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Educação Do professor Irineu

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Academic year: 2018

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Quanto tempo precisamos para aprender alguma coisa?

Quando estava na Alemanha me perguntava, muitas vezes ansioso: quanto tempo preciso para aprender o idioma alemão? A resposta veio logo, talvez a vida toda e mesmo assim um aprendizado que deixaria muito a desejar.

Há uns três séculos a escola está configurada de modo semelhante ao de hoje em dia. Isto tem dado margem a conclusões apressadas como aquela que está em quase todas as publicações que falam das necessidades de mudanças na nossa educação. Argumentam: se alguém de 1700 viesse hoje ao nosso novo mundo iria se espantar com tudo: telefone celular, televisão de plasma, carros, computadores e etc, apenas se identificaria quando encontrasse uma escola, pois ela seria “igual” a que ele teria cursado. Na verdade o texto se refere à sala, somente isso à sala, pois graças a essa escola e a essa tradição, a esse tipo de processo, que se renova o celular, a TV de plasma, o computador, e etc foram desenvolvidos. Os conteúdos, isso mesmo, os conteúdos foram complementados, aumentados, aprofundados, expandidos. Conhecimento novo foi gerado, conhecimentos antigos aplicados: CONTEÚDO. Os conteúdos, se não sabidos, não podem ser aplicados, desenvolvidos, aprimorados, aprofundados e se não se faz isso, não teremos nada de novo. Obviamente, para que entendamos, as coisas das artes e das ciências é necessária habilidade e competência. Sempre foi necessário isso. Habilidades e competências foram, são e serão partes do processo de desenvolvimento científico e tecnológico. Não é uma necessidade atual do “mundo globalizado”, sempre foram necessárias!

Nossos alunos e professores que se destacaram profissionalmente foram e provavelmente são habilidosos e competentes, mas certamente são competentes porque sabem e aplicam de forma competente e habilidosa o CONTEÚDO do aprendizado de suas formações acadêmicas que inclui a meu ver, o auto aprendizado.

O Conteúdo é hoje relegado a um segundo plano extremamente perigoso. Desenvolver habilidades e competências tendo como referencia NADA é levar deliberadamente o ensino ao fracasso.

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Quando deixaremos de usar os conhecimentos de Euclides, Pitágoras, Fourier, Laplace, Newton, Faraday, Siemens, Hertz ,e tantos outros? O que de novo pode-se desenvolver em comunicações, por exemplo, sem um prévio conhecimento daquilo que estas pessoas citadas desenvolveram? O que você poderá saber sobre a máxima transferência de potência de redes elétricas, sejam elas em estágios amplificadores, acoplamentos de antenas ou em sistema de energia elétrica sem um conhecimento prévio do que ensinou Ohm, Thevenin, Norton?

Hoje o Brasil, de modo geral, está em processo de mudanças no ensino profissional e superior (principalmente no ensino superior privado). Há uma crítica generalizada ao ensino ”conteúdista”, em seu lugar se propõe um ensino baseado no desenvolvimento de habilidades e competências. No entanto o que se observa é que no fundo, o que de prático ocorre é uma diminuição drástica de carga horária dos cursos, o resultado é que não se desenvolvem nem as habilidades e nem competências, porque a magia ainda não funciona na educação, como também em todas as outras coisas. Inclui-se em magia também, alguns tipos de fé religiosa. Nem com toda a reza do mundo se aprende o Teorema de Thevenin, é necessário abrir um livro (que verse sobre o assunto) e entender o seu CONTEÚDO!

É claro que os estudiosos de pedagogia podem questionar se, saber o Teorema de Thevenin, é ou não importante na formação dos alunos que pretendem estudar eletrônica ou cursar engenharia, e esse é um problema real que enfrentamos hoje com implicações nefastas ao ensino. Aliás, aqui é necessário observar que de um modo geral as pessoas, mesmo aquelas com formação superior não técnica, podem ser consideradas praticamente analfabetas em quase todas as áreas que envolvam ciência e tecnologia. Esse analfabetismo tecnológico pode ter efeitos extremamente negativos (não lógicos e anti-científicos), principalmente quando atuam em alunos, professores e incidem sobre a confecção de currículos de cursos técnicos de nível médio e superior, também na formação de opinião sobre, por exemplo, conservação de energia, uso de anticoncepcionais, aborto, eutanásia, energia nuclear e tantos outros.

Assim como se exige que aqueles que estão ligados à área técnica sejam pessoas integradas ao mundo da arte e da cultura que os cerca, na mesma proporção deveria ser exigido também, destas pessoas de formação não técnica, pelo menos um conhecimento básico da área técnica em que estão atuando.

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seu local de trabalho, seja ele qual for. Para este aprendizado, esta carga horária tende, logicamente a aumentar, até o ponto que a antiga área de conhecimento é dividida em duas ou mais novas áreas de tal maneira que surge pelo menos uma nova área de conhecimento e também de trabalho. Assim há dez ou mais anos atrás havia o técnico em eletrotécnica, depois é que surgiu o de eletrônica. Primeiro veio o técnico em mecânica, depois o de mecânica automotiva. Primeiro veio a engenharia elétrica, depois veio a de controle e automação e assim por diante. A diminuição dos currículos em termos de carga horária, não é uma exigência de cunho pedagógico, mesmo porque seria fazer uma “anti-pedagogia”, mas por vontade de governos e de instituições privadas que enxergam em “longos” currículos um custo (excessivo) embutido. A redução dos tempos dos currículos é uma exigência do mundo dos negócios, do mundo globalizado, e não da ciência e do aprendizado. Pai, o que eu preciso saber para... Não deixo nem terminar a frase para completar: você tem que saber tudo! Saber tudo é sempre bom. Não saber é que é o problema! “ Saber é poder” e os que têm o poder sabem disso. No nosso mundo globalizado onde reina supremo o capitalismo totalitário, dentro de democracias inócuas, onde o indivíduo vota e tem “liberdade de expressão”, mas como indivíduo normalmente tem um valor (mercadoria), e este valor é tão baixo (a menos que ele seja um Bill Gates), que pode ser simplesmente desprezado, isto é, para a sociedade globalizada só tem valor aquilo que é produzido pelos indivíduos, aquilo que tem valor de mercado (de preferência não muitos indivíduos, pois há aqui uma relação custo benefício que não pode ser desprezada), portanto os indivíduos devem aprender a produzir, e assim como a produção tem um custo o aprendizado também terá e por isso ele é administrado e limitado. Desta forma a moda agora na confecção dos currículos é sempre baseada na idéia de: “ o que o estudante deve aprender para....”, “ o que ele precisa para...”. Neste sentido se desenvolvem os currículos por programas de aprendizado, os PA´s, que tem resultado, de uma forma geral, em retumbantes fracassos. Normalmente nestes casos é proposto um “desafio”, por exemplo: a turma de alunos deve construir um robô. Então o que precisamos conhecer para construir um robô?Na minha visão, o projeto de um robô bem como a sua confecção, como engenheiro há mais de 20 anos, é resultado de muitos anos de estudo. É o resultado de dominar conteúdos inteiros de matemática superior, mecânica vetorial, eletricidade, eletrônica, instrumentação, boa base em informática e programação em baixo e alto nível. Anos de estudo! O resultado disso hoje com esses PA´s, normalmente, é comprar uma caixa de conjunto da LEGO para a montagens de robôs e montar o mesmo, ou fazer um arremedo de robô, ou simplesmente não fazer nada. Faltou conteúdo.

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detectar as falhas que existem no nosso conhecimento, de professores, nestas áreas e tentar de forma honesta corrigi-los. Quando exigimos, por exemplo, inglês de nossos alunos, é necessário que saibamos inglês. É um olhar no mundo do trabalho e verificar ali quais as falhas de nossos ex-alunos, mas também verificar aquilo que fizemos corretamente e que, portanto tudo indica que deveremos manter.

Obviamente que um currículo escolar não deve ter uma carga horária igual a uma vida humana,mas deve ser tal que desenvolva no aluno o desejo de aprender durante toda a sua vida. Os currículos devem levar em consideração, antes de qualquer coisa a idade do educando, a metodologia a ser usada também. A prática nos mostra que em relação à idade, a maioria dos currículos é desenvolvida de forma adequada, porém a metodologia, em função de novos conhecimentos, deve ser dinâmica e, por isso sempre que possível e necessário, atualizada. O professor deve acompanhar. Como fazer isso? Creio que se a discussão se centrasse aqui os resultados seriam outros, muito mais eficientes.

Referências

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