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1 - O que é ação monitória? (Lei 9079/95)

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ Curso: Direito – 7º DIV e 7º DIN

Disciplina: ESTÁGIO II

Profª. Ilza Maria da Silva Facundes

UNIDADE II– 1.1 O que é uma ação monitória. 1.2 Cabimento da ação. 1.3 Procedimento e ajuizamento. 1.4 Opções do devedor. 1.5 Fase executiva da Ação monitória. 1.6 Súmulas do STJ

1 - O que é ação monitória? (Lei 9079/95)

"Art. 1.102.a, CPC - A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel."

Quando se ouvir falar em ação monitória ou procedimento monitório ou ação injuncional ou procedimento injuntivo, deve-se levar em consideração que se tratam da mesma coisa.

É um procedimento de cognição sumária1, possui um rito especial, e tem como principal escopo alcançar o título executivo, de forma antecipada, sem a demora natural do processo de conhecimento que necessita de sentença de mérito transitada em julgado para que o processo executivo se inicie.

Trata-se de uma ação de conhecimento, porque sua finalidade é fazer com o que o judiciário tome conhecimento do título que possui e o reconheça seu caráter de executável.

Tem fins condenatórios porque o objetivo do autor é a condenação do réu, e consequentemente proporcionar a interposição de execução sem as delongas naturais do procedimento ordinário.

E por fim, é procedimento de cognição sumária, porque o juiz mediante a prova escrita apresentada pelo autor, se for a mesma suficiente para convencê-lo acerca de sua legalidade, defere a expedição do mandado inaudita altera parts2, ou seja sem ouvir a parte contrária.

O principal objetivo da ação monitória, como se vê pelo artigo 1.102al, é conseguir através de um caminho mais rápido a satisfação do credor, seja com pagamento de soma em dinheiro, ou através da entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.

1 Para CÂMARA (1998) “Cognição é a técnica utilizada pelo juiz para, através da consideração, análise e valoração das alegações e provas produzidas pelas partes, formar juízos de valor acerca das questões suscitadas no processo, a fim de decidi- las.” O ato cognitivo é ato de inteligência, de compreensão. A palavra “sumária”

indica simplicidade, brevidade, concisão. Unindo-as sob o prisma do direito processual, pode-se dizer que se trata de uma atividade do juiz consistente em examinar com menor verticalidade fatos e direitos postos sob sua apreciação para que compreenda algo.

2 Forma de antecipação da tutela concedida no início do processo, sem que a parte contrária seja ouvida.

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1.2 - Cabimento da ação

Quando o credor está em posse de um documento sem eficácia executiva que prove a obrigação do devedor ele pode ajuizar a ação monitória para receber o que lhe é devido.

O que é um documento sem eficácia de título executivo?

E é aquele que:

- não está previsto na lei como título executivo;

- que mesmo previsto na lei como título executivo, perdeu sua eficácia por prescrição.

O que é um título executivo?

É o documento representativo de dívida que pode ser objeto de ação executiva. Possui como características ser:

- Certo: documento em que se consegue extrair um conteúdo obrigacional;

- Líquido: quando se determina a quantidade, qualidade, etc.. da dívida;

- Exigível: quando aconteceu o termo ou condição que importa o implemento da obrigação.

Importa ressaltar que exigibilidade é diferente de inadimplemento. O inadimplemento existe quando não se cumpre a exigibilidade do documento.

Quem dá a força de título executivo a um documento é a lei.

Espeficamente o CPC em seu art. 585:

"Art. 585, CPC - São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida;

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;

VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial;

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

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VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

§ 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo

não inibe o credor de promover-lhe a execução.

§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação."

Documento previsto na lei como título executivo sem eficácia por prescrição:

O documento tem eficácia executiva até que sofra os efeitos da prescrição. O cheque prescrito3 é um exemplo, pois após perder sua eficácia por prescrição, o mesmo pode ser cobrado por meio de ação monitória.

1.3 – Procedimento da ação monitória

Interposta a ação monitória mediante petição, deverá a mesma conter os requisitos do artigo 282 do Código de Processo Civil, as condições da ação, pressupostos processuais, e estar acompanhado da prova escrita do crédito. Não estando a inicial acompanhada da prova escrita, o juiz antes de ordenar a citação, aplicará o disposto no artigo 284 do Código de Processo Civil, intimando o autor para que emende ou complete a inicial dentro do prazo de 10 dias, sob pena de indeferimento da peça inicial.

1.3.1 – Ajuizamento

"Art. 1.102.b, CPC - Estando a petição inicial devidamente instruída, o Juiz deferirá de plano a expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de quinze dias."

Antes de despachar nos autos determinando a expedição do mandado de citação do réu para integrar a relação jurídica processual, efetuando o pagamento ou entrega da coisa no prazo de quinze dias, o juiz certificará se encontram-se presentes os requisitos gerais (competência do órgão jurisdicional, condições da ação, pressupostos de constituição e regularidade do processo) e especiais (objeto da pretensão e idoneidade da documentação apresentada pelo autor).

A prova trazida aos autos pelo autor, constitui condição de existência da própria tutela monitória. A análise do conjunto probatória trazido pelo autor, a que alude o art. 1.102-A, é também matéria de cognição do juiz.

A petição inicial deve ser instruída com a prova documental sem eficácia executiva. Se o magistrado não consegue extrair desta prova a existência da dívida, indefere a petição inicial.

3(art. 61, da Lei 7.357/85).

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Estando a inicial devidamente instruída, e se o magistrado consegue extrair desta prova a existência da dívida, será expedido o mandado monitório, devendo nele constar além da importância devida pelo réu, no caso de obrigação pecuniária, o prazo do qual dispõe o réu para cumprir a obrigação, ou para apresentar embargos caso queira (15 dias), com o alerta de que o não cumprimento da obrigação ou a não apresentação dos embargos dentro do prazo pré fixado, constituirá de pleno direito o mandado inicial em título executivo judicial.

Vale ressaltar que o despacho judicial que defere a inicial e determina a expedição de mandado citatório não tem nenhum efeito declaratório do direito do autor e muito menos efeito condenatório. Trata-se de um reconhecimento (que pode ou não ser definitivo) da existência do crédito e, portanto, do mérito da pretensão substancial.

1.4 - Opções do devedor

a) - Se o devedor comparece e paga a dívida ou entrega a coisa, a ele é dado uma forma de compensação, pois fica isento das custas e honorários advocatícios (art. 1102, C, §1º)

"Art. 1102, C, § 1º, CPC - Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários advocatícios."

A vantagem da isenção é de que o devedor pensará duas vezes antes de decidir embargar o mandado, só o fazendo se estiver convicto de vir a obter uma decisão favorável e diversa daquela contida no mandado. Se estiver convencido de que não tem razão, não terá interesse em assumir a iniciativa de embargar, arcando com os ônus da sucumbência, pois se cumprir espontaneamente o mandado ficará isento dos encargos processuais.

Todavia, optando o credor, pelo procedimento monitório, ao invés do ordinário, onde teria a oportunidade de ser ressarcido de todas as despesas processuais efetuadas em decorrência da propositura da ação, estará expressamente renunciando ao direito de ser ressarcido de tudo quanto despendeu com a propositura desta ação.

c) - O devedor pode oferecer embargos à ação monitória.

Os embargos interpostos na ação monitória, não deve ser confundido com os embargos interpostos na execução, pois apresentam diferenças básicas entre um e outro. Uma das diferenças é de que, nos embargos da ação monitória o demandado pode argüir todas as defesas de que disponha, tanto as processuais contidas no artigo 301 do Código de Processo Civil, quanto as substanciais, diretas (inexistência do crédito reclamado pelo embargado) e indiretas (ex: prescrição, pagamento, compensação, novação), podendo ainda discutir a idoneidade da prova escrita, para o fim de desconstituir a pretensão do autor. Já nos embargos do devedor sua irresignação é restrita. Os preceitos relativos aos embargos do executado não se aplicam à ação monitória.

Os embargos à monitória é muito simples e tem as seguintes características:

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Tempestividade - o prazo para oferecer os embargos é 15(quinze) dias da juntada aos autos da prova da citação (mandado, carta precatória, aviso de recebimento da carta). Havendo vários réus, o prazo para a interposição dos embargos conta-se da juntada aos autos do último mandado (artigo 241 do CPC).

Os embargos monitórios tem natureza cognitiva, segundo o procedimento ordinário. É incidente na ação monitória, se processando nos mesmos autos (artigo 1102c, § 2º do CPC), nos moldes de uma simples defesa, e não em apartados como ocorre nos embargos à execução (artigo 736, parágrafo único, do CPC). .

Os embargos suspendem a eficácia do mandado inicial até apreciação pelo juiz, mediante sentença.

Não precisa de garantia prévia do juízo; é isento de custas; é processado nos próprios autos do processo monitório e, após os embargos o processo segue-se pelo rito ordinário.

"Art. 1.102-C, § 2o Os embargos independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos próprios autos, pelo procedimento ordinário."

Tem natureza jurídica de contestação4 (corrente majoritária).

Interposto embargos, o rito especial do procedimento monitório converte-se em ordinário até sentença.

Após a interposição dos embargos o autor da ação monitória será intimado para responder os embargos, podendo em sua impugnação deduzir questões processuais (v.g. intempestividade dos embargos, inépcia da petição inicial, ou qualquer outra objeção) e/ou de mérito (v.g.

negar os fatos alegados pelo devedor).

Impugnado os embargos, abrirá oportunidade para tentativa de conciliação das partes, da qual sendo obtida e homologada, extingue-se o processo com julgamento do mérito. Sendo, porém frustrada, o processo será saneado dando-se início a fase instrutória para o fim de preparar os autos para o proferimento da sentença.

A sentença pode ser favorável ao credor (sentença procedente) ou desfavorável a ele (sentença improcedente).

Se a sentença der procedência aos embargos, deixa de existir a ordem de pagamento.

No entanto, se a sentença for favorável ao credor, determinando os embargos improcedentes, converte-se a ação monitória, de pleno

4 Alexandre Câmara e Ada Pellegrini defendem que a corrente mais aceita é a que considera os embargos como contestação, porque, de acordo com esse primeiro autor, caso se afirmasse que os embargos ao mandado têm natureza de demanda autônoma, estar- se-ia dificultando o acesso à justiça, já que não se pode imaginar a necessidade do demandado instaurar um processo visando desconstituir algo que não possui eficácia executiva. GRINOVER, Ada Pelegrini. Ação Monitória, artigo publicado na Revista Consulex. nº 06, ano I, junho de 1997.

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direito, em título executivo judicial e o próximo passo é o cumprimento da sentença.

Contra a decisão que julga improcedente os embargos monitórios o recurso cabível é o de apelação. Alguns autores negam que a sentença contra a rejeição dos embargos tenha efeito suspensivo. Invocam a aplicação analógica do artigo 520, V do Código de Processo Civil, tal como se faz no caso de rejeição liminar dos embargos.

"Art. 1.102-C, CPC. No prazo previsto no art. 1.102-B, poderá o réu oferecer embargos, que suspenderão a eficácia do mandado inicial.

Se os embargos não forem opostos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo e prosseguindo-se na forma do Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei."

"Art. 1.102-C - § 3º, CPC. Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, intimando-se o devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei."

d) - A inércia converte a ordem de pagamento em título executivo extrajudicial "de pleno direito". Por força da lei, o juiz não dá a decisão para a conversão. A lei é que converte em título executivo para pagar em 03 dias, conforme legislação atual (Lei nº 11.382/06).

Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida.

Com a inércia, está o devedor abrindo mão do direito assegurado pelo procedimento de discutir a autenticidade do documento apresentado pelo autor, bem como apresentar documentos demonstrativos da inexistência do crédito exigido.

1.5 – Fase executiva da Ação monitória

Obtido o título executivo, com a conversão do mandado, desnecessário se faz que o autor interponha nova petição, basta requerer ao juiz após decorrido o prazo para possível interposição de recurso, que seja expedido mandado intimando o executado para efetuar o pagamento da quantia pleiteada, ou entregar o bem pretendido. Quando a pretensão do autor for a de receber determinada quantia em dinheiro, caso o autor não tenha apresentado planilha atualizada do débito na oportunidade da interposição da monitória, é indispensável que se faça nesta oportunidade.

Iniciada a fase de execução do título executivo judicial, e concretizado o ato de constrição patrimonial, com a intimação do devedor, poderá este interpor à pretensão do credor, embargos à execução.

1.6 - Súmulas do STJ referentes à Ação monitória

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A súmula 299 determina que é admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito, por este motivo o credor de um cheque prescrito não deve deixar seu crédito passar em vão.

A reconvenção5 (uma das formas de defesa do devedor) também é cabível na ação monitória. Mas isso só ocorre após a conversão do procedimento em ordinário.(Súmula 292)

Através da citação por edital o devedor também pode tomar conhecimento de que é réu de uma ação monitória. (Súmula 282)

O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória. (Súmula 247)

Referências:

ALVIM, José Eduardo Carreira. Ação Monitória e Temas Polêmicas da Reforma Processual. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 1995.

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, Volume I, Rio de Janeiro, Editora Freitas Bastos, 1998.

GRINOVER, Ada Pelegrini. Ação Monitória, Revista Consulex. nº 06, ano I, junho de 1997.

GRINOVER, Ada Pellegrini. Ação Monitória. Juris Síntese nº 20 NOV- DEZ/99, Porto Alegre: Editora Síntese.

LINS, Cristiane Delfino Rodrigues. A ação monitória no direito brasileiro (Lei 9079/95) . Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 42, jun. 2000.

Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=892>.

Acesso em: 17 ago. 2010.

5A reconvenção, portanto, é a demanda sucessiva do réu ou aquele que, por sua vez (vicissim), o réu propõe, simultaneamente, contra o autor... A reconvenção é formulada na própria contestação, dela sendo intimado o autor." De Plácido e Silva

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