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Efeitos da clorfeniramina na aprendizagem, memória e ansiedade de teleósteos submetidos à ablação telencefálica.

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(1)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

“Efeitos da Clorfeniramina na aprendizagem,

memória e ansiedade de teleósteos submetidos à

ablação telencefálica”

Flávia Roberta Faganello Navega

(2)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

“Efeitos da Clorfeniramina na aprendizagem, memória e

ansiedade de teleósteos submetidos à ablação

telencefálica”

Flávia Roberta Faganello Navega

Orientadora: Rosana Mattioli

SÃO CARLOS 2006

(3)

Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária/UFSCar

N323ec

Navega, Flávia Roberta Faganello.

Efeitos da clorfeniramina na aprendizagem, memória e ansiedade de teleósteos submetidos à ablação telencefálica. -- São Carlos : UFSCar, 2006.

94 p.

Tese (Doutorado) -- Universidade Federal de São Carlos, 2006.

1. Medicina experimental. 2. Teleósteos. 3. Aprendizagem e memória. 4. Ansiedade. 5. Ablação telencefálica I. Título.

(4)

Estudo I

Clorfeniramina facilita a esquiva inibitória em teleósteos submetidos à ablação

telencefálica

Estudo II

Efeito ansiolítico da Clorfeniramina na esquiva inibitória em peixes dourados

submetidos à ablação telencefálica

Estudo III

Papel da CPA na recuperação funcional de teleósteos submetidos à ablação

telencefálica em novo modelo de condicionamento operante para peixes

Orientadora: Prof

a

. Dr

a

Rosana Mattioli

Apoio Financeiro: CAPES

(5)

Ao Marcelo,

(6)

Agradecimento Especial

À profa Dra Rosana Mattioli, por ter possibilitado mais essa etapa de minha formação profissional e por tudo o que me ensinou durante esses anos.

(7)

À Deus por tantas oportunidades.

À todos os membros da minha banca, que aceitaram o convite para enriquecer esse trabalho.

Aos professores: Azair Liane M.C. Souza, Carla Christina Medalha, e João Eduardo de Araújo por todas as sugestões dadas em minha qualificação.

Ao meu marido, Marcelo, por todo amor, por toda paciência e por ser tão amigo. Eu amo você.

Aos meus pais que sempre incentivaram meus estudos. Às minhas irmãs e ao meu irmão por serem tão amigos e tão importantes em minha vida.

À minha futura afilhada, Maria Eduarda, por já trazer tanta alegria para toda a família.

Às minhas queridas e velhas amigas Ana Cláudia e Cristiane, por tudo.

Aos meus colegas de laboratório, Luciana, Fernanda, Fabiana, Aline e Miagui, por tornarem esses anos tão felizes.

À Luciana, Fernanda e Fabiana por serem amigas e por me ajudarem tanto na realização deste trabalho. Eu adoro vocês.

Ao Miagui, pela velha amizade, pelo empenho em solucionar problemas e por me ajudar com as ilustrações desse trabalho.

À Karina Gramani, por sua amizade tão especial. Você realmente é uma pessoa incrível.

À Andréa, “minha” aluna, por me agüentar e pela ajuda na realização desse trabalho.

Ao professor Nivaldo Parizotto por me introduzir na vida científica, e por ser uma pessoa maravilhosa.

À professora e amiga Vanessa Monteiro Pedro. Eu realmente te adoro.

À Tereza Fatori pela amizade e por toda ajuda na análise histológica.

À Paulinha por ser uma secretária eficiente e amiga

À todo o pessoal dos laboratórios do Departamento de Fisioterapia, pela amizade e pelos bons momentos que passamos juntos.

À professora Tânia Salvini por disponibilizar o criostato. E aos seus alunos, Sabrina e Tiago, por toda a ajuda e paciência.

À todos os meus professores do Programa de Pós-gradução, por terem me ensinado tanto.

(8)
(9)

The teleost telencephalon provides a good opportunity for studying the function of the

vertebrate limbic system because it is simple and present homologies to the limbic structure of

higher vertebrates, with hippocampus and amygdala. These animals shows only one area of

projection to the telencephalon (Ekström et al., 1995), which has been well preserved through

(10)

CONTEXTUALIZAÇÃO 2

ESTUDO I 4

RESUMO 4

ABSTRACT 5

INTRODUÇÃO 6

MATERIAIS E MÉTODOS 8

ANIMAIS 8

ABLAÇÃO TELENCEFÁLICA 9

ANÁLISE HISTOLÓGICA 10

DROGAS E TRATAMENTO 11

AQUÁRIO EXPERIMENTAL 11

PROCEDIMENTOS 12

ANÁLISE ESTATÍSTICA 12

RESULTADOS 13

DISCUSSÃO 15

DESENVOLVIMENTO A PARTIR DO ESTUDO INICIAL 19

ESTUDO II 21

RESUMO 21

ABSTRACT 22

INTRODUÇÃO 23

MATERIAIS E MÉTODOS 25

ANIMAIS 25

ABLAÇÃO TELENCEFÁLICA 25

ANÁLISE HISTOLÓGICA 26

DROGAS E TRATAMENTOS 26

AQUÁRIO EXPERIMENTAL 27

PROCEDIMENTOS 27

ANÁLISE ESTATÍSTICA 28

RESULTADOS 29

DISCUSSÃO 33

DESENVOLVIMENTO A PARTIR DOS ESTUDOS ANTERIORES 37

ESTUDO III 39

RESUMO 39

ABSTRACT 40

MATERIAIS E MÉTODOS 41

ANIMAIS 41

ABLAÇÃO TELENCEFÁLICA E ANÁLISE HISTOLÓGICA 41

(11)

AQUÁRIOS EXPERIMENTAIS 42

PROCEDIMENTOS 43

ANÁLISE ESTATÍSTICA 43

RESULTADOS 44

DISCUSSÃO 46

CONSIDERAÇÕES FINAIS 49

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51

ANEXOS – ESTUDO I 59

ANEXOS – ESTUDO II 71

(12)

Contextualização

Peixes, répteis, aves e mamíferos fazem parte de uma mesma escala evolutiva e

possuem um ancestral comum (NORTHCUTT, 1981; CARROL, 1988; BROGLIO, 2003).

Sendo o peixe o mais antigo nesta escala evolutiva, o conhecimento de sua capacidade

cognitiva e suas bases neurais pode contribuir para o entendimento da evolução cerebral e

comportamental dos vertebrados, incluindo dos mamíferos.

Os teleósteos, classe de peixe com esqueleto ósseo, possuem o telencéfalo bem

desenvolvido com áreas homólogas a áreas cerebrais de vertebrados superiores. A área

dorso-lateral do telencéfalo é considerada homóloga ao hipocampo dos mamíferos

(NIEUWENHUYS e MEEK, 1990; BRAFORD, 1995; NORTHCUTT, 1995; VARGAS et

al., 2000, RODRÍGUEZ et al., 2002) e a área dorso-medial, homóloga a amídala (VARGAS

et al., 2000; PORTAVELLA et al., 2002; RODRÍGUEZ et al., 2002).

Nas últimas décadas estudos farmacológicos têm sido realizados a fim de investigar a

função de neurotransmissores sobre os processos de aprendizagem e memória. Dentre eles,

agonistas e antagonistas histaminérgicos têm sido alvo de muita atenção, uma vez que o

sistema histaminérgico está relacionado a uma série de funções no Sistema Nervoso Central

(SNC), incluindo aprendizagem e memória (HASS e PANULA, 2003)

A atuação da histamina no SNC se dá pela estimulação de receptores pós (H1 e H2) e

pré-sinápticos (H3) (ARRANG et al., 1985). Outro tipo de receptor histaminérgico (H4) foi

identificado, porém sua ação, até agora, é considerada restrita ao sistema imunológico (LIM et

al., 2005).

Os resultados dos estudos relacionando o sistema histaminérgico aos processos de

aprendizagem e memória não são conclusivos. Por exemplo, o bloqueio crônico da enzima

sintetizadora da histamina (HA) induziu tanto a facilitação como a inibição da aquisição da

(13)

Antagonistas e agonistas inversos do receptor H3 prejudicaram a aprendizagem de medo

condicionado (PASSANI et al., 2001) e melhoraram o desempenho em tarefa de esquiva

inibitória em ratos adultos (FOX et al., 2002, 2003). Em teleósteos a administração de

clorfeniramina (CPA), um antagonista H1, induziu a aprendizagem de preferência

condicionada por lugar (MATTIOLI et al., 1996), e também facilitou a retenção da memória

em um teste de esquiva inibitória (MEDALHA et al., 2000).

Segundo Blandina e colaboradores (2004) o efeito facilitador ou inibidor da histamina

nos processos de aprendizagem e memória pode estar relacionado, dentre outros fatores, à

estrutura cerebral envolvida e a natureza da tarefa realizada. Desta forma a análise das

conseqüências da ablação telencefálica em teleósteos pode contribuir para entendimento das

funções da histamina na aprendizagem e memória uma vez que, o sistema histaminérgico

desses animais apresenta uma única via ascendente ao telencéfalo (EKSTRÖM et al., 1995).

Diante disso, realizamos três estudos. No primeiro, que teve como objetivo verificar o

papel da CPA na esquiva inibitória em teleósteos submetidos à ablação telencefálica,

sugerimos um provável efeito ansiolítico da CPA. No segundo buscamos esclarecer a hipótese

levantada analisando a semelhança entre o efeito da CPA e uma droga benzodiazepínica na

aprendizagem de esquiva inibitória. No terceiro estudo foi desenvolvido um modelo de

condicionamento operante a fim de verificar a ação da CPA na recuperação funcional de

teleósteos submetidos à ablação telencefálica, e conseqüentemente ajudar no esclarecimento

(14)

Estudo I

“Clorfeniramina facilita a esquiva inibitória em teleósteos submetidos

à ablação telencefálica”.

Resumo

O objetivo desse estudo foi verificar o papel da CPA na esquiva inibitória em teleósteos submetidos à ablação telencefálica. Os peixes sofriam ablação telencefálica cinco dias antes de iniciado os procedimentos experimentais. Os procedimentos de esquiva inibitória foram realizados em um aquário retangular dividido em dois compartimentos (branco e preto) em 5 dias. Um dia para a adaptação (os peixes eram adaptados por 10 minutos), três dias para o treino composto por 3 tentativas cada (primeiro dia T1, T2 e T3; segundo dia 2T1, 2T2 e 2T3 e terceiro dia 3T, 3T2 e 3T3) e um dia para teste. Nos dias de treino, os peixes eram colocados em um compartimento branco e após 20 segundos a porta, que separava os dois compartimentos, era aberta. Quando o peixe passava para o compartimento preto, um peso de 45 gramas era solto. Esse procedimento era repetido por três vezes consecutivas. Imediatamente após a terceira tentativa, em cada dia de treino, o peixe recebia um dos tratamentos farmacológicos (salina, 8 ou 16 µg/g de CPA). No dia do teste, o tempo de passagem para o compartimento preto era registrado. Os resultados sugerem que a CPA, principalmente na dose de 8 µg/g, apresentou um efeito facilitatório na memória da tarefa de esquiva inibitória. Nós sugerimos que o peixe submetido à ablação telencefálica foi capaz de aprender a tarefa de esquiva inibitória devido a circuitos locais presentes no mesencéfalo que atua para a geração e elaboração de reações defensivas, e que a CPA, devido a seu efeito ansiolítico, interfere nesses circuitos mesencefálicos.

(15)

“Chlorpheniramine facilitates the inhibitory avoidance in teleosts submitted to

telencephalic ablation”

Abstract

The aim of this study was verify the role of CPA in inhibitory avoidance in teleosts submitted to telencephalic ablation. The fish underwent telencephalic ablation five days prior to the experimental procedure. The inhibitory avoidance procedure was performed in a rectangular aquarium divided into two compartments (black and white), in 5 days. One day for adaptation (fish were adapted for 10 min.), three days for training composed of 3 trials each (first day T1, T2 and T3; second day 2T1, 2T2 and 2T3 and third day 3T1, 3T2 and 3T3), and one day for test. On training days, the fish were placed in a white compartment and after 20 seconds the door, that separated the compartments, was opened. When the fish crossed to a black compartment, a 45-gram weight was dropped. This procedure was performed three times in a row. Immediately after the third trial, on each day of training, the fish received one of the pharmacological treatments (saline, 8 or 16µg/g of CPA). On test day, the time for crossing to the black compartment was recorded. The results suggest that CPA, mainly at a dosage of 8 µg/g, had a facilitating effect on memory of the inhibitory avoidance task. We suggest that the fish submitted to telencephalic ablation were able to learn the inhibitory avoidance task due to the local circuits of midbrain that act to generate and elaborate defense reactions, and that CPA, probably due to its anxiolytic-like effect, interferes in these midbrain circuits.

(16)

Introdução

É bem conhecido que o sistema límbico esta envolvido no medo-relacionado ao

condicionamento clássico em mamíferos (KAPP et al., 1979; DAVIS, 2000; MEDINA et al.,

2002). Por outro lado, a ablação do telencéfalo dos teleósteos, que é filogeneticamente

relacionada ao sistema límbico de vertebrados superiores, não impediu o condicionamento

autonômico clássico em um procedimento aversivo (OVERMIER e CURNOW, 1969;

MEDINA et al., 2002), o que sugere que estruturas mesencefálicas podem ser capazes de

promover aprendizagem de respostas emocionais condicionadas.

Teleósteos são apropriados para o estudo da histamina como neurotransmissor no

sistema nervoso central (SNC) porque o sistema histaminérgico em peixes é mais restrito e

possui somente uma área de projeção no telencéfalo (EKSTRÖN et al., 1995) que foi bem

preservada durante a evolução (PEITSARO et al., 2003).

Vários estudos sugerem que a HA participa dos processos de aprendizagem e

formação da memória (HASS e PANULA, 2003; CHOICH et al., 2004). Entretanto os

resultados são freqüentemente contraditórios, visto que efeitos facilitatório e inibitório já

foram descritos (BLANDINA et al., 1996; PASSANI et al., 2001; CANGIOLI et al., 2002).

Estudos anteriores mostraram que a histamina apresenta um efeito inibitório em

diferentes tarefas de esquiva inibitória. Eidi e colaboradores (2003) sugeriram que a

administração pós-treino de histamina atenuou a retenção da memória e potencializou o

prejuízo na memória induzido pela escopolamina, em ratos. Em um estudo realizado por

Rubio e colaboradores (2001) o aumento nos níveis de histamina cerebral em ratos prejudicou

a aquisição da resposta de esquiva, ao passo que níveis reduzidos facilitaram essa aquisição.

Em teleósteos, a clorfeniramina (CPA), um antagonista histaminérgico H1, melhorou a

(17)

Uma vez que, em alguns estudos, a histamina apresentou um efeito inibitório em

tarefas de aprendizagem e a ablação telencefálica em teleósteos não interrompeu o

condicionamento autonômico clássico usando um procedimento aversivo, o objetivo desse

estudo foi verificar o papel da CPA na esquiva inibitória em teleósteos submetidos à ablação

(18)

Materiais e métodos

Animais

Foram utilizados quarenta e seis peixes dourados (Carassius auratus) (figura 1) de

sexo indeterminado pesando de 4 a 8g. Os animais eram mantidos em aquários de 30 litros

(15 peixes por aquário) com filtro e oxigenação constante, a uma temperatura de 20-22º com

ciclo natural de luz.

Os peixes eram alimentados cinco vezes por semana com ração flutuante (Wardly

Corporation, New Jersey, U.S.A.). Um intervalo de duas semanas de aclimatação foi dado

entre a compra do peixe e os procedimentos cirúrgicos. Os animais eram individualmente

identificados por suas características físicas, como cor e tipo de cauda.

(19)

Ablação Telencefálica

Os peixes foram anestesiados por imersão em uma solução de 0,8 g/l de tricaína

metasulfonado (TMS)-(3-aminobenzoic acid ethyl ester methasulfonate, Sigma Chemical Co.)

até a atividade motora espontânea e os movimentos branquiais cessarem. Os peixes eram

retirados da solução anestésica, envolvidos em gaze úmida e posicionados adequadamente em

um aparato (figura 2) para a realização dos procedimentos cirúrgicos. Uma solução anestésica

de 0,3 g/l de TMS foi perfundida continuamente pela boca, durante todo o procedimento

cirúrgico, por perfusão pela boca.

A parte dorsal do crânio era removida para a exposição dos lobos telencéfalicos. Os

lobos telencefálicos eram então retirados por aspiração através de uma pipeta conectada a um

sistema de vácuo. Após a ablação do telencéfalo o crânio era fechado com acrílico dental de

secagem rápida (Dental Vipi Ltda, Pirassununga, São Paulo – Brazil). A solução anestésica

era então substituída por água até reiniciarem os movimentos branquiais, e os peixes eram

recolocados nos aquários de manutenção por um período de recuperação de 5 dias antes do

início dos procedimentos experimentais.

(20)

Análise Histológica

Após a conclusão dos procedimentos experimentais os animais eram novamente

anestesiados, em seguida decapitados, os cérebros foram removidos dos crânios e

inspecionados para uma avaliação preliminar da ablação (figura 3). Os cérebros eram então

fixados em formalina 10% por pelo menos quatro dias. Depois disso, eram seccionados a uma

espessura de 50 µm usando um criostato. Por meio da análise histológica verificamos que os

cérebros submetidos à ablação exibiram completa remoção do tecido telencefálico ao passo

que as áreas pré-ópticas e tratos ópticos não foram lesados (figura 4).

A

B B

C

Fig 4: Corte transverso do cérebro de teleósteos. A: cérebro normal. C: cérebro após ablação telencefálica. B: Esquema do cérebro mostrando o local de secção. Abreviaturas: TEL: telencéfalo; TO: trato óptico; CE: cerebelo; LV: lobo vagal; HL: hipotálamo lateral, DC: região dorso-central do telencéfalo, DD: região dorso-dorsal; DM: região dorso-medial; DL: região dorsolateral; PP: núcleo pré-óptico periventricular; PO: núcleo pré-óptico. Adaptado de Portavela et al.,2003.

Fig 3: A: foto de um cérebro íntegro de teleósteo. B: foto de um cérebro de teleósteo após ablação telencefálica.

(21)

Drogas e tratamento

Clorfeniramina (CPA) sal de maleato (Sigma, MO, USA) foi dissolvida em salina

(0.9%) nas concentrações de 8 e 16 µg/µl. CPA 8 e 16 µg/g ou salina (SAL) foram

administrado intraperitonealmente no volume de 1µl/g. As substâncias foram codificadas e os

códigos não eram conhecidos pelo experimentador.

Os peixes foram divididos em três grupos. Grupo SAL (n=20) composto por animais

tratados com salina, grupo CPA8 (n=12) e grupo CPA16 (n=13) compostos, respectivamente,

por animais que receberam tratamento de CPA nas doses de 8 e 16 µg/µl.

Aquário experimental

Foi utilizado um aquário, de vidro, retangular dividido em dois compartimentos sendo

um branco e o outro preto, delimitados por uma porta do tipo guilhotina. Cada compartimento

possuía dimensões de 15 centímetros de altura, 10 centímetros de largura e 22,5 centímetros

de comprimento (figura 5).

(22)

Procedimentos

O experimento foi realizado em 5 dias consecutivos. Um dia de adaptação, três dias de

treino (compostos por 3 tentativas cada: primeiro treino T1, T2 e T3, segundo treino 2T1, 2T2

e 2T3 e terceiro treino 3T1, 3T2 e 3T3) e um dia de teste.

No dia de adaptação os animais eram colocados individualmente no aquário por 10

minutos. Nos dias de treino os animais eram colocados individualmente no compartimento

branco do aquário e após 20 segundos a porta era retirada. Quando o peixe atravessava a linha

divisória entre os compartimentos um peso de 45 gramas era solto a sua frente. O peixe

voltava ou era imediatamente recolocado no compartimento inicial, o procedimento era

repetido por mais 2 vezes. A passagem para o compartimento preto foi definida como o

momento em que a nadadeira dorsal do animal entrava no compartimento preto.

Imediatamente após a terceira tentativa, nos três dias de treino os animais recebiam o

tratamento farmacológico (SAL, CPA8 ou CPA16). Vinte e quatro horas após, os animais

eram testados e o tempo de entrada no compartimento preto era registrado novamente.

A determinação de colocar o animal inicialmente no compartimento branco se deve a

sua preferência natural pelo ambiente escuro (SANTANGELO e MATTIOLI, 1999). Todo

procedimento experimental foi gravado em vídeo-tape.

Análise estatística

Todos os resultados foram inicialmente submetidos ao teste Levene para verificar a

homogeneidade dos dados. Quando apropriado, os dados foram transformados em log10 e

então analisados pela análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de comparações

múltiplas de Dunn.

(23)

Resultados

A figura 6-A mostra as médias e erro padrão das médias (+EPM) das latências dos

dias de treino e teste do grupo SAL. A latência foi significativamente maior somente na

terceira tentativa do segundo dia de treino (ANOVA: d.f.=9, F=2.19, p=0.0249 e Dunn

p<0.05). Sugerindo que os animais tratados com salina foram capazes de aprender a tarefa,

mas não conseguiram reter a informação aprendida.

Os animais tratados com CPA8 mostraram um aumento nas latências, tentativa após

tentativa, no segundo dia de treino e permaneceu alta nas três tentativas do terceiro dia de

treino e no dia do teste (ANOVA: d.f.=9, F=3.15, p= 0.0022 e Dunn p<0.05) (Figura 6-B). O

grupo CPA16 apresentou maiores latências no segundo e terceiro dia de treino (ANOVA

d.f.=9, F=3.67, p=0.0005 e Dunn p<0.05) (figura 6-C). Esses resultados sugerem que a CPA,

(24)

A-CPA16 0 50 100 150 200 250 300

T1 T2 T3 2T1 2T2 2T3 3T1 3T2 3T3

TESTE La nc ia ( s ) * * * C A-CPA8 0 50 100 150 200 250 300

T1 T2 T3 2T1 2T2 2T3 3T1 3T2 3T3

TEST E La nc ia ( s ) * * * * * * B A-SAL 0 50 100 150 200 250 300

T1 T2 T3 2T1 2T2 2T3 3T1 3T2 3T3

TEST E La nc ia ( s ) * A

(25)

Discussão

Os resultados desse estudo sugerem que a CPA melhora a retenção da tarefa de

esquiva inibitória em peixes submetidos à ablação telencefálica. Resultados similares foram

encontrados por Medalha e colaboradores (2000) em um estudo realizado em peixes dourado

intactos no mesmo modelo experimental. Em seu estudo o grupo tratado com CPA na dose de

8 µg/g apresentou um aumento significativo na latência para deixar o compartimento de saída.

Assim, nós sugerimos que a ação da CPA no condicionamento de esquiva inibitória ocorre via

estruturas mesencefálicas e/ou diencefálicas.

Fanselow (1981) e Blanchard e colaboradores (1989) propuseram que padrões de

comportamento defensivos são organizados em uma série hierárquica de repostas. Alguns

estudos sugerem que a estimulação de estruturas do teto do mesencéfalo produz alerta,

“freezing” e reações de fuga. Sugerem também que a estimulação elétrica da substância

cinzenta periaquedutal e do colículo inferior induz efeito aversivo, reforça a reposta de fuga

operante e também permite aprendizagem de repostas emocionais condicionadas (JENCK et

al., 1983, 1995; BRANDÃO et al., 1997).

O teto do mesencéfalo apresenta circuitos locais para a geração e elaboração de

reações defensivas, entretanto estruturas cerebrais superiores são necessárias para conseguir o

controle de comportamentos mais complexos relacionados ao medo. Por exemplo, a conexão

do colículo inferior com a amídala atua como um importante filtro para as informações

sensoriais de natureza aversiva (MAISONNETTE et al., 1996). Sabendo-se que a esquiva é

um tipo de comportamento defensivo (MISSLIN, 2003), nós podemos sugerir que os peixes

submetidos à ablação telencefálica são capazes de aprender a tarefa de esquiva inibitória

devido aos circuitos locais do mesencéfalo, e que a CPA facilita a retenção da experiência

(26)

Outros estudos sugerem também uma ação do sistema histaminérgico no diencéfalo,

principalmente em tarefas que envolvam componentes emocionais como aversão, estresse e

medo. Ito e colaboradores (1999) submeteram ratos a uma situação de estresse agudo, em que

os animais eram mantidos imóveis em uma gaiola apertada por uma hora. A análise

histoquímica mostrou um aumento nos níveis de histamina no diencéfalo.

Ferretti e colaboradores (1998) relataram que o estresse induz a liberação de histamina

no hipotálamo. Da mesma forma, no estudo de Tasaka e colaboradores (1985) após a

administração de histamina intraventricular, maior radioatividade foi determinada no

hipotálamo. Neste estudo a histamina causou uma inibição dose-dependente na resposta de

esquiva em ratos, e os autores sugeriram que esse efeito inibitório está preferencialmente

ligado ao receptor H1.

Regiões do teto do mesencéfalo contêm substratos para o comportamento defensivo,

aversão e medo (BRANDÃO et al., 2003). Existem boas evidências que a aprendizagem de

esquiva é baseada na aquisição de um estado “antecipatório” de medo em peixes dourados

(OVERMIER e CURNOW, 1969; GALONN, 1972; PORTAVELLA et al., 2003). De acordo

com Brandão e colaboradores (2003) os processos preparatórios para a orientação do perigo,

medo e esquiva são ligados a ansiedade. Assim, o efeito da CPA na memória encontrado em

nosso estudo pode ser também devido a um efeito ansiolítico da CPA mediado pelo

diencéfalo e/ou teto do mesencéfalo.

O envolvimento do sistema histaminérgico no estado de ansiedade de animais já foi

sugerido por alguns autores. Malberg-Aiello e colaboradores (2002) mostraram que

substâncias capazes de aumentar a transmissão histaminérgica reduziram o tempo de

permanência no compartimento claro em camundongos, indicando um provável efeito

ansiogênico. Em um estudo fisiológico foi relatado que a destruição da sub-região E2

rostroventral do núcleo tuberomamilar em ratos, que é o local de origem do sistema

(27)

parece estar relacionado à diminuição da atividade histaminérgica causado pela lesão (FRISH

et al., 1998). Em um estudo realizado por Medalha et al. (2003) em peixes dourados, o grupo

tratado com CPA apresentou valores mais baixos no nível de um metabólito da serotonina

(5-HIAA- ácido 5-hidroxihindileacetico) no diencéfalo quando comparado ao grupo tratado com

salina, sugerindo que a CPA pode apresentar um efeito ansiolítico uma vez que a serotonina

está envolvida nos processos de ansiedade (GRAEFF, 2002).

Uma hipótese adicional pode ser a participação do sistema colinérgico. Estudos

clínicos (BEATTY e BUTTERS, 1986; EAGGER et al., 1991; JONES et al., 1992) e

experimentais (DUNNETT et al.,1985) têm mostrado que o sistema colinérgico desempenha

um importante papel na aprendizagem, memória e atenção, e outros estudos sugerem que o

sistema histaminérgico influencia a aprendizagem e memória por modulação da liberação da

acetilcolina (PASSANI et al., 2000; BACCIOTTINI et al., 2001). Em um trabalho realizado

por Eidi et al. (2003) a melhora na memória induzida pela acetilcolina ou nicotina pode ser

prejudicada pela histamina. Em uma análise bioquímica, Miyazaki et al. (1995) sugeriram que

a histidina (precursora da histamina) diminuiu os níveis de acetilcolina no córtex cerebral, no

diencéfalo e mesencéfalo de ratos.

Uma vez que células colinérgicas foram descritas no teto do mesencéfalo de teleósteos

(GONZALEZ et al., 2002) e que o sistema histaminérgico tem origem no diencéfalo

(EKSTRÖN et al., 1995), e regiões do mesencéfalo apresentam altos níveis de histamina em

peixes (e em mamíferos) (ALMEIDA e BEAVEN, 1981), o efeito facilitatório da CPA em

nosso estudo também pode ser devido a uma relação entre os sistemas histaminérgico e

colinérgico no mesencéfalo e em estruturas diencefálicas. Entretanto estudos adicionais, sobre

a relação da histamina/acetilcolina na aprendizagem de esquiva inibitória, devem ser

realizados.

Em conclusão, podemos concluir que os peixes submetidos à ablação telencefálica são

(28)

mesencéfalo que atuam para a geração e elaboração de reações defensivas, e que a CPA

(29)

Desenvolvimento a partir do estudo inicial

No primeiro estudo verificamos que os animais com ablação telencefálica foram

capazes de aprender o condicionamento de esquiva inibitória, apesar do telencéfalo ser

considerado homólogo a estruturas límbicas do cérebro de vertebrados superiores. Esse fato,

provavelmente se deu devido à capacidade de estruturas mesencefálicas gerarem reações

comportamentais que são primordiais para a sobrevivência da espécie, denominadas reações

defensivas.

As reações defensivas ocorrem frente à situações de perigo, e desencadeiam respostas

incondicionadas de medo geradas no teto mesencefálico (BRANDÃO et al., 2003). Segundo

Misslin (2003) respostas de esquiva fazem parte do repertório de comportamentos defensivos

dos animais assim como fuga, luta, imobilidade, agressão e ajustes fisiológicos em geral.

Essas reações apresentam íntima relação com a ansiedade e estresse (RAU et al., 2005).

Fortes experiências emocionais podem prejudicar tarefas previamente adquiridas, por

isso drogas ansiolíticas, quando administradas após o treino de tarefas com fortes

componentes emocionais, podem auxiliar na retenção da tarefa (DIAMOND et al, 2004). O

que reforça a hipótese de efeito ansiolítico da CPA levantada em nosso primeiro estudo, uma

vez que os animais tratados com essa droga apresentaram melhor desempenho na tarefa

proposta.

Entretanto, Izquierdo e colaboradores (1990) sugerem que algumas tarefas precisam

de certo grau de estresse e ansiedade para serem aprendidas, como é o caso da esquiva

inibitória. Em um estudo realizado por de Souza-Silva e colaboradores (1993) o tratamento

prévio com diazepam prejudicou a retenção da tarefa de esquiva inibitória em ratos.

(30)

pré-treino de clonazepam e diazepam, que são drogas ansiolíticas, apresentaram um efeito

prejudicial na aquisição do condicionamento de esquiva inibitória em ratos.

Vários estudos já relacionaram o sistema histaminérgico com a ansiedade, e apontam

principalmente para uma relação diretamente proporcional, ou seja, que maiores

concentrações de histamina seriam responsáveis por maiores índices de ansiedade (OISHI et

al., 1992; FRISH et al., 1998; MALBERG-AIELLO et al., 2002; BONGERS et al., 2003).

Com base nas informações apresentadas verificamos que drogas ansíoliticas podem

apresentar resultados opostos no condicionamento de esquiva inibitória, dependendo do

momento de sua administração. Quando administradas antes do treino apresentam um efeito

inibitório, e quando administradas após o treino podem causar um efeito facilitatório. Diante

do exposto, decidimos realizar um segundo estudo a fim de verificar se há semelhança entre o

efeito do antagonista histaminérgico H1 (CPA) e uma droga benzodiazepínica (Diazepam),

(31)

Estudo II

Efeito ansiolítico da Clorfeniramina na esquiva inibitória em peixes

dourados submetidos à ablação telencefálica”

Resumo

O objetivo desse estudo foi verificar as conseqüências da ablação telencefálica na aprendizagem de esquiva inibitória em peixes dourados e verificar se há semelhança entre o efeito do antagonista histaminérgico H1 (CPA) e uma droga benzodiazepínica (Diazepam). Os animais eram submetidos á ablação telencefálica ou a lesão fictícia cinco dias antes dos procedimentos experimentais. O procedimento de esquiva inibitória foi realizado em três dias usando um aquário retangular dividido em dois compartimentos (preto e branco) com uma porta central. No primeiro dia os animais eram adaptados por 10 minutos. No segundo e terceiro dias, eles eram injetados com salina (SAL), 16µg/g de Clorfeniramina (CPA), propilenoglicol 40% (PPG) ou µg/g de diazepam (DZP) vinte minutos antes do treino. Então os animais eram colocados no compartimento branco, a porta central era aberta e o tempo para atravessar a linha entre os compartimentos era registrado. Após o peixe passar a linha entre os compartimentos um peso de 45 gramas era solto. Esse procedimento era repetido por três vezes consecutivas. Os grupos submetidos ou não à ablação telencefálica e tratados com salina apresentaram uma diferença entre as sessões de treino; entretanto, os grupos tratados com CPA, PPG ou DZP não apresentaram nenhuma diferença entre eles. Esses resultados sugerem que o tratamento com CPA, PPG ou DZP prejudicou a aquisição do condicionamento de esquiva inibitória nos animais independente da ablação telencefálica. Em conclusão, a ablação telencefálica não retira a capacidade do animal aprender a tarefa de esquiva inibitória, e baseado no fato de que a CPA mostrou efeitos similares ao DZP, nos animais submetidos ou não à ablação telencefálica, nós sugerimos que a CPA apresenta um efeito ansiolítico, mediado pelo diencéfalo e/ou mesencéfalo em peixes dourados.

(32)

“Anxiolytic-like effect of Chlorpheniramine in Inhibitory Avoidance in

goldfish submitted to Telencephalic Ablation”

Abstract

The aim of the present study was to verify the consequences of telencephalic ablation on the learning of inhibitory avoidance goldfish and verify the similarity between CPA and benzodiazepnic drug (Diazepam). The animals were submitted to telencephalic ablation or sham operations five days prior to the experimental procedure. The inhibitory avoidance procedure was performed in 3 days using a rectangular aquarium divided into two compartments (black and white) with a central door. On the first day, the animals were adapted for 10 min. On the second and third days, they were injected with Saline (SAL), 16µg/g Chlorpheniramine (CPA), 40% Propylene glycol (PPG) or 1µg/g Diazepam (DZP) twenty min. before training. Then the animals were placed in the white compartment, the central door was opened and the time spent for crossing between compartments was recorded. After the fish crossed the line between the compartments a 45-g weight was dropped. This procedure was performed three times in a row. The groups submitted or not to telencephalic ablation and treated with SAL presented a difference between training sessions; however, the groups treated with CPA, PPG or DZP did not show any differences between them. These results suggest that the treatment with CPA, PPG or DZP impaired the acquisition of inhibitory avoidance conditioning in animals regardless of telecenphalic ablation. In conclusion, telencephalic ablation does not disrupt the animals’ capacity to learn the inhibitory avoidance task, and based on the fact that CPA showed similar effects to those of DZP on the animals submitted or not to telencephalic ablation, we suggest that the CPA presents an anxiolytic-like effect mediated by the diencephalons and/or mesencephalon in goldfish.

(33)

Introdução

O telencéfalo dos teleósteos fornece uma boa oportunidade para o estudo da função do

sistema límbico dos vertebrados porque ele é simples e homólogo a estruturas límbicas de

vertebrados superiores (DROOGLEEVER-FOUTUYN, 1961; NORTHCUTT e

BRADFORD, 1980; LOPEZ et al., 2000).

Portavella e colaboradores (2004) estudaram a resposta de esquiva após lesão de áreas

telencefálicas e sugeriram a presença de dois diferentes sistemas de memória em peixes

dourados. Um sistema de memória emocional relacionado à região medial do telencéfalo, e

um sistema de memória espacial e temporal relacionado à região lateral do telencéfalo. Além

disso, os efeitos diferenciais causados pelas lesões telencefálicas são similares àqueles

produzidos por lesão amídalar e hipocampal em mamíferos.

Teleósteos são apropriados para o estudo da Histamina como neurotransmissor no

Sistema Nervoso Central (SNC), uma vez que o sistema histaminérgico em peixes apresenta

somente uma aérea de projeção para o telencéfalo (EKSTRÖN et al., 1995) que foi bem

preservada durante a evolução (PEITSARO et al., 2003).

Desde a descoberta que antihistamínicos clássicos apresentavam uma ação sedativa,

tornou-se claro que a histamina desempenha importante ação no SNC (HASS e PANULA,

2003). Vários estudos sugerem que a histamina está envolvida em muitas funções

neurológicas, como o controle do despertar, atenção, processos sensoriais e formação da

memória (CHOICH et al., 2004).

Os dados disponíveis sobre os efeitos da histamina central no comportamento animal,

especialmente na aprendizagem e memória, ainda são contraditórios. Alguns estudos

descrevem um efeito inibitório da histamina (BEARDSLEY, 1992; SANNERUD et al., 1995;

(34)

da histamina na aprendizagem e memória (De ALMEIDA e IZQUIERDO, 1986; KAMEI e

TASAKA, 1993; MEGURO et al., 1995; MIYAZAQUI et al.,1995; COELHO et al., 2001).

Vários estudos também revelaram um papel da histamina no medo e na ansiedade

(OISHI et al., 1986; IMAIZUMI e ONODERA, 1993; FRISCH et al., 1998).

Considerando que o telencéfalo dos teleósteos é homólogo a estruturas límbicas de

vertebrados superiores, que o sistema histaminérgico central está envolvido na aprendizagem,

memória e ansiedade (De ALMEIDA e IZQUIERDO, 1986, MATTIOLI et al., 1998) e sua

maior área de projeção está localizada no telencéfalo, o objetivo deste estudo foi verificar a

relação do sistema histaminérgico na aprendizagem de esquiva inibitória em peixes

submetidos á ablação telencefálica e investigar se há semelhança entre o efeito do antagonista

histaminérgico H1 (CPA) e uma droga benzodiazepínica.

(35)

Materiais e métodos

Animais

Cento e cinqüenta e seis peixes dourados (Carassius auratus) (figura 1) de sexo

indeterminado e pesando de 4 a 8 g foram usados. Os animais eram mantidos em um aquário

de 30 litros (15 peixes por aquário) com filtro e oxigenação constante a uma temperatura de

20-22º com ciclo natural de luz.

Eles foram alimentados cinco vezes por semana com ração flutuante (Wardly

Corporation, New Jersey, U.S.A.). Um intervalo de duas semanas de aclimatação foi admitido

entre a compra do peixe e os procedimentos cirúrgicos. Os animais eram individualmente

identificados por suas características físicas, como cor e tipo de cauda.

Ablação Telencefálica

Os peixes foram anestesiados por imersão em uma solução de 0,8 g/l de tricaína

metasulfonado (TMS)-(3-aminobenzoic acid ethyl ester methasulfonate, Sigma Chemical Co.)

até a atividade motora espontânea e os movimentos branquiais cessarem. Os peixes eram

envolvidos em gaze e colocados em um aparato com suportes laterais que estabilizavam o

corpo do animal para a realização dos procedimentos cirúrgicos. Anestesia foi mantida

continuamente, durante todo o procedimento cirúrgico, por perfusão de uma solução 0,3 g/l de

TMS pela boca (figura 2).

A parte dorsal do crânio era removida para a exposição dos lobos telencefálicos. Os

lobos telencefálicos eram então retirados por aspiração através de uma pipeta conectada a um

sistema de vácuo. Após a ablação do telencéfalo o crânio foi fechado com acrílico dental de

(36)

fictícia (Sham) eram submetidos aos mesmos procedimentos cirúrgicos exceto pela aspiração

dos lobos telencefálicos. Depois de o crânio ser fechado a solução anestésica era substituída

por água até reiniciarem os movimentos branquiais. Os peixes eram então recolocados nos

aquários de manutenção para um período de recuperação de cinco dias antes do início dos

procedimentos experimentais.

Análise Histológica

Após a conclusão dos experimentos os animais eram decapitados, os cérebros eram

removidos e inspecionados para uma avaliação preliminar da ablação (figura 3). Os cérebros

eram então fixados em formalina 10% por pelo menos quatro dias. Depois disso, eram

seccionados a uma espessura de 50 µm em um criostato. A análise mostrou que os cérebros

submetidos à ablação exibiram completa remoção do tecido telencefálico ao passo que as

áreas pré-ópticas e tratos ópticos não foram lesados (figura 4).

Drogas e tratamentos

Diazepam (DZP) (Roche S/A, São Paulo, Brasil) foi diluído em propilenoglicol 40%

(PPG) na concentração de 1.0 µg/µl. Clorfeniramina (CPA) sal de maleato (Sigma, MO,

USA) foi dissolvida em salina (0.9%) até a concentração de 16 µg/µl. DZP, PPG, CPA ou

salina (SAL) foram administrados intraperitonealmente no volume de 1µl/g. As substâncias

foram codificadas e os códigos não eram conhecidos pelo experimentador, que não sabia que

substâncias eram injetadas em cada animal.

Os peixes foram divididos em oito grupos levando em considereação o procedimento

cirúrgico, submetido à ablação telencefálica (A) ou não (S), e o tratamento farmacológico

(37)

Tabela1: grupos experimentais

Grupo N Tratamento

S-Sal Sham 26 Salina

S-PPG Sham 20 Propilenoglicol (40%) S-DZP Sham 20 Diazepam 1µg/g

S-CPA16 Sham 13 CPA 16 µg/g

A-Sal Ablação 20 Salina

A-PPG Ablação 20 Propilenoglicol (40%) A-DZP Ablação 20 Diazepam 1µg/g

A-CPA16 Ablação 17 CPA 16 µg/g

Aquário Experimental

Foi utilizado um aquário de vidro retangular dividido em dois compartimentos sendo

um branco e o outro preto, delimitados por uma porta do tipo guilhotina (figura 5). Cada

compartimento possuía dimensões de 15 centímetros de altura, 10 centímetros de largura e

22,5 centímetros de comprimento.

Procedimentos

O experimento foi realizado em três dias consecutivos, sendo um dia de adaptação e

dois dias de treino. No dia de adaptação os animais eram colocados individualmente no

aquário por 10 minutos.

Os dias de treino eram compostos por três tentativas cada sendo primeiro dia de treino:

T1, T2 e T3 e segundo dia de treino: 2T1, 2T2 e 2T3. Nos dois dias de treino, vinte minutos

antes de iniciado os procedimentos experimentais os animais eram injetados com SAL, CPA,

DZP ou PPG. Então, os animais eram colocados individualmente no compartimento branco

do aquário e após 20 segundos a porta era retirada. Quando o peixe atravessava a linha

divisória entre os compartimentos um peso de 45 gramas era solto a sua frente. O peixe

(38)

repetido por mais 2 vezes. A passagem para o compartimento preto foi definida como o

momento em que a nadadeira dorsal do animal passava a linha divisória entre os

compartimentos. Todo procedimento experimental era gravado em vídeo - tape.

A determinação de colocar o animal inicialmente no compartimento branco se deve a

sua preferência natural pelo ambiente escuro (SANTANGELO e MATTIOLI, 1999).

A atividade locomotora do animal na primeira tentativa do primeiro dia de treino (T1)

foi registrada para verificar se as drogas interferiam na locomoção dos animais. Para isso, o

compartimento branco do aquário foi dividido em três partes iguais, e o número de

cruzamentos entre as partes foi contado. O número de cruzamentos dividido pela latência foi

calculado para todos os grupos e utilizado como indicador da atividade locomotora.

Análise estatística

Todos os resultados foram inicialmente submetidos ao teste Levene para verificar a

homogeneidade dos dados. Quando apropriado, os dados foram transformados em log10 e

então analisados pela análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de comparações

múltiplas de Student-Newman-Keuls (SNK).

(39)

Resultados

A figura 7 mostra as médias e erro-padrão das médias (+SEM) das latências dos dias

de treino dos grupos Sham. O grupo S-SAL apresentou um aumento significativo nos valores

de latências entre cada tentativa nos dois dias de treino (ANOVA d.f=5; p=0,001 e SNK

p<0,05). Os grupos S-CPA, S-PPG e S-DZP não apresentaram diferença significativa nos

valores de latência em nenhum dia de treino (ANOVA d.f.=5: p=0,23, p=0,73 e p=0,12

respectivamente).

A figura 8 mostra as médias e erro-padrão das médias (+SEM) das latências dos dias

de treino dos grupos com ablação telencefálica. O grupo A-SAL apresentou um aumento

significativo nos valores de latências entre cada tentativa nos dias de treino (ANOVA d.f=5;

p=0,0018 e SNK p<0,05). Os grupos A-CPA, A-PPG e A-DZP não mostraram diferença

significativa nos valores de latência em nenhum dia de treino (ANOVA d.f.=5: p=0,29,

p=0,09 e p=0,28 respectivamente).

Esses resultados sugerem que o tratamento com CPA, PPG ou DZP prejudicou a

aquisição do condicionamento de esquiva inibitória nos animais submetidos ou não a ablação

telencefálica, já que tanto os animais dos grupos Sham como dos grupos submetidos à ablação

telencefálica apresentaram prejuízos semelhantes após tratamento com essas drogas.

A figura 9 mostra as médias e erro-padrão das médias (+SEM) da atividade

locomotora dos grupos Sham (ANOVA: d.f.=3, p=0,29) e a figura 10 mostra as médias e

erro-padrão das médias (+SEM) da atividade locomotora dos grupos submetidos à ablação

telencefálica (ANOVA: d.f.=3, p=0,99). Com base nesses dados sugerimos que os diferentes

tratamentos farmacológicos não interferiram na locomoção dos animais. Entretanto, quando

realizada uma comparação da atividade locomotora dos animais dos grupos sham e ablação,

verificamos que a retirada do telencéfalo causa uma diminuição na locomoção dos animais

(40)

S-CPA 0 50 100 150 200 250

T1 T2 T3 2T1 2T2 2T3

Ti m e ( s ) S-DZP 0 50 100 150 200 250

T1 T2 T3 2T1 2T2 2T3

Ti m e ( s ) S-SAL 0 50 100 150 200 250

T1 T2 T3 2T1 2T2 2T3

Ti m e ( s ) S-PPG 0 50 100 150 200 250

T1 T2 T3 2T1 2T2 2T3

Ti m e ( s )

A B

C D

* *

*

*

(41)

A-CPA 0 50 100 150 200 250

T1 T2 T3 2T1 2T2 2T3

Ti m e ( s ) A-DZP 0 50 100 150 200 250

T1 T2 T3 2T1 2T2 2T3

Ti m e ( s ) A-SAL 0 50 100 150 200 250

T1 T2 T3 2T1 2T2 2T3

Ti m e ( s ) A-PPG 0 50 100 150 200 250

T1 T2 T3 2T1 2T2 2T3

Ti m e ( s )

A

B

C

D

*

*

(42)

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

S-SAL S-CPA S-PPG S-DZP

A tiv ida d e loc o m o to ra 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

A-SAL A-CPA A-PPG A-DZP

A tiv id a d e L o c o m o to ra

Fig 9: Média e erro padrão da media (+EPM) da atividade locomotora dos animais dos grupos Sham (ANOVA: p=0,29).

(43)

Discussão

Tanto os animais submetidos à ablação telencefálica como os animais submetidos à

lesão fictícia (grupos SHAM) foram capazes de aprender a tarefa de esquiva inibitória quando

tratados com salina, sugerindo que a ablação telencefálica não impede o animal aprender essa

tarefa.

Em um estudo realizado por Werka e Zielinski (1998) ratos submetidos à lesão na

amídala (que corresponde à parte dorso-medial do telencéfalo de teleósteo) foram capazes de

aprender a reposta de esquiva, com leve atraso. Da mesma forma, lesão hipocampal (que

corresponde à parte dorso-lateral do telencéfalo de teleósteo) em ratos não afetou

significativamente a aquisição e retenção da esquiva inibitória (GIONET et al.,1991). Por

outro lado, a completa ablação do telencéfalo prejudicou a aprendizagem de esquiva em

peixes dourados em outros estudos (OVERMIER e STARKMAN, 1974; FLOOD et al., 1976;

FLOOD e OVERMIER, 1981; OVERMIER e HOLLIS, 1990).

Segundo Brandão e colaboradores (2003) estruturas mesencefálicas apresentam

circuitos locais que são capazes de gerar comportamentos defensivos, como no caso a

resposta de esquiva. Sendo assim, provavelmente, graças à esses circuitos locais no

mesencéfalo, os peixes submetidos ablação telencéfalica foram capazes de aprender a tarefa

proposta em nosso estudo.

Foi verificado, neste estudo, que a ablação telencefálica causou uma diminuição na

atividade locomotora dos animais. Resultados semelhantes já foram citados por outros

autores, que sugeriram uma diminuição da atividade espontânea após ablação telencefálica em

peixes (JANZEN, 1933; HALE, 1956). A aquisição da tarefa, dos grupos sham e ablação,

foram analisadas separadamente para evitar uma possível interpretação equivocada dos dados,

(44)

como nenhuma diferença na atividade locomotora foi encontrada entre os tratamentos

farmacológicos, tantos nos animais submetidos à ablação telencefálica ou à lesão fictícia, a

aprendizagem de esquiva inibitória não foi devido a uma mudança na atividade locomotora,

mas realmente à aquisição da tarefa.

O comportamento dos animais tratados com PPG e CPA foi similar aos animais

tratados com DZP, uma droga ansiolítica clássica, sugerindo um provável efeito ansiolítico do

PPG e da CPA. Em nosso estudo, DZP bem como o PPG e a CPA prejudicaram a aquisição

da esquiva inibitória nos animais submetidos ou não a ablação telencefálica.

Estudos anteriores sugeriram um efeito-ansiolítico do PPG. Em 1998, Lin e

colaboradores reportaram que o PPG reduziu a ansiedade em um teste de labirinto elevado em

ratos. Lourenço da Silva e Elisabetsky (2001) também demonstraram uma interferência

ansiolítica do PPG, na concentração de 30%, em um teste “hole board” em ratos. Sendo

assim, uma vez que os animais tratados com PPG apresentaram comportamento semelhante

aos animais que receberam DZP, e que outros autores já verificaram efeitos ansiolítcos do

PPG, principalmente quando administrado em altas concentrações, como em nosso estudo,

podemos sugerir que o prejuízo na aquisição do condicionamento de esquiva inibitória foi

causado pela redução da ansiedade nos animais também pela administração prévia do PPG.

O envolvimento do sistema histaminérgico no estado de ansiedade do animal não está

ainda bem esclarecido. Oishi e colaboradores (1986) reportaram que o DZP diminui a taxa de

renovação da histamina em ratos, sugerindo uma participação do sistema histaminérgico

cerebral na ansiedade. Malberg-Aiello e colaboradores (2002) mostraram que substâncias

capazes de aumentar a transmissão da histamina reduzem o tempo de permanência no

compartimento claro, indicando um provável efeito ansiogênico.

Resultados de um estudo fisiológico mostraram que a destruição da subregião E-2 na

(45)

histaminérgicos, causou efeito ansiolítico em um teste de labirinto elevado, esse efeito foi

provavelmente devido à redução da atividade histaminérgica induzida pela lesão (FRISH et

al., 1998). Em uma situação de estresse agudo, foi verificado um aumento no nível de

histamina no hipotálamo (MAZURKIEWICZ-KWILECK e TAU, 1978) bem como no

diencéfalo, núcleo acumbente e estriado de rato (ITO et al., 1999, 2000). Ito e colaboradores

(1999) sugeriram que o aumento no nível de histamina no diencéfalo após estresse agudo

pode representar um aumento na síntese de histamina, uma vez que o diencéfalo é o principal

local de síntese desse neurotransmissor. Depois de sintetizada a histamina é transportada por

axônios até o núcleo acumbente e estriado onde é metabolizada.

Em peixes, a relação entre o sistema histaminérgico e a ansiedade já foi sugerida em

estudos comportamentais (MATTIOLI et al., 1998; MEDALHA et al., 2000, COELHO et al.,

2001, PEITSARO et al., 2003). Recentemente, Medalha e colaboradores (2003), em um

estudo realizado em peixes dourados usando o método de cromatografia líquida (HPLC),

sugeriram um efeito ansiolítico da CPA. Nesse estudo a CPA não alterou os níveis de

monoaminas e seus metabólicos no telencéfalo, mas os resultados referentes ao diencéfalo

indicaram que o grupo tratado com CPA apresentou baixos níveis de HIAA (ácido

5-hidroxihindoleacético) comparados ao grupo tratado com salina, sugerindo que a CPA pode

ter um efeito ansiolítico uma vez que a serotonina está envolvida nos processo de ansiedade

(GRAEFF, 2002). É importante salientar que esses dados neuroquímicos foram encontrados

nas áreas diencefalicas, que de acordo com Ekströn et al. (1995), é a origem do sistema

histaminérgico em peixes.

Em conclusão, a ablação telencefálica não interrompeu a capacidade do animal em

aprender a tarefa de esquiva inibitória, e, baseado no fato da CPA ter mostrado efeitos

(46)

sugerimos que a CPA apresenta um efeito ansiolítico mediado pelo diencéfalo e/ou

(47)

Desenvolvimento a partir dos estudos anteriores

Nos dois estudos anteriores foi verificado que os animais submetidos à ablação

telencefálica são capazes de aprender o condicionamento de esquiva inibitória proposto

devido ao fato de estruturas cerebrais primitivas serem capazes de gerar reações defensivas. E

a CPA parece atuar através dessas estruturas causando um efeito ansiolítico. Entretanto,

estruturas cerebrais superiores são necessárias para o controle de comportamentos mais

complexos, como por exemplo para o controle de diferentes formas de aprendizagem e

memória.

Dessa maneira é de grande importância a realização de estudos que verifiquem as

funções do telencéfalo de teleósteos, uma vez que essa estrutura contém processos

anatômicos que são considerados precursores do sistema límbico de vertebrados superiores

(Droogleever Fortuyn, 1961).

O telencéfalo dos teleósteos desempenha um importante papel em diferentes tipos de

aprendizagem. López e colaboradores (2000) relacionaram o telencéfalo com a capacidade de

memória espacial em teleósteos. Ohnishi (1989) sugeriu que o telencéfalo é fundamental na

integração de eventos neurais que ocorrem em estruturas extratelencefálicas para a

aprendizagem instrumental e Portavella e colaboradores (2002) mostraram a relação do

telencéfalo à aprendizagem emocional e temporal.

Sabendo-se que os processos neurais que ocorrem durante a aprendizagem e formação

da memória, denominados de plasticidade neural, são semelhantes em aspectos

neuroquímicos e morfológicos aos que ocorrem durante a recuperação funcional após lesão do

SNC (COTMAN et al., 1981; COTMAN e LYNCH, 1989), o terceiro estudo teve como

(48)

a fim de observar a aprendizagem após ablação telencefálica em Carassius auratus e,

(49)

Estudo III

“Papel da CPA na aprendizagem de teleósteos submetidos à ablação

telencefálica em novo modelo de condicionamento operante para peixes”

Resumo

O objetivo desse estudo foi desenvolver um modelo de condicionamento operante para estudar a aprendizagem após ablação telencefálica em peixes dourados e verificar o papel da CPA nessa função. Os animais eram submetidos á ablação telencefálica ou a lesão fictícia cinco dias antes do início dos procedimentos experimentais. Seis aquários retangulares, com uma barreira opaca delimitando a área de alimentação, foram usados. O condicionamento operante foi realizado em dez dias consecutivos. A barreira opaca era retirada e, após 30 segundos, o alimento era oferecido por um tubo de acrílico colocado dentro da área de alimentação. O tempo que o animal levava para entrar na área de alimentação era registrado. Foram realizados quatro grupos experimentais sendo, grupo Ablação (n=14): animais submetidos à ablação telencefálica, grupo Sham (n=10): animais submetidos à lesão ficitícia, grupos Abla-Sal (n=12): animais submetidos à ablação telencefálica e tratados com salina e grupo Abla-CPA (n=11): animais submetidos à ablação telencefálica e tratados com 16 µg/g de CPA. O tratamento farmacológico era administrado em dias alternados, dez minutos após o término dos procedimentos experimentais. Foi observada uma diminuição nos valores de latência no grupo Sham a partir do segundo dia até o final do experimento (ANOVA p< 0,001, Student Newman Keuls P<0,01). O grupo ablação apresentou uma leve diminuição nas latências, mas nenhuma diferença significativa foi observada (ANOVA p=0,237), indicando um prejuízo após ablação telencefálica. O grupo Abla-sal mostrou diminuição nas latências a partir do sexto dia até o final (ANOVA p<0,001, Student Newman Keuls P<0,01). O grupo A-CPA não apresentou diminuição nos valores de latência (ANOVA p=0,607). Os resultados sugerem que esse modelo é adequado para da aprendizagem após ablação telencefálica em teleósteos, e a CPA apresenta um provável efeito ansiolítico que prejudicou o desempenho do animal.

(50)

The Role of CPA in the learning of teleosts submitted to telencephalic

ablation in a new model of fish operant conditioning

Abstract

The aim of the present study was to develop an instrumental conditioning model to study the learning after telencephalic ablation in goldfish, and also verify the role of CPA in this function. The animals were submitted to telencephalic ablation or sham surgery five days prior to the beginning of the experimental procedure. Six rectangular aquariums with an opaque barrier delimitating the feeding area, were employed. The operant conditioning was realized during 10 consecutive days. The conditioning was consisted of the retreating of the opaque barrier followed by the food offering (30 seconds after) through an acrylic tube inserted at the feeding area. The time spent by the animal to enter at the feeding area was recorded. Four experimental groups were carried out. Ablation group (n=14): the animals were submitted to the telencephalic ablation; Sham group (n=10): the animals were submitted to the sham operation. Abla-Sal (n=12): animals submitted to the telencephalic ablation and treated whit saline and Abla-CPA (n=11) group: animals submitted to the telencephalic ablation and received 16 µg/g of CPA. The treatment was administered in alternate days, ten minutes after the end of the experimental procedure. A decrease in latencies for the sham animals was observed from the second day until the end of experiment (ANOVA p< 0,001, Student Newman Keuls P<0,01). The ablation group presented a slight decrease in latencies, but not statistically significant differences were observed (ANOVA p=0,237), indicating an impairment after telencephalic ablation. The Abla-Sal group showed a statistically significant decrease in latencies from sixth day until the end (ANOVA p<0,001, Student Newman Keuls P<0,01). The Abla-CPA group did not present any decrease in latency values (ANOVA p=0,607). Results suggest that this model is suitable for the study of learning recovery after telencephalic ablation in teleost and that CPA presents an anxiolytic-like effect that impaired animal performance.

(51)

Materiais e Métodos

Animais

Foram utilizados 47 peixes da espécie Carassius auratus de sexo indeterminado e peso

entre 4 e 10 gramas, provenientes do comércio local. Foram mantidos em aquários de 30 litros

(15 peixes por aquário) com filtro e oxigenação constante até o dia da cirúrgia de ablação

telencefálica. Nesses aquários eram alimentados cinco vezes por semana com ração flutuante

(Wardly Corporation, New Jersey, U.S.A.) entre 8 e 9 horas da manhã.

Após a ablação telencefálica os peixes eram colocados individualmente nos aquários

experimentais, onde eram alimentados, com clara de ovo cozida, até um dia antes do início do

experimento.

Ablação Telencefálica e Análise histológica

Todos os procedimentos cirúrgicos, bem como a análise histológica, foram

semelhantes aos realizados nos estudos anteriores.

Drogas e tratamentos

Clorfeniramina (CPA) sal de maleato (Sigma, MO, USA) foi dissolvida em salina

(0.9%) até a concentração de 16 µg/µl. CPA ou salina (SAL) foram administrado

intraperitonealmente no volume de 1µl/g. As substâncias foram codificadas e os códigos não

eram conhecidos pelo experimentador.

Os peixes foram divididos em 4 grupos: considerando o procedimento cirúrgico, Sham

(52)

Tabela 2: grupos experimentais

Grupo Cirurgia N Tratamento

Sham Sham 10 -

Ablação Ablação 14 -

Abla-Sal Ablação 12 Salina Abla-CPA Ablação 11 CPA 16 µg/g

Aquários Experimentais

Foram utilizados 6 aquários de vidro transparente de formato retangular, (16cm de

largura, 35cm de comprimento e 20cm de altura) que possuíam em uma das arestas um tubo

de acrílico transparente de 16 cm de comprimento que direcionava a queda do alimento (clara

de ovo) até o fundo do aquário. A 8 cm da parede lateral, que continha o tubo de fornecimento

de alimento, foi colocada uma divisória de plástico rígido e opaco com 24 cm de altura, e 15

cm de comprimento para delimitar a área de alimentação (Figura 11).

(53)

Procedimentos

O condicionamento operante foi realizado em 10 dias consecutivos e teve inicio 5 dias

após a cirurgia de ablação telencefálica.

A divisória, que delimita a área de alimentação, era retirada e após 30 segundos o

alimento era oferecido pelo tubo. A partir do momento da retirada da divisória o tempo de

entrada na área de alimentação era cronometrado. Ao entrar na área de alimentação o animal

podia se alimentar por 2 minutos, ao final desse período a divisória era recolocada e o

excedente de alimento retirado. Caso o animal não entrasse na área de alimentação em 10

minutos a divisória era recolocada e o alimento retirado. Para os animais dos grupos tratados,

10 minutos após a recolocação da divisória os animais recebiam SAL ou CPA no primeiro,

terceiro, quinto, sétimo e nono dias de experimento.

Uma câmera de vídeo (JVC VHS Super Digital Signal Processing) era colocada em

um tripé a uma distância de 83 cm da parede frontal dos aquários que foram mantidos na

mesma posição durante todos os dias do experimento.

Análise estatística

Todos os resultados foram inicialmente submetidos ao teste Levene para verificar a

homogeneidade dos dados. Os dados foram analisados pela análise de variância (ANOVA)

seguida pelo teste de comparações múltiplas de Student-Newman-Keuls (SNK).

(54)

Resultados

A figura 12 apresenta as médias (+ EPM) das latências de entrada na área de

alimentação dos animais dos grupos Ablação e Sham

No grupo Sham foi verificado uma diminuição da latência dia a dia de treino, sendo

significativa a partir do segundo dia (ANOVA p<0,001, Student Newman Keuls p<0,01). Já

os animais do grupo Ablação não apresentaram queda nos valores de latência nos dias de

treino (ANOVA p=0,237).

0 100 200 300 400 500 600

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

LA

N

C

IA

ABLAÇÃO SHAM

A figura 13 apresenta as médias (+ EPM) das latências de entrada na área de

alimentação dos animais dos grupos Abla-Sal e Abla-CPA.

Os animais do grupo Abla-Sal apresentaram uma diminuição na latência significativa

(ANOVA p<0,001, Student Newman Keuls P<0,01) a partir do sexto dia de treino. No do

grupo Abla-CPA não houve diminuição nos valores de latência (ANOVA p=0,607).

*

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(55)

0 100 200 300 400 500 600

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

L

AT

Ê

NCI

A

ABLA-SAL ABLA-CPA

*

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Discussão

Os animais do grupo Sham apresentaram uma diminuição nos valores de latência

significativa a partir do segundo dia de treino, mostrando que foram capazes de associar a

retirada da divisória com o fornecimento do alimento. Já os animais do grupo Ablação

mostraram uma leve queda nos valores de latência durante os dias de treino, porém está queda

não foi significativa, sugerindo que a ablação telencefálica acarretou prejuízo na

aprendizagem do condicionamento operante proposto.

Vários estudos demonstraram prejuízos causados pela ablação telencefálica em

teleósteos em diferentes tipos de aprendizagem. No estudo realizado por López e

colaboradores (2000) animais submetidos à ablação telencefálica tiveram sucesso em tarefas

espaciais constantes, mas severas restrições nas tarefas que envolviam reversões espaciais. No

estudo de Peeke e Gordon (1981) teleósteos submetidos à ablação telencefálica, apresentaram

um grande atraso na aquisição e não foram capazes de reter a tarefa de comportamento

exploratório proposto.

Considerando que os animais submetidos à ablação telencefálica apresentaram grande

prejuízo na tarefa proposta, a utilização desse modelo experimental se torna viável para o

estudo de drogas que possam atuar nos processos de aprendizagem e memória bem como nos

processos de recuperação funcional de teleósteos submetidos à ablação telencefálica.

Nos animais do grupo Abla-Sal foi observada uma diminuição nos valores de latência

dia após dia de treino, sendo essa diminuição estatisticamente significativa a partir do sexto

dia do experimento. Indicando que quando injetados com salina, mesmo animais submetidos à

ablação telencefálica, conseguiram desempenhar a tarefa.

Kaneto (1997) sugere que os processos envolvidos na formação da memória, como a

Imagem

Fig 1: foto do peixe Carassius auratus .
Fig 2: Foto do procedimento cirúrgico.
Fig 3: A: foto de um cérebro íntegro de teleósteo. B: foto de  um cérebro de teleósteo após ablação telencefálica
Fig 6: A-médias e erro padrão das médias (+EPM) das latências nos dias de treino e teste do grupo  SAL: ANOVA: p=0.0249 e Dunn p&lt;0.05, * diferente de T1
+7

Referências

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