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JUSTA CAUSA DE DESPEDIMENTO FALTAS INJUSTIFICADAS

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Tribunal da Relação de Lisboa

Processo nº 13205/15.0T8LSB.L1-4 Relator: PAULA SÁ FERNANDES Sessão: 16 Novembro 2016

Número: RL

Votação: UNANIMIDADE Meio Processual: APELAÇÃO

Decisão: CONFIRMADA A SENTENÇA

JUSTA CAUSA DE DESPEDIMENTO FALTAS INJUSTIFICADAS

EXERCÍCIO DA ACÇÃO DISCIPLINAR

CONTAGEM DOS PRAZOS DE PRESCRIÇÃO E CADUCIDADE

Sumário

1.O ilícito disciplinar que conduziu à aplicação ao autor da sanção de

despedimento com justa causa reconduz-se ao disposto na al) g) do n.º2 do artigo 351º do CT, que estatui constituir justa causa de despedimento as faltas não justificadas ao trabalho cujo número atinja em cada ano civil, cinco

seguidas ou dez interpoladas, independentemente de prejuízo ou risco.

2.A referência temporal desta infracção disciplinar é de um ano civil, pelo que o apuramento de número de faltas só poderá ser efectuado no final do mesmo ano.

3.Assim, apenas no final do ano de 2014 se iniciou não só o prazo de um ano de prescrição para o exercício da acção disciplinar, como o prazo de 60 dias para a instauração do procedimento disciplinar uma vez que a entidade

empregadora tem desde logo conhecimento dos factos – faltas injustificadas - que integram a referida infracção disciplinar

4.O recorrente foi destinatário da nota de culpa em 24 de Fevereiro de 2015, não padecendo por isso o exercício do poder disciplinar de prescrição ou caducidade decorrentes do decurso dos prazos referidos.

5.Perante a violação reiterada do dever de comparecer ao serviço com assiduidade e pontualidade, previsto na al. b) do n.º1 do art.º128 do CT, por parte do trabalhador, com uma total ausência de motivação para aquelas ausências e com a desmonstração dos prejuízos invocados, não era exigível à

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empregadora que mantivesse o autor ao seu serviço, configurando o seu comportamento justa causa de despedimento.

(Sumário elaborado pela Relatora)

Texto Parcial

Acordam os Juizes, do Tribunal da Relação de Lisboa.

Relatório:

AA intentou o presente processo especial de impugnação judicial da

regularidade e licitude do despedimento, ao abrigo do art. 98º-C, aditado ao CPT pelo art.º 2º do DL. nº 295/2009 de 13/10, contra BB, S.A.

Esta apresentou o articulado a motivar o despedimento, que consta de fls. 25 a 36 dos autos. O trabalhador contestou, pela forma expressa no articulado de fls. 102 a 110 dos autos, no qual deduziu reconvenção.

Após a audiência de julgamento foi proferida sentença que decidiu nos seguintes termos: Por tudo o que se deixou dito, nos termos das disposições legais citadas, declaro lícito o despedimento do trabalhador e, em

consequência, absolvo a empregadora dos pedidos contra ela formulados

O Autor, inconformado, interpôs recurso tendo para o efeito elaborado as seguintes, Conclusões:

(…)

Nas contra-alegações a Ré pugna pela confirmação do decidido.

A Examª Procuradora - geral Adjunta deu parecer no sentido da confirmação da sentença recorrida.

Colhidos os vistos legais.

Cumpre apreciar e decidir

Tal como resulta das conclusões do recurso interposto, as questões suscitadas são relativas à prescrição e caducidade do procedimento disciplinar e ainda

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sobre a justa causa no despedimento do autor.

Fundamentos de facto.

Foram considerados provados os seguintes factos:

A)–A empregadora determinou a abertura de processo disciplinar contra o trabalhador, por despacho cuja cópia consta de fls. 41 dos autos e que aqui se dá por integralmente reproduzida.

B)–Em 16/02/2015, foi elaborada a nota de culpa cuja cópia consta de fls.

77 a 81 dos autos e que aqui se dá por integralmente reproduzida.

C)–O trabalhador foi notificado da nota de culpa, referida em B), por carta cuja cópia consta de fls. 76 dos autos e que aqui se dá por integralmente

reproduzida, datada de 16/02/2015, a qual foi recebida pelo trabalhador em 24/02/2015, conforme aviso de recepção cuja cópia consta de fls. 83 dos autos e que aqui se dá, igualmente, por integralmente reproduzida.

D)–O trabalhador respondeu à nota de culpa, referida em B), nos termos expressos na comunicação electrónica cuja cópia consta de fls. 84 dos autos e que aqui se dá por integralmente reproduzida.

E)–Em 17/04/2015, foi elaborado o relatório final e proposta de decisão, cuja cópia consta de fls. 88 a 95 dos autos e que aqui se dá por integralmente reproduzida.

F)–Por decisão datada de 17/04/2015, cuja cópia consta de fls. 87 dos autos e que aqui se dá por integralmente reproduzida, a empregadora aplicou ao trabalhador a sanção disciplinar de despedimento.

G)–O trabalhador foi notificado do relatório e decisão final, referidos em E) e F), por carta cuja cópia consta de fls. 86 dos autos e que aqui se dá por

integralmente reproduzida, datada de 17/04/2015, a qual foi recebida pelo trabalhador em 22/04/2015, conforme aviso de recepção cuja cópia consta de fls. 97 dos autos e que aqui se dá, igualmente, por integralmente reproduzida.

H)–O trabalhador foi admitido ao serviço da empregadora em 29/03/2010.

I)–À data da cessação do contrato de trabalho, o trabalhador exercia funções na loja de Sacavém.

J)–Com a categoria profissional de Operador de Supermercado.

K)–Durante o ano de 2014, o trabalhador faltou ao trabalho nos seguintes dias:

- 4 de Janeiro; - 9 de Janeiro; - 22 de Janeiro; - 22 de Fevereiro; - 11 de Abril; - 23 de Abril; - 3 de Maio; - 4 de Maio; - 23 de Junho; - 3 de Julho; - 8 de

Novembro; - 18 de Dezembro.

L)–As faltas dadas pelo trabalhador, nos dias referidos em K), foram

causadoras de transtorno para o serviço, já que, as tarefas que iriam ser por si

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executadas tiveram de ser cumpridas por outros trabalhadores.

M)–O trabalhador auferia o vencimento base mensal de € 563,04, acrescido de

€ 102,60, a título de subsídio de alimentação.

Fundamentos de direito.

O Autor invoca a prescrição do exercício disciplinar em relação aos factos que lhe são imputados até ao dia 16 de Dezembro de 2014, bem como a

caducidade do procedimento disciplinar, por entender estarem excedidos os prazos previstos no art.º352 do Código do Trabalho.

Vejamos então.

O artigo 329º do CT/2009, dispõe no seu n.º1: O direito de exercer o poder disciplinar prescreve um ano após a prática da infracção, ou no prazo de prescrição da lei penal se o facto constituir igualmente crime.

E o n.º2 estabelece: O procedimento disciplinar deve iniciar-se nos 60 dias subsequentes àquele em que o empregador, ou o seu superior hierárquico com competência disciplinar, teve conhecimento da infracção. Este prazo de 60 dias para o exercício do poder disciplinar é um prazo de caducidade, que só começa a correr quando a entidade empregadora ou o superior hierárquico com poderes disciplinares sobre o trabalhador tem conhecimento dos factos que por ele foram praticados.

O ilícito disciplinar que conduziu à aplicação ao Autor da sanção de despedimento com justa causa reconduz-se ao disposto na g) do n.º2 do art.º351, do CT, que estatui constituir justa causa de despedimento as faltas não justificadas ao trabalho cujo número atinja em cada ano civil, cinco seguidas ou dez interpoladas,

independentemente de prejuízo ou risco.

A referência temporal desta infracção é a de um ano civil, pelo que o

apuramento de número de faltas só poderá ser efectuado no final do mesmo ano.

No caso, apenas no final do ano de 2014 se iniciou não só o prazo de um ano de prescrição para o exercício da acção disciplinar, como o prazo de 60 dias para a instauração do procedimento disciplinar uma vez que a entidade

empregadora tem desde logo conhecimento dos factos – faltas injustificadas - que integram a referida infracção disciplinar.

O Recorrente foi destinatário da nota de culpa em 24 de Fevereiro de 2015, não padecendo por isso o exercício do poder disciplinar quer da prescrição

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quer de caducidade decorrentes do decurso dos prazos referidos, pelo que se julgam improcedentes as invocadas excepções.

Justa causa de despedimento.

O despedimento por facto imputável ao trabalhador constitui uma das formas de cessação do contrato de trabalho - art.º 340º, al. c), do CT. Assim sendo vinculado, só pode ocorrer nos casos previstos na lei, nomeadamente quando ocorra comportamento culposo do trabalhador que, pela sua gravidade e consequências, torne imediata e praticamente impossível a subsistência da relação de trabalho, como resulta do n.º1 do artº351 do CT, estatuindo o seu n.º2 comportamentos do trabalhador que constituem justa causa de

despedimento, nomeadamente a prevista na al) g): Faltas não justificada ao trabalho (…), ou cujo número atinja, em cada ano civil, cinco seguidas ou 10 interpoladas, independentemente de prejuízo ou risco.

No caso resultou provado que durante o ano de 2014,o trabalhador faltou ao trabalho nos seguintes dias: - 4 de Janeiro; - 9 de Janeiro; - 22 de Janeiro; - 22 de Fevereiro; - 11 de Abril; - 23 de Abril; - 3 de Maio; - 4 de Maio; - 23 de

Junho; - 3 de Julho; - 8 de Novembro; - 18 de Dezembro. Que as referidas faltas dadas pelo trabalhador, foram causadoras de transtorno para o serviço, já que, as tarefas que iriam ser por si executadas tiveram de ser cumpridas por outros trabalhadores (alienas K e L).

O Recorrente, em momento algum, apresentou as necessárias justificações, não o fez no cumprimento da relação laboral, não o fez no âmbito da defesa apresentada à nota de culpa nem o fez no decurso da presente acção. Os factos que constam da nota de culpa e da decisão de despedimento,

atempadamente comunicados ao trabalhador, integram a previsão da alínea g), do n.º2 do art.º351, do CT, configurando justa causa de despedimento, pelo que nenhuma censura merece a actuação da entidade empregadora ao decidir o despedimento do trabalhador.

Na verdade, perante a violação reiterada do dever de comparecer ao serviço com assiduidade e pontualidade, previsto na al. b) do n.º1 do art.º128 do CT, por parte do trabalhador, com uma total ausência de motivação para aquelas ausências e com a desmonstração dos prejuízos invocados, não era exigível à empregadora que mantivesse o Autor ao seu serviço, já que o seu

comportamento configura justa causa de despedimento-

DECISÃO:

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Face ao exposto, julga-se improcedente o recurso interposto e confirma-se a decisão recorrida.

Custas pelo recorrente.

Lisboa, 16 de Novembro de 2016

Paula Sá Fernandes José Feteira

Filomena Manso

Referências

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