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CONTEXTO HISTÓRICO DO INSS NO BRASIL: PERSPECTIVAS DE DIREITOS SOCIAIS. HISTORICAL CONTEXT OF INSS IN BRAZIL: PERSPECTIVES OF SOCIAL RIGHTS.

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CONTEXTO HISTÓRICO DO INSS NO BRASIL: PERSPECTIVAS DE DIREITOS SOCIAIS.

HISTORICAL CONTEXT OF INSS IN BRAZIL: PERSPECTIVES OF SOCIAL RIGHTS.

SANTANA, Andréa Gois de Matos1 SANTOS, Deronilza de Jesus Silva2 SOUSA, Niria Machado3 LEME, Fabrício Augusto Aguiar 4

RESUMO: Nesse artigo será tratada a História do INSS no Brasil. O SINPAS – Sistema Nacional de Previdência Social, foi constituído pela Lei nº 6.439 de 1977 que integrou algumas áreas como a previdência social, assistência social e assistência médica. Com a criação do SINPAS, surgiram algumas incorporações com outras entidades previdenciárias ligadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS, sendo elas: DATAPREV, INPS, FUNABEM, IAPAS, CEME, INAMPS E LBA. Dentro da história previdenciária, será abordado o INPS, responsável originário pela manutenção dos benefícios previdenciários que prevaleceu de 1977 a 1990. Pela Lei nº 8.029 houve a fusão entre INPS e IAPAS surgindo o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Da ordem social constitucional, as contribuições previdenciárias do INSS estabelecem perspectivas para grande parte dos direitos sociais brasileiros.

Palavras chave: INSS, História, SIMPAS, Previdência Social.

ABSTRACT: In this article we are going to talk a little about the History of INSS in Brazil.

SINPAS - National Social Security System, was constituted by Law No. 6,439 of 1977, which integrated some areas such as social security, social assistance and medical assistance. With the creation of SINPAS, some incorporations with other social security entities linked to the Ministry of Welfare and Social Assistance - MPAS, were created, namely: DATAPREV, INPS, FUNABEM, IAPAS, CEME, INAMPS AND LBA. Within the social security history, we will talk briefly about the INPS which is responsible for maintaining the social security benefits that prevailed from 1977 to 1990, when Law No. 8,029 was implemented, when there was a merger between INPS and IAPAS and the INSS (National Institute of Social Security). From the constitutional social order, social security contributions from the INSS establish perspectives for a large part of Brazilian social rights.

Keywords: INSS, History, SIMPAS, Social Security

Recebido em 19.08.2021. Aprovado em 05.10.2021.

1 Andréa Gois de Matos Santana, acadêmica do 2º semestre de Direito pela UNIESP – Faculdade Guarujá.

2 Deronilza de Jesus Silva Santos, acadêmica do 2º semestre de Direito pela UNIESP – Faculdade Guarujá.

3 Niria Machado Sousa, acadêmica do 2º semestre de Direito pela UNIESP – Faculdade Guarujá. Email:

tavaresniria@gmail.com.

4 Professor Universitário - Graduado em Direito pela UNISANTOS (2002) e Pós-graduado pela mesma instituição em Direito do Trabalho e Processo Civil (2007). Mestrando em Direito da Saúde: Dimensões Individuais e Coletivas pela Universidade Santa Cecília – UNISANTA (2017). E-mail: fabricio@leme.adv.br

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1. INTRODUÇÃO

O sistema previdenciário teve inúmeras mudanças no seu código, mudanças significativas para todos os brasileiros.

No período imperial do Brasil já discutia sobre mudanças no sistema de pagamento previdenciário. Mesmo tendo um número de receptores mínimos, já que tal benefício era concedido caso a caso, abria espaço para conceder privilégios e desfavorecer muitos. No período imperial no Brasil, só as classes de grande importância para o império tinham tais benefícios.

A evolução do INSS nos primeiros anos quase não se notava mudança. Com o decorrer dos anos as pessoas que estavam no poder buscaram mudanças para a população brasileira, trazendo benéficos para toda a população. A mais importante de todas e de grande conquista para o povo brasileiro, foi a Carta Magna de 1988 ou Constituição Cidadã, grande conquista em todas as áreas, mais principalmente no âmbito previdenciário.

O estudo do Direito Previdenciário revela-se importante, na medida em que permite o entendimento de vários institutos contemporâneos de seguridade, demonstrando, claramente a participação crescente da União visando a proteção da sociedade de maneira categórica.

2. PERIODO IMPERIAL E INICIO DA REPÚBLICA

O período imperial do Brasil teve início em 1822, quando o Brasil tornou-se independente. Nesse período o Brasil organizou-se em monarquia, tendo como imperador Dom Pedro I.

Desde 1822, o legislativo brasileiro discute formas de um algum tipo de aposentadoria.

Neste período o conceito de previdência não era o mesmo que o atual, o Estado concedia esse benefício caso a caso, e somente quem era influente tinha tal benefício.

Sistemas análogos ao previdenciário começaram a aparecer a partir de 1888, beneficiando principalmente setores que eram importantes para o império.

O Professor de História Luiz Fernando Saraiva, da Universidade Federal Fluminense (UFF), estudou as 4,5 mil leis aprovadas pela Assembleia Geral nas sete décadas do império e

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percebeu que nada menos de que 1,5 mil tinham disposições estritamente pessoais, conforme descrito: “As aposentadorias e pensões eram concedidas de forma caóticas, negociadas uma a uma, sem critérios claros. Isso abria espaço para arbitrariedades e favorecimentos”.

Quem não fazia parte da classe dos privilegiados, a forma de garantir segurança na velhice eram as chamadas montepios: que era uma espécie de associação em que o cidadão pagava parcelas e depois ganhava o direito de receber o benefício, ele ou a família caso ele viesse a falecer.

No início da república, em 1889, período que foi iniciado pela posse de Marechal Deodoro da Fonseca, como o primeiro presidente Republicano da história do Brasil.

Somente em 1923, mudou esse cenário do Brasil Império em relação a Previdência.

Foi o ano que deu início a história da previdência Social que conhecemos atualmente. A Lei Eloy Chaves, de 1923, é considerada o marco inicial da história da previdência brasileira. Essa norma basicamente estabeleceu a criação de uma Caixa de Aposentadoria e Pensão (CAP) para ferroviários da época.

Apesar das políticas e leis anteriores à 1923, esse marco abriu o precedente para que o benefício seja desenvolvido para outros setores por meio de novos sistemas.

3. EVOLUÇÃO DO INSS

Com a constituição de 1946, deu-se início a uma “sistematização constitucional da matéria previdenciária” afirma Martins. Constava incluída no mesmo artigo no qual tratava o direito do trabalho (art.157).

Nessa constituição que se ver pela primeira vez a expressão “Previdência Social”, ao invés de “Seguridade Social”. A inovação veio dentro do artigo 157, consagrava a previdência mediante contribuição da união, do empregador e do empregado, em prol da maternidade e para se remediar as consequências da velhice, da invalidez, da doença e da morte.

Nesse período o Brasil foi considerado um grande inovador de proteção previdenciária.

A constituição de 1967 não inovou na previdência, repetindo as disposições da de 1946, sendo nessa nova o artigo 158, repetindo todo o texto do artigo 157 da constituição de 1946.

Nesse mesmo ano de 1967 foi criada uma lei (Lei 5.316) que tornou do estado o seguro contra acidente de trabalho (SAT). Que deu lugar ao antigo sistema.

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A partir deste mesmo ano, o sistema deixou de ser de risco social e passou a ser de seguridade social. Em 1968 foi criado o Decreto-lei n° 367, que tratava da contagem de tempo de serviço dos funcionários públicos da União e autarquias. Em 1971, a Lei Complementar n°

11 criou o PRORURA, dispositivo que garantia a proteção dos trabalhadores rurais, que sofreu modificação pela LC n° 16 de 1973.

No ano de 1973, foram incluídos na previdência os empregados domésticos como segurados obrigatórios.

Vale ressaltar que a década de 70 foi de grande importância para os idosos, ao serem contemplados com as Leis n° 6.179 e n° 6.243.

Em 1977 a Lei n° 6.439 instituiu o SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social). Que tinha como função integrar as atividades da previdência social, da assistência medica, da assistência social e de gestão administrativa, financeira e patrimonial, entre as entidades vinculadas ao Ministério da Previdência e da Assistência Social. O SINPAS era composto pelos órgãos: IAPAS, INPS, INAMPS, DATAPREV, LBA, CEME, FUNABEM5 e o Decreto-lei n°2.283 de 1986, instituiu o seguro-desemprego.

4. A ASSISTÊNCIA NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 E LEGISLAÇÕES POSTERIORES

Na Constituição Federal restou consagrado o sistema de seguridade social, que em seu conjunto, tem que garantir que o cidadão se sinta seguro e protegido ao longo de sua vida, promovendo assistência e recursos necessários para possíveis danos. É da segurança social, segurança do indivíduo como parte integrante de uma sociedade.

No capítulo que trata da Seguridade Social temos os artigos 194 ao 204. A Constituição Federal de 1988 passou a tratar a Previdência Social como espécie de gênero Seguridade Social.

O artigo 59 do ADCT- Ato das Disposições Constitucionais Provisórias - determinou que o Congresso estabelecesse lei de custeio e de benefícios relativos à organização da Seguridade Social.

5IAPAS- Instituto de Administração Financeira de Previdência e Assistência

Social;INPS- INPS – Instituto Nacional de Previdência Social; INAMPS – Instituto Nacional de Assistência médica da Previdência Social; DATAPREV – Empresa de processamento de dados da Previdência Social; LBA – Fundação Legião Brasileira de Assistência;CEME – Central de Medicamentos; FUNABEM – Fundação Nacional de Assistência e Bem Estar do Menor.

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Assim com a CF/1988, a Previdência Social tornou-se a única modalidade de proteção social que exige contribuição dos segurados, como condição para ampará-los de futuros infortúnios sociais e de outras situações que merecem amparo (riscos sociais), sendo eles:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei.

.

Temos três regimes na prática, o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), o Regime de Previdência Complementar (RPC) e o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), ambos obrigatórios.6

Quanto aos benefícios do art. 201, estão descritos nos incisos I, II, III, IV, V, § 1º ao 13 e no § 7º, inciso I e II.

O artigo 202 da CF, descreve:

Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.

O citado artigo prevê que o regime de previdência privada é facultativo, não é obrigado a participar de um plano de previdência como, Bradesco, Itaú, que eventualmente oferecem.

Tais previdências têm caráter complementar, organizado de forma distinta e autônoma em relação ao regime geral de previdência social. As regras da previdência complementar privada são estabelecidas em lei complementar.

Nos incisos do artigo 203 da Constituição Federal estabelece o direito a assistência social, conforme:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos.

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

6 Necessário os devidos esclarecimentos. RPPS: Voltado pelo servidor público, obrigatória onde torna as leis de aposentadoria e pensão por morte. RPC: De caráter privado onde funciona abaixo da autonomia exercida por entidades complementares de previdência RGPS: tem caráter contributivo, filiação obrigatória, equilíbrio financeiro.

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IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

A criação do INSS- Instituto Nacional do Seguro Social, mediante fusão de IAPAS com o INPS, por meio da Lei n° 8.029 de 1990, foi no Brasil o acontecimento mais marcante no âmbito da Previdência Social.

Importante destacar a Lei 8213/1990 que estabeleceu os Planos de Benefícios da Previdência Social, sendo que nos artigos 1º e 2º restaram cristalizados os princípios básicos da previdência e sua finalidade:

Art. 1º A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.

Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos:

I - universalidade de participação nos planos previdenciários;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios;

IV - cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-contribuição corrigidos monetariamente;

V - irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo;

VI - valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário-de-contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado não inferior ao do salário mínimo;

VII - previdência complementar facultativa, custeada por contribuição adicional;

VIII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação do governo e da comunidade, em especial de trabalhadores em atividade, empregadores e aposentados.

Em novembro de 2019, após 9 (nove) meses de tramitação no Congresso Nacional, a PEC foi promulgada, recebida como Emenda Constitucional 103 de 12 de novembro de 2019, alterando sensivelmente o sistema de previdência social . Ao longo da história da Previdência já havia essa discussão de reforma, mais somente em 2016 foi apresentada pelo Michel Temer essa proposta de reforma. A principal justificativa para a necessidade de tal ato, e que existe um déficit da previdência. Portanto, esse sistema é insustentável.

Essa reforma, em aspecto geral, alterou regras de concessão e cálculo de aposentadorias e pensão, dos regimes geral e próprio dos servidores públicos federais, instituindo também regras de transição.

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5. PERSPECTIVAS DOS DIREITOS PREVIDENCIÁRIOS ADVINDOS DO INSS.

A previdência social possui com perspectiva jurídica ser um com seguro público coletivo, compulsório e é organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e atenderá a: I – Cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II – Proteção à maternidade, principalmente a gestante; III – Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV – Salário-família e Salário-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V – Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes; As aposentadorias por tempo de contribuição e por idade estão previstas no § 7º do art. 201 da CF. Estas duas modalidades de benefício não se tratam de riscos sociais, mas sim de fatos jurídicos que se aperfeiçoam com a passagem do tempo.

Neste ponto, o caráter contributivo ao INSS é que irá possibilitar a conessão dos benefícios, sendo os principais benefícios previdenciários do Regime Geral (pagos pelo INSS);

– Aposentadoria por Tempo Contribuição; – Aposentadoria por Idade; – Aposentadoria Especial; – Aposentadoria por Invalidez; – Auxílio Doença; – Auxílio Acidente; – Auxílio Reclusão; – Salário Maternidade; – Salário Família; – Pensão por Morte; – Seguro Desemprego.

Todos estes direitos previdenciários são oriundos dos direitos sociais. Neste passo, Segundo Ingo Wolfgang Sarlet (2001, p. 33): "o termo direitos fundamentais se aplica para aqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado"

A previdência social é essencialmente um direito social e merece toda a proteção do Estado. Os benefícios previdenciários existem para substituir o salário dos segurados e propiciar sua subsistência. Garante o mínimo necessário para subsistência do segurado, sempre que presente uma das hipóteses de cobertura de proteção previdenciária como a incapacidade para o trabalho, idade avançada, tempo de contribuição, morte do segurado, etc.

Frisa-se, necessária a adequação do equilíbrio do custeio para a previdência social atingir seus objetivos de direitos sociais. E assim, a tríplice forma de custeio: o art.195 da CF/88 preconiza que a Seguridade Social será financiada pelo Estado, pelo empregador e pelo trabalhador. Ou seja, a tríplice forma de custeio é: o Estado-sua devida cota patronal quando contrata uma pessoa que é segurada obrigatória do RGPS e a complementação quando os

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recursos para pagar os benefícios do RGPS são insuficientes. Empresa – cota patronal.

Trabalhadores – financiamento de seus próprios benefícios.

Neste ponto, resta previsto na Constituição Federal artigo 195, parágrafo 5º, este princípio do equilíbrio e custeio que cuida de manter o equilíbrio da seguridade social. Impede que benefícios ou serviços da seguridade social sejam criados ou majorados sem que, antes, sejam estabelecidas as correspondentes fontes de custeio/financiamento dessas prestações.

E assim, para Daniel Machado da Rocha e José Antônio Savaris (2014, p. 109): “Tão íntima é a conexão do direito à seguridade social com o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana que se torna inegável sua natureza de direito humano fundamental”.

Ao elencar na Constituição Federal a preocupação com a proteção de determinadas matérias, como o caso da previdência, resta evidenciada a intenção de elevar esses direitos a um patamar superior, em nível de fundamentalidade. E assim, as contingências abrangidas pela proteção expressamente prevista no texto constitucional, bem como aquelas positivadas no âmbito infraconstitucional, o legislador deixou claro que gozam do caráter de jusfundamentalidade.

Como aponta Felipe Derbli (2010, p. 105), “a necessidade de reconhecimento pelo legislador dos direitos sociais, incluindo a previdência social, não afasta a jusfundamentalidade dos mesmos, sob pena de se permitir que o legislador constituinte derivado e o infraconstitucional possam determinar e delimitar as intenções do Constituinte Originário”.

E por fim, caracteriza-se o acesso ao direito previdenciário como algo que não pode violar o princípio do retrocesso de direitos sociais no Brasil.

Os direitos sociais fundamentais são direitos elementares que remetem à própria natureza do ser humano. Privar alguém de direitos fundamentais significa, em última análise, privá-lo da vida ou do direito de pertencer à sociedade na qual se integra. Conforme a lição de Dallari (1988, p. 120), “esses direitos são considerados fundamentais porque sem eles a pessoa humana não consegue existir ou não é capaz de se desenvolver e de participar plenamente da vida”.

O reconhecimento normativo dos direitos fundamentais de caráter social pelo Estado faz com que surja a obrigação de não os desrespeitar, que consiste num dever de proteção jurídico-constitucional que deve ser pressuposta, quer pela Administração Pública, quer pelo Judiciário. Referido dever de proteção do Estado se converte em benefício do titular do direito, consistindo num direito de defesa em sentido formal (CRISTINA QUEIROZ, 2006, p. 116- 120).

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O tratamento da proibição de retrocesso social encontra-se mais desenvolvido em países como Alemanha, Itália e Portugal. Entre estes, releva destacar Portugal, mormente com suporte nas lições de Canotilho (1993), para quem “os direitos sociais apresentam uma dimensão subjetiva, como anteriormente apontado, decorrente da sua consagração como verdadeiros direitos fundamentais e da radicação subjetiva das prestações, instituições e garantias necessárias à concretização dos direitos reconhecidos na Constituição”.

Sendo assim, desses direitos derivam prestações que justificam a sindicabilidade judicial para garantir a manutenção de seu nível de realização, afastando-se, assim, qualquer tentativa de retrocesso social. Assumem, pois, a condição de verdadeiros direitos de defesa contra as medidas que representem retrocesso, cujo objetivo seria a sua destruição ou redução.

Na doutrina nacional, o desbravamento do princípio em estudo é atribuído a José Afonso da Silva, para quem as normas constitucionais definidoras de direitos sociais seriam normas de eficácia limitada e ligadas ao princípio programático, que, inobstante tenham caráter vinculativo e imperativo, exigem a intervenção legislativa infraconstitucional para a sua concretização, vinculam os órgãos estatais e demandam uma proibição de retroceder na concretização desses direitos. Logo, o autor reconhece indiretamente a existência do princípio da proibição de retrocesso social.

A proibição de retrocesso social possui indubitável natureza principiológica, haja vista exibir um elemento finalístico, traduzido na garantia do nível de concretização dos direitos fundamentais sociais e na permanente imposição constitucional de desenvolvimento dessa concretização. Por consequência, há de se negar a sua caracterização como simples modalidade de eficácia jurídica das normas que envolvem direitos fundamentais, respeitando-se a proibição ao retrocesso dos direitos sociais.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No modelo brasileiro, a Previdência Social é uma organização criada pelo Estado, para promover e assegurar as necessidades vitais de todos que exercem uma atividade remunerada e seus dependentes. Então, basicamente é um conjunto de normas que organiza a forma de proteção do trabalhador, quando este, por qualquer razão, perde ou diminuir a capacidade de trabalho, prejudicando assim, sua subsistência e a de seus familiares.

Considera-se que os benefícios previdenciários existem para substituir o salário dos segurados e propiciar sua subsistência. E assim, são de suma importância para garantir a

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sobrevivência e o mínimo necessário para subsistência do segurado, sempre que presente uma das hipóteses de cobertura de proteção previdenciária como a incapacidade para o trabalho, idade avançada, tempo de contribuição, morte do segurado, entre outros.

Observa-se que o texto atual referente aos direitos previdenciários já passou por inúmeras mudanças. Com a Carta Magna de 1988, o brasileiro poder ter como direito básico a Seguridade Social, a previdência entre outros. Com isso se pode notar uma grande e importante diferença, desde do Brasil Império até o momento, enfatizando os direitos constitucionais sociais na previdência social e no INSS, como perspectiva de seguro público e cumprimento de bem-estar social pelo Estado.

Diante disso, a questão previdenciária no Brasil deve ser analisada a partir da evolução histórica e da Constituição de 1988, pois uma vez que analisada a política previdenciária, estarão também sendo analisadas instituições que dão forma e conteúdo ao Estado.

Enfim, a Previdência Social é o principal instrumento de ação da Seguridade Social através das aposentadorias e pensões, devendo ser respeitada a sua constitucionalidade, direitos adquiridos nesta evolução, bem como sendo violado o princípio ao retrocesso de direitos sociais.

REFERÊNCIAS

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<https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/09/10/reforma-da-previdencia-ja-era-debatida- desde-o-brasil-imperio.ghtml> Acesso em 26 nov 2020

BRASIL, Constituição Federal de 1988

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BRASIL, Regulamento Geral da Previdência Social. Decreto 3048/1999.

CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional. Coimbra: Almedina, 1993.

DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1988, p 120.

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<https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8160/Breves-linhas-sobre-o-historico-do- direito-previdenciario-no-Brasil>Acesso em 26 nov 2020

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 26ª ed. São Paulo. Ed. Atlas, 2008, p.

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QUEIROZ, Cristina. O Princípio da Não Reversibilidade dos Direitos Fundamentais Sociais. Coimbra Editora, 2006.

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