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PRIORIZAÇÃO DOS ASPECTOS AMBIENTAIS PARA O PLANEJAMENTO DE AÇÕES MITIGADORAS EM UMA INDÚSTRIA DE UTENSÍLIOS PLÁSTICOS DO AGRESTE PERNAMBUCANO

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PRIORIZAÇÃO DOS ASPECTOS AMBIENTAIS PARA O PLANEJAMENTO DE AÇÕES MITIGADORAS EM UMA INDÚSTRIA DE UTENSÍLIOS PLÁSTICOS DO AGRESTE PERNAMBUCANO

Everton Ramos dos Santos(UFPE/CAA) evertonramosep@gmail.com Bryan Marcos Pereira da Silva(UFPE/CAA)

bryan.marcos.ps@gmail.com Dara Alice da Silva Nunes (UFPE/CAA)

dara.nunes85@gmail.com Edinalva Nogueira de Carvalho(UFPE/CAA)

edinalvaproducao@gmail.com

Um dos problemas das empresas modernas é a adaptação do seu sistema produtivo para melhorar o seu desempenho ambiental. Para que isto seja possível, se faz necessário construir um bom relacionamento entre seus processos e o meio ambiente de maneira estratégica, a partir da instituição de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Assim, este estudo tem como objetivo analisar questões ambientais e priorizar os aspectos ambientais mais críticos de uma indústria de utensílios plásticos no Agreste Pernambucano. Para isso, foram feitas observações in loco e entrevistas, bem como a utilização da Matriz de Risco para priorizar os aspectos ambientais. Portanto, os aspectos de maior criticidade foram o A10(descarte inadequado pelo consumidor) e o A11(utilização de produtos químicos). Logo, devem receber maior atenção, uma vez que causa maior dano ao meio ambiente. A partir da priorização dos aspectos foi desenvolvido um plano de ação para atuar de maneira a minimizar os efeitos dos impactos ambientais associados. Com isso, foi possível perceber que ações que demandam poucos esforços, físicos e financeiros, podem contribuir para a consolidação do desempenho ambiental desejado. E além disso, garantir vantagens para a organização diante de um mercado competitivo.

Palavras-chave: Sistema de Gestão Ambiental (SGA), Política Ambiental, Aspectos e Impactos Ambientais, Priorização, Matriz de Risco.

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1 1. Introdução

A globalização e o contínuo avanço tecnológico impactam na dinamicidade do mercado competitivo, assim, a sobrevivência das organizações está vinculada à capacidade de adaptar- se ao ambiente e, consequentemente, às suas necessidades. E a fim de não perder espaços arduamente conquistados no mercado, as empresas necessitam melhorar seu desempenho ambiental, aplicando princípios de gerenciamento condizentes com o desenvolvimento sustentável (SEIFFERT, 2007).

A importância dessa valorização ambiental, deve-se ao fato de que as empresas são as principais responsáveis pelo esgotamento e alterações nos recursos naturais. E além disso, o comprometimento com o ambiente permite que as organizações alcancem maior credibilidade no mercado consumidor, e atendam também aos requisitos da legislação ambiental (ROCCO, 2011).

Assim, a tendência é que as organizações façam do seu desempenho ambiental um fator diferencial no mercado. E para isso, a gestão ambiental é a forma pela qual a empresa se mobiliza em busca do seu desenvolvimento sustentável, a partir da institucionalização de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). A partir disso, este estudo busca analisar questões ambientais e priorizar os aspectos ambientais mais críticos de uma indústria de utensílios plásticos no Agreste Pernambucano.

Este artigo está estruturado em 5 seções, iniciando com a introdução. O item 2 trata do referencial teórico que busca evidenciar a opinião de autores, a fim de relacioná-los com o trabalho em estudo. O item 3 mostra a metodologia da pesquisa, o item 4 ressalta os resultados do estudo de caso e por fim, as considerações finais.

2. Referencial teórico

2.1 Sistema de gestão ambiental nas organizações

Atualmente, os termos ambientais vêm ganhado grandes proporções, uma vez que, o desenvolvimento industrial tem provocado vários impactos ambientais, e que está ocasionando grande dano ao ecossistema (ROSENBLOOM, 2001;HOFFMAN, 2001). Um bom exemplo disso, segundo Cyrne et al ( 2015) é o esgotamento de alguns recursos naturais, devido ao uso desordenado dos mesmos.

Neste contexto, Seiffert (2010) enfatiza que a mudança de hábito de consumo, é um fator que vem provocando maior interesse das organizações pela gestão ambiental. Donaire (2012) define a gestão ambiental como um processo adaptativo e contínuo, onde as empresas definem seus

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2 objetivos e metas relacionados à questão ambiental, à saúde de seus colaboradores, dos clientes, bem como da comunidade. Sendo assim, Ramalho e Sellitto (2013) enfatizam que a questão ambiental no ambiente dos negócios deve ser parte integrante da estratégia organizacional. Uma vez que, a responsabilidade das empresas com o meio ambiente é uma questão de competitividade.

Desta forma, surge o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) que é definido por Ceruti e Silva (2009) como um conjunto de procedimentos para gerir ou administrar uma organização, de forma a obter o melhor relacionamento com o meio ambiente. Em consonância, Moreira (2001) ressalva que o Sistema de Gestão Ambiental é quando a empresa possui uma visão estratégica em relação ao meio ambiente, e que age não apenas em função dos riscos, mas passa a perceber as oportunidades de mercado.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) enfatiza que a Norma ISO 14000 é uma série de normas ambientais que tem como intuito estabelecer procedimentos e diretrizes para a gestão ambiental nas organizações. Dentre estas normas, existe a 14001 que especifica os requisitos básicos para a certificação do Sistema de Gestão Ambiental, e é definida como um conjunto de procedimentos e técnicas que visam dotar uma organização a definir a política ambiental, a desenvolver uma estrutura para a proteção do meio ambiente, levando em consideração os aspectos ambientais influenciados pela organização (ABNT, 2015).

Segundo a norma NBR ISO 14001 (ABNT, 2011) para que se possa ter um SGA internalizado na organização é necessário basear-se em alguns requisitos que são:

a) Política ambiental: visa identificar a posição adotada pela organização em relação as questões ambientais. Ela deve ser condizente com os impactos ambientais das atividades, bem como atender os requisitos legais;

b) Planejamento: neste requisito é realizado o levantamento dos aspectos e impactos ambientais oriundos das atividades dos processos.

c) Implementação e operação: a organização deve assegurar a disponibilidade de recursos essenciais para estabelecer, implementar, manter e melhorar o sistema da gestão ambiental.

d) Verificação: deve-se monitorar e medir as principais operações que possam ter um impacto ambiental significativo. Os procedimentos devem ser documentados afim de monitorar o desempenho, os controles operacionais e a conformidade com os objetivos e metas ambientais.

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3 e) Análise administrativa: a alta administração deve analisar o sistema da gestão

ambiental, para assegurar sua continuada adequação e eficácia.

2.2 Aspecto ambiental

O aspecto ambiental é definindo pela NBR ISO 14001 como os elementos das atividades, produtos e serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente, causando ou podendo causar impactos ambientais, positivos ou negativos (ABNT, 2015).

Um aspecto ambiental significativo é aquele que tem ou pode ter um impacto ambiental significativo.

Desta forma, considera-se o aspecto ambiental como a causa e o impacto como o efeito. Tem- se como exemplos de aspecto ambiental: consumo de água, extração dos recursos naturais, produção de emissões atmosféricas, dentre outros.

2.3 Impactos ambientais

A NBR ISO 14001 define impactos ambientais como “qualquer modificação do meio ambiente adversa ou benéfica, que resulte no todo ou em parte dos aspectos ambientais da organização.”

(ABNT, 2015).

Impacto ambiental segundo o Resolução n° 01/86 do CONAMA é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada de forma direta ou indireta, que afeta o bem-estar da população.

Para Egler (2004), a avaliação de impactos ambientais é um processo que procura assegurar que fatores ambientais e sociais, sejam considerados adequadamente no processo de tomada de decisões das organizações, afim de alcançarem bons resultados.

2.4 Matriz de risco

A princípio, para que se possa falar em matriz de risco é necessário que se compreenda o conceito de risco em si. Segundo a ABNT (2009), risco é definido como “efeito da incerteza nos objetivos”, ou seja, o termo trata da combinação das probabilidades dos eventos com a severidade aos objetivos.

Desta forma, a matriz de risco é uma ferramenta que pode ser utilizada na análise de riscos de vários processos. Para Bergamini Junior (2005) ela permite a identificação dos riscos que podem afetar a empresa, em termos de frequencia e severidade. A matriz de risco diante destas correlações apresenta regiões de nível de atenção ou urgência, que devem ser tratada.

3. Metodologia

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4 Para este trabalho, realizou-se um estudo de caso em uma empresa do ramo de utensílios plásticos situada na cidade de Gravatá - PE, e o desenvolvimento deste, se deu conforme apresentado na Figura 2.

Figura 2- Fluxograma das etapas do trabalho

Fonte: Os autores (2020)

Na etapa 1, realizou-se uma pesquisa exploratória sobre o tema, abordando conceitos relevantes para o embasamento da presente pesquisa. Na etapa 2, foi escolhida uma empresa do ramo de utensílios plásticos, que está localizada no agreste pernambucano, uma vez que, este tipo de ramo apresenta grande impacto ao meio ambiente. Na etapa 3, foi elaborada uma política ambiental para a organização, uma vez que acontecia de maneira informal e sem conhecimento por parte dos colaboradores. Para a elaboração da mesma foi feito vistas in loco, bem como aplicação de um questionário. A etapa 4 consistiu em realizar o levantamento dos aspectos e impactos ambientais presentes nos processos de reciclagem, produção e pós-consumo da organização. A partir desta análise, foi utilizada uma matriz de risco (etapa 5), a fim de priorizar os aspectos ambientais mais críticos, considerando dois critérios: a severidade e a ocorrência, seguindo uma escala likert de 5 pontos. Na etapa 6 foi elaborado um plano de ação (5W1H), para cada um dos aspectos ambientais encontrados e seguindo a ordem de priorização identificada na etapa 5, para minimizar o efeito dos impactos ambientais. Por fim, na etapa 7, foi realizada uma discussão sobre as contribuições que o trabalho proporcionou para a organização.

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5 4. Resultados

4.1 Descrição da empresa

A empresa escolhida para a realização do trabalho é do ramo de utensílios plásticos, que atua há 54 anos no agreste pernambucano, mais precisamente na cidade de Gravatá. O portfólio da empresa conta com os mais diversos produtos da categoria de utensílios domésticos, como:

baldes, bacias, porta talheres, caixas, tábuas, pratos, espátula, dentre outros.

Atualmente, a empresa dispõe de cinco departamentos: estoque, recuperação, manutenção, escritório e produção. Atua no setor de atacado e varejo, no mercado local e regional. As matérias primas principais são o polipropileno e o polietileno. Estas matérias primas são encaminhadas para dois processos principais: a reciclagem e a produção (Figuras 3 e 4, respectivamente).

A missão da organização é ser uma empresa do ramo de plásticos que busca gerar valor de forma eficiente e ética, atendendo a expectativa e cooperando com o sucesso dos clientes. Sua visão é ser reconhecida como referência nacional e expandir as operações na região, de modo cada vez mais sustentável e lucrativo, a fim de alcançar novas fatias de mercado. Para isso, utiliza os seguintes valores: transparência, alto desempenho, sustentabilidade e qualidade.

Figura 3- Fluxograma do processo de reciclagem

Fonte: Os autores (2020)

O processo de reciclagem inicia com a preparação do material. Em seguida, avalia se o material a ser reciclado será moído ou não. Esta decisão está relacionada a forma como o produto chega na organização. Se o material precisar ser moído, esse processo é realizado e pode ou não ser lavado. No caso de ser lavado, a próxima etapa consiste em secar o material e encaminhá-lo para a máquina de extrusão (o que já ocorre quando o material não precisa ser moído). Na etapa de extrusão o material é esquentado e passa por um filtro, formando uma espécie de

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“espaguetes” que irão passar por um tanque de água para resfriamento. Após sair do tanque, o

“espaguete” entra em uma máquina granuladora e está pronto para ser levado para o setor de produção.

Figura 4- Fluxograma do processo de produção

Fonte: Os autores (2020)

No processo de produção, o material (reciclado ou novo) entra na máquina e em seguida é aquecido e injetado no molde para que ganhe a forma que desejar (já que uma mesma máquina pode produzir diversos tipos de produtos diferentes). A próxima etapa consiste em resfriar a peça produzida. Uma vez resfriada, se faz necessário realizar uma espécie de inspeção para que se verifique a presença de rebarbas. Caso haja essa presença, é realizado um acabamento manual simples pelos próprios funcionários. A partir disso, os produtos estão prontos para serem embalados e estocados. Além dos processos descritos anteriormente, há um outro que demanda atenção para a organização, o pós-consumo (Figura 5).

Figura 5- Fluxograma do pós-consumo

Fonte: Os autores (2020)

O processo de pós-consumo é de caráter externo, ou seja, refere-se ao consumo feito pelos clientes varejistas que compram os produtos fornecidos pela indústria nas lojas da própria

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7 cidade e da região. Em seguida, os clientes consomem os produtos comprados e quando não deseja mais utilizar, estes são descartados, na maioria das vezes de forma errada sem se preocupar com o meio ambiente e muito menos com práticas como a logística reversa. Como resultado disso, se tem a criação de grandes volumes de lixo urbano.

4.1.1 Situação Ambiental da Organização

Quanto ao cenário atual da organização, relativo à gestão ambiental, a mesma conta com o uso de matéria prima reciclável em seus processos de produção, assim como o reaproveitamento de seus produtos não conformes, que são triturados e usados como matéria prima reciclada para os diversos processos.

Através de uma observação in loco e por meio de uma conversa informal com o engenheiro de produção da organização, que abordou a maneira como era vista a estratégia, o conhecimento das partes interessadas, o processo de planejamento da organização, a percepção dos colaboradores quanto à isso, o seguimento de uma política ambiental e a realização das operações da organização, permitiu obter as seguintes conclusões:

• A organização tem dificuldade de estabelecer suas estratégias em busca de melhoria, principalmente no que diz respeito às questões ambientais;

• Por mais que conheça seus stakeholders, não sabe se consegue atender suas expectativas;

• Apenas o gerente tem conhecimento sobre os potenciais aspectos e impactos ambientais causados pelos processos, não disseminando essas informações para os colaboradores;

• As decisões são tomadas sempre pela alta gerência, não havendo participação dos colaboradores em nenhuma delas;

• A política ambiental da organização é de caráter informal, onde o conhecimento sobre a mesma, por mais que se tenha relação com os objetivos da organização, está restrito aos gestores;

• As questões ambientais não são vistas com grau de atenção alto;

• Não se mede o quanto o colaborador domina sobre suas atividades, nem se tem conhecimento por parte deles sobre suas responsabilidades no que tange a gestão ambiental.

4.2 Elaboração da Política Ambiental

Dada a situação atual apresentada no que tange os aspectos de gestão ambiental, foi proposta

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8 uma política ambiental para a organização, levando em consideração a missão, visão e valores da organização, assim como os requisitos das partes interessadas e o processo de comunicação, como também os aspectos legais.

Agindo preventivamente sobre seus processos e produtos a fim de minimizar os impactos ambientais, foram propostos os seguintes princípios:

• Cumprir a legislação ambiental, respeitando o solo, o ar e a água;

• Visar uma integração colaborador e ambiente de trabalho;

• Melhorar continuamente o desempenho ambiental, minimizando desperdícios, consumo de energia, de água e a prevenção da poluição sobre suas atividades;

• Buscar novas técnicas de produção e utilização de matérias primas, evitando a geração de resíduos prejudiciais ao meio ambiente;

• Divulgar estes princípios através da educação e treinamento dos colaboradores, incentivando-os à condução de suas atividades de maneira responsável em relação ao meio ambiente;

• Incentivar a adoção destes princípios pelos fornecedores, parceiros e empresas terceirizadas;

• Promover a redução, a reutilização e a reciclagem de resíduos;

• Divulgar à comunidade os nossos esforços ambientais e nosso progresso na implementação desta política;

Os princípios propostos da política ambiental abrangem as visões de vários segmentos, sendo estes:

• Comunidade: integração social, reconhecimento, impacto social, financeiro e ambiental;

• Funcionários: comunicação, motivação, prevenção ambiental; preocupação com a qualidade, aspectos sociais e econômicos;

• Fornecedores: critérios exigidos, preços praticados, sistema de comunicação, confiança e parceria;

• Clientes: atendimento às necessidades, imagem ambiental, excelência como fornecedor, confiança e parceria.

4.3 Identificação dos Aspectos e Impactos Ambientais

A partir do entendimento dos processos utilizados na empresa, por meio de uma visita ao local

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9 e através de uma conversa informal com o gestor da organização e alguns colaboradores, foram identificados os aspectos e impactos ambientais que estão mais fortemente presentes no dia a dia da organização. O Quadro 1 ilustra esse resultado.

Quadro 1- Aspectos e impactos ambientais

Fonte: Os autores (2020)

A partir da análise, foi percebido que alguns aspectos são comuns na maioria dos processos, como por exemplo, ruído, não utilização de Equipamentos de Proteção Individuais (EPI’s) entre outros.

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10 4.4 Priorização dos aspectos ambientais

A partir da identificação dos aspectos e impactos ambientais (seção 4.3), foi utilizado a matriz de risco, afim de priorizar os aspectos ambientais, visto que são as causa. Para isso, cada aspecto citado anteriormente foi avaliado sobre dois critérios básicos que contribuíram para a análise do risco que apresentam: severidade (a gravidade do aspecto) e ocorrência (frequência com que o aspecto acontece na organização). Esses critérios (Quadros 2 e 3) foram expressos por meio de uma escala Likert de 5 pontos, como descrito abaixo.

Quadro 2- Descrição da severidade dos aspectos

Fonte: Os autores (2020)

A escala do índice de severidade é representada de forma que quanto maior o valor atribuído, mais grave é o aspecto ambiental, ou seja, é uma escala que é crescente quanto à gravidade. O objetivo principal desse tipo de análise é minimizar a severidade dos aspectos.

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Quadro 3- Descrição da ocorrência dos aspectos

Fonte: Os autores (2020)

De maneira semelhante, o índice de ocorrência é representado de forma que quanto maior for o valor atribuído para o aspecto, maior é a frequência em que ele ocorre. Logo, o objetivo principal é buscar minimizar a ocorrência desses aspectos.

Para cada aspecto ambiental apresentado no Quadro 1 foi avaliado de forma individual os índices de severidade e ocorrência, com base nos Quadros 2 e 3. Então, os aspectos ambientais presentes na organização estão concentrados no (Quadro 4) e foram avaliados por meio das informações obtidas nas conversas com o responsável pela gerência, bem como pelas observações feitas diretamente no local.Vale lembrar que os aspectos encontrados em mais de um setor foram avaliados como se fossem o mesmo e receberam uma identificação (ID) para facilitar nas próximas etapas do trabalho.

Quadro 4- Avaliação dos aspectos ambientais

Fonte: Os autores (2020)

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12 A partir dos resultados apresentados no Quadro 4, foi realizada uma avaliação de risco, baseada nos estudos de Neves et al. (2012). Essa avaliação consistiu em estabelecer uma matriz de risco, que apresenta zonas marcadas por cores que representam as relações par a par entre os índices de severidade e ocorrência. Dependendo da localização de cada aspecto em uma das zonas, medidas mais ou menos urgentes precisam ser tomadas. A Figura 7 ilustra a matriz de risco com suas respectivas zonas. Já o Quadro 5 traz informações sobre o significado das cores utilizadas na matriz de risco.

Figura 7- Matriz de risco

Fonte: Neves et al. (2012)

Quadro 5- Descrição das cores utilizadas na matriz de risco

Fonte: Os autores (2020)

Portanto, a partir das informações fornecidas no Quadro 4 e na matriz de riscos (Figura 7), a localização de cada um dos aspectos avaliados se deu como mostrado na Figura 8.

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Figura 8- Matriz de risco associada

Fonte: Os autores (2020)

Com isso, foi possível observar que a maioria dos aspectos ambientais apresentados se encontram na região de riscos inaceitáveis, entretanto, em sua maioria, devido à elevada taxa de ocorrência. Logo, como mostrado na Figura 8, os aspectos considerados mais críticos foram o A10 (descarte inadequado dos produtos pelo consumidor final) e o A11(utilização de produtos químicos). Desta forma, devem receber maior atenção por parte dos gestores. Outro fator que pôde ser observado é referente a correlação entre os aspectos. Por exemplo, ao sanar o aspecto falta de uso dos EPI’s, auxiliaria na redução da severidade e ocorrência de outros aspectos, como o ruído e o impacto de ações causadas pelo aquecimento das máquinas.

4.5 Elaboração de um plano de ação (5W1H)

Depois de realizada uma análise qualitativa e quantitativa dos aspectos ambientais, que possibilitou ordená-los quanto à sua criticidade por meio de uma matriz de risco, foi proposta a elaboração de um plano de ação (Quadro 6) que auxiliasse a organização na busca de ações mitigadoras que possam minimizar ou sanar os aspectos causador dos impactos ambientais. A ordem apresentada das ações mitigadoras é baseada nos resultados obtidos com a análise da matriz de riscos, começando pela região destacada em vermelho, em seguida a amarela e por fim a verde (mesmo não sendo tão importante de início).

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Quadro 6- Plano de ação proposto

Fonte: os autores (2020)

ID O QUE? QUANDO? QUEM? POR QUE? ONDE? COMO?

A10 Investir em práticas de logística reversa

No momento em que o produto não

for mais utilizado

Consumidor final

Para reduzir a produção de lixo e danos

ambientais

Nas lojas onde são vendidos os produtos ou na própria empresa

Os produtos serão devolvidos para que se faça o descarte correto. A empresa pode ser acionada para buscar o material nas lojas e/ou nas

residências.

A11

Utilização de produtos cada vez mais limpos que causem menos impacto ambiental, bem como a utilização de EPI's. Além de melhorar a ventilação do ambiente.

Durante todo o processo que estiver

sendo utilizado

Os envolvidos com o processo

Reduzir impactos ambientais significativos,

auxiliando na proteção da saúde dos

funcionários

Nos setores onde se utilizam produtos químicos

A empresa irá adquirir produtos de possíveis fornecedores que se preocupem com a sustentabilidade.

Além disso, cada funcionário fará uso de EPI's para sua proteção individual. Também será investido em sistemas de ventilação eficazes.

A3

Promover campanhas e fiscalização para a entrega e

utilização dos EPI's

A fiscalização será feita diariamente

Técnica de Segurança de

trabalho

Evitar acidentes de trabalho e melhorar a saúde do trabalhador, auxiliando na redução de

possíveis impactos causados por outros aspectos ambientais

Nos setores da empresa onde se

é necessária a utilização dos

EPI's

Será entregue um kit contendo os EPI's necessários para a realização de cada atividade. Logo, cada funcionário receberá pelas mãos da

técnica e assinará termo de compromisso quanto ao zelo e uso

dos mesmos.

A1

Adquirir produtos que não precisem ser lavados na hora da reciclagem ou até mesmo

investir em práticas de descontaminação da água e

adquirir cobertura para o tanque.

Para a aquisição de produtos, sempre que possível. Para as

práticas e cobertura do tanque, o mais

rápido possível

Gerente

Melhorar a qualidade final da água usada e

minimizar a contaminação e proliferação de insetos

nas águas paradas e expostas

No setor de reciclagem

A empresa optará pela compra de produtos que sejam facilmente

recicláveis, eliminando a necessidade da lavagem destes.

Além disso pesquisará práticas de descontaminação de água, bem como será adquirido uma cobertura

para o tanque que não permita a entrada de insetos.

A9

Fazer reuso de água se não para este processo, mas para outros fins, desde que a

água esteja em boas condições.

Sempre que a qualidade da água

estiver em boas condições de reuso

Envolvidos no processo

Eliminar o desperdício da água utilizada para o

resfriamento

No processo de produção

Capactar e armazenar o que for possível no processo.

A6

Utilização de EPI's e manutenção de máquinas e

equipamentos

Os EPI's devem ser usados diariamente e a manutenção periodicamente de

acordo com a disponibilidade da

equipe

Funcionários e equipe de manutenção

Minimizar o impacto causado pelos ruídos e melhorar a qualidade de

vida de máquinário e pessoas

Em todos os setores da organização

Os funcionários farão uso dos EPI's conforme instruído pela técnica e

serão agendadas atividades de manutenção para as máquinas e

equipamentos

A2

Utilização de EPI's, demarcação de áreas de

acesso e melhoria da ventilação.

Os EPI's devem ser usados diariamente e a demarcação das

áreas de acesso devem ser realizadas

urgentemente

Funcionários e técnica de segurança de

trabalho

Evitar o contato com as máquinas que apresentam temperatura

elevada e consequentemente possíveis acidentes

Na região onde estão inseridas as

máquinas que esquentam

Os funcionários farão uso dos EPI's conforme instruído pela técnica e a técnica fará a demarcação de acesso juntos aos funcionários.

Além disso a empresa fará uso de ventiladores ou outros meios para que auxilie na boa ventilação do

local

A7

Disponibilização e utilização de cadeiras/bancadas que

estejam adequadas ergonomicamente

De acordo com a disponibilidade da

organização

Gerente, técnica de segurança do trabalho e funcionários

Eliminar a má postura e auxiliar na qualidade de vida do trabalhador

Nos setores de produção e embalagem

Os funcionários realizarão suas atividades de maneira correta com base nos recursos disponibilizados

pela organização

A4

Utilização de energia limpa e renovável, bem como redução de uso de energia

em atividades indiretas

Sempre Todos os

funcionários

Reduzir o alto consumo de energia e os impactos ambientais causados por

isso

Em todos os setores da organização

A empresa usará práticas de energia sustentável, como por exemplo, utilização de energia solar,

bem como racionalização e conscientização quanto ao uso de

energia A5 Instalação de filtros

De acordo com a disponibilidade da

organização

Gerente e equipe técnica

Reduzir os impactos causados pela emissão

de CO2

Nas máquinas que emitem CO2

Será instalado um filtro na região onde se é emetido o CO2

A8

Organização do ambiente de trabalho e inserção da

cultura 5S

Frequentemente Todos os funcionários

Reduzir riscos de acidentes de trabalho,

quebras e mistura de produtos

Em todos os setores da organização

Será disseminada práticas relacionadas ao 5S e demarcada

uma área para o depósito temporário dos produtos finalizados. Logo, ao final de cada expediente, se fará uma arrumação

do local PLANO DE AÇÃO

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15 5. Considerações finais

Uma importante contribuição deste trabalho é no que tange a elaboração de uma política ambiental para a organização, que atua em um ramo que causa grandes impactos ao meio ambiente e precisa encontrar saídas para que isso ganhe proporções cada vez menores. A partir desta proposta, haverá um aumento de competitividade e responsabilidade social e ambiental.

A partir da análise dos aspectos e impactos ambientais, a empresa pôde perceber a forma como tem interferido no meio ambiente, o que é de extrema importância, uma vez que tem uma participação significativa no comércio local e regional. Os processos de reciclagem e produção apresentaram aspectos e impactos ambientais semelhantes, o que permitiu compreender que sanar alguns destes aspectos ambientais, auxiliaria na redução e/ou minimização da severidade e ocorrência de outros.

A utilização da matriz de risco para a priorização dos aspectos ambientais mais críticos da organização se mostrou bastante eficiente, por considerar dois importantes critérios: a severidade e a ocorrência. Por meio desta avaliação, e considerando a participação do decisor, que neste caso, foi o engenheiro de produção, foi possível enxergar as zonas de aspectos inaceitáveis, indesejados e reduzidos. Com isso, foi observado que a maioria dos aspectos ambientais apresentados se encontravam na região de riscos inaceitáveis, entretanto, em sua maioria, devido à elevada taxa de ocorrência. Portanto, os aspectos considerados mais críticos foram o A10(descarte inadequado pelo consumidor) e o A11(utilização de produtos químicos).

Desta forma, vale ressaltar a importância da aplicação da matriz de risco, visto que, a partir da priorização pode observar quais aspectos devem receber maior atenção para serem solucionados, uma vez que causa maior dano ao meio ambiente. Como também, auxilia o gestor a tomar decisão mais eficaz, onde realmente necessita de prioridade.

A partir da priorização estabelecida pela matriz de risco, foi possível elaborar um plano de ações mitigadoras (5W1H), a fim de atingir os aspectos ambientais e consequentemente reduzir, ou até mesmo, eliminar os impactos que estes causam ao meio ambiente. Vale lembrar que algumas das ações propostas são de caráter organizacional e comportamental, e demandam poucos esforços, como por exemplo, organizar o espaço físico, reutilizar água, consolidar a utilização adequada dos EPI’s, etc, e por mais que não sejam o mais crítico, podem ser aplicados em paralelo com as maiores necessidades.

Portanto, foi observado que o sistema de gestão ambiental é uma importante ferramenta para que as organizações atinjam de forma eficaz o desejado desempenho ambiental.

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16 REFERÊNCIAS

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_____________. NBR ISO 14001(2011). Sistemas da gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso. ABNT: Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: Disponível em: <http://abnt.org.br>. Acesso em: 20 abril 2020.

________________.NBR ISO 14001(2015). Sistemas da gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso. ABNT: Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: Disponível em: <http://abnt.org.br>. Acesso em: 21 abril 2020.

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Referências

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