de fábrica e lavagem 2 vezes ao ano.

Neste período são instituídos, ainda, os primeiros rascunhos sobre Direito do Trabalho, a partir da promulgação de medidas legais a favor dos trabalhadores. Em 1804 aparecem outras regulamentações de proteção tal como o Código de Napoleão na França que fazia referência à colocação dos operários.

O ambiente fabril expunha os operários a diferentes situações de riscos e, ainda, muitas vezes era local favorável ao desenvolvimento de enfermidades contagiosas tendo em vista baixa ventilação e as altas jornadas sem pausas para descanso.

Em razão disso, no ano de 1830, o dono de uma manufatura inglesa buscou ajuda para proteção de seus operários e foi aconselhado a buscar um médico, o qual visitava o ambiente fabril diariamente para desenvolver estudos sobre a relação entre as condições e a saúde dos operários. Este foi o primeiro médico industrial identificado no mundo.

A lei referente aos aprendizes da Inglaterra não foi cumprida e, em decorrência, em 1833 foi instituída a “Lei das Fábricas” (do inglês Factory act), que, dentre suas condições, incluía:

Fiscalização nas fábricas;

Delimitação da idade mínima para o trabalho (9 anos, des- de que um médico atestasse que seu desenvolvimento físico correspondia à idade);

Proibição da jornada noturna a menores de 18 anos;

Limite de 12 horas a jornada diária de trabalho (desde que não ultrapassasse 69 horas semanais).

Implantação de escolas nas fábricas para trabalhadores com idade inferior a 13 anos;

(26)

Esta lei é tida como a primeira legislação eficaz no que tange à segurança do trabalhador e era aplicada a todas as indústrias do ramo têxtil a base de hidráulica ou a vapor. Desta legislação em diante, a segurança no trabalho passou a ser bem vista pelos pesquisadores da época, porém com enfoque à Medicina.

Em decorrência disto em 1842, um gerente de uma fábrica escocesa do ramo têxtil fez a contratação de um médico para examinar os trabalhadores menores de idade antes destes serem admitidos. Além disso, o médico era responsável por acompanhar os trabalhadores a partir de exames periódicos.

Na década de 1860 dois fatos merecem destaque nesta evolução:

I) Regulamentação da higiene e da Segurança do Trabalho na França;

e, II) Lei de indenização obrigatória – promulgada na Alemanha e responsabilizando os donos das fábricas pelos problemas causados aos operários em suas jornadas de trabalho.

Como o processo de industrialização iniciou mais tarde nos Estados Unidos, consequentemente, a preocupação com os trabalhadores também teve início mais tarde que nos outros países já citados. Assim, em 1877 foi instituída a primeira legislação sobre este tema, a qual delimitava a colocação de protetores nas correias de transmissão e guardas sobre eixos e engrenagens expostos.

Ademais, proibia que as máquinas fossem limpas em funcionamento limpeza de máquinas em movimento, instituía a necessidade de saídas de emergência para evacuação rápida em caso de incidentes. Em 1903 promulgaram uma lei sobre indenização dos trabalhadores federais, a qual foi estendida aos demais trabalhadores em 1921. Apesar das medidas não serem a solução para todos os acidentes de trabalho, as mesmas reduziram sua ocorrência e gravidade. E, por isto, esta legislação é muito importante para o histórico da segurança do trabalho nos Estados Unidos.

As primeiras Associações visando proteger os trabalhadores e reduzir os acidentes nos ambientes de trabalho foram: em 1873 na Alemanha, 1883 na França, 1919 na Bélgica. Dentre as associações merece destaque a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919 após a Conferência da Paz.

(27)

Ao longo dos anos a OIT foi responsável por organizar conferências sobre segurança e saúde dos trabalhadores, das quais surgiram diversas recomendações para proteção dos trabalhadores, lista de doenças relacionados ao trabalho, ajuste das condições dos ambientes de trabalho, estabelecimento de critérios de exposição a componentes prejudiciais à saúde, dentre outros fatores.

VOCÊ SABIA?

A OIT é uma organização tripartite, ou seja, tem representação de empregadores, trabalhadores e governo. É responsável por formular e aplicar normas internacionais do trabalho (denominadas Convenções e/ou Recomendações). O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião. (Fonte: https://bit.

ly/3dUMvvp, acesso em 11/01/2020).

A partir da criação da OIT as legislações foram avançando em decorrência de estudos e aprimoramento das listas e resoluções iniciais.

Outras instituições merecem destaque nesta temática tal como está apresentado na Figura 4:

Figura 4: Instituições de destaque que foram criadas visando garantir a saúde e integridade física dos trabalhadores.

Fonte: a autora (2020)

(28)

Cabe à OSHA a função de padronização e ao NIOSH de desenvolver pesquisas e fornecer recomendações aos padrões estabelecidos pela OSHA. A partir da criação destes dois órgãos, no decorrer dos anos, foram feitas convenções a fim de estabelecer critérios específicos sobre segurança do trabalho tal como em 1988 envolvendo a construção, 1990 sobre o uso de produtos químicos e 1995 sobre mineração, exemplificando.

Desde então, o enfoque passou a ser prevencionista, ou seja, tanto prevenir que os acidentes aconteçam quanto minimizar os riscos.

Legislações sobre Segurança do Trabalho no Brasil

Até o começo do século XX, o Brasil tinha sua economia baseada na agricultura e o trabalho era a partir de mão-de-obra escrava e apenas após a Primeira Guerra Mundial que o país passou a desenvolver. Em decorrência disso, o Brasil possui um contexto recente no que diz respeito a legislações envolvendo Segurança do Trabalho.

A primeira legislação foi em 1919 foi originada a partir de uma pesquisa sobre as consequências dos acidentes laborais, onde foram analisados 330 acidentes, dos quais 30 resultaram em lesões pessoais e, destes, um era grave. Até 1930, existiam quatro leis pertinentes ao Seguro Social dos Trabalhadores, conforme apresentado na Figura 5.

Figura 5: Sequência das legislações sobre segurança do trabalho no Brasil até 1930

Fonte: a autora (2020)

(29)

Assim, pode-se citar a década de 1930 como a “Revolução Industrial”

do país pela criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC) e em 1934 o Conselho Nacional do Trabalho (CNT). Acerca disso,

embora tivéssemos já a experiência de outros países, em me- nor escala, é bem verdade, atravessamos os mesmos obstá- culos, o que fez com que se falasse, em 1970, que o Brasil era o campeão mundial de acidentes do trabalho (TAVARES, 2009, p. 13).

Posteriormente, em 1940 foi instituída a primeira Lei sobre Segurança, envolvendo indenização e atendimento ao trabalhador acidentado. A primeira associação sobre o tema foi criada em 1941, e denominada Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes. Nessa época também foi criada a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), responsável pelo início dos direitos trabalhistas individuais e coletivos e uma mudança na visão sobre Segurança do Trabalho no país.

A partir desta legislação, nos anos seguintes foram instituídas algumas condições tal como o pagamento por parte do empregador dos primeiros 15 dias de afastamento do trabalhador em decorrência de doenças do trabalho. No Brasil, a OIT (que vimos no item anterior desta competência) tem mantido representação desde 1950, desenvolvendo projetos e ações visando a proteção dos colaboradores. Além disso, a OIT promove a ascensão do “trabalho decente”, abrangendo assuntos como:

ação contra trabalho obrigado, combate ao trabalho infantil e ao tráfico de pessoas, bem como condições melhores de trabalho para jovens e migrantes, dentre outros.

Em 1966, foi criada oficialmente a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho (Fundacentro) em decorrência dos altos índices de acidentes do trabalho e de doenças ocupacionais. A finalidade desta instituição é estudar e pesquisar as condições laborais favorecendo a participação de todos os envolvidos neste contexto.

Hoje está presente em 11 estados brasileiros e no Distrito Federal e em outros países do mundo atuando nos países da América, Europa, Japão e

(30)

Austrália (FUNDACENTRO, 2019). Os anos seguintes foram extremamente importantes para o Brasil, devido aos seguintes acontecimentos:

1971 – Decreto 68.255 – Criação da Campanha Nacional de Acidentes de Trabalho (CANPAT);Portaria 3.233 – criação do: Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (CONPAT); Semana de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT); e, Medalha ao Mérito de Segurança do Trabalho (MMST).

1972 – Portaria 3.236 – Criação do Programa Nacional de Valorização do Trabalhador (PNVT)

1977 – alteração do Capítulo V do Título II da CLT que se refere à segurança do trabalho;

1978 – Portaria n. 3.214 – Aprovação das Normas Regula- mentadoras;

1985 – Lei n. 7.410 - especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho (regulamentada pelo Decreto n.

92.530 em 1986);

1987 – Resolução n. 325 – regulamentação das atividades do Engenheiro de Segurança do Trabalho;

1988 – Portaria n. 3.067 – aprovação das Normas Regula- mentadoras.

As Normas Regulamentadoras (NR) aprovadas em 1988 representam o maior marco da Segurança do Trabalho no Brasil e são de caráter obrigatório nas empresas (Figura 4).

(31)

Figura 4: As normas regulamentadoras abordam diversos temas que envolvem segurança do trabalho nos mais diferentes ramos de atuação. Dentre as normas, pode-se citar uma específica sobre o uso de equipamentos de proteção (individual ou coletivo), conforme representados na Figura (capacete, óculos, botas, protetor auricular, máscara e luvas).

Fonte: @Freepik

Legalmente falando, o Brasil está bem estruturado para garantir a segurança dos trabalhadores em suas jornadas diárias, entretanto, é importante que haja articulação entre órgãos públicos, empresas e os próprios trabalhadores para que estas normas sejam cumpridas a fim de garantir ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis.

(32)

SAIBA MAIS

Que tal saber um pouco mais sobre a evolução das legislações do ponto de vista do Direito do Trabalho? Indico a leitura do artigo “A construção histórica do direito do trabalho no mundo e no Brasil e seus desdobramentos no modelo trabalhista brasileiro pós industrial”, o qual aborda o histórico da evolução do trabalho e sua importância para o desenvolvimento do direito do trabalho no Brasil. Fonte:

https://bit.ly/2NSeT72 (Acesso em 21/01/2020).

RESUMINDO

Em decorrência das condições de trabalho, iniciaram- se movimentos de trabalhadores em prol de melhores condições de trabalho e, o governo interviu para que condições melhores fossem instauradas. Perceberam como conhecer a história evolutiva nos permite aprofundar conhecimentos e compreender melhor o que vivenciamos hoje? Foi isto que esta competência nos permitiu a partir de uma breve viagem ao tempo pela evolução das leis envolvendo segurança do trabalho.

Ao analisar a evolução das legislações sobre segurança do trabalho no mundo, destaca-se a primeira lei envolvendo esta temática instituída em 1802, a qual estabelecia condições tal como: horários máximos das jornadas de trabalho dentre outros aspectos. Outro ponto de destaque é a criação de instituições, sendo elas ISO, OMS, ERS OSHA e NIOSH, responsáveis por definir padrões para os ambientes de trabalho a partir de pesquisas e recomendações.

No Brasil, a legislação foi tardia tendo em vista o desenvolvimento tardio também. Como destaques, temos a criação da Confederação Brasileira do Trabalho (CBT), a Consolidação das Leis do Trabalho e, principalmente, o estabelecimento das Normas Regulamentadoras, que regem o trabalho.

A evolução nas legislações foi ocorrendo de forma simultânea às melhores condições de trabalho e consequentemente bem estar físico, social e mental dos trabalhadores. Tudo bem se você sentiu dificuldades nesta competência, esta primeira parte é mais complicada pois envolve anos de processo evolutivo. Entretanto, não fique preocupado, a partir desta visão as próximas competências ficarão mais claras para você.

(33)

Conhecendo as Normas Regulamentadoras

OBJETIVO

Olá, vimos na competência anterior a evolução das legislações sobre segurança do trabalho no mundo e no Brasil. Partindo do pressuposto que as Normas Regulamentadoras são as principais direcionadoras no Brasil, esta competência tem por objetivo fornecer uma visão geral sobre estas normas.

As Normas Regulamentadoras (NR) representam o principal marco da Segurança no Trabalho no Brasil e sua criação possui relação diretas ou indiretas com o contexto vivenciado anteriormente. A Lei nº. 6514, de 22 de dezembro de 1977 permitiu o estabelecimento destas normas, mudando o relatado no Decreto-Lei 5452, de 01 de maio de 1943, passando então a vigorar a redação de 1977.

Além disso, estas Normas foram baseadas em outras legislações já existentes, tal como a Lei Federal 6.514/77 ou as Convenções da OIT, as quais priorizavam e incentivavam a criação de normas locais para definir métodos e equipamentos necessários para que o trabalho fosse desenvolvido segura e saudavelmente. Assim, no dia 08 de junho de 1978, foi aprovada pelo ministro do Trabalho a Portaria MTb 3.214, composta por 28 Normas Regulamentadoras, conhecidas como NRs.

As NRs podem ser definidas como a junção de diferentes legislações, decretos, portarias, resoluções, dentre outros instrumentos legais que orientam o campo de segurança e saúde no trabalho. Apesar de terem sido criadas em 1978, as. Normas vêm sofrendo modificações e sendo atualizadas ao longo dos anos tendo em vista a necessidade de se adaptar aos diferentes cenários organizacionais. Atualmente, existem 37 NRs, das quais e a seguir, iremos ter uma visão geral sobre cada uma delas.

Estas normas podem ter caráter técnico ou administrativo, serem aplicadas ou transversal. As de caráter técnico são aquelas que apresentam soluções de engenharia bastante específicas, tal como relacionadas à máquinas, layout e proteções de corredores. Diz-se de caráter administrativo quando se relaciona a criação de órgãos e/ou ações de

(34)

fiscalização. Algumas normas classificam-se tanto como administrativas quanto técnicas, sendo elas NR 4, 5, 7, 9,20 e 23. As demais enquadram-se em uma das classificações, de acordo com suas especificações.

No que tange a classificação em aplicada ou transversal, as NRs definidas como transversais são aquelas que possuem vasta aplicabilidade, ou seja, se enquadram em mais de um ramo econômico.

Em contrapartida, as tidas como aplicadas são aquelas direcionadas a ramos específicos tal como construção civil.

Até a NR 28, ou seja, as primeiras aprovadas dentro de uma única Portaria, no geral possuem caráter técnico e transversal, ou seja, buscam propor soluções de engenharia para solucionar problemas comuns a diversas organizações. As demais foram instituídas complementarmente para atender problemas/demandas específicos.

VOCÊ SABIA?

A Escola Nacional da Inspeção do Trabalho (ENIT) (antigo Ministério do Trabalho e Emprego) é ó órgão federal responsável por criar e atualizar as normas regulamentadoras. Entretanto, antes da promulgação, são realizadas audiências públicas, reuniões ordinárias e extraordinárias, análise de estatísticas e dados sobre acidentes de trabalho, estudo de normas internacionais atuais e são levadas em consideração as demandas da sociedade.

A partir de agora abordaremos as NRs de forma individualizada.

Aqui, deixo claro que não nos aprofundaremos a ponto de esgotar todas as discussões sobre cada norma mas teremos uma visão global do contextos e especificidades de cada uma, a fim de embasar nossos conhecimentos para as demais unidades deste material didático.

A NR 01 tem caráter administrativo e transversal, intitula-se Disposições Gerais e, como o nome sugere busca apresentar as diretrizes básicas, o campo de aplicação e a definição de conceitos comuns. Esta é a norma que define, também, a obrigatoriedade do cumprimento destas bem como não tira a obrigação das organizações cumprirem outras legislações tal como as de caráter estadual e/ou municipal.

(35)

Esta norma define ainda as responsabilidades do empregador e dos empregados. Cabe ao empregador avisar sobre riscos existentes no ambiente de trabalho, bem como promover condições favoráveis ao exercício da atividade laboral e disponibilizar equipamentos de proteção.

Enquanto cabe aos empregados, além de respeitarem o estabelecido nas NRs, respeitando os procedimentos de segurança e as medidas adotadas pela organização.

A NR 02 refere-se a temática de Inspeção Prévia, porém não está em vigor, tendo sido revogada em 2019 pela Portaria SEPRT n. 915.

A NR 03, Embargo ou Interdição, tem caráter administrativo e transversal. Embargo e Interdição consistem em medidas de urgência, direcionadas em caso de comprovação de circunstância de trabalho que distingue risco grave e iminente ao trabalhador. Durante o período determinado para a paralisação total ou parcial os colaboradores continuarão recebendo remuneração e além disso, só são permitidas ações para correção da situação constatada desde que com as devidas proteções necessárias.

A NR 04 tem caráter administrativo, técnico e transversal, sendo uma das normas mais essenciais pois aborda os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).

Como pontos importantes desta norma tem-se o dimensionamento e os profissionais envolvidos no SESMT. O dimensionamento é calculado em função do risco da atividade e da quantidade de colaboradores.

No que tange aos profissionais que podem compor o SESMT, tem- se um conjunto mínimo: Médico do Trabalho, Engenheiro e/ou Técnico de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar e/ou Técnico em Enfermagem do Trabalho. Quais e a quantidade de profissionais que irão compor depende do grau de risco da organização e da quantidade de colaboradores e esta relação é apresentada no Quadro II da NR 04.

Tão importante quanto o SESMT, tem-se a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), abordada na NR 05, também de caráter administrativo, técnico e transversal. A CIPA é uma estrutura corporativa de maior visibilidade quando comparada ao SESMT, sendo formada por representantes do SESMT, dos colaboradores e do empregador.

(36)

Esta comissão terá reuniões ordinárias mensais a serem realizadas durante horário normal. É de responsabilidade da empresa fornecer treinamento, com carga horária de 20h horas, a ser realizado no prazo máximo de 30 dias a partir da data da posse. No que tange ao processo eleitoral, a convocação deve ser 60 dias antes do término do mandato anterior e quando já existir CIPA, a eleição deve ocorrer 30 dias antes do término do mandato .

Como função da CIPA, tem-se tem como objetivo a “prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador”. O dimensionamento dos suplentes e efetivos desta comissão é feito em função da quantidade de colaboradores e dos agrupamentos por setores econômicos, conforme estabelecido no Quadro I da referida norma.

A NR 06 tem caráter técnico e transversal, tem por finalidade estabelecer diretrizes sobre equipamentos de proteção individual (EPI).

O fornecimento de EPI é de responsabilidade do empregador e consiste em todos os equipamentos, de uso individual que tem por finalidade protege-lo de riscos. Teremos uma competência apenas sobre esta norma regulamentadora e por isto não entraremos em detalhes aqui, certo?

A NR 07 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). De caráter administrativo, técnico e transversal, esta norma define requisitos mínimos e as condições gerais para execução do PCMSO Dentre as obrigatoriedades a serem controladas pelo PCMSO tem-se exames tal como admissional, periódico, demissional, dentre outros.

A NR 08 estabelece requisitos técnicos mínimos de circulação e proteção que devem ser observados nas edificações, para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalhem, em decorrência disso é técnica e transversal.

A NR 09 aborda o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), de fundamental importância, sendo considerado uma das medidas de segurança mais completas. Pode-se sintetizar este programa em 4

(37)

palavras principais, sendo elas: antecipar, reconhecer, avaliar e controlar riscos, visando reduzir ou elimina-los. Na próxima unidade vamos estuda- los de modo mais aprofundado.

A próxima NR, de número 10, de forma reduzida, tem por tema principal Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, com caráter técnico e transversal, estabelece os requisitos mínimos aplicáveis às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo. Apesar de ser uma norma técnica, ela é bastante específica por ser aplicada ao setor elétrico, além de envolver os trabalhadores deste setor profissional, engloba também a manutenção segura das instalações elétricas das empresas.

A NR 11 é uma norma bastante curta e trata sobre transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais a partir do manuseio de elevadores, guindastes, carregadores industriais e maquinas de transporte. Apresenta diretrizes específicas para distância entre pranchões, distância mínima entre cargas empilhadas e paredes bem como disposição de sacas, dentre outros aspectos. A NR 12 é uma norma extensa, transversal e técnica pois versa sobre máquinas e equipamentos.

Alguns pontos a fim de exemplificar o conteúdo desta norma inclui:

Indicação da carga máxima permitida em todos os equi- pamentos;

Distância máxima para transporte manual de um saco:

60m;

Proteção para mãos em carros para transporte manual;

Meios de transporte motorizado devem conter buzina e um cartão de identificação indicando o trabalhador habili- tado, cuja validade é de 1 ano;

O conteúdo desta norma é valido para todas as fases de seu processo, ou seja, nas fases de projeto e de emprego de máquinas e equipamentos, e ainda à sua produção, importação, venda, apresentação e transferência

(38)

REFLITA

Imagina como teria sido os ambientes de trabalho no período da Revolução Industrial se a NR 12 já existisse e fosse mundial? Você acha que os acidentes teriam acontecido em tamanha quantidade e gravidade?

Dando continuidade, as NRs 13 e 14, são de caráter aplicado e técnico, dispondo sobre caldeiras e vasos de pressão (13) e fornos (14), respectivamente. São normas importantes devido aos elevados riscos destes, porém seu estudo é bastante específico ao contexto, tendo em vista que não são todos os ambientes de trabalho que contem tais equipamentos.

SAIBA MAIS

Segundo a NR 13 caldeiras a vapor são equipamentos destinados a produzir e acumular vapor sob pressão superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia, projetados conforme códigos pertinentes, excetuando- se refervedores e similares. Vasos de pressão são equipamentos que contêm fluidos sob pressão interna ou externa, diferente da atmosférica. Fonte: https://enit.

trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/

NR-13.pdf (Acesso em 15/01/2020).

As NRs 15 e 16 são de caráter técnico e transversal, e abordam respectivamente atividades e operações insalubres (seus respectivos limites de tolerância) e atividade e operações perigosas. O trabalhador exposto a condições insalubres tem direito a receber adicional incidente sobre o salário mínimo nas seguintes proporções: 40% em caso de grau máximo, 20% em grau médio e 10% em grau mínimo de insalubridade.

É importante destacar aqui que nem todos os riscos resultam em insalubridade.

Já o que diz respeito a atividades e operações perigosas remete ao trabalhador um adicional de 30% sobre o salário, quando exercem as seguintes atividades: armazenamento ou transporte de explosivos;

operação de escorva dos cartuchos de explosivos ou de carregamento de explosivos; detonação; verificação de denotações falhadas; queima e

(39)

destruição de explosivos deteriorados; e, nas operações de manuseio de explosivos. Diante disso, entende-se que não há variação do adicional, tal como ocorre para insalubridade.

A NR 17 aborda o tema ergonomia, um dos mais importantes relacionados à segurança do trabalho, tendo em vista que a ergonomia é a ciência que estuda a adaptação do trabalho ao homem visando garantir condições mais saudáveis. Assim, estabelece permissões no que tange ao trabalho e, por isso, esta norma se relaciona a diversas outras normas e pode-se dizer que é uma das normas mais articuladas. Dentre os tópicos abordados, as diretrizes englobam: transporte individual de cargas, mobiliário, equipamentos dos postos de trabalho (tal como teclados, monitores), condições do ambiente (como temperatura, ruído e iluminação) e organização do trabalho.

As NRs 18 a 20 são de caráter técnico e aplicada abordando, em sequencia, Condições e meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção civil, explosivos e líquidos combustíveis e inflamáveis. A primeira aqui citada (NR 18) é uma norma bastante densa específica ao setor da construção civil.

Os explosivos (NR 19) são definidos como os materiais ou substâncias que se decompõe rápido em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão Enquanto os líquidos combustíveis e inflamáveis (NR 20) possuem significados parecidos, combustível é aquele que o ponto de fulgor está entre 60 e 93 oC enquanto inflamável é abaixo de 60 oC. Veremos mais sobre estas duas NRs quando abordarmos proteção contra incêndios.

A NR 21 de caráter técnico e transversal, é intitulada trabalho a céu aberto, ou seja, relaciona-se a trabalhos tal como “construção de rodovias, ferrovias, hidrelétricas e mesmo nos trabalhos em mineração ou atividades agropecuárias”, onde os trabalhadores estão isentos de proteção.

A NR 22 é aplicada e técnica pois define diretrizes para segurança e saúde ocupacional na mineração, por ser uma legislação específica de um setor profissional, não entraremos em detalhes aqui. Já a NR 23 trata sobre proteção contra incêndios, sendo de caráter administrativo, técnico e transversal e, devido a sua importância, teremos uma competência exclusiva sobre esta temática mais a frente.

Referências

Documentos relacionados

“Fernando estava disposto a continuar investindo e pretendia convencer os sócios da empresa que a melhor opção era a mudança, através de uma ou mais, das propostas

4 — Para efeitos da renovação da licença ambiental prevista no número anterior, sob proposta da DRA, a entidade coordenadora do licenciamento fixa o prazo de apresentação

Comparando-se o mesmo adesivo no tempo 24 horas, variando apenas as temperaturas, o Single Bond apresentou maior resistência adesiva nas temperaturas 20°C e 37°C, enquanto que

A perspectiva de favorecer a emergência de um currículo integrado se manifesta também no cotidiano das práticas pedagógicas, na superação da fragmentação dos saberes no

Para elencar a importância do empoderamento econômico e social através do trabalho (onde, em um recorte ainda que especulativo, podemos analisar este prognóstico com

Declaro meu voto contrário ao Parecer referente à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apresentado pelos Conselheiros Relatores da Comissão Bicameral da BNCC,

E entre a primeira e as outras partes, marca o pentáculo de Salomão, assim: e entre o primeiro quadrante escreve a palavra ANABONA, e no meio do Almadel constrói a figura do hexágono

Na terceira questão (localização do prurido) (Figura 8b) ao serem perguntados sobre a intensidade do prurido, 57,1 % dos pacientes não conseguiram traduzir a intensidade